Estudo indica que páginas de fake news cresceram em postagens e interações durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Estudo realizado pela Universidade Positivo, de Curitiba, indicou que páginas do Facebook propagadoras de notícias falsas começaram a ter crescimento em postagens e interações durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Publicada pela Folha de S.Paulo, a pesquisa analisou páginas apontadas como disseminadoras de desinformação no relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, publicado em abril de 2020. Para isso, foram utilizados dados do CrowdTangle, ferramenta que o próprio Facebook disponibiliza para o monitoramento de interações na rede social.
Foram analisadas publicações e interações de 27 páginas do Facebook de 2010 a 2020.
Os pesquisadores identificaram momentos-chave para a ampliação da influência dessas páginas: início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em dezembro de 2015; impeachment da presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016; início da propaganda eleitoral, em agosto de 2018; vitória de Jair Bolsonaro na eleição à Presidência, em outubro de 2018; início do mandato de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019; e início da pandemia de Covid-19 no Brasil, em março de 2020.
Os dois momentos de maior efervescência das páginas apontados no estudo são os primeiros meses de mandato de Bolsonaro, em 2019, e o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, em março de 2020. As interações alcançam o ápice após a Polícia Federal cumprir mandatos relacionados ao inquérito das fake news. Depois disso, há tendência de queda nas postagens e interações.
Os pesquisadores também identificaram a desativação em massa da grande maioria das páginas identificadas no relatório da CPMI. De um total de 843, 741 não existiam mais quando a pesquisa começou.
O portal R7 inaugurou sua nova redação em Brasília, com uma equipe de 30 profissionais focados na produção de reportagens e conteúdos.
O portal R7 inaugurou em 23/8 sua nova redação em Brasília, que abrigará uma equipe de 30 profissionais, entre jornalistas, editores de vídeo, redatores e designers gráficos, focados na produção de reportagens e conteúdos multimídia. “A missão é fazer um jornalismo ágil e de qualidade, compromisso do Grupo Record”, diz o portal sobre a novidade. Ainda segundo a empresa, a equipe da nova redação estará nos principais ambientes de Brasília em busca de boas histórias, informações exclusivas e bastidores. Haverá setoristas no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal, nos principais ministérios e na Polícia Federal. O portal oferecerá conteúdo multimídia e multiplataforma. Os repórteres terão kits com notebooks, smartphones e microfones, para permitir que a informação chegue em tempo real ao leitor em diversos formatos.
A integração entre os vários veículos do Grupo Record será um dos diferenciais da nova redação. A produção será compartilhada entre plataformas, com atuação também de profissionais da TV. Colunistas e blogueiros reforçam a produção da redação. Augusto Nunes trará notícias exclusivas dos bastidores do poder e análises com credibilidade. Christina Lemos, âncora do Jornal da Record, também assina coluna em que apresenta informações de Brasília em primeira mão. Repórter do Jornal da Record, Thiago Nolasco mantém blog no portal com notícias e análises aprofundadas da política nacional.
Em franca expansão no mercado, o portal R7 também lançou há pouco o MonitoR7, plataforma de checagem de notícias que identifica as fake news com publicações diárias, origem da circulação das notícias falsas, além de checagem de dados e verificações de informações.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) é curadora do projeto Pinpoint no Brasil, nova ferramenta de pesquisa gratuita do Google desenvolvida para jornalistas. A entidade disponibilizou duas grandes coleções de documentos de interesse público na plataforma: sobre a CPI da Pandemia e sobre o inquérito 4.828, que investiga manifestações antidemocráticas.
A ideia é facilitar o acesso a essas informações, e permitir que os jornalistas utilizem todas as funcionalidades do Pinpoint, que incluem a identificação automática de nomes de pessoas, locais e empresas mencionadas em documentos escritos e áudios, através de inteligência artificial, de modo a que os profissionais de imprensa ganhem tempo e eficiência.
A plataforma funciona da seguinte maneira: para saber quais documentos citam o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, por exemplo, basta digitar o nome dele na caixa de buscas e o Pinpoint destaca todos os arquivos nos quais o nome de Pazuello aparece. O mesmo funciona com nomes de empresas, instituições e qualquer tipo de localização geográfica (cidades, rodovias, CEPs etc.).
A plataforma consegue também transcrever áudios, facilitando a busca por arquivos que citam determinado nome ou lugar. A Abraji planeja divulgar, mensalmente, duas novas coleções de arquivos de interesse público no Pinpoint.
Em outros países, The Washington Post, Big Local News e DocumentCloud também são curadores do projeto. Além disso, várias redações ao redor do mundo já usam a ferramenta. O norte-americano The Boston Globe recebeu o Pulitzer por uma reportagem que utilizou o Pinpoint durante a investigação.
Para esclarecer dúvidas e mandar sugestões, basta escrever para [email protected].
Morreu em Brasília nessa segunda-feira (23/8) o repórter fotográfico Roberto Stuckert, aos 78 anos, vítima de insuficiência cardíaca. O velório foi realizado nesta terça-feira (24/8), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Stukão, como era conhecido, trabalhou em diversas publicações e foi o fotógrafo oficial de João Figueiredo, último general presidente do Brasil. Seu filho, o também fotógrafo Ricardo Stuckert, homenageou o pai em suas redes. As de Roberto, Brenda e Rafaela Stuckert também prestaram suas homenagens ao avô.
Ricardo escreveu que sempre admirou “o profissionalismo, a dedicação, a devoção à família” e revelou que aprendeu a fotografar com o pai: “Um dos primeiros presentes que ganhei dele, ainda criança, foi uma máquina fotográfica. Ele me entregou e disse: ‘Rico, aqui tem a minha vida e você vai aprender a olhar o mundo por este visor'”.
Ricardo, assim, como o pai, também foi fotógrafo oficial da Presidência da República, no caso, do governo Lula. Em julho deste ano, morreu o irmão de Roberto, Rodolfo Stuckert, que nos anos 1970 e 1980 fotografou os chefes do Executivo de Brasília e em seguida iniciou trajetória na Câmara Federal, onde foi responsável pelo registro fotográfico dos presidentes da Casa.
Iniciativa global do Google, visa a apoiar com um investimento os veículos de notícias que atendem a comunidades sub-representadas.
A Google News Initiative disponibilizou a versão em português do Playbook de Startups da Google News Initiative, guia com dicas para startups de jornalismo digital que prioriza a criação de negócios economicamente sustentáveis. O conteúdo é gratuito e pode ser acessado aqui.
O documento, que será constantemente atualizado, é dividido em seis capítulos: Uma introdução às startups de jornalismo, Defina o problema que você está tentando resolver,Construir e medir seu produto mínimo viável (MVP), Identifique a missão e os valores que irão guiá-lo, Faça um plano de negócios para a sua ideia e Defina o sucesso para o seu negócio.
O guia oferece também modelos e recursos para o desenvolvimento do negócio, como media kits, planos de negócios, exemplos de contratos para freelances, e templates para contratos publicitários.
A plataforma foi desenvolvida com base em edições anteriores do GNI Startup Lab, programa de aceleração de startups jornalísticas da Google News Initiative. No Brasil, o projeto, que teve início em outubro do ano passado e encerrou sua primeira turma em maio de 2021, acelerou dez organizações jornalísticas: Agência BORI, Agência Tatu, Alma Preta, AzMina, Fervura, São Paulo para Crianças, Galápagos, Núcleo Jornalismo, MyNews e Ponte Jornalismo.
A Disney decidiu recontratar alguns profissionais que foram dispensados do Fox Sports no fim de 2020, durante a fusão com a ESPN.
A Disney decidiu recontratar alguns profissionais que foram dispensados do Fox Sports no fim de 2020, durante a fusão com a ESPN. A decisão se dá em função da alta demanda de eventos esportivos ao vivo do Star+, streaming que estreia em 31 de agosto. Serão exibidos pelo menos 50 jogos de futebol em todos os finais de semana.
Até 23/8, estavam de volta Rodrigo Cascino e Sylvio Bastos. Outros jornalistas devem receber propostas nas próximas semanas.
Segundo o Notícias da TV, Cascino, narrador que trabalhou no Fox Sports de 2014 a 2020, e Bastos, comentarista de tênis, já assinaram novos contratos e vão estrear em breve nos canais esportivos da empresa norte-americana.
A plataforma fará a narração em português de jogos dos principais times estrangeiros, principalmente nos campeonatos Espanhol, Inglês, Italiano e Francês, estes dois últimos adquiridos recentemente. Na televisão linear, serão três jogos transmitidos para o público.
Os alvos das convocações da Disney são apenas profissionais com os quiais não tem pendências judiciais. No fim de 2020, a empresa não renovou com pelo menos 30 nomes que trabalhavam no Fox Sports. Outros, que tinham contrato ainda em vigor até o fim de 2022, foram dispensados.
Por causa disso, profissionais como José Ilan, Paulo Lima e Flávio Gomes processam a empresa na Justiça do Trabalho pedindo indenização e reconhecimento de direitos trabalhistas. A Disney pretende chamar outros profissionais para discutir uma recontratação.
Encontro gratuito debaterá como engajar o público interno em um cenário de diversidade e inclusão
A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) promoverá na próxima segunda-feira (30/8), a partir das 10h, a primeira edição do Lab de Comunicação para a Diversidade. O encontro discutirá como as empresas têm tratado e trabalhado internamente as questões de inclusão, desde a linguagem da comunicação interna, até a divulgação de programas e a criação de comitês.
Com inscrições gratuitas, o debate terá duração aproximada de duas horas e contará com as participações de Cristiane Alves, coordenadora de Projetos Sociais no Instituto 3M; Crislaine Costa, gerente de Comunicação Corporativa na Uber Brasil; Leonardo Barbosa, head de Gestão e Desenvolvimento de Talentos, Diversidade & Inclusão e Design Organizacional para a Stellantis América do Sul; Maria Julia Azambuja, superintendente de Atração, Seleção e Diversidade no Itaú Unibanco; e Lari Kujavo, gerente de Comunicação de Marca na Novartis.
E você, já participou do censo que mostrará o Perfil Racial da Imprensa Brasileira?
O estudo tem como objetivo medir a presença de todas as raças no Jornalismo brasileiro com vistas a permitir, a partir desse conhecimento, o planejamento e a implementação de políticas afirmativas de diversidade e inclusão nas redações jornalísticas.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudiou a decisão do juiz Manuel Amaro de Lima, da 3ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho do Amazonas, que mandou retirar do blog de Malu Gaspar (O Globo) reportagens sobre inconsistências e suspeitas de fraude em ensaio clínico da proxalutamida, remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
A decisão, que atende a um pedido de Luis Alberto Saldanha Nicolau – diretor da rede de hospitais Samel, uma das patrocinadoras do estudo –, proíbe também a publicação de qualquer outro conteúdo sobre o assunto em O Globo, sob pena de multa. Nicolau afirmou que as reportagens ofendem sua “honra, imagem e reputação”.
Em nota assinada por Paulo Gerônimo, presidente da ABI, a entidade escreveu que “decisões recorrentes do Supremo Tribunal Federal têm reafirmado a inconstitucionalidade de decisões, quase sempre de juízes de 1º grau, de censura a matérias jornalísticas. A ABI se solidariza com Malu Gaspar e com o Grupo Globo, e tem certeza que mais este ato censório será derrubado por instâncias superiores da Justiça”.
O Globo também se pronunciou sobre o caso, explicando que as reportagens foram baseadas em uma investigação independente do repórter Johanns Eller, a partir de documentos públicos divulgados pela própria equipe do estudo. O Globo destaca ainda que as irregularidades também foram retratadas por veículos científicos como a revista Science e outros internacionais, como BBC e Reuters.
O Globo declarou que está recorrendo da decisão, considera a censura algo inconstitucional e sustenta que o conteúdo das reportagens é de interesse público: “A decisão de impedir a sua circulação e proibir a divulgação de novas informações a respeito do tema interdita o debate a respeito da controversa eficácia da proxalutamida no tratamento da Covid-19”.
Os profissionais de comunicação Luiz Fujita, Newman Costa e Tainah Medeiros lançaram a Baioque Conteúdo, empresa de produção de conteúdo digital para diferentes plataformas por meio de textos, vídeos e podcasts. O objetivo da empresa é dar visibilidade estratégica a profissionais, marcas e produtos.
Fujita é diretor de Jornalismo, Costa é diretor de Audiovisual e Tainah está à frente da Comunicação da empresa. O nome da produtora faz referência à música de Chico Buarque, “que mistura baião e rock, um símbolo para a mistura e a diversidade, além de uma homenagem a um grande ídolo dos sócios”, diz a empresa em comunicado.
“Somos um país diverso, com pluralidade de vozes e cultura, mas sem igualdade nos acessos”, diz Tainah. “A Baioque nasceu estruturada na democratização do conhecimento, na consciência social e na importância de produzir conteúdo com responsabilidade frente a essa maré de fake news”.
Os três fundadores trabalharam juntos, por mais de dez anos, à frente das redes digitais de Drauzio Varella, em projetos de conteúdo com marcas como Asics, Uber, SmartFit, YouTube, Tena, Roche, Novartis e Merck. Nesse período, a equipe conquistou nove prêmios em comunicação digital, como o Influency.me (2018) e o Prêmio Influenciadores Digitais (2016, 2017, 2018 e 2020).
“Estão tentando transformar o Audálio num vilão”, disse-me por telefone o colega jornalistaFlávio Tiné, depois de ler matéria de quatro páginas sobre Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Audálio Dantas (1929-2018), publicada domingo, 6/8, na Ilustrada, caderno de variedades da Folha de S.Paulo.
A Folha de S.Paulo é o resultado da fusão dos jornais Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha da Noite.
Em abril de 1958 o repórter alagoano Audálio Ferreira Dantas foi escalado para fazer reportagem na favela do Canindé, localizada à margem esquerda do rio Tietê, na capital paulista. Canindé é um tipo de ave que habita região de brejo.
Seria uma reportagem como tantas. O detalhe é que o discreto e antenado repórter teve a atenção voltada para uma mulher negra de 44 anos. Ela, segundo ele, ameaçava aos gritos inserir nomes de seus desafetos no livro que estava escrevendo. Curioso, o repórter aproximou-se da mulher e logo depois teve acesso aosescritos dela. “Eram muitos cadernos cheios de histórias interessantes”, disse-me Audálio um dia.
Mas para ganhar forma de livro era preciso uma boa revisão e edição das histórias. E isso ele fez, não do dia pra noite. Mas fez. Antes, porém, publicou uma reportagem de página inteira na Folha da Noite. De cara, dizia a chamada: “O drama da favela escrito por uma favelada”.
A referida favelada ganhou fama imediatamente no Brasil e no exterior, aparecendo noutras publicações, entre as quaisO Cruzeiro.
Mergulhado na leitura dos cadernos de Carolina Maria de Jesus, Audálio deles extraiu o livro Quarto de Despejo, que a livraria Francisco Alves publicaria em 1960. “Fácil, fácil, o livro alcançou a fabulosa tiragem de 100 mil exemplares”, contou-me Audálio.
O livro recebeu dezena e meia de traduções nos Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Holanda.
Carolina de Jesus e Audálio Dantas na favela Canindé
“Eu não entendo por que estão acusando o Audálio do que não fez”, comentou o cartunista Fausto Bergocce, depois de ler pra mim o texto publicado na Folha. “Até onde eu sei, Audálio foi um anjo que caiu do céu na vida de Carolina”, acrescentou.
Fausto está totalmente correto.
Sem Audálio, Carolina Maria de Jesus teria passado em brancas nuvens por estas plagas. É o que também pensa e assina o cordelista cearense Kléversson Vianna. Acrescentando: “Era natural do Audálio ajudar a muita gente. Eu mesmo fui muito ajudado por ele, que falou muito bem de mim ao Jô Soares, de cujo programa participei”.
Audálio Dantas tem sido acusado de ser o autor de Quarto de Despejo. “Essa é uma inverdade que salta aos olhos”, disse-me uma vez. A seu favor, lembrou: “Até o poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968)comentou o assunto”.
Na matéria da Folha, a impressão que fica é que há alguém interessado em manchar a imagem do repórter que descobriu Carolina. O que ele fez, e fez como cidadão, foi ajudar como pôde aquela mulher portadora de grande talento literário. Talento espontâneo.
“O que há nessa história é um grande jogo de interesses mercadológicos”, entende o jornalista Tiné.
Ao contrário do que algumas pessoas dizem, Audálio Dantas sempre levou uma vida modesta. Gastava o que ganhava como qualquer cidadão casado e com filhos. E como cidadão e trabalhador ganhava e perdia emprego.
Depois que perdeu o emprego na Eletropaulo, antiga Cesp, ficou sem eira nem beira. E um dia me telefonou pedindo para o avisar se soubesse de alguma colocação. Perguntei-lhe se queria trabalhar comigo, ser meu chefe. Embora zonzo, topou. E foi assim que trabalhamos juntos no Departamento de Imprensa do Metrô de São Paulo por uns quatro anos.
No ano seguinte à publicação de Quarto de Despejo, a favela do Canindé deixou de existir. Detalhe: depois de ler a reportagem de Audálio, o radialista paulistano Raul Duarte (1912-2002) compôs o sambaNo Meu Canindé. Esse samba foi gravado (Odeon) pela cantora Alda Perdigão no dia 24 de setembro de 1958 e lançado à praça três meses depois.
Ainda em 1961, Audálio Dantas abriu caminho para Carolina Maria de Jesus gravar um LP pela extinta RCA Victor. As letras são todas dela, por ela mesma interpretadas. Tratam do cotidiano do lugar onde morava. São sambas, marchas, batuques e até um baião. Título:Quarto de Despejo. Destaque para Vedete da Favela, um autorretrato… A contracapa desse LP é assinada por Audálio.
Audálio Ferreira Dantas foi um dos mais importantes jornalistas e escritores do nosso País.
Em 1956, foi pautado pra cobrir o lançamento do livro Grande Sertão: Veredas, do mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967). João recusou-se a dar entrevista, mas mesmo assim o repórter fez uma belíssima cobertura do lançamento.
Depois de muitas entrevistas e reportagens, Audálio seguiu carreira na revista Realidade.
São muitos os livros que publicou. O último foi As Duas Guerras de Vlado Herzog. Curiosidade: pra fechar o livro, o autor precisava entrevistar o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré, mas não conseguia localizá-lo. Eu disse: vai um dia lá em casa que você conseguirá. E assim foi feito.
Atenção: está mais do que na hora de Audálio ter a sua história contada em livro. Enquanto isso não é feito, dedico-lhe o poema abaixo:
O Brasí é um barquim Deslizano pelo má Levano, trazeno gente Daqui pralí, dali pracá
Nesse eterno vaivém Muita gente cai no má Muita gente vai pro céu Sem saber que trem tem lá
Desse jeito o Brasí vai Se balançano no má Pareceno u’a donzela Convidano pra dançá
Esse barco já levô Muita gente além do má Já levô Audáio Dantá Valdi, Tele e Jão Bá
Barquero desse barco Castro Alve foi pro má Levano o bão Bandeira Pra um dedo prosiá
Gente de todo tipo Nesse barco foi pro má Quereno sabe untudo Querendo sábi ficá
Há muito ele nasceu Num belo berço do má Andô, correu pirigo Mas sempre sôbe lutá
Lá vai ele Leve e livre no má Garboso, sinhô de si Com o céu a li guardá
Viva o Brasí barquinho Na sua missão no má Levano, trazeno gente Daqui pralí, dali pracá