A chapa Unidade na Luta – Em Defesa do Jornalismo, dos Jornalistas e da democracia, única a concorrer nas eleições da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), foi eleita com 97,16% dos votos. Ao todo, 2.010 jornalistas de todo o País participaram da eleição.
As eleições, realizadas de forma online entre 26 e 28 de julho, escolheram novas Diretoria Executiva, Vices-presidências Regionais, Secretarias, Conselho Fiscal e cinco membros da Comissão Nacional de Ética: Vera Daisy Barcellos, Beth Costa, Suzana Tatagiba, Franklin Valverde e Osnaldo Moares.
Samira de Castro, eleita presidenta da Fenaj, destacou a importância de trazer para o plano nacional as lutas comuns, que têm acontecido de maneira estadual. Além da valorização da categoria jornalística, ela pontou outras lutas que devem fazer parte da atuação da entidade, como a regulamentação profissional, que é de 1979; o estabelecimento do piso nacional de jornalista; a criação do Conselho Federal de Jornalistas; a aprovação da PEC do Diploma; a taxação das plataformas digitais; e a criação do Fundo de Apoio ao Fomento do Jornalismo.
“Essas lutas, inclusive, serão levadas ao próximo presidente da República para que a gente tenha um ambiente de anuência do Congresso Nacional para aprovar essas pautas em prol da categoria”, declarou.
A Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) realizará em 12 e 13 de setembro o 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, de forma presencial, em São Paulo, com o tema Eleições e a cobertura de educação nos próximos anos.
O evento terá oficinas e debates com palestrantes nacionais e internacionais sobre a prática jornalística e aspectos-chave para a cobertura de educação. Discutirá planos de governo para a educação com representantes dos candidatos à Presidência da República, bastidores da cobertura do escândalo dos pastores no Ministério da Educação, educação na Amazônia, política de cotas, o impacto da pandemia nas escolas pelo mundo, entre outros.
Parte da programação será transmitida pela internet, com interação do público via chat. A taxa de inscrição é de R$ 25 para associados da Jeduca, estudantes e professores de jornalismo/comunicação. Não-associados pagam R$ 50. Para os interessados em participar apenas da versão online, associados da Jeduca, estudantes e professores de comunicação têm inscrição gratuita, e para os demais, a taxa é de R$ 25.
O Congresso será realizado Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), na Av. Liberdade 532, ao lado da estação Japão-Liberdade da linha azul do Metrô. Confira a programação e inscreva-se aqui.
O Notícias Agrícolas, portal de notícias sobre agronegócio na América Latina, comemora neste ano 25 anos de atuação. Para celebrar o marco, e também o Dia do Agricultor (28/7), o site realiza nesta sexta-feira (29/7) um debate sobre a agricultura brasileira e os desafios e oportunidades que estão por vir.
O evento terá a presença de referências na área, como o almirante Flávio Rocha, representante do Conselho Nacional de Fertilizantes (Confert); Marcos Montes, ministro da Agricultura; Celso Moretti, presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária); e Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura (2003-2006) e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A mediação será de Aleksander Horta, que esteve por duas vezes entre os +Admirados da Imprensa do Agronegócio, promovido por J&Cia e Portal dos Jornalistas.
O evento terá ainda a premiação Melhor História de um Agricultor, que está em sua segunda edição. O Notícias Agrícolas recebeu dezenas de histórias de produtores rurais de todo o País. As cinco melhores foram colocadas em votação popular e os vencedores serão revelados no evento, com a presença de todos.
Na antiga TV Tupi, ia ao ar nas noites de terça-feira o programa de entrevistas Pinga Fogo, que recebia personalidades, principalmente ligadas à política, para debater assuntos em alta na época. Em meio à ditadura militar, era um programa “atrevido”, que abordava questões sensíveis.
Na noite de 28 de julho de 1971, o programa, transmitido para todo o Brasil, recebeu o médium Chico Xavier (2/4/1910-30/6/2002), que falou sobre temas como espiritismo, mediunidade, caridade, sexo, pena de morte, aborto, chegada do homem à Lua, entre outros. Fez tanto sucesso que foi feita uma “segunda parte”, em 21 de dezembro do mesmo ano. Pinga Fogo com Chico Xavier bateu recorde de audiências, com cerca de 75% dos televisores brasileiros ligados no programa.
Com mediação de Almir Guimarães, a bancada de entrevistadores foi composta por profissionais como Saulo Gomes, Reali Jr. e Helle Alves, além de pessoas ligadas ao espiritismo, como Vicente Leporace e Herculano Pires, entre outros. Jornalistas&Cia conversou com Durval Monteiro, jornalista aposentado que foi editor-chefe dos Diários Associados e que fez parte da bancada de entrevistadores de Chico no segundo programa, em dezembro de 1971.
Durval Monteiro
Durval falou sobre a importância do Pinga Fogo para a história do jornalismo brasileiro. Ele destacou que, com a ditadura, o programa ficou fora do ar até cerca de 1970. Então, a Tupi arriscou-se a colocá-lo novamente no ar, “driblando cuidadosamente a censura”. O Pinga Fogo foi criado em 1955 e encerrado em 1980, com a crise financeira que levou ao fechamento da Tupi. Durval também fez comparativos entre o Pinga Fogo e o atual Roda Viva.
Em relação à entrevista com Chico Xavier, contou que o auditório estava muito lotado, com pessoas dos mais diversos tipos; não só o auditório, como também as calçadas das ruas próximas à Tupi. Quando ouviu Chico falar, percebeu que estava participando de um evento especial, com uma figura acima da média, que não poderia “ser descrito, mostrado através de lentes comuns”.
Confira a entrevista na íntegra:
Jornalistas&Cia − Na sua opinião, qual a importância do Pinga Fogo para o jornalismo brasileiro?
Durval Monteiro − Sinceramente, é um marco na história do jornalismo brasileiro. Antes dessa equipe, da qual eu participei como entrevistador, e da ditadura, o programa já existia e entrevistava livremente as maiores figuras da época, era um programa importantíssimo.
Com a ditadura, foi proibido e ficou fora do ar até 1970. Foi aí que a Tupi, mesmo com a censura, arriscou-se a colocar o programa de volta ao ar. Em 1971, teve grande importância por ter sido feito no período mais sombrio da ditadura, tomávamos muito cuidado com a censura. Ele tinha, na medida do possível, liberdade de tocar em assuntos delicados de forma cuidadosa.
Hoje em dia, é difícil imaginar um programa como o Pinga Fogo no ar, porque a própria televisão mudou. O programa ia ao ar geralmente às 23h e encerrava a programação da Tupi, pois não tinha hora para acabar, dependia exclusivamente do entrevistado. Às vezes invadia a madrugada. No caso do Chico, somando os dois programas, foram mais de quatro horas. Atualmente, um programa que dura quatro, cinco horas é inviável; bateu 45 minutos o apresentador corta o entrevistado e encerra.
Apesar disso, considero o Roda Viva hoje o programa jornalístico mais importante da televisão, a maneira como é feito remete muito à ideia do Pinga Fogo, com essa presença de jornalistas, de diferentes visões e tendências. Mesmo com limitação de tempo, é muito bom, pois traz assuntos variados, não necessariamente apenas política, entrevista personalidades de várias áreas. E nesse ponto difere do Pinga Fogo, pois todos os episódios eram sobre política. O único que não foi, na história do Pinga Fogo, foi o do Chico.
J&Cia − E como foi a entrevista com o Chico? Você lembra de algum detalhe marcante do evento?
Durval − Eu, particularmente, tinha a curiosidade investigativa do repórter. Não tinha nenhum vínculo com a religião espírita. Participei como repórter, queria constatar até onde tudo que se dizia sobre Chico Xavier era verdadeiro, se existiam falhas etc.
E foi com esse espírito que saí da 7 de Abril, da redação dos Diários, para o auditório da Tupi, que tinha, imagino, 400 lugares. Normalmente ficava cheio quando o programa recebia personalidades populares. Fui de carro, e o meu impacto começou no trajeto.
Normalmente, imagine, às 10/11 horas da noite, último programa da emissora, as ruas estavam vazias, na Tupi só estavam os técnicos que iam cuidar da apresentação do programa. Só que nessa ocasião, quando comecei a subir a Consolação, e segui rumo ao Sumaré, vi um número gigantesco de pessoas nas calçadas, e até chegar à TV Tupi, a imagem era essa, um monte de gente nas ruas, a Tupi tinha colocado aparelhos em vários pontos, então deduzi que as pessoas estavam ali pois o auditório já estava lotado.
E, de fato, tinha muita, muita gente nas ruas, calçadas cheias, chuto que pelo menos um quilômetro de calçada cheio de gente. Aí, quando cheguei, o auditório estava superlotado. Se, de fato, tinha 400 lugares, devia ter em torno de 500 ou 600 pessoas lá. Gente sentada no chão. E, surpreendentemente, estava um silêncio respeitoso, tanto no auditório como durante todo o programa.
J&Cia − O que você sentiu ao estar na presença de Chico Xavier e poder entrevistá-lo?
Durval − Aos poucos, foi caindo a ficha. Começamos o programa, Almir fez as apresentações. Percebi que estava participando de um evento especial, me dei conta que tive o privilégio de entrevistar alguém especial, que não pode ser descrito, mostrado através de lentes comuns, era uma figura acima da média.
Fui entendendo que o conteúdo que ele trouxe estava cima de conversas e discussões banais, de fato era uma figura acima, espiritualmente especial. E isso contaminou a todos os presentes. A coisa toda foi tão empolgante, a reação da audiência madrugada adentro, o número de telefonemas que a emissora estava recebendo não só de São Paulo, mas do Brasil inteiro, pois o programa estava sendo transmitido via Embratel para todo o País. Foi uma coisa fantástica, tocante.
E, a partir daí, eu, que era alguém meio cético em relação a religião… não que tenha me tornado espírita praticante, mas confesso que passei a ver o espiritismo com os olhos de simpatia e entendimento de que há coisas que a nossa vã filosofia não consegue explicar.
Eu me lembro de, ao longo do programa, olhar para a plateia. Havia muitas figuras que na época eram famosos, atores, atrizes, pessoas conhecidas, também pessoas que tinham perdido filhos, e foram lá na esperança de ouvir as palavras do Chico e ele psicografar. No final do programa, ele psicografou um poema. De certa forma, você via uma plateia emocionada, cheia de espiritas praticantes ou novos espiritas que procuraram a religião para encontrar conforto e consolo.
Dava para ver nos olhos dessas pessoas, inclusive de alguns que eu conhecia, o sofrimento da perda, mas também o conforto das palavras do Chico, algo como “tudo bem, é só uma passagem”, “tem coisas melhores depois”, e isso servia de conforto. Era uma audiência emocionada, respeitosamente silenciosa, e que não arredou o pé. Quando terminou o programa e fomos embora, aquele um quilômetro de calçada permanecia lotado. Foi um espetáculo de muita comoção e muita emoção.
Pinga Fogo II – dezembro de 1971
J&Cia − Em 1971, você fez uma pergunta para Chico sobre a era dos computadores, sobre a cibernética dominar o mundo, e se a máquina vai conseguir estrangular o homem. Ele respondeu, de forma resumida, que precisamos estudar nossos lazeres, que nossa mente não está tão preparada para o descanso que a máquina nos trouxe, e que é preciso ser prospectivo. Como você interpretaria essa resposta nos dias atuais?
Durval − Ao fazer a pergunta, na época, eu não poderia imaginar o quanto avançaríamos nos dias de hoje. Há mais de 50 anos, a visão do progresso tecnológico era muito diferente. A resposta do Chico à época, nas entrelinhas, previa uma “escravidão tecnológica” que vivemos hoje, como somos escravizados pela tecnologia nos dias atuais, e eu interpreto que, de certa forma, a resposta dele também falou sobre como essa tecnologia nos trouxe comodidade e que poderíamos ser menos dependentes dela.
Todo dia me questiono se preciso de fato olhar as redes sociais com a frequência desenfreada que as pessoas olham na atualidade. Acho que as pessoas podem ser mais cuidadosas com isso. A mensagem do Chico, além da capacidade de prever essa “escravidão” tecnológica, entendo como um pouco esperançosa também e, creio eu, as pessoas que se importam com o assunto também alimentam e refletem sobre essa esperança.
J&Cia − Se Chico Xavier estivesse vivo hoje, 2022, qual pergunta você faria para ele?
Durval − Acho que a mensagem que o Chico nos passou há mais de 50 anos seria ainda mais importante hoje. Eu perguntaria se essa escravidão tecnológica excedeu a previsão dele e o que ele diria a respeito dela hoje. Quando ligamos a televisão e vemos tanques russos invadindo a Ucrânia, como ele veria isso.
Lá atrás, ele fez uma previsão que acabou não só se concretizando, mas se concretizando de uma forma muito mais ampla do que a gente imaginava a partir da fala dele. Perguntaria também se ele acha que o mundo tem cura, como ele vê tudo o que está acontecendo recentemente, e se ele ainda tem esperança de que o nosso mundo pode se curar.
Sobre Durval Monteiro
Jornalista há 58 anos, começou nos Diários Associados, no Departamento de Documentação. Foi para reportagem, onde foi editorialista, editor de Política, secretário de Redação do Diário da Noite, secretário de redação do Diário de S. Paulo, e editor-chefe dos dois jornais, nos anos 1960/70.
Nessa época, em que era editor-chefe dos Diários Associados, participava da equipe de entrevistadores do Pinga Fogo, ao lado de nomes como Reali Júnior, José Fernando de Barros Martins, Saulo Gomes, Luiz Ferreira Lima. Ficou na redação dos Diários Associados de 1964 até 1976. Então, foi para Rede Tupi de Televisão, onde ocupou o cargo de diretor Nacional de Jornalismo. Ficou até 1979, às vésperas da falência da emissora. Então recebeu um convite para criar uma área de comunicação corporativa na Gessy Lever, hoje Unilever do Brasil, na área de departamentos corporativos, onde ficou até 1996.
Foi também novelista de televisão, fez três novelas na Record, depois ingressou em um projeto na Globo, fez novela com atores hispânicos transmitida para o mercado dos Estados Unidos, um remake da novela Vale Tudo, de Gilberto Braga. Assinava seus projetos com o pseudônimo Yvis Dumon, que criou na época da Unilever. Fez também outros projetos no SBT. Perto de 2010/11, aposentou-se e, atualmente, trabalha com roteiros de minisséries.
Equipes da TV Bandeirantes e da Folha de S.Paulo foram as vencedoras do 5º Prêmio CICV de Cobertura Humanitária, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O Portal Metrópoles e o TAB UOL receberam menção honrosa.
Em CICV Humanitária Nacional a reportagem vencedora foi Inocentes Presos, da Folha de S.Paulo, assinada por Artur Rodrigues, Rogério Pagnan, Rubens Valente Soares, Henrique Santana, Karime Xavier, Luciano Veronezi, Rogerio Andriotti Luiz e Thiago Almeida. Mortes Invisíveis, do TAB UOL, recebeu menção honrosa.
E na categoria ACNUR de Proteção a Refugiados e Apatridia o vencedor foi novamente Yan Boechat, da TV Bandeirantes, com a série de reportagens Rota de Fuga.
A cerimônia de entrega do prêmio será no espaço Reserva Cultural, em São Paulo, em 11 de agosto. No evento, fechado para convidados, haverá também uma roda de conversa com os vencedores.
João Caminoto colocou no ar seu novo projeto, Curto News, plataforma que tem o objetivo de “informar rapidamente” seus leitores sobre diversos temas. Ela já está disponível, como um pré-lançamento, em versão beta, e deverá operar por completo em breve. Caminoto atuará como diretor-geral.
O Curto News traz notícias de diversos assuntos. Ao clicar em um texto, o leitor tem acesso a um resumo em apenas um parágrafo da notícia, com os principais pontos do assunto. Se quiser ler mais, pode clicar em “quero saber mais” para acessar um texto mais longo e completo.
Para Caminoto, o Curto News foi feito com base na constatação de que a maioria dos brasileiros valoriza informação de qualidade, mas acaba encontrando dificuldades para acessá-la onde e quando quiser. O nome Curto News refere-se à possibilidade de oferecer aos leitores uma forma de se informar rapidamente.
“Mas aqueles − que esperamos sejam a maioria − que não se contentam com a versão curta da notícia podem expandir seu interesse através de nosso conteúdo próprio e da imensa e rica biblioteca virtual oferecida pela internet, por nossa curadoria”, explicou.
Caminoto dirigiu o Jornalismo do Estadão e trabalhou em veículos como Folha de S.Paulo, BBC, e nas revistas Época e Veja.
Há tempos a BBC vem enfrentando uma sucessão de crises que pode ser metaforicamente comparada a uma pessoa se debatendo em uma ressaca no mar, surpreendida por uma nova onda quando parecia ter se livrado da última.
O anúncio de um investimento de £ 1 bilhão em um sistema de pesquisas internas fornecido por uma empresa do Vale do Silício, feito em meio a um corte de verbas e de cabeças, tinha poucas chances de escapar incólume.
Na verdade, a corporação não precisa gastar tanto para descobrir o grau de insatisfação e os motivos para ela.
Um deles é uma situação que remete ao maior escândalo da BBC em seus100 anos, o caso Jimmy Saville.
O apresentador era uma celebridade internacional, mas escondia um lado negro de predador sexual que só veio a público depois de sua morte, em 2011. A rede foi acusada de não ter tomado providências quando alertada, por medo do escândalo ou para não perder sua estrela.
O Saville versão 2022 é o apresentador da rádio BBC Tim Westwood, de 64 anos, DJ de um programa de hip hop da Radio 1 entre 1992 e 2017. Ele era do elenco quando a farsa Saville foi desvendada.
Tim Westwood (Crédito: BBC)
Em abril, uma investigação do The Guardian e da própria BBC revelou sete acusações de assédio sexual. As mulheres, todas negras, eram artistas aspirantes atraídas por Westwood em busca de uma oportunidade. Uma tinha 14 anos.
O enredo é o mesmo de casos semelhantes, envolvendo convite para encontros “profissionais” em hotéis e abusos físicos. As mulheres contaram suas histórias em um documentário exibido pela BBC3, com o sugestivo nome de Abuso de Poder.
Pior do que uma crise é uma crise mal gerenciada. Quando o caso explodiu, o diretor-geral da BBC, o experiente jornalista Tim Davie, disse não haver evidências de reclamações anteriores. Na primeira semana de julho, admitiu que pelo menos um dos casos tinha sido denunciado à polícia.
Seja por desconhecimento − o que é difícil crer em se tratando da gravidade do tema − ou por uma esperança vã de que a crise fosse embora, a posição soou como tentativa de acobertamento.
Também é questionável tentar amenizar sob o argumento de que os abusos não ocorreram dentro da BBC ou com funcionárias, como fez a corporação.
Mesmo que tivessem ocorrido em contextos pessoais, já seria motivo para avaliar se tal funcionário era digno de continuar na equipe. Assédio e abuso sexual são crimes.
E nem foi o caso. Os episódios tinham relação direta com a posição profissional de Westwood. Por isso, nas redes sociais muita gente pede investigação sobre a conduta da rede.
Para quem (como eu) admira a história e a competência da BBC, entristece e preocupa ver situações como essas justamente quando o governo de Boris Johnson segue com o plano de corte de verbas e de poder.
Elas dão alimento para os que sonham com uma rede pública a serviço do governo, ou gostariam que o jornalismo defendesse suas visões políticas e de mundo.
O caso Saville parece não ter ensinado muito à BBC sobre como lidar com a crise de Tim Westwood, nem durante nem depois. E não é a única crise do momento.
Na semana passada a rede teve que se desculpar e indenizar a ex-babá de William e Harry por acusações de que teria tido um romance com o príncipe Charles, feitas na época da famigerada entrevista com a princesa Diana.
Talentos como Emily Maitlis, que fez a entrevista com o príncipe Andrew dentro do Palácio de Buckingham sobre o escândalo de assédio sexual, estão indo embora.
O relatório anual dos maiores de salários foi criticado pelos valores e por alguns aumentos em tempos de crise.
Este mês, os jornalistas foram informados de um plano de cortar £ 8 milhões por meio da fusão dos canais de notícias britânicos e internacionais da BBC e redução da cobertura doméstica.
Uma pesquisa interna vista pelo The Times apontou que menos da metade da equipe se disse animada com o futuro da BBC. E 25% dos funcionários nem se deram ao trabalho de responder. O contrato com a empresa americana teria como objetivo aumentar a taxa de respostas. Será que precisa?
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Foi ao ar nesta quarta-feira (27/7) o primeiro episódio do videocast #diversifica. Na estreia, Luana Ibelli, apresentadora e coordenadora editorial do hub de Diversidade, Equidade & Inclusão (DEI) do Portal dos Jornalistas, conversou com Caê Vasconcelos, primeiro jornalista transgênero da história da ESPN Brasil.
Em pouco mais de uma hora de bate-papo, ele falou sobre os desafios de sua transição – ocorrida já como profissional formado –, os obstáculos que uma decisão como essa podem impor na carreira de um jornalista e os preparos necessários para que uma redação possa acolher da melhor forma possível profissionais LGBTQIA+. Ele também trouxe alguns pontos cruciais para um jornalismo mais inclusivo, como dicas de abordagem durante a produção de reportagens e o que evitar para que a busca por diversidade nas redações não se torne apenas ações pontuais de oportunidade.
A entrevista faz parte do especial Subjetividades, iniciativa que contará com a participação de seis jornalistas para discutir a diversidade na profissão sob a ótica de cada um. Toda quarta-feira será publicado um episódio inédito no YouTube do Portal dos Jornalistas e nos principais tocadores de podcast. E em 31 de agosto, uma edição especial de Jornalistas&Cia trará um resumo com as principais discussões levantadas durante os bate-papos.
Confira a programação completa:
27/7 – Caê Vasconcelos, da ESPN Brasil (LGBTQIA+)
3/8 – Jairo Marques, da Folha de S.Paulo (Pessoas com Deficiência)
10/8 – Luciana Barreto, da CNN Brasil (Negritude)
17/8 – Nayara Felizardo, do The Intercept Brasil (Territórios)
24/8 – Luciene Kaxinawá, da Amazônia Real (Indígenas)
31/8 – Erick Mota, do Regra dos Terços (Neurodivergência).
Vale lembrar que o #diversifica é um dos 15 projetos brasileiros selecionados pelo Programa Acelerando a Transformação Digital, financiado pelo Meta Journalism Project, com o apoio de Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e Internacional Center for Journalists (ICFJ). Apoiam a iniciativa Rádio Guarda-Chuva, Imagem Corporativa, Énois Conteúdo e Oboré Projetos Especiais. O episódio de estreia sobre a temática LGBTQIAP+ teve patrocínio do Itaú. Empresas interessadas em associar sua marca podem obter mais detalhes com Fernando Soares ([email protected]) ou Vinicius Ribeiro ([email protected]).
A Associação de Jornalismo Digital (Ajor) será anfitriã de uma mesa sobre novos produtos jornalísticos no 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A mesa será realizada na versão presencial do evento, em 6 de agosto, às 11h30, na Faap (SP).
No encontro Pensando e lançando um produto jornalístico: 5 casos de sucesso, integrantes de veículos membros da associação falarão sobre como idealizaram novos produtos jornalísticos. Com moderação de Natalia Viana, presidente da Ajor e cofundadora da Agência Pública, a mesa será composta por Elaine Silva, cofundadora e CEO do Alma Preta; Carol Monteiro, cofundadora do Marco Zero Conteúdo; Rogerio Galindo, fundador do Plural; Vitor Conceição, CEO do Meio; e Paty Gomes, diretora de produto do Jota.
Sobre os projetos:
O Alma Preta lançou, em 2020, a Black Adnetwork, projeto que conecta marcas a influenciadores negros.
O Marco Zero Conteúdo lançou em 2021 dois produtos: o Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco e o aplicativo Lume, ferramenta que traz uma curadoria de conteúdos adaptados para pessoas cegas e com baixa visão.
O Plural (Curitiba) criou uma loja virtual, que tem parcerias com o comércio local, para diversificar suas fontes de receitas.
O Meio investiu em seu canal no YouTube, que já alcançou 130 mil inscritos. Nesta semana, estreou o programa Mesa do Meio, que traz entrevistas com nomes relevantes da política nacional.
E o Jota está criando ferramentas de análise política e jurídica, como o Aprovômetro, que estima chances de aprovação de propostas em tramitação no Congresso com base em dados e inteligência artificial.