24.5 C
Nova Iorque
sábado, julho 19, 2025

Buy now

Início Site Página 299

Especial Jornalismo nas veias: De pequenina que se forma contadora de histórias

Especial Jornalismo nas veias: De pequenina que se forma contadora de histórias

Marlyana Tavares, integrante da Assessoria de Imprensa/coordenadora do Portal e Redes Sociais do TJMG, diretora do blog de viagens De Saias pelo Mundo e diretora da MMTavares Comunicação, e a filha Joana Gontijo

O jornalismo sempre foi a minha paixão. Descobri a profissão quase por acaso. Não sabia o que queria fazer, até que um amigo me sugeriu tentar o vestibular de Comunicação. Fiz, passei e seis meses depois de formada comecei a trabalhar no antigo e hoje inexistente Jornal de Minas, onde muito jornalista teve o primeiro emprego. Minha filha, Joana Gontijo, tinha pouco mais de um ano. Pra falar a verdade, não sei como consegui conciliar a profissão com a maternidade – ela, tão pequenininha, e eu trabalhando em dois empregos.

Quando comecei, era máquina de escrever, laudas, pautas (no mínimo, três por dia) escritas pelo editor e entregues em mãos, um por um. Depois de sair para as entrevistas e com a matéria apurada, eu destruía algumas laudas antes de achar o lide que considerasse perfeito. E isso às seis da tarde, no meio da barulhada das máquinas e da falação de repórteres, editores e diagramadores que hoje não há mais nas assépticas redações informatizadas.

Pois a Joana desde muito pequena ia comigo para a redação do jornal Estado de Minas, para onde fui depois, e me contou que mais adorava ver descer e subir o pequeno elevador por onde eram enviadas, para a montagem, as páginas diagramadas naquele papel quadriculado com as fotos. Sim, ela pegou essa fase.

E pegou essa fase depois, adulta, quando entrou como estagiária no Diário da Tarde. Formada em Comunicação Integrada na PUC São Gabriel, ela iria finalmente trabalhar com os “amigos da mamãe”, agora de aprendiz. Confesso que não esperava vê-la com tanta disposição. Hoje perguntei a ela por que cursou Jornalismo. Ela me disse que nunca pensou em fazer outra coisa. Será que foi minha influência? Acho que sim, um pouco.

De lá, foi para a recém-criada plataforma online da empresa, o UAI. Hoje está no online e no papel e faz de tudo. Conta que uma das matérias que mais a emocionou, capa do Estado de Minas e do Aqui, foi reunir pai e filha que não se viam há 20 anos. Matéria para o Dia dos Pais.

É claro que ela sentiu a diferença entre trabalhar no impresso e no online, são linguagens e modos diferentes de fazer. Mas, no final, o que ela gosta, como diz, é de contar histórias e o jornalismo é seu caminho para isso.

Equipe de reportagem da Record é hostilizada e expulsa de protesto no ES

O repórter Alex Pandini e o cinegrafista José Jantorn, da TV Vitória, afiliada da Record no Espírito Santo, foram hostilizados e expulsos por manifestantes bolsonaristas dos protestos contra o Supremo Tribunal Federal em Vitória, no último domingo (1º/5). Os jornalistas precisaram ser escoltados pela Guarda Municipal para não serem agredidos fisicamente.

Segundo a TV Vitória, Pandini e Jantorn entrevistavam uma mulher que pedia intervenção militar no Brasil quando foram intimidados e ameaçados por manifestantes.

Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Rômulo Lacerda, vereador de Vila Velha pelo PSL, não permitiu a gravação da reportagem e acusou, aos gritos, a emissora de estar fazendo uma cobertura parcial. Além disso, o locutor de um dos trios elétricos usou o microfone para desqualificar o trabalho dos jornalistas. Diante da situação, a Guarda Municipal escoltou o repórter e o cinegrafista para garantir a segurança deles.

Em nota, a entidade e o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo repudiaram o ocorrido, reiterando que “o trabalho do jornalismo é apurar e relatar os fatos, o que tanto incomoda aos que utilizam de mentiras para se promoverem politicamente. Os profissionais precisam ser respeitados e não cerceados ou ameaçados. Quem perde com esse tipo de atitude é a sociedade, que deixa de ser informada. (…) Agredir jornalista é agredir a democracia. Chega de fakes! Basta de violência!”.

Equipe de reportagem da Record é hostilizada e expulsa por manifestantes de protesto no ES
Alex Pandini hostilizado por manifestantes

Agressão também em São Paulo

Solange Santana, diretora do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, foi agredida enquanto realizava atividades preparatórias da CUT para o 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Carlos Amado, dirigente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), também foi agredido. O agressor, encaminhado à delegacia, também fez agressões verbais e ameaças a outros sindicalistas.

A Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo solidarizaram-se com as vítimas e exigiram a devida punição ao agressor, destacando que “tais casos não são isolados e são consequência direta do discurso de ódio destilado por Jair Bolsonaro e seus apoiadores, que veem na figura do jornalista um inimigo”.

“Cerco digital” na mira do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Todos os anos a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) escolhe um foco para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado em 3 de maio. Neste ano, o tema é Jornalismo sob cerco digital: a era digital e o impacto na liberdade de expressão, na segurança dos jornalistas, no acesso à informação e na privacidade.

Com o apoio de veículos jornalísticos, membros da academia e entidades que representam o jornalismo e os jornalistas brasileiros, a Unesco Brasil está convidando a sociedade civil e todos aqueles que acreditam no valor da democracia a se juntarem em um movimento com o objetivo de chamar a atenção para o valor e o papel essenciais de uma imprensa livre e independente.

“O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa nos lembra da importância de respeitarmos o direito fundamental à liberdade de expressão, pilar essencial da democracia”, afirma Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil. “Precisamos apoiar e defender os profissionais da mídia, para não serem alvos de restrição ou cerceamento de suas atividades, e para garantirmos que tanto os meios de comunicação como os cidadãos possam  expressar-se livremente, sem sofrerem ameaças, ataques ou qualquer tipo de violência ao apurar os fatos e relatar histórias”.

A mobilização, que poderá ser vista ao longo desta terça-feira em vários perfis nas redes sociais, pretende incentivar uma contribuição multilateral com com ideias e iniciativas para garantir um ambiente de trabalho seguro em todas as suas etapas para toda a imprensa.

O Portal dos Jornalistas é um dos veículos que apoia as ações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 2022

Jornalismo sob cerco digital

A informação é um bem público, e a imprensa livre e independente é o seu guardião. No entanto, o jornalismo profissional nunca esteve tão ameaçado. Cada vez mais profissionais e organizações de notícias sofrem com todo tipo de violações. Agora, entretanto, o cerco é digital.

Aos ataques, ameaças, prisões e atentados, juntam-se a violência virtual (principalmente contra as mulheres), a vigilância e o hackeamento de dados de jornalistas por parte de atores estatais e não estatais. O cenário se completa com a falta de transparência e de responsabilização das empresas de tecnologia, o que contribui para a proliferação de desinformação e discurso de ódio.

Sobre a data 

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é comemorado no dia 3 de maio. A data foi instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1993. No mesmo dia é também celebrada a assinatura da Declaração de Windhoek, capital da Namíbia, que foi sede de um seminário realizado por jornalistas africanos em 1991. A data celebra a luta pelo direito à liberdade aos profissionais de imprensa de divulgar, investigar e trazer ao conhecimento público informações de forma imparcial e independente.

Ajor comemora 1 ano de fundação neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Ajor comemora 1 ano de fundação neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Por Associação de Jornalismo Digital

Neste 3 de maio é celebrado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, data que relembra a importância da defesa do jornalismo profissional para uma sociedade mais justa e democrática. O dia também marca o aniversário de um ano de fundação da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), organização que já reúne 82 veículos digitais de todo o País.

“Vínhamos acompanhando há anos o surgimento de muitas organizações jornalísticas nativas digitais pelo Brasil afora, que promovem um jornalismo sério e independente. Ficamos muito felizes, no Centro Knight, quando líderes de algumas dessas organizações nos pediram ajuda na formação de uma associação, aproveitando nossa longa experiência dar assistência a jornalistas latino-americanos na formação de associações, como a Abraji no Brasil ou a Fopea na Argentina”, lembrou o professor Rosental Calmon Alves, fundador do Centro Knight.

Em 2021, com apoio do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, 30 iniciativas de jornalismo digital se reuniram para criar a Ajor,  uma organização pioneira focada no  jornalismo nativo digital — um ecossistema em constante ampliação e diversificação e que está fazendo a diferença na redução dos desertos de notícias e ampliação do acesso à informação. De acordo com o novo Atlas da Notícia, o segmento online já lidera o  jornalismo local no Brasil.

“Graças a uma subvenção da Google News Initiative, tivemos a honra de poder trabalhar por meses, assessorando e dando o primeiro empurrãozinho para formação da Ajor. Estamos muito orgulhosos ao ver os impressionantes resultados do primeiro ano da Ajor, que se consolidou rapidamente como uma associação independente, comprometida com princípios éticos, com a diversidade, com a democracia e com a autossustentabilidade de suas associadas”, acrescentou o professor Rosental Alves.

Para Guilherme Alpendre, vice-presidente do conselho da Ajor, o surgimento da organização foi um passo importante para o reconhecimento de iniciativas de mídia digital, de organizações de jornalismo periférico e também das que atuam fora do eixo Rio-SP. “Faz parte da nossa missão dar visibilidade ao trabalho destes meios, que é de altíssima qualidade, e ajudar na construção de redações mais profissionais e sustentáveis”, afirmou.

Durante seu primeiro ano de funcionamento, a Ajor teve foco na sua apresentação institucional e constituição de uma rede de parceiros, além da prospecção de novas associadas e consolidação da sua estrutura e equipe. Por meio do site e das redes sociais, a organização se posicionou em relação a diversas situações que impactam diretamente o ecossistema de jornalismo digital e seus profissionais.

Nesse período, a associação também começou a desenvolver projetos, sempre com o objetivo de promover o jornalismo de qualidade e apoiar suas associadas. Conheça algumas das iniciativas no site da Ajor.

Organizações pedem garantias para a liberdade de imprensa nas Eleições 2022

Por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado neste 3 de maio, diversas organizações da sociedade civil ligadas ao Jornalismo, Comunicação e Direitos Humanos, publicaram uma carta conjunta chamando a atenção das autoridades públicas e da sociedade para os riscos de violações à liberdade de imprensa no Brasil durante as Eleições 2022.

Assinam o documento a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Associação de Jornalismo Digital (Ajor), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), os institutos Palavra Aberta e Vladimir Herzog, e as OnGs Artigo 19, Intervozes, Repórteres sem Fronteiras e Tornavoz.

Confira a íntegra:

O acesso à informação é um direito humano fundamental para o exercício da cidadania e o fortalecimento da democracia. Para além de seu papel na garantia do direito à informação, jornalistas, comunicadores e veículos da imprensa desempenham um papel essencial na prestação de contas de governos e autoridades públicas à sociedade.

Durante o período eleitoral, o papel da imprensa se torna ainda mais relevante para garantir o acesso à informação necessária para uma participação cidadã no debate público e no processo eleitoral de forma consciente e crítica. Tentativas de enfraquecer ou restringir o trabalho de jornalistas e veículos da imprensa em um contexto eleitoral violam não apenas o direito das pessoas à informação: também enfraquecem os processos democráticos.

As eleições de 2022 no Brasil serão realizadas em um contexto de crescentes ataques a jornalistas, comunicadores e violações da liberdade de imprensa, que tendem a se agravar durante a campanha eleitoral. Por isso, organizações nacionais e internacionais vêm à público alertar as autoridades e a sociedade como um todo sobre tais riscos e destacar a importância de uma ação coletiva para garantir o livre exercício do trabalho jornalístico no período.

Nos últimos anos, e também nas duas últimas eleições em 2018 e 2020, jornalistas, comunicadores e veículos da imprensa foram alvo de todo tipo de ataques:

  • agressões físicas, inclusive por parte de autoridades públicas e seus subordinados;
  • ofensas e discursos estigmatizantes proferidos por autoridades públicas, criando um ambiente per- missivo de hostilidade contra a imprensa como um todo e, por diversas vezes, resultando em ataques massivos contra jornalistas específicos, em particular no ambiente digital;
  • campanhas de descredibilização com viés de gênero no ambiente digital, incluindo ofensas misóginas e doxing (exposição de dados pessoais) contra mulheres jornalistas e comunicadoras, muitas vezes em decorrência de sua cobertura política;
  • remoção de conteúdo jornalístico e censura prévia por meio de processos judiciais na esfera cível, movidos muitas vezes por autoridades públicas, políticos e candidatos no período eleitoral;
  • criminalização de jornalistas por meio de investigações policiais, incluindo casos que se basearam na Lei de Segurança Nacional, e processos penais por calúnia, injúria e difamação, amparados pela antiquada legislação penal brasileira que ainda criminaliza os chamados “crimes contra a honra”;

Somem-se a este quadro de ataques contra jornalistas, comunicadores e veículos da imprensa as tentativas das autoridades, em todos os níveis de governo, de reduzir a transparência e o acesso a dados públicos, restringindo o trabalho jornalístico e a cobertura de temas de interesse público.

Para fortalecer o processo democrático, autoridades e instituições dos três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – devem respeitar a liberdade de imprensa e, sobretudo, atuar de forma proativa para proteger jornalistas e veículos da imprensa, para que possam realizar seu trabalho de forma segura.

Autoridades públicas, tanto do Executivo quanto do Legislativo em nível federal e estadual, assim como candidatos e candidatas, devem abster-se de proferir discursos ofensivos, instigar ataques, restringir o acesso a informações ou mover processos contra jornalistas, comunicadores e veículos da imprensa.

O Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas estaduais e a Câmara Legislativa Distrital devem cumprir seu papel de fiscalização dos respectivos Poderes Executivos em relação às violações contra a liberdade de imprensa.

Autoridades policiais e do sistema de justiça devem garantir investigação e responsabilização dos cri- mes cometidos contra jornalistas, rompendo assim com a impunidade que alimenta o ciclo de violência e censura.

O Poder Judiciário como um todo deve respeitar o direito constitucional e internacional de acesso à informação e da liberdade de imprensa, abstendo-se de proferir decisões que censurem o conteúdo jornalístico ou criminalizem jornalistas e comunicadores.

Por fim, convocamos a sociedade como um todo para defender o jornalismo e a liberdade de imprensa, particularmente neste período eleitoral. Trata-se de um esforço coletivo das organizações abaixo assina- das de se manterem alertas e vigilantes sobre este tema ao longo das eleições. É urgente que jornalistas e comunicadores possam fazer seu trabalho em segurança e sem risco de retaliações de qualquer tipo. Tal prática é essencial para a garantia de eleições democráticas e para a própria democracia.

 

Brasil, 3 de maio de 2022

Dossiê analisa questões relacionadas à violência contra jornalistas

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) lançam na noite desta terça-feira (3/5) o dossiê Ataques ao Jornalismo e ao seu Direito à Informação. A publicação aprofunda o debate sobre a violência contra o jornalismo no Brasil e seus impactos nos direitos da sociedade, como o direito à informação.

O dossiê será apresentado em primeira mão durante uma live no YouTube, que reunirá a presidenta da Fenaj Maria José Braga e um dos coordenadores do grupo de pesquisa, Rogério Christofoletti. A live começa às 19h30, com transmissão simultânea por canais dos Sindicatos de Jornalistas de todo o Brasil no Facebook.

Produzido ao longo de três meses e dividido em quatro capítulos, o dossiê parte dos dados apresentados no Relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa 2021, elaborado anualmente pela Fenaj desde 1998, que analisa aspectos que envolvem o ambiente hostil para a atividade jornalística no país.

“O monitoramento dos ataques é fundamental para documentar a escalada da violência, mas apontamos também no dossiê como a precarização do trabalho e a perseguição aos jornalistas afetam as vidas das pessoas comuns”, afirma Christofoletti.

“O lançamento da publicação no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é uma maneira de contribuir para o debate público e de ajudar a consolidar direitos no Brasil. Afinal, ataques ao jornalismo também ajudam a corroer a democracia e as conquistas civilizatórias acumuladas há décadas”, completa Maria José.

O dossiê

Com 41 páginas e em formato eletrônico para download, a publicação oferece análise, interpretação de cenários e recomendações práticas para o combate à violência contra os jornalistas.

Na primeira seção, assinada pelo professor Alisson Coelho, os números ganham rostos e nomes, com as histórias por trás dos casos, que vão de campanhas difamatórias nas mídias sociais, como ocorreu com o repórter independente, Ed Wilson Araújo, a ameaças e intimidações diretas, como aconteceu com o editor-executivo de The Intercept Brasil Leandro Demori.

Em seguida, a pesquisadora Janara Nicoletti traça uma relação nem sempre aparente entre a precarização do trabalho dos jornalistas e a violência que afeta esses profissionais. Por meio de relatos dramáticos e no diálogo com outros estudos, Janara mostra como as ameaças não vêm apenas de fora do campo profissional, mas muitas vezes estão no próprio local de trabalho, na forma de sobrecarga, assédios ou de atraso no pagamento de salários, como o que vem ocorrendo no Diário de Pernambuco desde 2019.

Discutir como os atentados à liberdade de imprensa, por meio de ataques a jornalistas, e a violação de Direitos Humanos, especialmente do Direito à Informação, é o foco da terceira seção do dossiê, assinada pelo pesquisador Rogério Christofoletti. Mais do que problema de uma categoria profissional específica, a situação deveria preocupar a todos os cidadãos. Por meio de entrevistas com especialistas de instituições independentes que acompanham os riscos à liberdade de expressão e de imprensa em diversos países, como a Artigo 19 e a Repórteres Sem Fronteiras, o contexto brasileiro é analisado de forma aprofundada.

De autoria do presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo (SBPJOR), Samuel Pantoja Lima, a quarta seção encerra o dossiê abordando a questão da violência contra jornalistas e as ameaças à liberdade de imprensa a representantes de diversos setores da sociedade. Em destaque, o resgate do Projeto de Lei 191/15 do deputado federal Vicentinho (PT/SP), que tem a proposta de federalizar os crimes contra a atividade jornalística. Ao final, Pantoja Lima enumera um conjunto de recomendações práticas para mitigar a violência contra jornalistas no Brasil.

Conferência Global discute o impacto da era digital no jornalismo

Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou discursou na cerimônia de abertura da Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa
Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou discursou na cerimônia de abertura da Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Começou nesta segunda-feira (2/5) e vai até a próxima quinta-feira (5/5), em Punta Del Este, no Uruguai, a Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Sob o lema Jornalismo sob cerco digital, a conferência discute o impacto da era digital na liberdade de expressão, na segurança dos jornalistas, no acesso à informação e na privacidade.

O evento é misto, com palestras presenciais e online, e conta com a participação de jornalistas, formuladores de políticas públicas, representantes da mídia, ativistas, gerentes de segurança cibernética e especialistas legais.

Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou discursou na cerimônia de abertura da Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa
Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, discursou na cerimônia de abertura da Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

Durante os três dias de conferência, os participantes buscarão desenvolver ações para enfrentar o aumento da vigilância à liberdade e privacidade da imprensa.

“Neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, convido os Estados-Membros, as empresas de tecnologia e a comunidade da mídia, assim como o resto da sociedade civil, a se unirem para criar um novo cenário digital que proteja tanto o jornalismo quanto os jornalistas”, afirma Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco.

A programação inclui palestras, painéis, mesas-redondas e workshops, além da entrega do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO/Guillermo Cano à Associação de Jornalistas da Bielorrússia (AJB), que atuou na defesa de diversos veículos independentes locais contra a repressão do governo de Alexander Lukashenko. Na plataforma do evento, é possível encontrar a programação oficial e também acompanhar as sessões que devem ocorrer de forma paralela, algumas focadas na região da América Latina.

As inscrições para assistir às sessões e atividades online seguem abertas e podem ser realizadas por meio deste link.

Artigo: O mundo e a imprensa livre

Imprensa Livre
Imprensa Livre
Por Vilson Antonio Romero (*)

Em 3 de maio, comemora-se no Brasil, o Dia do Parlamento, instituído por lei de 1975, saudando a instalação da primeira Assembleia Constituinte e a criação do Poder Legislativo em território nacional. O calendário também assinala a data como o Dia do Sertanejo, Dia do Pau-Brasil, Dia do Sol e, não menos importante, o nascimento do florentino Nicolau Maquiavel, em 1469, entre outros registros.

Mas, para nós, profissionais da comunicação social, a maior referência do 3 de maio é a celebração do “World Freedom Day”, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

A comemoração instituída em 20 de dezembro de 1993 pela Assembleia Geral das Nações Unidas celebra o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração de Windhoek.

Dois anos antes, em maio de 1991, a Unesco realizou uma conferência em Windhoek, na Namíbia, que encerrou com a Declaração para o Desenvolvimento de uma Imprensa Livre, Independente e Pluralista.

Esse manifesto sublinhou, entre outras coisas, que “a criação, manutenção e promoção de uma imprensa independente, pluralista e livre é essencial para o desenvolvimento e manutenção da democracia numa nação, e para o desenvolvimento económico”.

Apesar de, anualmente, a data ser saudada em todos os cantos do mundo livre e democrático, os profissionais e veículos de comunicação social seguem sofrendo todo o tipo de atentado ao redor do planeta.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (Reporters sans Frontiéres), com sede em Paris, já denuncia, em seu barômetro da liberdade de imprensa, a morte de 23 jornalistas, somente em 2022.

A Inter American Press Association (SIP) encerrou sua reunião semestral em abril, na Flórida, EUA, denunciando um aumento das ocorrências de agressões, prisões e exílio forçado de jornalistas nas Américas, além de ataques à mídia, assédio judicial, estigmatização e um saldo de 15 assassinatos de jornalistas.

Neste início de maio, a Unesco e o governo uruguaio realizam em Punta Del Este uma conferência para a celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, com o tema “Jornalismo sob cerco digital”.

O encontro abordará o chamado autoritarismo digital, que ocorre quando há controle governamental das informações via ferramentas digitais, de modo a atrapalhar o trabalho jornalístico e colocar em risco repórteres e defensores de direitos humanos.

Dentro de uma perspectiva muito próxima aos brasileiros, também devem analisar as formas pelas quais o autoritarismo digital pode comprometer eleições, justificar guerras, além de reprimir e desorientar os cidadãos.

O mundo digital gerou janelas de oportunidade para o exercício da liberdade de imprensa, da ampliação do jornalismo investigativo, mas escancarou a porta de entrada para as ameaças e ataques virtuais, intensificados na última década.

São fatores importantes a serem objeto de muito reflexão por parte de profissionais da área, na busca de condições plenas de trabalho. Que o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa impulsione um pouco mais as garantias do ato de bem informar à sociedade.


(*) Vilson Antonio Romero é jornalista, vice-presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e membro da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

Julgamento de acusados de matar Valério Luiz é adiado pela terceira vez

Julgamento de acusados de matar Valério Luiz é adiado pela terceira vez

O julgamento dos cinco réus acusados de matar o radialista esportivo Valério Luiz, em 2012, foi adiado pela terceira vez em Goiânia. Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), o adiamento ocorreu após a defesa de um dos acusados, Maurício Sampaio, ex-presidente do Atlético Goianiense, abandonar o plenário. O júri foi remarcado para 13 de junho.

Os advogados de Sampaio alegam que o juiz Lourival Machado da Costa não é imparcial, destacando que o magistrado já deu declarações contra o cartola e já foi advogado em um processo contra ele. De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás, por deixar o plenário a defesa de Sampaio foi multada em cem salários mínimos, o equivalente a aproximadamente R$ 121 mil.

Valério Luiz foi morto a tiros em 5 de julho de 2012, aos 49 anos, em Goiânia. Ele estava dentro do carro, saindo da rádio em que trabalhava, quando foi baleado por um motociclista. Após investigação, a Polícia Civil indiciou por homicídio, em fevereiro de 2013, quatro pessoas além do ex-presidente do Atlético-GO Maurício Borges Sampaio: Urbano de Carvalho Malta, funcionário de Sampaio; os policiais militares Ademá Figueiredo e Djalma da Silva; e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier. Um mês depois, o MP-GO denunciou os cinco pelo mesmo crime. A denúncia afirma que o assassinato foi motivado por críticas à diretoria do Atlético Goianiense na época.

Após várias etapas na justiça, o juiz Lourival Machado da Costa assumiu o caso em 2020 e marcou o julgamento para 23 de junho daquele ano, que precisou ser adiado em decorrência da pandemia de Covid-19. Em novembro de 2021, o julgamento foi remarcado para 14 de março de 2022. Porém, o advogado que representava Maurício Sampaio havia desistido da defesa, e, portanto, ele não poderia ser julgado. Então, o julgamento foi novamente adiado para 2 de maio.

Após este novo adiamento, Sampaio constituiu um novo advogado, Silva Neto, que entrou com pedidos no TJ e no STJ para rever a pena do cliente e pediu ao Conselho Nacional de Justiça que investigasse o juiz Lourival, e que o Conselho Nacional do Ministério Público investigue a conduta dos três promotores que atuam no caso.

Em nota conjunta, divulgada em março deste ano, entidades defensoras da liberdade de imprensa exigiram justiça pelo assassinato de Valério Luiz. As organizações afirmaram que “violações contra comunicadores representam violações ao direito fundamental e humano à liberdade de expressão; e a impunidade, nesse sentido, figura como meio de silenciamento”. Assinam a nota Artigo 19, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Profissão Jornalista – APJor, Instituto Vladimir Herzog, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores e Repórteres Sem Fronteiras.

pt_BRPortuguese