Jéssica Dias, repórter da ESPN no Rio de Janeiro, foi assediada ao vivo por um torcedor do Flamengo enquanto cobria os arredores do Maracanã antes do jogo entre o time carioca e o Vélez Sarsfield, da Argentina, pela Libertadores. O autor do ato, Marcelo Benevides Silva, foi detido e teve prisão preventiva decretada.

Jéssica falava ao vivo para o programa SportsCenter, com torcedores do Flamengo cantando ao fundo, quando de repente Marcelo lhe deu um beijo, e logo em seguida saiu do quadro da imagem. A repórter ficou claramente desconfortável com a situação. Ele também passou a mão em Jéssica antes da entrada ao vivo. A equipe que acompanhava a repórter conseguiu segurar o agressor e pediu à polícia que o encaminhasse para a delegacia.

No estúdio, Marcela Rafael, uma das apresentadoras do SportsCenter, solidarizou-se com Jéssica: “A torcida estava tão legal e aí vem um palhaço e termina deste jeito o nosso SportsCenter. Jessica, eu sinto muito. Eu sei o que é isso porque já passei muito por isso”.

Tanto a repórter da ESPN quanto o torcedor foram encaminhados ao Juizado Especial Criminal localizado no Maracanã para prestar depoimento. Após a audiência de custódia, Marcelo foi preso de forma preventiva. O torcedor estava acompanhado de um filho menor de idade, e a ESPN e os advogados do Flamengo se colocaram à disposição para dar assistência ao jovem.

Em seu perfil no Instagram, Jéssica comentou o ocorrido: “‘Foi só um beijinho no rosto’. Não. Não foi. Antes tiveram muitos xingamentos e importunação porque o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os ‘pedidos de desculpa’ com alisamentos nos ombros e um beijo no local. (…) Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime. Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar 3h em uma delegacia. Eu só queria trabalhar. O ser humano que fez isso estava com um filho menor de idade que se desculpou pelo pai”.

O caso ganhou enorme repercussão negativa nas redes sociais. Colegas e entidades repudiaram o ocorrido e prestaram solidariedade a Jéssica. Em nota, a ESPN escreveu que “atitudes como essa não cabem hoje no nosso planeta, seja em um jogo de futebol ou na casa de qualquer mulher. (…) Jéssica, como toda mulher deve fazer, registrou boletim de ocorrência. A ESPN e a Disney repudiam qualquer tipo de agressão contra as mulheres. A empresa vai dar todo apoio a nossa repórter e esperamos que o agressor seja punido com todo o rigor que a lei permite”.

O Flamengo também repudiou o ocorrido: “É lamentável que atos repugnantes como este, que não representam a Nação Rubro-Negra, ainda aconteçam”.

No Twitter, Marcela Rafael publicou que “beijar uma mulher sem que ela queira é assédio. Acreditem, tem gente que não sabe isso. (…) 2022 e isso ainda acontece. Eu já passei por isso e sei o quanto é humilhante. Ninguém tem esse direito. Ela estava trabalhando e um homem acha que pode beijar a repórter porque sim. Um dia especial de semifinal de Conmebol Libertadores e terminamos com raiva e tristes. Mas a gente reage e segue. Porque somos fortes e não vamos parar! Nem nos calar!”.

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