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Relatório revela os efeitos da desinformação e violência contra mulheres e LGBT+ na comunicação

O Gênero e Número junto a Repórteres Sem Fronteiras lançaram o relatório online sobre a desinformação e violência contra jornalistas e lgbt+.
O Gênero e Número junto a Repórteres Sem Fronteiras lançaram o relatório online sobre a desinformação e violência contra jornalistas e lgbt+.

A Gênero e Número em parceria com a Repórteres Sem Fronteiras divulgaram em 26/4 o relatório online O impacto da desinformação e da violência política na internet contra jornalistas, comunicadoras e lgbt+. Buscando investigar como a desinformação e a violência contra profissionais da imprensa têm repercutido no dia a dia do trabalho, o relatório é resultado da pesquisa online realizada de 9/8 a 6/9 do ano passado, e que contou com a participação de 237 comunicadores.

Dividido em três eixos, sendo eles: Desinformação, Violência Online e Proteção e Plataformas, mais de 90% dos jornalistas participantes da pesquisa avaliaram que a desinformação tem causado uma perda de confiança na imprensa por parte da sociedade.

Os dados apontam que 8 em cada 10 profissionais de mídia já mudaram seus comportamentos nas redes sociais nos últimos anos para se proteger de ataques, mais de 50% afirmaram que a proliferação de ataques nas redes contra a imprensa impactou sua rotina profissional e 15% relataram ter desenvolvido algum tipo de problema de saúde mental em decorrência dos ataques sofridos.

Ainda segundo o levantamento, 50% afirmaram já terem sofrido algum tipo de violência online devido a profissão, sendo sua maioria do gênero feminino (41,9%). Entre aquelas que afirmaram já terem presenciado alguma situação desse tipo com outra pessoa, esse número sobe para 81,4%, dos quais 67,4% são mulheres. 50,7% das profissionais afirmaram já terem sofrido ataques misóginos ou com conotação sexual.

Para Natália Leão, diretora de dados da Gênero e Número e responsável pela metodologia da pesquisa, mulheres e LGBTs alteraram hábitos e formas de fazer seu trabalho numa tentativa de menos exposição.

“É alta a percepção de insegurança, e para a maioria dos respondentes o Governo Bolsonaro acirrou o fenômeno da desinformação no Brasil, afetando a rotina de trabalho, a saúde e a vida pessoal dos jornalistas”, disse.

Especial Jornalismo nas veias: Visão de colega mais experiente

Especial Jornalismo nas veias: Visão de colega mais experiente

Hélio Doyle, professor aposentado da UnB, e a filha Luísa Doyle

Tenho um filho e três filhas, e apenas uma delas, Luísa, optou pelo jornalismo. Ela simplesmente me avisou que faria Jornalismo na Universidade de Brasília, onde eu era professor. Em nenhum momento eu havia tentado convencê-la a seguir a carreira do pai, mesmo achando que o jornalismo é mesmo a melhor profissão do mundo, como escreveu Gabriel García Márquez.

Luísa está na profissão há 14 anos, 12 dos quais como repórter da Rede Globo em Brasília. Ela vive uma experiência que não tive. Em 52 anos de jornalismo, nunca fui repórter de televisão, a não ser ocasionalmente − eu era chefe de Redação na Globo em Brasília, e meu trabalho era coordenar e editar. Apareci na tela por apenas duas semanas, cobrindo eleições na Alemanha.

Gosto muito do trabalho da Luísa, não com a visão de pai coruja, mas de colega mais experiente e de ex-professor dela na UnB. Dou palpites e sugestões, manifesto aprovação ou desaprovação quanto à forma e ao conteúdo de suas reportagens. Em condições normais, diria que tem futuro. Confesso, porém, que a nova realidade do jornalismo me preocupa: grande número de desempregados, empresas em dificuldades ou desaparecendo, salários mais baixos, muitos sobrevivendo com dificuldades. Bem diferente de quando eu tinha a idade dela.

Mas, o que Luísa pensa sobre tudo isso? Perguntei a ela.

− Como foi a sua opção pelo jornalismo? Tive alguma influência?

Quando eu era menor, dizia que nunca iria querer fazer Jornalismo porque você trabalhava muito. Mas aí, no ensino médio, percebi que gostava de escrever. Redação era uma das minhas aulas preferidas. Então comecei a pensar em Jornalismo. Tinha outras faculdades como opção, como Psicologia e Relações Internacionais. Mas acabei optando pelo Jornalismo pela vontade de escrever, de contar histórias, de ouvir pessoas. Com certeza teve influência sua, de alguma forma.

− E aí deixou de lado o fato de eu trabalhar muito, ser muito ausente?

Deixei. Nunca te achei um pai ausente. Não deixava de estar nos momentos importantes, sempre brincava com a gente, levava no parque. Minha lembrança é de você chegar em casa muito tarde durante a semana. Mas isso acabou não pesando na decisão.

− Em algum momento se arrependeu?

Não, nunca. É uma profissão que nem sempre é fácil, é cada vez menos valorizada. Mas, ainda assim, não me imagino fazendo outra coisa.

− Você passou por meio impresso e está na televisão. Qual prefere?

Passei pelo online também. São bem diferentes e gostei de trabalhar nos três. Mas a televisão me encantou desde o primeiro estágio, na Band, depois ainda mais quando estagiei na Globo. Pelo dinamismo, pelo grande alcance que tem. Hoje em dia o online cumpre muito esse papel também, mas a TV é o agora. O ao vivo. O que está acontecendo naquele momento. Sempre gostei de estar em um lugar na hora do fato e já mostrar isso para as pessoas. E é muito bom ver como isso repercute na vida da população, como uma reportagem pode mudar a vida de alguém.

− Vendo demissões, veículos fechando, colegas desempregados, você não teme pelo futuro na profissão?

Temo. Acho que é um momento delicado e de transformação do jornalismo. Não sei como estaremos daqui a dez anos. Não acredito que a profissão irá acabar, mas vai se transformar profundamente. Os veículos, as formas de linguagem, a dinâmica, tudo já tem sido e vai ser ainda mais diferente. Cabe a nós nos adaptarmos.

− Mesmo assim não pensa em alternativas?

Hoje, não penso.

− Você está em telejornais locais e de vez em quando faz matérias políticas ou econômicas para telejornais da rede e para a GloboNews. Em que área se sente mais à vontade?

É interessante mudar de ares, fazer coberturas diferentes. Isso é uma das coisas que mais me atrai no jornalismo. As matérias políticas e econômicas são um grande aprendizado e uma grande responsabilidade. São questões importantes. Mas a cobertura local é importantíssima também. Somos os porta-vozes da população, muitas vezes a única chance de as pessoas serem ouvidas sobre problemas das suas comunidades. E uma matéria ou um link pode ter um impacto gigantesco. Uma rua sem energia passa a ter luz, uma pessoa sem atendimento consegue finalmente ver um médico, um bebê que pode morrer por problemas cardíacos passa por cirurgia e tem uma chance de viver. Tudo graças à pressão que fazemos. Eu me identifico muito com o jornalismo local.

− Você fala três línguas e arranha mais uma. Tem vontade de, um dia, ser correspondente internacional?

Seria uma experiência muito boa, sem dúvida. Deve ser incrível ter a oportunidade de trabalhar em outro país, cobrindo questões tão diferentes das nossas, conhecendo pessoas e lugares.

− O que é bom e o que é ruim no jornalismo?

Bom é o dinamismo. Não ter rotina. Cobrir diferentes assuntos, conhecer pessoas e lugares que eu jamais conheceria. Cada dia é uma nova experiência. Também é muito bom saber que fazemos diferença na vida das pessoas. Que podemos ajudar, informar, melhorar o dia, a vida de alguém. Ruim é a desvalorização da profissão. E a falta de respeito com o nosso trabalho, maior nos últimos anos. Principalmente as inadmissíveis agressões − verbais ou físicas − a profissionais.

Daniel Bruin é reeleito para o comando da Abracom

Assembleia da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) elegeu nesta quarta-feira (27/4) a diretoria para o biênio 2022/2024. Liderada pelo empresário Daniel Bruin, da XCOM, a chapa Mercado Forte foi eleita por aclamação com uma plataforma de trabalho baseada em avanço nas ações para melhoria no ambiente de negócios, formação de novas lideranças setoriais, aprofundamento dos parâmetros de governança setorial e investimento em profissionalização das atividades associativas.

Ao tomar posse da nova gestão, Bruin – que foi reeleito para mais um mandato – destacou a campanha por concorrências mais justas e transparentes, lembrando que o movimento iniciado pela Abracom em outubro de 2021 é um chamado ao diálogo com clientes e fornecedores para que os parâmetros de realização de contratações sejam alinhados com práticas de ESG e garantam qualidade na prestação de serviços e remuneração justa:

“Já estamos trabalhando em uma segunda fase da campanha, que será lançada brevemente. Com dados de uma pesquisa feita com associados, levantamos como os principais problemas a falta de clareza nos briefings, prazos exíguos para apresentação de propostas e pouca transparência na avaliação técnica. Mas acreditamos que, com um diálogo direto e sincero com entidades e grupos que representam as áreas de comunicação, compras e finanças de nossos clientes, podemos criar um ambiente mais saudável para todos”.

A nova gestão assume com projetos como o Programa de Formação de Lideranças, destinado a promover a permanente renovação dos líderes setoriais, em andamento e pronto para formar sua primeira turma. A valorização das atividades regionais, através das diretorias estaduais, também será uma das prioridades para o biênio.

Com mais de 180 associadas em todas as regiões, a Abracom, que acaba de completar 20 anos de fundação, representa um mercado que cresceu mais de 15% em relação ao ano anterior, e gera mais de 17 mil empregos diretos.

Confira a composição da nova diretoria, que tem representantes de todas as regiões do País, agências de pequeno médio e grande portes, nacionais e integrantes de grupos internacionais:

Conselho Gestor

  • Presidência – Daniel Bruin (XCOM)
  • Vice-presidência – Zé Schiavoni (Weber Shandwick)
  • Diretoria de Assuntos Legais – Renato Salles (FSB)
  • Diretoria Financeira – Ana Julião (Edelman)
  • Secretaria-Geral – Carina Almeida (Textual)

 

Diretorias

  • Assuntos Institucionais/Setor Privado – Rosa Vanzella (MCW/BCW)
  • Assuntos Institucionais/Setor Público – Patricia Marins (Grupo In Press)
  • Internacional – Pedro Cadina (Vianews)
  • Dados e Parâmetros de Mercado – Marcio Cavalieri (RPMA)
  • Expansão e Mobilização – Vinicius Cordoni (VCPR)
  • Capacitação Profissional e Gestão Empresarial – Everton Vasconcelos (CDI)

 

Conselho Fiscal

  • Claudia Zanuso (Duecom)
  • Cleide Pinheiro (Temple)
  • Vitor Fortes (Inpacto)
  • Beth Garcia (Approach) – suplente

Alvos de Luciano Hang, jornalistas são incluídos em Programa de Proteção Legal da Abraji

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) incluiu dois jornalistas em seu Programa de Proteção Legal, que oferece assistência jurídica a comunicadores que estão sendo silenciados ou constrangidos por meio de processos judiciais por causa de seu trabalho. Foram integrados ao projeto Josette Goulart e o repórter fotográfico Marcelo Chello Carneiro da Silva, alvos de ação judicial movida pelo empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan.

A ação, proposta em Brusque (SC), foi motivada pela publicação, em setembro do ano passado, às vésperas do depoimento de Hang à CPI da Pandemia, de uma charge no site Lagartixa Diária, que mostra o presidente Jair Bolsonaro perguntando “quem nunca contou uma mentirinha na ONU, porra?”, e Hang dizendo “Quem nunca fraudou a certidão de óbito da própria mãe, né?”.

Na ação, Hang afirma que a frase tem sentido calunioso e pede R$ 100 mil por danos morais, além da remoção do conteúdo das redes sociais. Já a defesa dos jornalistas afirma que não houve ato ilícito ao publicar a charge, e que sua publicação está coberta pela liberdade de expressão e de imprensa.

Os advogados dos jornalistas argumentaram também que a charge não tenta imputar crimes a Hang, apenas traz comentários, em tom humorístico e de crítica, “sobre fato amplamente divulgado na mídia − o depoimento de Hang à CPI sobre a possível fraude da certidão de óbito de sua mãe”. A defesa acredita que o empresário não está buscando reparação e sim tentando cercear e constranger o trabalho da imprensa. O processo ainda está em tramitação e aguarda julgamento.

Vale lembrar que, segundo levantamento da própria Abraji, Hang já moveu quase 50 processos contra jornalistas e críticos.

Com a inclusão de Josette e Marcelo, o Programa de Proteção Legal para Jornalistas da Abraji está apoiando agora quatro profissionais com a contratação de advogados especialistas na defesa de liberdade de expressão para representá-los em todas as instâncias, até a finalização dos casos. Interessados em participar podem se inscrever aqui.

Especial Jornalismo nas veias: Família que trabalha unida…

Especial Jornalismo nas veias: Família que trabalha unida...

Jeline Rocha, assessora de imprensa de Felipe Peixoto, coordenador de Cidade Inteligente da Prefeitura do Rio de Janeiro; Guilherme Barros, CEO da GBR Comunicação; e a filha Marina Barros

Por Jeline Rocha

Fevereiro de 2008! Estava eu de férias em Fortaleza quando recebi um telefonema da Marina, então com 16 anos e no primeiro dia do 3º ano do Ensino Médio. Aflita, dizia que a escola estava dividindo as turmas por áreas, ao que eu respondi perguntando o por que da ansiedade, se ela desde os 7 dizia que ia fazer Direito, pensando até em ser juíza? E ouvi a resposta: “Não quero mais fazer Direito. Quero fazer Jornalismo, mãe!”. Aí eu que fiquei nervosa e perguntei: “Então você desistiu de fazer direito para fazer errado?”. E bati, literalmente, o telefone. Em seguida liga o então namorado Patrick, hoje marido da Marina e pai dos seus três filhos, me pedindo para compreender porque era o que ela queria, escolha que eu também tinha feito. Chorei de nervoso! Afinal, eu sabia das dificuldades para conciliar família e crescer nessa profissão que exige muito trabalho com salários nem sempre compatíveis nem tão bons como os da turma do Judiciário, o primeiro caminho escolhido por Marina, a do meio das minhas três filhas…

Fato é que em janeiro de 2009 Marina fez a primeira fase do vestibular para Comunicação, mas por conta de uma septicemia causada pelo apêndice supurado, que lhe rendeu três meses de hospital, perdeu as outras provas. Por um verdadeiro milagre se recuperou, teve alta em abril e, atendendo aos meus pedidos, começou a fazer Direito em agosto daquele ano. O Guilherme não quis se envolver, dizendo apenas que ela, mais do que nunca, deveria seguir a carreira que quisesse e ser feliz… E após o primeiro dia de aula do segundo semestre do curso, Marina me ligou e disse que se eu não a deixasse fazer Comunicação desistiria de estudar e iria trabalhar. “A única coisa que eu quero é ser jornalista, mãe!”.

Chocada, telefonei para o Guilherme que, ao contrário de mim, ficou muito feliz… Em fevereiro de 2010 ela iniciou, enfim, o curso de Comunicação, e como um dos primeiros trabalhos da faculdade entrevistou o jornalista Gilson Monteiro sobre a profissão. Claro que veio me mostrar e já no lide me emocionei e procurei o Guilherme para dividir o que vi de cara: ela não poderia mesmo seguir outra carreira, a não ser o Jornalismo. Pensei e repensei, e vi que muito da sua decisão tinha a ver com o fato de ela ter crescido no meio de jornalistas, e mais, produzida por dois jornalistas workaholics. É mesmo uma questão do Jornalismo no DNA, como bem definiu o Aziz Filho, na época editor do jornal O Dia, ao ver o pedido de estágio da Marina: “Chico e Joana, o DNA da Marina não poderia ser melhor: Jeline Rocha e Guilherme Barros. Por favor levem isso em consideração na seleção dos candidatos para os próximos testes. Abraço”.

Assim escreveu o Aziz num e-mail para os então chefe de Reportagem e editora da Rio em relação a Marina, que havia passado dois anos no jornal O Fluminense – onde se fazia de tudo, e eu e o Guilherme também trabalhamos –, antes de uma temporada na Publicom e na assessoria de imprensa do Sindicato dos Policiais Federais do Rio. Começou em 2014 no Caderno Niterói de O Dia, onde ficou até 2016. Em janeiro de 2017, após vencer os receios normais do trabalho em família, começou na GBR Comunicação, onde hoje é sócia do pai.

Acertou o Aziz e acertou o Guilherme, pois Marina é realmente feliz com a profissão. E eu? Ah! Muito orgulhosa da filha jornalista que, como ouvi de diversos coleguinhas meus (hoje também dela), que foram seus chefes e professores, já demonstrava rapidez nos textos perfeitos em gramática, muita responsabilidade, objetividade e um potencial para crescer. E cresceu! Cresceu com um perfil que herdou do pai: a facilidade em fazer notas para colunas. Tanto que volta e meia me ajuda nessa produção. Afinal, família que trabalha unida, permanece unida…

Marina e Guilherme Barros

Por Marina Barros

O Jornalismo é parte da minha história. Filha de Guilherme Barros e Jeline Rocha, dois grandes nomes da profissão que eu tenho orgulho de ter seguido, lembro bem de estar em um shopping com meu pai e ter que sair correndo, literalmente, em busca de papel para que ele pudesse registrar a apuração de um telefonema despretensioso. Lembro também de ver minha mãe muitas vezes sair às 4h30 de casa para acompanhar gravações do Bom Dia Rio e voltar tarde da noite. Toda dedicação dos dois sempre foi um exemplo para mim. Entrei para a faculdade em 2010 e comecei a estagiar em 2012. Na minha vez não teve matéria “batida” em máquina de escrever ou textos enviados por fax, mas consegui trabalhar em redações tradicionais antes de passar para agência.

É um privilégio prazeroso ter conhecido a moda old school do Jornalismo que, sem dúvidas, vem se transformando. As redes sociais, por exemplo, ganham cada vez mais peso no consumo da informação, mas a visão de especialista do jornalista sempre será a melhor fonte. Acredito que os próximos anos ainda serão de transformação para a profissão, com novas lideranças chegando ao mercado com demandas de comunicação cada vez mais integradas e “fora da caixa”. Até por isso o jornalista tem que estar cada vez mais atento a todas as formas de comunicar, a cada nova oportunidade. Tem que pensar sempre no plus, para além do que já é feito pelos usuários comuns da internet.

Esse mundo da Comunicação que não para de se reinventar esteve sempre presente em todos os meus 30 anos de vida. E hoje posso dizer que é uma honra poder trabalhar e aprender com o meu pai, que foi por muitos anos um dos maiores colunistas de economia do País, até formar sua própria empresa, em 2013, sendo um líder sem igual, que inova a cada dia. Quero contribuir cada vez mais com a GBR e ver a agência conquistar cada vez mais o reconhecimento que merece.

Por Guilherme Barros

Com uma grande amiga, mãe das minhas filhas, e uma filha assim, ambas tão talentosas, brilhantes jornalistas que me inspiram todos os dias na minha vida, como não ser totalmente feliz com o Jornalismo?

A “atração fatal” da imprensa pelo jornalismo declaratório

A “atração fatal” da imprensa pelo jornalismo declaratório

Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia

Luciana Gurgel

O Reino Unido deu um exemplo negativo de sexismo e misoginia no jornalismo, que em vez de combater a discriminação na sociedade preferiu refleti-la.

No domingo (25/4), o Mail on Sunday publicou uma reportagem sobre Angela Rayner, vice-líder do partido do Partido Trabalhista, parlamentar aguerrida que defende suas ideias sem as mesuras dos ingleses da elite como Boris Johnson, educado na sofisticada Eton e formado em Oxford.

O jornal diz ter ouvido em off de parlamentares conservadores a afirmação de que Rayner utiliza atributos físicos para distrair Johnson durante os embates entre os dois partidos, sobretudo quando substitui o líder Keir Starmer na sabatina semanal.

Ali, cruzaria e descruzaria as pernas ao estilo Sharon Stone no filme Atração Fatal, valendo-se da configuração em que lideranças da oposição e do governo sentam-se de frente uns para os outros.

A razão seria a falta de capacidade intelectual para confrontar a sapiência de Johnson, já que largou os estudos aos 16 anos para trabalhar. Assim, usaria as pernas.

Para confirmar a suposta veracidade da história, o jornal cravou que ela teria admitido a prática em conversa informal com uma das fontes da matéria.

A história virou um escândalo político. Não há sinais de que Boris Johnson esteja por trás ou endosse as declarações. Mas elas foram feitas por integrantes do partido liderado por ele.

Parlamentares e jornalistas têm compartilhado episódios de assédio e abusos físicos por parte de parlamentares. Há várias investigações em curso no Parlamento.

Embora a matéria tenha sido feita por um jornal, práticas da mídia entraram na linha de tiro. Em apenas um dia, mais de 5 mil reclamações foram protocoladas no IPSO, órgão de controle da mídia impressa.

Integrante do Associated Newspapers, de propriedade do respeitado Lord Rothemere, herdeiro do jornal fundado por seu bisavô, o Mail on Sunday (versão dominical do Daily Mail) apoia o Partido Conservador. Críticas aos trabalhistas fazem parte da linha editorial.

Mas será que, sob padrões jornalísticos, a matéria pode ser classificada como crítica? O conjunto da obra sugere mais a ridicularização de uma mulher que não faz parte da elite, usando um recurso que não combina com a sua biografia.

Mail on Sunday: sexismo e misoginia

Outra discussão é sobre o off, que de certa forma isenta o jornal de responsabilidade por uma notícia mesmo quando é editada de forma a levar o leitor a crer nela.

Informantes são essenciais para o jornalismo investigativo. Mas revelações precisam ser confirmadas ou embasadas em fatos e documentos.

Apesar de criticados por excessos, os tabloides fazem às vezes um trabalho relevante. No caso do Partygate (festas na sede do governo durante o lockdown), vários furos foram dados por eles, confirmados por trocas de e-mails e imagens.

Não foi o que aconteceu agora. A acusação foi negada por Rayner antes da publicação, inclusive a suposta conversa em que teria admitido usar as pernas. Ela implorou para que a matéria não saísse, em nome dos filhos adolescentes que não mereciam ver a mãe retratada dessa forma, sem sucesso.

O Mail usou o “jornalismo declaratório”, em que as duas partes foram mencionadas, como se fosse suficiente sob a ótica da responsabilidade da mídia.

Rayner ficará marcada como a parlamentar da história das pernas. E mudou a conduta, coisa que nenhuma mulher deveria ter que fazer. Em uma entrevista na terça-feira, trocou as habituais saias por calças compridas.

O chefe do Parlamento ameaçou revogar a credencial do editor de política do Mail, Glen Owen, que assina a matéria. E convocou o diretor de Redação para uma reprimenda.

O Mail reagiu invocando liberdade de imprensa e independência da mídia. E disse que não vai.

Vale lembrar que o Mail (considerando edição de domingo e da semana) só perde em circulação para o Metro, gratuito. E que a circulação de domingo quase bate a da semana toda. Ou seja, muita gente teve acesso à “reportagem”

A reflexão aqui é se liberdade e independência são salvo-condutos para publicar qualquer coisa, incluindo suspeitas sem provas e negadas pelos envolvidos.

O caso é um retrocesso diante de tantos avanços em diversidade e inclusão na mídia britânica. Jornalistas e veículos responsáveis não mereciam isso, em uma era em que a falta de confiança na imprensa ameaça a todos.


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Carlos Tramontina deixa a Globo após 43 anos

Carlos Tramontina deixa a Globo após 43 anos

Apresentador do telejornal local SP 2, Carlos Tramontina está deixando a Globo. O anúncio foi feito dois dias depois de ele comandar o telejornal do Sambódromo antes da transmissão dos desfiles das escolas de samba de São Paulo.

“Tramonta”, como é conhecido, entrou na Globo em 1978, como estagiário. Apresentou o Bom Dia São Paulo por sete anos. Era âncora do SPTV Segunda Edição, o SP 2, desde 1998. Em 2000, passou a apresentar também o Antena Paulista, aos domingos.

Ao se despedir do telejornal na noite de 26/4, não deu nenhuma dica de que seria a última vez. Disse apenas: “O nosso ‘SP segunda edição’ termina por aqui. Quero mandar um abraço para todos vocês. Muito obrigado pelo carinho, boa noite”.

Em comunicado interno, o diretor de Jornalismo Ali Kamel escreveu: “Tramontina deixa hoje a Globo, uma saída em comum acordo. Quis se despedir com duas bonitas ancoragens do SP 2, no Sambódromo, e a transmissão da apuração das Escolas de Samba de São Paulo. Ele deseja dedicar mais tempo para a mulher, os dois filhos e a neta Alice, que nasceu em março. Correr agora não será mais atrás da notícia, mas apenas para manter a forma, como sempre gostou”. José Roberto Burnier, hoje no comando do Conexão GloboNews, na emissora a cabo do grupo, assumirá o SP 2.

Em seu perfil no Instagram, Tramontina reafirmou os termos da mensagem de Kamel, registrando que a saída ocorreu “em comum acordo”. Ele se disse “honrado por ter apresentado todos os telejornais da Globo em rede nacional − Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo. E todos os de São Paulo”. (Com informações de Maurício Stycer)

Brasileiros são finalistas em sete categorias do Prêmio de Excelência Jornalística da SIP

Brasileiros são finalistas em sete categorias do Prêmio de Excelência Jornalística da SIP

Veículos e comunicadores brasileiros são finalistas em sete das 14 categorias do Prêmio de Excelência Jornalística 2022, da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Os vencedores devem ser anunciados em agosto, e a cerimônia de premiação será na assembleia anual da entidade, em Madrid, na Espanha, de 27 a 30 de outubro.

Na categoria Caricatura, é finalista Marcus Vinícius Luna dos Santos Billo, do Jornal Tribuna Independente (AL), com a charge Quando o fake news prevalece. Em Cobertura Noticiosa, o Poder360 está entre os finalistas com a cobertura da Lava Jato.

Na categoria Direitos Humanos e serviço à Comunicade, o coletivo Artigo 19 aparece entre os finalistas, com a campanha Já imaginou perder o lar?. E em Opinião, Andreia Pereira da Silva, colunista do Jornal Hoje em Dia (MG), é finalista com sua Coluna Perspectiva Racial.

O podcast A Vida Secreta de Jair, do UOL Investiga, é finalista na categoria Jornalismo em Profundidade. Apresentado pela colunista Juliana Dal Piva, o projeto teve participação de Gabriela Sá Pessoa, Amanda Rossi, João Pedro Pinheiro (edição de áudio), Eric Fiori, Santhiago Lopes, Natália Mota, Gisele Pungan e René Cardillo. A coordenação é de Juliana Carpanez e Flávio Costa.

O CNN Sinais Vitais está entre os finalistas na categoria Jornalismo sobre Saúde com sua cobertura especial sobre Cuidados Paliativos. E em Jornalismo Universitário, Brenda Aparecida Furtado Marchiori é uma das finalistas com o artigo Produção científica na USP é marcada por desigualdade de gênero, aponta estudo, publicado no Jornal da USP.

Especial Jornalismo nas veias: Jornalismo de hoje é feito por inércia

Especial Jornalismo nas veias: Jornalismo de hoje é feito por inércia

Costábile Nicoletta, que hoje atua com sua própria empresa no desenvolvimento de produção e edição de conteúdo sob encomenda, e o filho Gustavo Nicoletta

Quando meu filho Gustavo Sterza Nicoletta decidiu ser jornalista, senti uma pontinha de orgulho. Não tive interferência em sua escolha, mas o caminho pelo qual optou me leva a crer que minha conduta profissional lhe tenha sido uma boa referência.

Ele ingressou na Cásper Líbero, em 2005, com uma das melhores colocações no vestibular. Em 2006, começou um estágio na Editora Lumière (revistas sobre iluminação e o setor de eletricidade). No fim desse ano, transferiu-se, também como estagiário, para a Ketchum, a fim de fazer assessoria de imprensa para a Viacom.

Nessa mesma época, eu trabalhava como editor adjunto do semanário Meio & Mensagem. Ele nunca me contou, mas fiquei sabendo por meio de uma profissional da Ketchum à época que Gustavo lhe pedira para não participar de pautas que eventualmente envolvessem um contato comigo, pois a Viacom atua na área de mídia, um dos assuntos de interesse do Meio & Mensagem.

Senti outra pontinha de orgulho. Mesmo nos primeiros passos da profissão, Gustavo demonstrou um cuidado ético do qual muitas vezes até alguns colegas veteranos parecem se esquecer. Sua passagem pelo mundo da comunicação corporativa, no entanto, foi efêmera. Pouquíssimo tempo depois de entrar na Ketchum, foi para a Reuters, onde tinha prestado um concurso e o chamaram para um estágio na editoria de commodities.

Ficou lá até meados de 2008, quando passou a trabalhar na mesa de notícias internacionais da Agência Estado, que publica informação em tempo real sobre economia, política e mercado financeiro. Em 2012, transferiu-se para a Agência CMA, também de notícias em tempo real para o mercado financeiro, primeiro como editor de notícias internacionais e depois como editor-chefe, cargo que exerceu até o final do ano passado, quando se mudou para a Agência TradeMap, divisão de notícias da plataforma de investimentos TradeMap, como coordenador de jornalismo. Aos 36 anos de idade, ele compartilha a seguir seus anseios e aflições sobre a profissão.

Por que você se decidiu pelo jornalismo?

Primeiro para satisfazer minha curiosidade. Eu queria entender como as coisas funcionavam e por que algumas delas funcionavam tão mal. Poderia ter feito isso em outras profissões, mas no jornalismo achei que teria ferramentas melhores para encontrar respostas e para divulgá-las. Vale lembrar que tomei essa decisão 20 anos atrás, quando a internet e as redes sociais eram muito menos presentes na vida das pessoas. Hoje talvez não seguisse o mesmo caminho. O outro motivo foi porque queria participar dos acontecimentos relevantes que viriam à frente − ainda que fosse apenas narrando.

Quais foram as suas principais referências no jornalismo?

Você e praticamente todas as pessoas com quem eu trabalhei, além do Jamil Chade, que sempre li, mas nunca conheci.

Quais as principais diferenças entre o jornalismo que você idealizava ao entrar na faculdade, ao dar os primeiros passos na profissão depois de formado e atualmente?

Quando comecei a faculdade, esperava o jornalismo que via nos filmes e vivenciava indiretamente ouvindo o que você me contava. Esse jornalismo era feito de movimento. Repórteres indo até as fontes, indo até os fatos. Ele ainda existe em algumas áreas e para alguns profissionais, mas na maioria das redações, hoje, o que se vê é o processo inverso: as fontes e os fatos vão até os jornalistas. Um jornalismo feito de inércia.

O resultado disso é que a profissão pode ser bem menos empolgante do que se imagina, principalmente para quem está começando. Vira um trabalho de escritório. Nenhum jornalista que conheci, seja na faculdade, seja nas redações, entrou nessa achando que ficaria oito horas olhando para a tela de um computador.

Qual sua avaliação acerca das transformações pelas quais a profissão vem passando nos últimos anos?

Eu estou do lado dos pessimistas. Jornalismo bem-feito é algo precioso, porque expõe o bom, o mau e o feio da sociedade de forma tão clara que provoca mudanças positivas. Tudo que é precioso, porém, tem um preço, e nem todo mundo consegue pagar. Num país como o Brasil, onde cerca de metade da população ganha pouco mais de um salário mínimo, notícia é um serviço caro.

Há assinaturas digitais com preço baixo − algumas a R$ 10 por mês, por exemplo −, mas isso implica que o leitor precisa ter um dispositivo eletrônico (como um celular) e acesso à internet, e que está disposto a gastar sua franquia de dados para consumir o trabalho dos jornalistas. Isso sem considerar questões financeiras, como o fato de que a maioria das pessoas de baixa renda está endividada e precisa contar com qualquer dinheiro que seja para sair desta situação.

Isso restringe o público do jornalismo às grandes capitais e às famílias de alta renda, e, consequentemente, descola o que é produzido pelos grandes veículos da realidade de boa parte da população. Quem não tem condição de pagar e não encontra algo útil nos jornais procura em outros lugares.

Há muitas empresas e organizações interessadas em aproveitar esse vácuo deixado pelo jornalismo para falar diretamente com o público. As eleições passam cada vez menos por debates eleitorais − onde em geral há intermediação de jornalistas − e cada vez mais por redes sociais, por exemplo. A imprensa sofre diretamente os efeitos disso: redações com menos jornalistas, troca de profissionais mais experientes por outros mais jovens, com salários menores.

Como você procura adaptar-se a essas transformações?

Tento entender como as coisas estão evoluindo e pensar no jornalismo como uma coisa maior do que apurar e publicar uma história. Hoje há vários meios de divulgar uma notícia, e há informações que interessam a muita gente, mas recebem pouca atenção. Tento encontrar esses caminhos. Sem público não tem jornalismo.

Que legado considera ter recebido da geração que atuava no jornalismo quando você começou na profissão e qual legado imagina deixar para a próxima geração?

A geração que já estava nas redações quando eu cheguei era muito técnica. Acho até hoje que tinham um texto melhor e mais bem acabado, e se esforçavam muito para não deixar o leitor na mão. A premissa era de que nosso trabalho era entregar respostas, e não dúvidas.

Esses valores são muito importantes até hoje, mas neste momento o que espero deixar de legado é o compromisso com os fatos. Isto é mais importante que qualquer outra coisa na profissão.

Qual a importância do jornalismo para a sociedade nos dias de hoje?

A de sempre. Separar o joio do trigo e entregar isso de bandeja para os leitores. Mas há cada vez menos gente para separar, e cada vez mais dúvida sobre o que é o joio.

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