O repórter Fernando Henrique de Oliveira, que trabalhou em 2020 como correspondente em Nova York para a CNN Brasil, está processando a emissora por racismo estrutural. O caso foi revelado pela revista piauí em uma reportagem baseada no processo que agora corre em segredo de Justiça. A ação não acusa nenhuma pessoa específica de discriminação racial, mas a emissora, que nega as alegações do jornalista.

Entre as acusações de Fernando Henrique, estão uma política de salários inferiores adotada para profissionais negros em relação aos brancos, e episódios em que ele teria sido exposto a tratamentos vexatórios, como um pedido para que atuasse como segurança da repórter Luiza Duarte em pautas noturnas em Nova York, e outro para que trouxesse 38 equipamentos de Nova York, mesmo depois de ser demitido.

O motivo da demissão, segundo a reportagem, ocorreu por divergência salarial. Ao pedir que o profissional voltasse para São Paulo, a emissora não quis manter no Brasil o salário de US$ 4.000, equivalentes a cerca de R$ 20 mil hoje, que ele recebia nos Estados Unidos.

Em sua defesa, a CNN negou todas as alegações e disse que o ex-funcionário agiu de maneira “leviana” por criar fatos que não existiram. Segundo o advogado da emissora, Marcelo Costa Mascaro Nascimento, caso o canal fosse racista não teria permitido que Oliveira expusesse no ar situações de preconceito pelas quais passou. Também não teria dado espaço para que outros profissionais negros se pronunciassem durante a cobertura do assassinato de George Floyd, fato que desencadeou uma onda mundial de protestos em prol de vidas negras.

Sobre a suposta disparidade de salários entre negros e brancos, a empresa não abriu sua folha de pagamentos para a Justiça, mas afirmou que a acusação é “infundada”. A respeito de ter pedido que Oliveira fosse segurança de Luiza Duarte em pautas noturnas, a defesa afirmou que queria apenas que o profissional desse suporte aos boletins da correspondente, se encarregando de questões técnicas, como a luz, por exemplo.

Além das acusações de racismo, o profissional afirma que a emissora deve a ele horas extras e adicionais noturnos. O montante pedido por ele como indenização é R$ 700 mil, dos quais R$ 50 mil seriam a reparação pelos atos racistas. Caso ele perca, terá de pagar o advogado da CNN e outros custos da Justiça. A ação tramita na 27ª Vara do Trabalho de São Paulo e, como está em segredo de Justiça, as partes não podem se manifestar publicamente.

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