Carlos Ferreira, comentarista de esportes da TV Liberal e colunista no jornal O Liberal., e o filho, Carlos Fellip

Escolhi o nome do meu filho − Carlos Fellip − com as mesmas iniciais do meu (Carlos Ferreira) já pensando na hipótese de ele ser jornalista, mas torci para que escolhesse outra profissão. Cedo, porém, decidiu seguir o meu caminho. Então, já o preparando para o jornalismo e para a vida, sempre que me pedia dinheiro eu apresentava uma reportagem de jornal e exigia um comentário escrito. Ao mesmo tempo, eu estava mostrando que dinheiro é resultado de trabalho e provocando o exercício do jornalismo crítico.

Fellip herdou de mim a paixão, o entusiasmo, o esmero no trabalho, com a mesma preocupação de ter diferenciais. A trajetória dele em oliberal.com, de estagiário a editor executivo em 12 anos, mostra que está construindo uma bela carreira. É muito bom vê-lo numa posição de liderança, influenciando colegas com os seus valores e convicções, conduzindo um projeto exitoso, cheio de perspectivas. Melhor ainda é ser uma espécie de consultor para o meu filho. Fellip costuma me ouvir sobre seus problemas no trabalho, suas estratégias, conquistas, agruras… É uma troca. Eu aprendo muito, principalmente sobre os recursos tecnológicos do webjornalismo e sobre os desafios das relações interpessoais no trabalho.

Essas questões dominaram nossas conversas nas transformações feitas na redação de O Liberal, com o avanço do jornalismo digital dentro da estrutura do impresso. A resistência de quem não entendeu esse processo irreversível, muito estresse na preocupação de não cometer injustiça… Muita pressão! Mas os resultados são gratificantes e geram credenciais para os profissionais que lideram esse salto do oliberal.com e adaptação do tradicional O Liberal, como também do jornal Amazônia.

A geração de Fellip trabalha no divisor de águas, numa pororoca de conflitos com profissionais da era analógica que não conseguem se adaptar. E vive a amarga experiência de ser um para-choque nessa transição. Eu me vejo num meio termo. Depois de três décadas no jornalismo de base analógica, esforcei-me para acompanhar as transformações e acho que estou conseguindo. Tenho o olhar voltado para as possibilidades abertas na era digital, principalmente na televisão, onde interajo a todo momento com jovens muito “antenados”. Tenho com eles a mesma relação de complementaridade que tenho com o meu filho, e ganho muito com isso.

As transformações são também conceituais, com novas funções sociais para o jornalismo, diante da avalanche de fake news nas redes sociais, das inúmeras pautas derivadas das redes sociais, das novas formas de violência, do crescente clamor em defesa do meio ambiente… O mundo nunca mudou tão celeremente. O jornalismo está desafiado diariamente a informar e interpretar, na prestação dos serviços, como nesses tempos de pandemia.

E vejo com admiração o meu filho na vanguarda desse processo, entre o cansaço físico/mental e a glória de ver sua equipe conquistando prêmios importantes, de ver os números de audiência crescendo, de viver o sucesso do trabalho. Tudo isso numa caminhada que está apenas começando, para um jovem de 32 anos. Que Deus o abençoe!

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