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sábado, junho 7, 2025

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Pesquisa Mega Brasil servirá de base para o Ranking das Agências de Comunicação

Começou e permanecerá aberta até sexta-feira da próxima semana (19/2) a Pesquisa Mega Brasil com Agências de Comunicação, que servirá de base para a formulação do Ranking das Agências de Comunicação e também para os indicadores setoriais do Anuário da Comunicação Corporativa, que incluem faturamento anual, investimentos, tendências, expectativas, entre outros aspectos.

Acessível a todas as cerca de 1.600 agências do País, o trabalho é coordenado pelo Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, sob a direção de Maurício Bandeira, e abrange cerca de 30 questões. 

O resultado consolidado e o ranking serão publicados na edição 2021 do Anuário, publicação que conta com o apoio institucional de Aberje e Abracom e que é dirigida por Eduardo Ribeiro e Marco Rossi, com consultoria de Adriana Teixeira (editora executiva da publicação nos últimos anos).> Para acessar o questionário e responder à pesquisa clique aqui.

O bilhete de Joel Silveira

Quando o grande repórter vinha a São Paulo e rodava a noite com Mituo Shiguihara

Joel Silveira

Por Walterson Sardenberg Sobrinho

Quando Joel Silveira chegava na sucursal de São Paulo da Bloch Editores, vindo do Rio de Janeiro, carregando o corpanzil e toda a simpatia, o fotógrafo Mituo Shiguihara já sabia: teria noites animadas. Naquele final dos anos 1970, os dois se davam muito bem. Joel era sergipano de Lagarto. Mituo, paulista de Lins, onde o escrivão do cartório, inapto, esqueceu-se do “s” de Mitsuo ao grafar o nome de batismo. Apesar das extensas diferenças de origem, o velho repórter nordestino e o experiente fotógrafo nissei tinham imensas afinidades. Sim, a começar pelo gosto pelas noitadas.

Sabendo dessa ligação, Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, sobrinho de Adolpho Bloch e diretor da editora, vivia propondo matérias para a dupla. Uma delas pareceu-lhe juntar o útil, o agradável e o departamento comercial.

Joel e Mituo fariam uma odisseia pela grande e pequena indústria de bebidas do País, das cachaças do interior nordestino aos espumantes da Serra Gaúcha, passando por destilarias mineiras, paulistas, fluminenses, catarinenses, o que houvesse. Na visão de Jaquito, era uma pauta que renderia anúncios publicitários na revista Manchete e, ao mesmo tempo, irrecusável pela dupla nipo-sergipana, muito chegada aos eflúvios etílicos. Consultado a respeito, Joel Silveira estranhou: “Você quer uma matéria ou duas cirroses?”. A matéria jamais foi feita.

No final de 1978, eu, aos 21 anos, recém-contratado, era foca − e foca total − na sucursal paulista, quando vi Joel Silveira pela primeira vez, entrando na redação da avenida 9 de Julho, na altura do Itaim-Bibi. Naturalmente, o jovem jornalista que fui sabia de quem se tratava. Eu já havia lido a devastadora e hilariante reportagem que Joel escrevera, ainda nos anos 1940, sobre a grã-finagem paulistana, para a revista Diretrizes, de Samuel Wainer. Havia sido republicada, por sinal, pela própria Bloch no livro As reportagens que abalaram o Brasil, naqueles anos 1970. Mas eu ainda não tinha a real dimensão de quão revolucionário era o estilo coloquial e divertido de Joel, se comparado ao ramerrão parnasiano da maioria dos seus parceiros de geração. Tampouco havia lido as candentes crônicas da Segunda Guerra dele, escritas no front, no calor da hora.

Tudo isso para dizer que, por obra do acaso, encontrei em casa um bilhete do Joel Silveira para o então chefe de Reportagem da sucursal paulista, Celso Arnaldo Araújo. Como foi parar nas minhas mãos? Creio que o meu velho amigo − e também professor sem cátedra, no dia a dia da redação − Celso pediu-me que fosse ao bairro da Liberdade colher dados policiais para completar uma matéria do Joel. Não me lembro de ter falado com o delegado, mas isso deve ter acontecido. É provável que Joel, em suas andanças com Mituo, tenha, digamos, se esquecido de apurar algumas informações. De qualquer maneira, o bilhete, que reproduzo aqui, é autoexplicativo.

Vi Joel Silveira duas ou três vezes na Redação. Não o acompanhei nos périplos noturnos paulistanos, pois ainda não era então tão amigo de Mituo para ser convidado. Tem mais: o fotógrafo, naqueles dias, devia me achar pouco mais do que um fedelho − o que eu era de fato. Com o passar dos anos dei a sorte de me tornar amigo do Mituo. Fizemos, inclusive, viagens juntos pelo Nordeste em matérias para revistas já não da Bloch, mas da Editora Abril. Corintiano fanático, gozador, bebedor de whisky nas pedras − abominava cerveja −, era um companheiraço, além de um mestre na fotografia, ofício que aprimorou, ainda jovem, numa escola de Nova York.

Joel Silveira morreu em 2007, aos 89 anos. Seu amigo Mituo não teve tamanha longevidade. Morreu em dezembro de 1988, fazendo uma reportagem com Expedito Marazzi − lendário jornalista da área de veículos − para a revista Caminhoneiro. O caminhão em que rodavam despencou na sinuosa e então perigosa estrada Mogi-Bertioga. Lá se foi o “nissei e aculturado”, com “mais cara de cearense do que de nipônico”, como Joel, sacana e carinhoso, descrevia no bilhete que despontou nos meus guardados, como uma estrela.

Já avisei ao Celso Arnaldo: o bilhete era endereçado a ele, mas não devolvo sob hipótese alguma.

O bilhete:


Walterson Sardenberg Sobrinho

A história desta semana é de um estreante no espaço: Walterson Sardenberg Sobrinho, o Berg. Ele foi repórter de Manchete; editor de Placar, Brasileiros e Viagem & Turismo; editor-chefe de Gosto, Próxima Viagem, MIT e The President; e diretor de Redação de Náutica, Contigo e Mergulho.


Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

Gerdau lança campanha de comunicação sobre seus 120 anos

Logo marca escrito em azul "120 Gerdau: O futuro se molda".

A Gerdau colocou no ar uma campanha de comunicação para celebrar seus 120 anos de história. A agência 1.2.3.5.8 foi a responsável pela criação e elaboração da estratégia da campanha, que tem como objetivo conectar o legado centenário da produtora de aço ao futuro e a seu propósito de empoderar pessoas que constroem o futuro.

A divulgação da campanha, lançada em 16/1, dia de fundação da empresa, no intervalo do Jornal Nacional, contou com uma estratégia 360º, com veiculações em tevês aberta e fechada, mídia impressa, digital e OOH. 

https://www.youtube.com/watch?v=NVSzdAZDxaQ

Uma logomarca comemorativa foi criada e a fusão das cores amarelo e azul, que são padrão da marca Gerdau, dão vida a uma nova cor na comunicação da maior produtora de aço do Brasil: o verde Gerdau. Essa estratégia visa a conectar ainda mais a narrativa da Gerdau a atributos como sustentabilidade e brasilidade.

“Os 120 anos da Gerdau são um marco importante para a companhia e gostaríamos de transmitir este orgulho para as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte dessa trajetória”, destaca Pedro Torres, líder global de Comunicação Corporativa e Marca da companhia. “Somos uma empresa centenária, genuinamente brasileira e que faz parte do desenvolvimento do País por sua capacidade de inovar, de estar em movimento e de se adequar. A ideia está em ir além de uma comemoração. Para isso, além de uma campanha de comunicação, estão programadas uma série de ações e projetos de geração de valor compartilhado com a sociedade.  Pois queremos aproveitar essa data não apenas para celebrar o legado da Gerdau, e sim para reafirmar o nosso compromisso com o futuro”.

BandNews lembra morte de Boechat e lança campanha sobre a força do rádio

Peça da campanha publicitária No Ar (Crédito: BandNews FM)

A BandNews FM lançou nesta quinta-feira (11/2) a campanha publicitária No Ar, que busca mostrar a força do rádio na mundo da comunicação. O lançamento recorda também a morte de Ricardo Boechat, que completa hoje exatos dois anos.

A campanha envolve comerciais de TV, redes sociais, sports e anúncios em out-of-home em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Maringá, Porto Alegre, Salvador e Vitória.

Criada pela agência Sides, o objetivo é destacar o canal aberto que a BandNews FM mantém com o público, com espaços para o ouvinte falar, fazer sugestões, reclamações e opinar sobre a programação. As peças apresentam também um número de celular para que os ouvintes possam entrar em contato com a emissora.

Prêmio CDL/BH sofre alterações devido à pandemia

Por causa da pandemia, o Prêmio CDL/BH de Jornalismo foi reformulado. A nona edição tem um único tema: A volta por cima: como promover a recuperação econômica dos setores de comércio e serviços de Belo Horizonte. Outra mudança foi o prazo de publicação/veiculação das reportagens, de outubro de 2019 a fevereiro de 2021. Ao todo, serão distribuídos R$ 48 mil em vales-viagem como premiação.

As inscrições iniciaram em 1°/2 e serão premiados três jornalistas em cada uma das quatro categorias (impresso, rádio, televisão e internet). O primeiro colocado em cada uma das categorias receberá vale de R$ 5 mil. O segundo e terceiro lugares ganharão vales de R$ 4 mil e R$ 3 mil, respectivamente. As inscrições vão até 20 de fevereiro.

Natalia Cuminale lança Guia de obesidade para comunicadores

Natalia Cuminale lançará o Guia de obesidade em 18/2

Será lançado online em 18/2, das 9h às 11h, o Guia de obesidade para comunicadores. O material é dirigido aos jornalistas, influenciadores e produtores de conteúdo sobre obesidade – seja para redes sociais, publicações ou empresa e organizações – que tenham interesse em abordar esse tema nas suas pautas, de modo a produzir uma comunicação sem estigmas sobre essa doença crônica.

Natalia Cuminale, criadora do site Futuro da Saúde, produziu o guia e vai apresentá-lo no evento. Ela modera o debate, intitulado #SaúdeNãoSePesa, entre uma médica endocrinologista, uma psicóloga e uma pessoa com obesidade, que conta sua experiência com a doença.

O encontro é o resultado da parceria entre a RedeComCiência – Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência; a Abeso – Associação Brasileira Para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica; e a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.

Sobre a autora

Com mais de uma década de atuação na área, Natália foi repórter de saúde da Veja e âncora do programa em vídeo Veja Saúde. Ganhou diversos prêmios ao longo da carreira, entre eles o Prêmio Abril de Jornalismo, o Prêmio de Jornalismo da Associação Brasileira de Psiquiatria, o Prêmio de Jornalismo da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e o Prêmio Especialistas, na categoria Saúde, da revista Negócios da Comunicação. Conta ainda em seu currículo com especializações na Universidade de Harvard (Boston), Mayo Clinic (Jacksonville) e Warwick Business School (Londres).

Afonso Borges deixa o time de colunistas da BandNews

Afonso Borges
Afonso Borges deixa BandNews

O escritor e jornalista Afonso Borges postou em seu Facebook que se desligou do time de colunistas da BandNews FM BH com o seu quadro Mondolivro. Ele contou que não teve problemas em sua saída da equipe, pois a rádio pediu que reformulasse o conteúdo de sua coluna e ele não aceitou a solicitação. A decisão foi totalmente amigável. “Absolutamente natural no mundo corporativo. Só tenho a agradecer os anos de um ambiente cordial e de muitas alegrias”, afirmou. 

Fotografia perde Zeca Araújo

Morreu em 28/1 o repórter fotográfico José (Zeca) Araújo, aos 74 anos, depois de um ano de tratamento contra um câncer.

Ele começou em 1967, como repórter fotográfico, no jornal Diário de Notícias. Trabalhou nas revistas O Cruzeiro e Placar, e no jornal O Globo. Foi editor de Fotografia da revista Manchete. Em 1974, foi para Londres, como correspondente da Editora Abril. De volta ao Brasil, colaborou com as revistas IstoÉ e Repórter Três. Um dos criadores da agência Casa da Foto, esteve ainda na sucursal do Rio da agência F4.

Em 1979, criou e coordenou o Núcleo de Fotografia da Fundação Nacional de Arte (Funarte), e que seria, mais tarde, o Instituto Nacional da Fotografia. Ali organizou a primeira exposição de Sebastião Salgado no Brasil.

Foi curador da exposição brasileira no 3º Colóquio Latino-Americano de Fotografia, na Cidade do México. Lecionou fotografia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e, em 1988, publicou o livro Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com textos e poemas assinados pelo amigo Tom Jobim. Ganhou os prêmios Marc Ferrez da Fundação Marc Chagall, e o Nacional de Fotografia.

O fotógrafo Milton Guran, que conhecia Araújo desde os anos 1970, prepara um evento online previsto para a segunda semana de fevereiro: Juntos com Zeka Araújo terá mesas de debates e leilão de fotos vintage, e faz parte do festival Foto Rio.

Especial J&Cia será dedicado aos jornalistas com deficiência

Sonhos, histórias de superação e paixão pela profissão. Edição vai mostrar como jornalistas com deficiência lutam por seus ideais, por um jornalismo inclusivo e por um País que dê oportunidades para todos

Plínio Vicente da Silva
Plínio Vicente da Silva

O Jornalistas&Cia fará na celebração do Dia do Jornalista (7 de abril, dia da fundação da ABI, em 1904), um especial sobre jornalistas com deficiência. O tema será Sonhos que não se apagam: os jornalistas que enfrentam a deficiência com paixão pela profissão e a coordenação será de Plínio Vicente da Silva, colaborador que há anos escreve o Tuitão do Plínio para o J&Cia.

Plínio foi vítima, na infância, de poliomielite, doença que o deixou paraplégico, sem no entanto impedir que viesse a realizar o sonho de entrar e fazer carreira no jornalismo, primeiro no Jornal da Cidade, de Jundiaí, onde começou, e, depois, no Estadão, em que ficou por mais de 24 anos, os últimos vinte em Boa Vista, Roraima, cidade que adotou e onde vive desde 1984 com a família.

Já aposentado, até dezembro de 2020, Plínio era editor de Opinião, Economia e Mundo do jornal Roraima em Tempo, do qual se desligou em 31 de dezembro. No entanto, segue exercendo a profissão como assessor especial de imprensa e redator oficial do gabinete executivo da Prefeitura de Boa Vista, cargo que ocupa desde 2001, tendo passado por várias administrações municipais.

O especial trará histórias de profissionais que, como ele, enfrentaram adversidades para entrar no jornalismo ou para nele continuarem depois de alguma doença ou acidente de percurso. Como aconteceu, por exemplo, com o inspirador do Jornalistas&Cia, José Hamilton Ribeiro, que perdeu uma das pernas ao pisar numa mina na cobertura da Guerra do Vietnã, nos anos 1960; e com outro de nossos colaboradores permanentes, Assis Ângelo, que ficou cego dos dois olhos há sete anos, em função do descolamento das retinas. 

Indicações de nomes de colegas portadores de deficiência que possam ser incluídos na edição podem ser enviadas para o editor executivo Wilson Baroncelli pelo baroncelli@jornalistasecia.com.br.

Iniciativas promovem diversidade e inclusão de minorias na mídia

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

O movimento Black Lives Matter elevou o debate sobre discriminação racial a outro patamar. Mesmo tendo perdido espaço nas manchetes diárias, continua inspirando iniciativas de inclusão e provocando questionamentos sobre práticas de indivíduos e empresas.

No Reino Unido, um relatório do programa Diamond, publicado na semana passada, apontou a diminuição da participação de negros e minorias étnicas na televisão do país entre agosto de 2019 e julho de 2020.

Gerido pela Creative Diversity Network, o programa tem como objetivo verificar se a população vê-se refletida na tela e se as equipes de produção espelham a composição da força de trabalho britânica. Nas telas, a queda de negros e minorias foi de 1,5%. Nos bastidores, caiu 0,5%. Examinando-se apenas o segmento factual, houve redução de 15,8% para 14,8%. Em current affairs, foi de 22,6% para 19,5%.

Entre 2016 e 2020 a participação dos negros manteve-se no mesmo patamar, 6%. Ainda que alguns números estejam em linha com divisão demográfica do país, não refletem as demandas sociais por mais representatividade.

URL, uma rede de veículos de minorias étnicas

Sara Lomax-Reese

Enquanto isso, do outro lado do oceano, duas jornalistas cansaram de esperar por mais espaço e resolveram agir. Sara Lomax-Reese, com passagens por CNN, Wall Street Journal, e S. Mitra Kalita, fundadora de uma rádio para a comunidade negra na Pensilvânia, uniram-se para criar a URL Media, coalizão de veículos dedicados a cobrir temas de interesse de minorias étnicas que acaba de ser lançada nos Estados Unidos.

Trata-se de uma rede descentralizada de organizações de mídia negra e marrom de alto desempenho. A alusão a mídia marrom refere-se aos veículos voltados para comunidades de outros grupos étnicos, sobretudo hispânicos e latino-americanos.

A ideia é compartilhar conteúdo, formar parcerias com meios de comunicação e ajudar na geração de receita para os participantes. A forma como a mídia tradicional cobriu o BLM e práticas racistas que acabaram expostas pelo movimento motivaram a criação da rede, segundo Sarah:

“Foi como uma bola de neve. Achamos que havia algo a fazer para falar sobre aquele momento de uma maneira diferente”.

Sara acha que chegou a hora de reinventar a indústria, apoiando organizações pertencentes e lideradas por representantes de minorias étnicas que atendem a comunidades há muito negligenciadas e desvalorizadas.

Ela propõe uma abordagem diferente para diversidade, equidade e inclusão: “Vamos criar algo que ajude a construir e a elevar nossas vozes em nossos próprios termos. Em vez de sermos parceiros apenas no nome, queremos nos tornar centros de experimentação e líderes”.

Racismo no NYT, um caso que merece reflexão

As práticas racistas de empresas de mídia a que Sarah se refere continuam saindo do baú. O caso do jornalista Donald McNeil Jr., que teve que deixar o New York Times na semana passada depois de uma revolta na redação, é um exemplo de conduta reprovável dele próprio e do risco assumido pela direção ao não tratar a história com severidade desde o início.

McNeil Jr. era o jornalista mais importante na cobertura da pandemia, uma das pautas mais importantes dos últimos tempos, em um dos mais importantes jornais do planeta. Especializado em ciência, estava no Times desde 1976 e cobrira doenças e epidemias como Ebola, Zika e Aids, com livros publicados.

A vivência direta em países de vários continentes não foi capaz de evitar o deslize. Em uma viagem educativa com alunos do ensino médio ao Peru organizada pelo jornal em 2019, o jornalista usou linguagem racista (a “palavra com n”, grave xingamento a negros na língua inglesa). E disse não acreditar no privilégio branco.

Os pais reclamaram, provaram que as falas existiram, e o jornal abriu uma investigação. Mas concluiu que ele não tinha feito por maldade e nada aconteceu.

Há duas semanas o caso foi denunciado pelo site The Daily Beast. Depois de uma carta aberta à direção assinada por 150 funcionários, o Times anunciou o desligamento de McNeil Jr.

Sob a ótica de gestão de crises, a condução beira a inocência. Com tanta gente envolvida e tendo como protagonista uma celebridade, era pouco provável que a história ficasse oculta para sempre. Coisa que um jornal deveria saber, ele próprio um grande descobridor de erros alheios.

Sob a ótica do compromisso em combater a discriminação racial, a falta de ação diante de um episódio condenável ocorrido em sua própria casa deixa o The Times em uma posição desconfortável. E de certa forma, dá elementos para quem, como as fundadores da URL, acha que a grande imprensa não tem feito tudo o que está ao seu alcance para acabar com o racismo.


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