Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), apresentou uma queixa-crime contra Guilherme Amado e Fábio Leite, hoje do portal Metrópoles, por reportagens publicadas em 2020 nas revistas Época e Crusoé. As matérias relatam interferência de Ramagem e da Abin em favor do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas.
As reportagens citam a existência de relatórios supostamente produzidos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para orientar os advogados de Flávio Bolsonaro durante a investigação. Antes da publicação de uma das reportagens, Guilherme confirmou a existência dos relatórios produzidos pela Abin para a defesa de Flávio com a própria advogada dele, Luciana Pires.
Ramagem afirma que é vítima de calúnia e difamação. Nessa quinta-feira (13/10), a audiência de conciliação terminou sem acordo, e agora cabe ao juiz da 10ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Distrito Federal decidir se recebe ou rejeita a queixa-crime.
Segundo a defesa de Guilherme Amado, a atuação dele “foi absolutamente legítima e se deu sempre com o objetivo de disseminar informações e fatos relevantes para a população, não havendo por parte do jornalista qualquer análise subjetiva ou de juízo pessoal quanto aos fatos veiculados”.
Entidades defensoras da liberdade de imprensa repudiaram a ação criminal. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) afirmou que “considera extremamente preocupante que um agente público, que deve prestar contas à sociedade, tente criminalizar a conduta de repórteres de credibilidade e reconhecidos no País justamente pelo trabalho em apurações robustas. O assédio judicial contra jornalistas jogou o Brasil em um patamar constrangedor no ranking da liberdade de imprensa, tornando o exercício da profissão uma batalha constante contra acusações, sem provas, de que profissionais produzem, deliberadamente, ‘narrativas inverídicas e levianas’”.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) declarou que “intimidações e assédios judiciais contra os jornalistas Guilherme Amado e Fábio Leite são um grave sintoma do enfraquecimento do Estado Democrático de Direito brasileiro e não podem ser admitidas”.
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