O jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys foi nomeado como assessor na Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), atuando na área de planejamento de comunicação do governo Lula.
Em nota, a Secom informou que a nomeação deve ser publicada no Diário Oficial nos próximos dias: “O jornalista e escritor baiano Jean Wyllys passará a integrar a equipe do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta. Irá atuar como assessor no planejamento de comunicação do governo”.
Wyllys retornou recentemente ao Brasil, após quatro anos fora do País. No começo de 2019, renunciou ao cargo de deputado federal, conquistado nas eleições de 2018, sob alegação de estar sofrendo ameaças de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deixou o Brasil por quatro anos, período descrito pelo próprio Wyllys como “autoexílio”. No exterior, fez doutorado em Barcelona.
Na semana passada, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, publicou um vídeo com Wyllys no Palácio do Planalto. Ela comemorou o retorno do ex-parlamentar ao Brasil. No vídeo, Wyllys declarou: “É emocionante retornar ao meu lugar, ao meu aconchego, ao Brasil que quero, ao Brasil que eu me identifico, ao Brasil que eu quero ajudar a construir”.
Luisa Garcia, sócia e COO Global, Luis Guericagoitia, novo sócio e diretor sênior de Comunicação Financeira LLYC Madri, José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente LLYC, Alejandro Romero, sócio e CEO Global e Diego Olavarria, novo sócio e diretor-geral de Deep Digital da Região Sul
A assembleia da LLYC Partners S.L. aprovou, no Encontro de Sócios realizado em Madri, a nomeação de dois novos sócios para a companhia, ambos do próprio time: Diego Olavarria, diretor-geral de Deep Digital da Região Sul (Brasil, Argentina e Chile), e que atua direto de São Paulo; e Luis Guerricagoitia, diretor sênior de Comunicação Financeira do escritório em Madri.
“Estamos em um momento de crescimento e transformação, no qual nosso modelo de parceria é mais valioso do que nunca, tanto para desenvolver e reter nossos melhores profissionais quanto para promover juntos nossa visão e objetivos futuros”, declarou José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente da LLYC. Com essas duas novas nomeações, a LLYC passa a contar com 33 sócios, 18 na Europa e 15 em operações nas Américas.
Luisa Garcia, sócia e COO Global, Luis Guericagoitia, novo sócio e diretor sênior de Comunicação Financeira LLYC Madri, José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente LLYC, Alejandro Romero, sócio e CEO Global e Diego Olavarria, novo sócio e diretor-geral de Deep Digital da Região Sul
A agência também anunciou dois novos membros em seu Conselho Consultivo, o jornalista Sérgio Sá Leitão, ex-ministro da Cultura, e a especialista em marketing e brandingMonica Mendes.
Abracom Educa − Trilha de ESG é o nome do programa que acaba de ser anunciado pela Abracom, voltado aos profissionais de agências de comunicação que atuam nas áreas relacionadas ao tema. A trilha de capacitação terá início em 8/8 e será dividida em três módulos online, abrangendo os pilares E (Environmental), S (Social) e G (Governance). Serão duas aulas semanais ao longo de seis semanas, totalizando 18 horas.
Os integrantes também terão a oportunidade de participar de um Master Talk exclusivo, conduzido pelos instrutores e por outros palestrantes especializados ao final da trilha. Serão abertas 60 vagas gratuitas, com limite máximo de duas inscrições por agência associada, e a emissão de certificado para quem tiver 75% de presença ao longo da trilha.
Everton Vasconcelos, diretor de capacitação profissional e gestão da Abracom, destaca a parceria firmada com o Instituto Bold, com foco em pessoas de baixa renda e também em inteligência emocional e empreendedorismo, para ser uma ponte entre jovens e empresas e desse modo fomentar diversidade e inclusão social no Brasil.
O projeto contemplará dez vagas gratuitas para estudantes do Bold de baixa renda e 20 vagas para profissionais de agências não associadas à Abracom, com um valor compatível com a realidade de mercado e a riqueza do conteúdo programático. “Dessa forma, além de contribuirmos com o desenvolvimento dos talentos no mercado de comunicação corporativa, ratificamos o nosso compromisso em promover a inclusão e a diversidade no setor incentivando a construção de um ecossistema sustentável com legados importantes para a sociedade”, afirma Vasconcelos.
Agência Pública, Congresso em Foco/UOL e ICL Notícias são alvos de Arthur Lira (foto) na justiça
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), está tentando censurar veículos jornalísticos após reportagens sobre acusações de corrupção envolvendo o deputado, e de violência contra sua ex-mulher Jullyene Lins. As ações foram abertas em junho na Justiça de Brasília, e aguardam julgamento.
Por meio de ações judiciais, Lira tenta silenciar o trabalho de ao menos dois veículos de imprensa. Não se sabe se o deputado entrará com novas ações contra outras empresas jornalísticas.
O mais recente caso de assédio judicial ocorreu com a Agência Pública, que publicou uma entrevista com a ex-mulher de Lira, que o acusou de violência sexual, física e psicológica. O deputado entrou com ação na 14ª Vara Cível de Brasília contra a Pública e a ex-esposa, sob a alegação de danos morais. Ele pediu R$ 100 mil de indenização e a retirada do conteúdo do ar.
O pedido de tutela de urgência apresentado por Lira na ação foi indeferido pelo juiz Luiz Carlos de Miranda. O magistrado entendeu que a reportagem é de interesse público e visa a informar os leitores. Lira também havia solicitado que o processo corresse em segredo de justiça, o que também foi indeferido pelo juiz da ação.
“Não é demais lembrar que o autor, por ser figura pública e política de inegável importância no cenário brasileiro, desperta legítimo interesse quanto aos seus atos de governo, mas também quanto à sua vida pessoal”, declarou o magistrado.
Em nota da direção, a Agência Pública escreveu que repudia “a tentativa de intimidação judicial com pedido de censura prévia”. O veículo reiterou que a reportagem em questão “foi feita com base em documentos judiciais e fontes que deram seu depoimento sobre os fatos. Os pedidos de entrevista com as pessoas retratadas foram realizados com total lisura, ética jornalística e respeito à privacidade, com contatos por telefone e pessoalmente”.
A Pública declarou que entrou em contato com Lira para esclarecimentos e abriu espaço para ouvir e publicar o lado do deputado, que optou por não responder aos questionamentos.
ICL Notícias também sofre tentativa de censura prévia
Nesta semana, Arthur Lira também entrou com ação judicial contra o ICL Notícias, para remover reportagens, entrevistas e comentários produzidos pelo veículo. Na ação, o deputado destaca um programa específico em que o ICL abordou acusações contra ele.
No programa em questão, o ICL Notícias falou sobre o arquivamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de uma investigação contra o deputado por corrupção passiva, envolvendo o suposto recebimento de R$ 106.000 em propina por meio de um assessor, e denúncias de envolvimento de um auxiliar de Lira na aquisição superfaturada de kits de robótica para escolas de Alagoas, além das denúncias de violência contra sua ex-mulher.
Lira entrou com uma ação na 24ª Vara Cível de Brasília para a retirada de ao menos 43 vídeos do ICL Notícias, além de indenização de R$ 300 mil por dano moral. O deputado pediu em caráter de urgência que todos os links do programa, incluindo trechos publicados pelos participantes, fossem retirados das redes sociais. Mas o juiz Gustavo Fernandes Sales negou a tutela de urgência, afirmando que a retirada do conteúdo do ar sem que passasse pelo trâmite normal do processo de danos morais poderia “impor verdadeira censura à liberdade de imprensa”.
Para Eduardo Moreira, responsável pela Editora Conhecimento Liberta, que produz o ICL Notícias, “não há dúvidas, trata-se de covarde e vergonhosa censura. É inaceitável o chefe de um dos três poderes de uma República dita democrática tentar calar um canal de informações via pressão política e jurídica”.
Seguidores do ICL Notícias estão promovendo um abaixo-assinado em defesa da liberdade de imprensa e em repúdio à ação de Lira. No momento da publicação deste texto, o manifesto contava com mais de 133 mil assinaturas. A hashtag #TocomICL também viralizou nas redes sociais.
Entidades repudiam atitude de Arthur Lira
Organizações defensoras da liberdade de imprensa publicaram nota conjunta em repúdio às ações judiciais de Arthur Lira contra os veículos jornalísticos. Para as entidades, trata-se de uma “tentativa de silenciar meios de comunicação” e “tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa”.
“É inadmissível que o presidente da Câmara dos Deputados, um dos poderes que devem zelar pelos preceitos constitucionais, faça uso do Judiciário para cercear conteúdos jornalísticos que lhe desagradam”, diz a nota. “A negativa de retirada imediata das reportagens, proferida por dois magistrados diferentes, é um dos sinais do equívoco e do exagero do parlamentar em lidar com o noticiário e com os profissionais de imprensa em uma situação que, certamente, lhe causou desconforto”.
Assinam a nota Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Instituto Vladimir Herzog, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, Instituto Palavra Aberta e Instituto Tornavoz.
Por Dedé Mesquita, correspondente de Jornalistas&Cia em Belém
O jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, de 73 anos, natural de Santarém, município localizado na região oeste do Pará, publicou no último sábado (8/7), no site Agenda Amazônica, escrito e editado por ele, que vai abandonar o jornalismo diário, depois de quase seis décadas dedicadas à profissão. O motivo da decisão é que Lúcio se descobriu portador do Mal de Parkinson, em 2018, uma doença degenerativa e sem cura, e que agora começa a atingir a cognição do jornalista.
Em sua despedida, sob o título Perdão, leitores, escreveu: “Fui alertado pelos médicos: na sua progressão, o Parkinson poderia começar a atingir a minha cognição; e eu seria abalado. Esse dia chegou. Mesmo lendo e relendo o extrato de um contrato, que motivou uma nota, já cancelada, voluntariamente, li errado e só percebi o erro neste momento. Acordei subitamente, assustado, já com a constatação do erro crasso que eu cometera por uma leitura prejudicada”.
“Só cancelar a nota, como fiz, não é o suficiente. Depois de anos de convivência com a doença mental, este foi o primeiro erro desse tipo que cometi, depois de milhares de notas que escrevi neste blog já com o diagnóstico do Mal. Sob o choque da percepção, decidi encerrar a minha atividade jornalística pública diária. Não quero cometer um novo erro desse tipo, por redução ou, em algum momento, perda da capacidade cognitiva”, enfatizou.
Trajetória − Lúcio Flávio de Faria Pinto nasceu em 23 de setembro de 1949, filho de Iraci de Faria Pinto e Elias Ribeiro Pinto, que foi radialista, jornalista, comerciante e político. Aos 15 anos, Lúcio passou a apresentar um programa de rádio, mas o chefe da 2ª Secção da 8ª Região Militar considerou o programa subversivo e o tirou do ar. Aos 16, já em Belém, trabalhou como repórter no jornal A Província do Pará, integrante dos Diários Associados, onde depois ocupou o cargo de secretário de Redação.
Sobre a família, que sempre teve ligação com a imprensa, Lúcio relembra: “Por incrível que pareça, o meu pai influiu pouco sobre a opção que quatro dos seus sete filhos − uma única mulher − fizeram pelo jornalismo. Apenas eu, o mais velho entre os homens, tinha alguma informação sobre o passado dele. Por acaso, aos 16 anos, por curiosidade, em 1966, subi as escadas para conhecer a redação de A Província do Pará, no centro antigo de Belém. Eu circulava em frente à sede do jornal, indo de um sebo para uma livraria, na mesma rua. Foi por minha influência que meus irmãos me seguiram, a partir de 1971. Só alguns anos depois comecei a pesquisar sobre Elias Pinto, jornalista. E foi muito bom saber o que ele fez em dois jornais que circulavam em Santarém. Um dos jornais era dele, no qual ele já defendia a emancipação do Tapajós como o Estado do Baixo-Amazonas”.
Mudança para a região sul − Em 1968, aos 18 anos, Lúcio decidiu mudar-se de Belém para o Rio de Janeiro, onde trabalhou por pouco tempo no Correio da Manhã. Depois foi para São Paulo, atuando em Diário de S.Paulo, Diário da Noite, Veja, IstoÉ, Jornal da República, Jornal da Tarde e O Estado de S.Paulo, onde consolidou sua carreira, atuando como repórter entre os anos de 1971 e 1989. Ao mesmo tempo, trabalhou na imprensa alternativa, nos jornais Opinião e Movimento.
A experiência de trabalhar no Estadão traz ótimas lembranças ao jornalista: “A maior parte do capital de conhecimentos que acumulei, eu o formei ao longo dos 18 anos como repórter do Estadão, entre 1971 e 1989. O jornal sempre bancou as minhas viagens. Nunca rejeitou as minhas pautas. Sabia que eu voltaria com a matéria pautada e ela ocuparia um lugar de destaque no jornal. Além disso, um dos donos da empresa, Júlio Mesquita Neto, aprovou meu projeto de criar uma sucursal da Amazônia, com repórteres em todas as capitais, coordenados por Belém, para fazer uma cobertura de melhor qualidade, como fizemos, até estourar uma crise no jornal, que colocou um fim na experiência daquela que foi a primeira sucursal verdadeiramente amazônica da imprensa. Como o rei Momo, primeira e única”.
Faculdade − Em 1973, formou-se em Sociologia pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo, chegou a iniciar sua pós-graduação na USP, mas retornou a Belém para montar a rede de sucursais do Estadão na Amazônia.
Volta a Belém − Em Belém, em 1975, editou o suplemento alternativo Bandeira 3, nos moldes do antológico Pasquim. Lúcio Flávio Pinto foi também professor visitante, entre 1981 e 1982, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e do curso de Jornalismo no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará, até a metade da década de 1990. Entre 1983 e 1984, foi também professor visitante do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida, em Gainesville, Estados Unidos.
Jornal Pessoal − Trabalhou em O Liberal, na empresa das Organizações Romulo Maiorana (ORM), e quando se demitiu de O Liberal fundou o Jornal Pessoal, em 1987.
Sobre a experiência com o Jornal Pessoal, Lúcio destaca que o jornal durou 32 anos, com três interrupções menores, que não lhe devem ter tirado nem dois anos. “Jornal escrito por uma única pessoa, com as ilustrações e a diagramação do meu irmão, o Luís Pinto, que não aceitava publicidade, vivia da venda avulsa, tinha tiragem de 2 mil exemplares, vendendo em bancas e livrarias, me causou 34 processos judiciais, propostos por pessoas poderosas, mas jamais foi desmentido. Firmou-se como referência da história contemporânea”, conta, orgulhoso.
Lúcio Flávio Pinto é o jornalista +Premiado da História na Região Norte, segundo o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira
Amazônia − Fazer jornalismo na Amazônia foi muito marcante para Lúcio Flávio: “Se alguma coisa foi marcante na minha trajetória foi a oportunidade que tive de percorrer intensamente a Amazônia, entre 1966 e 2002. Em quase todos os lugares nos quais houve algum episódio importante da história da Amazônia nesse período eu estive. Vi os acontecimentos com meus próprios olhos. Esse conhecimento foi decisivo para me proporcionar uma visão tanto global − o que inclui fatos externos − como detalhada, factual e personalizada, com fontes em todos os Estados da região”.
“Sempre me senti como um correspondente de guerra ao atuar nas frentes pioneiras na Amazônia, que são extremamente violentas. Além disso, o repórter também costuma estar muito próximo dos personagens que critica ou denuncia. Pode sofrer violência mais frequentemente”.
“Hoje, a insegurança dos jornalistas é visível e estou certo de que, se fosse repetir o que fiz entre 1970 e 1990, não estaria vivo”.
Lúcio Flávio é autor de 21 livros individuais publicados, todos sobre a Amazônia.
Prêmios − Ao longo da carreira, Lúcio colecionou premiações. São dele quatro prêmios Esso: “Todas as [premiações] que recebi foram importantes para mim, sobretudo porque foram, em geral, inscritas por outras pessoas e não por mim, que desisti delas depois das primeiras iniciativas. Foi assim que recebi três premiações internacionais. Fui o primeiro não europeu premiado com a Colombe d’Oro per la Pace, a mais importante premiação da imprensa italiana; o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection, dos Estados Unidos; e como um dos 100 heróis do jornalismo pelos Repórteres Sem Fronteiras, de Paris”, relembra.
Doença − Em 2018, Lúcio recebeu o diagnóstico do Mal de Parkinson, depois de apresentar sintomas anteriormente: “Foi um golpe duro saber que eu estava com uma doença degenerativa e sem cura. De imediato, quis desistir e me retirar da vida pública para tentar ter uma vida mais tranquila, retardando o avanço da doença. Mas logo estava de novo na linha de frente”.
A decisão de parar com o jornalismo diário − o que foi, de pronto, recomendado pelos médicos − só viria cinco anos depois.
Futuro − Sobre o que vai acontecer de agora em diante, Lúcio já tem ideias definidas: “O blog será dedicado, a partir de agora, à divulgação do que já escrevi e à imensa quantidade de documentos do meu arquivo, que possam ter utilidade pública. Além de prosseguir no tema mais relevante neste contexto, que é a Cabanagem [revolta popular e social que ocorreu na então Província do Grão-Pará, entre 1835 e 1840]”.
“Continuarei a acompanhar o dia a dia do Pará, da Amazônia, do Brasil e do mundo. Agora, como espectador, um espectador ainda comprometido com o meu tempo, mesmo que este já não seja exatamente meu”.
“Tentei várias vezes sair do tiroteio diário. Ele não é causado apenas pela desgastante vigilância diária para saber o que está acontecendo e o que significa. Há também a reação dos que são contrariados e me atacam de várias maneiras, tentando me fazer desistir. Agora a minha condição física ficou pior e tenho que sair do front. Mas espero continuar a contribuir, na retaguarda, para o entendimento do drama da Amazônia, que nunca se atenuou”.
Lúcio não lamenta o passado e diz que “o que está feito está também acabado” e se pudesse mudar alguma coisa evitaria ou corrigiria alguns erros, “mas tudo coisa secundária”. “No mais, repetiria a essência do que fiz: um jornalismo independente, crítico e baseado em matéria-prima que mais se aproxima da verdade”.
Não à aposentadoria – Lúcio Flávio não considera essa parada forçada pela doença como uma aposentadoria: “Provavelmente, só a morte ou − o que passou a me preocupar mais intensamente agora − a invalidez física e/ou mental me aposentará”.
No mais, ele vai tentar estar, cada vez mais, ficar perto da imensa biblioteca que construiu nesse mais de meio século de jornalismo e literatura: “Eu jamais darei conta de todos os livros que possuo. Mas colocá-los na minha companhia foi uma das maiores realizações da minha vida. Espero que continuem a ser meus queridos companheiros de viagem”.
Lúcio Flávio Pinto encerrou assim o texto de despedida do jornalismo diário: “Muito obrigado a todos os meus leitores, de acordo ou em divergência comigo, sem os quais eu não estaria aqui, com a maior gratidão que há em mim. Espero que este blog e os demais, que procurarei continuar a alimentar, ainda mereçam a sua visita, para mim sempre honrosa, estimulante e reconfortadora. E la nave va. Porque navegar é preciso”.
Estão definidos os finalistas do TOP Mega Brasil – 2023, premiação que chega à oitava edição. Passaram para o segundo turno 105 agências e 106 executivos de comunicação corporativa de todo o País.
Eles entram na disputa por um lugar entre os TOP 10 Brasil e os TOP 5 das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, com dupla chance de figurarem entre as feras da comunicação corporativa e de conquistarem o cobiçado troféu da Onça Pintada.
A votação é aberta ao mercado e cada profissional poderá votar uma única vez, escolhendo até cinco nomes de agências e até cinco nomes de executivos tanto para os TOP 10 Brasil quanto para os TOP 5 Regionais. Mas não há obrigação de fazer todas as indicações e de votar em todas as categorias. Ainda que parciais, todos os votos serão computados.
No segundo turno, que se inicia nesta sexta-feira (14/7) e se estende até 28/7, os eleitores
deverão classificar as agências e os executivos do 1º ao 5º lugar. A pontuação seguirá a seguinte escala: 1º lugar, 100 pontos; 2º lugar, 80 pontos; 3º lugar, 65 pontos; 4º lugar, 55 pontos; 5º lugar, 50 pontos.
Apesar do hype em torno da inteligência artificial generativa, ainda não é possível vislumbrar como nem quando essa tecnologia será incorporada à prática regular do jornalismo.
Dois acontecimentos recentes, no site de tecnologia Gizmodo e na Sky News, indicam que ainda há um longo caminho para que isso ocorra com segurança, sem riscos de imprecisão ou de erros factuais − a não ser que jornalistas humanos chequem cada detalhe de um texto em fontes confiáveis ou tenham memória de elefante para captar “alucinações” da máquina.
James Whitbrook, subeditor do io9, seção de ficção científica do Gizmodo, usou o Twitter na semana passada para “denunciar” o erro de um repórter de sua equipe que ele nem sabia que existia, o “Gizmodo Bot”.
A criatura assinava uma matéria com uma lista supostamente cronológica de filmes e programas de TV da série Star Wars, coisa simples de fazer consultando um buscador como o Google para encontrar sites das produtoras ou a Wikipédia, que costuma acertar nesse tipo de conteúdo. Só que a inteligência artificial não foi muito inteligente. Enumerou as produções fora da ordem cronológica e omitiu algumas.
Mesmo depois de uma reportagem no Washington Post sobre o caso e muito barulho nas redes sociais e na redação, a matéria continuava lá (até o fechamento desta coluna), com o título A chronological list e datas que pulam de 2002 para 2008 e depois voltam para 2005, avançando então para 2022 e voltando para 2018. Pura ficção.
Whitbrook disse ter sido informado de que o texto apareceria no site dez minutos antes, e que ninguém da redação participou do processo ou revisou o material antes de alguém de fora do departamento editorial publicá-lo.
Ele compartilhou no Twitter a mensagem enviada aos chefes, em que aponta o trabalho do Gizmodo Bot como “embaraçoso, impublicável e desrespeitoso tanto com o público quanto com as pessoas que trabalham aqui, e um golpe em nossa autoridade e integridade”.
O GMG Union, sindicato dos profissionais da empresa, já tinha protestado anteriormente contra a possível perda de vagas para a IA, com uma nota instando a G/O Media, dona do Gizmodo e de uma penca de outros sites, a “parar de enchê-los com lixo gerado por IA e investir em jornalismo de verdade feito por jornalistas”.
Mas será que as máquinas não são mesmo capazes de produzir jornalismo de verdade? Foi o que a Sky britânica resolveu conferir, pedindo a Tom Clarke, seu editor de ciência e tecnologia, para criar e testar um repórter desenvolvido por IA.
Em um texto sobre a experiência, ele disse ter ficado apavorado com a possibilidade de ser substituído por “algo mais novo e mais barato”. Mas o chefe tranquilizou-o assegurando ser apenas um exercício.
Clarke convidou para a tarefa o YouTuber e programador norueguês Kris Fagerlie, que usou principalmente o ChatGPT e outras ferramentas para a experiência. Os dois desenvolveram uma repórter virtual baseada em uma produtora da Sky, Hanna Scnitzer. Ela gravou quatro minutos lendo textos diante da câmera e assim a repórter foi criada, bem como um editor com quem dialogou.
Tom Clarke (esq.) e Kris Fagerlie (Crédito: Sky News)
Os dois foram desenvolvidos com um “pensamento” simulando a lógica de jornalistas. A partir de notícias de verdade, a repórter de IA deu oito ideias de pauta ao editor, que escolheu uma e pediu que ela executasse o trabalho.
A repórter apurou, pesquisou fontes para darem entrevistas e identificou imagens geradas por IA, produzindo em apenas 20 minutos um texto editado (com imagens e intertítulos) de 300 palavras para o site e um roteiro para uma matéria de TV de 90 segundos.
Seria perfeito se o resultado não contivesse erros graves e informações inventadas, as famosas alucinações. E uma demonstração de falta de sensibilidade: uma manchete meio engraçadinha em uma reportagem que envolvia um acidente com feridos.
Clarke admite que a IA generativa já provou sua capacidade de substituir “confortavelmente” algumas das tarefas de jornalistas − desde que não sejam listas cronológicas de Star Wars, um desafio que se mostrou complexo.
Mas concluiu a experiência um tanto aliviado, afirmando que a necessidade da imaginação e do rigor dos jornalistas do mundo real leva a crer que seu trabalho − e o de muitos colegas − está seguro por enquanto.
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O Correio Braziliense anunciou em 11/7 a realização da primeira edição do Curso de Jornalismo na Prática, para estudantes e recém-formados. Programado para o período de 11/9 a 10/11, em tempo integral, o curso buscará ampliar conhecimentos teóricos e práticos na cobertura de Saúde.
Serão selecionados 20 alunos por meio de processo seletivo nacional, de modo gratuito, com dez vagas reservadas a jovens profissionais do DF. Nesta edição, o programa terá um formato híbrido: as cinco semanas iniciais serão online e o restante do curso ocorrerá na sede do CB em Brasília. O curso tem patrocínio da Interfarma, associação que reúne empresas e pesquisadores nacionais e estrangeiros da indústria farmacêutica.
As inscrições estarão abertas de 1º a 18 de agosto. Para se candidatar, é preciso ser recém-formado em jornalismo (2021, 2022 ou 1º semestre de 2023) ou estar cursando o último semestre do curso, com conclusão prevista para dezembro de 2023. A primeira etapa do processo seletivo será a sugestão de uma reportagem de saúde no próprio formulário de inscrição, detalhando fontes e sugerindo como a matéria pode ser desenvolvida em diferentes formatos. O link para o formulário será divulgado antes da abertura das inscrições.
Os participantes aprovados para a segunda etapa passarão por dinâmica online e deverão produzir um texto sobre um tema divulgado no dia. O resultado da seleção será divulgado em 1º/9 no site e nas redes sociais do CB.
A apresentadora Cecilia Flesch, demitida da Globo após 17 anos de casa, registrou no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a marca Rivonews, nome que será usado em um novo programa da jornalista, a ser lançado em breve.
Rivonews faz referência ao remédio Rivotril, termo usado por Cecilia para se referir à Globo em entrevista ao podcastÉ Noia Minha?, em 27 de abril. Após declarações polêmicas feitas pela jornalista ao longo do podcast, a Globo optou por demiti-la.
Cecilia já está gravando pilotos para o novo programa, que deve ser disponibilizado no YouTube e em plataformas de áudio. Em entrevista ao F5, da Folha de S.Paulo, ela declarou que o objetivo do projeto é informar o público, de forma leve e descontraída: “É um programa de jornalismo, mas não segue um formato quadrado. Eu não quero isso. Vamos ter muita conversa e discutir as notícias nacionais, internacionais, política, cultura e todos os assuntos em pauta, tudo o que estiver fervendo. Mas tudo de forma descontraída, leve e irreverente. Características minhas que o grande público não conhece”.
O programa será feito em parceria com o Hub Mídia, de Ricardo Scalamandré, empresa que produz o podcast de Galvão Bueno.
O presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) entrou com uma ação na 24ª Vara Cível de Brasília contra o ICL Notícias para remover reportagens, entrevistas e comentários produzidos pelo veículo que criticam a atuação do deputado.
O processo destaca um programa veiculado em 6 de junho, que abordou o suposto recebimento de R$ 106.000 em propina por meio de um assessor, denúncias de envolvimento de um auxiliar de Lira na aquisição superfaturada de kits de robótica para escolas de Alagoas e uma entrevista com sua ex-mulher, Jullyene Lira, que o acusa de vários crimes, incluindo violência e intimidação.
Na ação, Lira pede a retirada de 43 vídeos do ICL Notícias, além de indenização de R$ 300 mil por danos morais. O mérito do processo ainda não foi julgado. A defesa do deputado diz que as informações veiculadas são inverídicas, desinformativas e que têm o objetivo de atingir a honra de Lira.
Para Eduardo Moreira, responsável pela Editora Conhecimento Liberta, empresa que produz o ICL Notícias, “não há dúvidas, trata-se de covarde e vergonhosa censura. É inaceitável o chefe de um dos três poderes de uma República dita democrática tentar calar um canal de informações via pressão política e jurídica”. Moreira também destacou que a maior parte das informações veiculadas é pública, e que o ICL Notícias sempre ofereceu espaço para Lira se manifestar, mas o deputado recusou.
Seguidores do ICL Notícias estão promovendo um abaixo-assinado em defesa da liberdade de imprensa e em repúdio à ação de Lira. “Leia e Assine em defesa da liberdade de imprensa e contra as manobras de Arthur Lira para tentar calar o ICL!”, diz o manifesto, que no momento da publicação deste texto contava com mais de 53 mil assinaturas. A hashtag #TocomICL também viralizou nas redes sociais.