Por Mariana Ribeiro, editora do Portal dos Jornalistas Pulverização de mídias, pluralidade de vozes, dispersão de recursos, conectividade, interação, tempo real, responsabilidade digital. Nos últimos anos, nós, jornalistas, temos ouvido, visto e sentido fortemente as dores e delícias da internet em nosso meio. Para mim, que pertenço à última geração de não-nativos digitais – porém já alfabetizada em meio a teclinhas de computador –, a facilidade de incorporar os recursos tecnológicos ao cotidiano não diminui a estranheza que é parar por dois segundos e lembrar a já tão distante “avançada tecnologia” dos anos 1990. A foto que era rolo virou pixel, naturalmente. O telefone que rodava número por número transformou-se num aparelhinho esperto que só de ouvir minha voz já sabe para quem eu quero ligar. A internet discada (e seu glorioso barulhinho de conexão) agora é fibra. Os altos papos do Mirc migraram para o Whatsapp, com direito a áudio e imagem. O disquete foi parar na nuvem e a opulenta memória de 64MB agora se mede em “tera”. Nem toda essa experiência de “infanto digital” organicamente evoluída fez com que passasse ilesa pelos efeitos da internet na profissão que escolhi ainda adolescente. Pudera. A internet – e isso não é novidade para nenhum terráqueo – revolucionou o mundo inteiro. Como seria diferente com o jornalismo? O modus operandi, as expectativas, a audiência, tudo mudou. No novo cenário, empregos indo para o espaço e grandes redações reduzidas ao binômio estagiário-diretor. Corte, demissão, falta de dinheiro, corte, demissão, corte… e oportunidade. O número escasso de vagas nas redações sobra em recursos DIY (ou “faça você mesmo”, em bom e claro português). Faca de dois gumes. Dois lados da mesma moeda. Ou – para fugir um pouquinho dos clichês –, como na obra de Joaquim Manuel de Macedo, coisa vista pela “luneta do bem” ou pela “luneta do mal”. Neste espaço que o Portal dos Jornalistas inaugura hoje – Dia do Jornalista – vamos juntos procurar (e encontrar!) iniciativas legais nesse cenário que já não é tão novo assim. Iniciativas de pessoas físicas. Aqui o foco é o jornalista. Habilidades, questionamentos, ações que podem ser replicadas ou o que não é tão bacana assim de se tentar. Sem teorias da conspiração nem saudosismo. A ideia é buscar inspiração para que cada um de nós possa reinventar-se na profissão. Reinventar o jornalista. Simbora! A reinvenção do jornalista – #1 Os focos da luneta