A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e o InspiraAgro promovem nesta terça-feira (26/5), das 17 às 18h, o webinar gratuito A Comunicação do Agronegócio em tempos de coronavírus, que debaterá como a categoria pode e deve atuar em meio à pandemia da Covid-19. A videoconferência será realizada pela plataforma Zoom.
Participarão Camila Telles, CEO da AGB Com; Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje; Marcos Fava Neves, engenheiro agrônomo professor da USP e FGV; Milena Miotto, gerente de Comunicação Corporativa da Mosaic Fertilizantes; Nicholas Vital, curador do InspiraAgro; e Xico Graziano, engenheiro agrônomo e professor de MBA da FGV. Inscreva-se!
Em apenas quatro dias, perfil Sleeping Giants Brasil já superou a marca de 200 mil seguidores
Criado em 2016 nos Estados Unidos com o objetivo de alertar para o risco que a reputação das marcas corria ao contratar mídia programática sem uma devida análise das páginas às quais seus anúncios eram direcionados, o movimento Sleeping Giants foi responsável por um grande impacto financeiro em publicações conhecidas por veicular fake news e conteúdo de ódio.
A estratégia era simples. A partir de uma conta no Twitter, o publicitário Matt Rivitz anexava capturas de tela e as compartilhava nas redes das marcas afetadas. Em poucos meses, o movimento foi responsável por fazer minguar grande parte do faturamento de publicações ultraconservadoras norte-americanas. Em um dos exemplos mais conhecidos, o site de extrema direita Breitbart News, que era dirigido pelo ex-estrategista de Donald Trump Steve Bannon, perdeu mais de oito milhões de euros (50,7 milhões de reais) em publicidade. O executivo revelou o valor em um no documentário The Brink, da Netflix.
“Nossa maior conquista é que os anunciantes passaram a entender que os recursos deles é que sustentam esses sites racistas, extremistas, e que essa publicidade tem enorme impacto”, disse Matt Rivitz em entrevista ao El País.
O modelo criado por ele ganhou tanta relevância que já foi replicado, a partir de células anônimas independentes, em mais de dez países, sendo o Brasil um dos mais recentes. Criado há apenas quatro dias, o Sleeping Giants Brasil está prestes a superar a marca de 200 mil seguidores e já começa a apresentar seus primeiros resultados.
Até esta quinta-feira (21/5), por exemplo, a conta já havia alertado mais de 30 empresas com publicidade veiculada no Jornal Cidade Online, portal conhecido pela propagação de notícias falsas e que que vem publicando uma série de artigos de opinião em defesa da política do uso da cloroquina para o tratamento contra a Covid-19. Ainda nessa quinta-feira, Fabio Wanjgarten, secretário de Comunicação da Presidência, saiu em defesa do jornal e criticou o Sleeping Giants.
Dentre as empresas expostas estão grandes marcas como Dell, Claro, TIM, Samsung, Americanas, Submarino, Mercado Livre, Philips, Magazine Luiza e Banco do Brasil. Curiosamente, nem os veículos de comunicação escaparam. Um dos principais alvos da imprensa na gestão Jair Bolsonaro, a Folha de S.Paulo também foi alertada por ter anúncios programáticos exibidos nessas páginas.
“Por um erro de procedimento, anúncios da Coleção Folha foram direcionados ao site de fake news Jornal da Cidade Online”, informou a Folha pelo Twitter. “Após alerta, nossa equipe de marketing suspendeu a veiculação de campanhas em sites de terceiros e está revisando os domínios bloqueados. Obrigado”.
Mais uma vitória nossa! É de extrema importância o apoio da @folha nessa luta contra a desinformação, atitude exemplo de jornalismo responsável 👏 Podemos continuar acompanhando as principais notícias através deles! Obrigado pelo apoio ✊🏽#SleepingGiantsBrasilhttps://t.co/nR57Jbo10L
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) May 22, 2020
Em resposta, algumas empresas também confirmaram a retirada dos anúncios no site após sofrerem apelo do público. “Reiteramos que não estamos atacando ninguém e queremos apenas informar as empresas que elas estão, involuntariamente, financiando os tipos de sites que tanto prejudicam o seu trabalho”, informou o administrador da página brasileira, que preferiu manter-se anônimo, em entrevista ao Notícias ao Minuto. Segundo a publicação, o perfil foi criado após os administradores lerem sobre o Sleeping Giants na reportagem do El País. A partir daí, os brasileiros entraram em contato com Rivitz para obter autorização para usar o nome.
Apesar de recente, um dos casos já ganhou popularidade. Ao ser mencionada na terça-feira (19/5), e logo ter respondido que garantiu a exclusão da publicidade, a fabricante de computadores Dell virou um dos assuntos mais comentados no Twitter, com uma campanha polarizada de #NãoCompreDell e #CompreDell. “Assim que recebemos essa informação, solicitamos a retirada dos anúncios automáticos. Repudiamos qualquer disseminação de notícias falsas”, afirmou a empresa em sua conta no Twitter.
Sobre os apoios e ataques que recebeu, a companhia reforçou em nota que sua decisão não tem qualquer orientação ideológica e/ou partidária e que preza pela pluralidade de ideias, pela diversidade e pela liberdade de imprensa.
“Os jornais independentes são muito importantes e devem ser valorizados no exercício da liberdade de expressão”, escreveu o secretário Wanjgarten em seu Twitter. “O @slpng_giants_pt precisa urgentemente deixar o viés ideológico de lado na hora de fazer suas supostas denúncias. Dormiram no ponto e acabaram mostrando a quem servem”.
Mais veículos de comunicação anunciam redução de salário e jornada de trabalho
Redação da Folha de S. Paulo. (Foto: Lalo de Almeida/ Folhapress)
A crise econômica segue atingindo as grandes redações do Brasil. Os jornais Folha de S.Paulo e Correio Braziliense tomaram medidas como a redução de 25% do salário dos funcionários e da jornada de trabalho. Ao menos outros 15 veículos também anunciaram cortes. As informações são do Poder360.
A Folha determinou em 12/5 um corte de 25% nos salários de repórteres, fotógrafos, editores e outros funcionários em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A redução passará a valer em 1º de junho, e durará três meses. O jornal prometeu auxílio-alimentação no valor de R$ 150, reembolso de gastos extras aos profissionais em home office, estabilidade de emprego até um ano – profissionais demitidos nesse período receberão o equivalente a 70% dos ordenados restantes – e manutenção do plano de saúde até o final do ano, mesmo em caso de demissão. A Folha garantiu que as medidas não afetaram o UOL.
O Correio Braziliense anunciou também em 12/5 redução de 25% nos salários da redação e do setor administrativo. Segundo o Poder360, repórteres que atuam diretamente nas coberturas de economia, política nacional e jornalismo local não serão afetados.
Silvio Santos anunciou uma redução de 25% do salário de todos os funcionários, incluindo celetistas e pessoas jurídicas (PJs) do Grupo, que incluem os profissionais do SBT. Segundo Flávio Ricco (UOL), é a primeira vez que o dono da emissora toma uma medida dessas.
O Poder360 preparou um infográfico sobre o tema. Confira!
Agência Mural lança campanha para apoiar cobertura do coronavírus nas periferias
Nesse formato de matchfunding, uma mistura de financiamento coletivo com aporte de parceiros, as doações triplicam. A cada R$ 10 arrecadados pela Mural, o Fundo Enfrente transforma-os em R$ 30, até alcançar a meta de R$ 30 mil. A campanha tem duração de 30 dias.
O recurso será usado para continuar remunerando a rede de correspondentes locais da Mural, que conta com cerca de 80 jornalistas, fotojornalistas e designers espalhados pelas periferias da região metropolitana de São Paulo. Eles acompanham todos os acontecimentos relacionados à Covid-19 nas regiões mais vulneráveis da cidade.
“O fundo é importante para que possamos continuar remunerando os nossos jornalistas, que não apenas estão cobrindo os impactos desta crise sanitária e socioeconômica, mas vivendo toda essa realidade no cotidiano”, diz Anderson Meneses, diretor de negócios da Agência Mural.
Interessados em apoiar financeiramente o jornalismo feito pela e para as periferias na Grande São Paulo podem doar por meio do site benfeitoria.com/agenciamural. Pessoas físicas podem contribuir a partir de R$ 10. Como recompensa, os apoiadores receberão uma newsletter mensal com conteúdo exclusivo sobre os bastidores da Mural. Já as empresas podem colaborar a partir de R$ 1.000 e terão como recompensa a marca da instituição incluída durante um mês no site da Agência Mural como apoiador.
Guia gratuito dá dicas à imprensa sobre como enfrentar o coronavírus
Os professores Luiz Artur Ferraretto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Fernando Morgado, das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), do Rio de Janeiro, produziram o e-book Covid-19 e comunicação: um guia prático para enfrentar a crise, que serve para ajudar a imprensa na cobertura diária da Covid-19.
Em 62 páginas, os autores buscaram abordar temas como as diferentes nomenclaturas do coronavírus, fake news, falsos especialistas, manutenção de negócios em meio à pandemia, ética e responsabilidade dos profissionais de imprensa e home office. O objetivo é oferecer uma visão ampla e colaborativa sobre a cobertura da doença. À medida que os autores acharem necessário, versões atualizadas do guia serão publicadas, durante e após a pandemia. Baixe o guia gratuitamente na íntegra.
Jornal Nacional muda cenário e passa a exibir rostos das vítimas do coronavírus
Bonner e o novo cenário
O Jornal Nacional mudou seu cenário para homenagear as vítimas do novo coronavírus. Na quinta-feira passada (14/5), durante a exibição do telejornal, o apresentador William Bonner anunciou que o cenário da atração passaria a exibir os rostos das vítimas de Covid-19, e não mais o desenho do vírus, que aparecia até então.
Bonner declarou que, “a partir de hoje, aquela imagem do inimigo número um vai sair do nosso painel. Em todos os momentos que o Jornal Nacional estiver tratando da pandemia, vão estar lá atrás os rostos de brasileiros que ela nos tirou. Esses sorrisos e olhares dos brasileiros que nós perdemos podem ajudar a fortalecer a mensagem que importa de verdade: a necessidade de proteger vidas”. A mudança foi muito repercutida e elogiada nas redes sociais.
E mais…
Fonte de J&Cia revelou que em 14/5 João Caminoto, diretor de Jornalismo do Grupo Estado, reuniu-se com os gestores da redação e informou ter o RH da empresa recebido a missão de começar a desenhar um plano de retomada do trabalho na sede do jornal. O retorno será gradual e voluntário, com um escalonamento da volta dos times e só retorna quem quiser. Aqueles que puderem ou preferirem seguir trabalhando de casa, poderão seguir dessa maneira. Ainda não há data prevista de quando começaria esse movimento de retorno. A conferir.
Para marcar o lançamento do site do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPbio), a revista Página22 e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) realizam nesta sexta-feira (22/5), às 15h (14h em Manaus), o webinar Bioeconomia na Amazônia e o cenário Covid-19. A proposta é, ante a disseminação do novo coronavírus, reunir personalidades da Amazônia e da ciência para buscar mais conhecimento sobre as oportunidades que a floresta oferece, principalmente no uso de seus componentes e princípios ativos para a produção de medicamentos e outros produtos que possam contribuir com a qualidade de vida – além de políticas públicas e novos mecanismos financeiros para o desenvolvimento do setor. Transmissão via Zoom pelo Facebook do Idesam.
Nova atualização do estudo Covid-19: Impactos no consumo de mídia do Kantar Ibope mostrou que a parcela de pessoas que estão consumindo e devem manter o consumo de rádio aumentou para 74%. Na pesquisa anterior, divulgada há duas semanas, o índice era de 71%. O tempo médio em que as pessoas ficam sintonizadas no rádio também deve apontar crescimento em maio. O estudo compara os dados entre os períodos de 11 e 12 de maio a 4 e 5 do mesmo mês. De acordo com as informações do Kantar Ibope Media, mesmo com a mudança de rotina em virtude do isolamento social devido ao coronavírus, os ouvintes mantiveram o consumo do meio rádio com a mesma intensidade. Em alguns momentos, a intensidade é até maior do que o período pré-isolamento. (Veja+)
Na comunicação corporativa
Recentemente, o Grupo FSB lançou o e-bookO Futuro da Comunicação Pós-COVID-19 (baixe aqui), que traz análises, pesquisas e insights sobre como as empresas devem ressignificar sua comunicação para ganhar destaque no mercado em um futuro próximo.
Ederaldo Kosa, sócio da Linhas Comunicação, apresenta nesta quinta-feira (21/5), às 15h, o webinar Comunicação e fake news em tempos de pandemia. Kosa coordena desde 2011 o Grupo de Comunicação da Associação Nacional de Restaurantes (ANR). O setor é um dos mais afetados pela crise da Covid-19. O webinar é dirigido a empresários, gerentes e gestores de bares e restaurantes, mas todos podem participar, bastando enviar e-mail para comunicao@anrbrasil.org,br para receber o link. Ele contará com a presença de Lúcio Mesquita, consultor de comunicação que mora no Reino Unido há mais de 30 anos e que teve passagens por Estadão e Jovem Pan antes de chegar à BBC, onde atuou por cerca de 25 anos.
A JeffreyGroup reuniu um time de especialistas em 14/5 para um debate online sobre impacto social e sustentabilidade no mundo pós-Covid-19. O webinar Engajamento, governança e transparência: o que esperar do futuro? foi organizado pela área de consultoria em Impacto Social e Sustentabilidade, lançada recentemente pela agência. Conduzido por Danilo Maeda, diretor e líder da área na JeffreyGroup, o evento destacou temas importantes para o ambiente corporativo. Confira!
Internacionais
A liberdade de imprensa foi violada pelo menos 87 vezes na América Latina desde o início da pandemia, entre 1º de março e 21 de abril. O Brasil registrou 24 violações ao princípio constitucional nesse período, sendo 13 agressões e ataques a profissionais da imprensa, nove discursos estigmatizantes e dois assédios virtuais.
O levantamento foi feito pela rede latino-americana Voces del Sur, que a Abraji integra, e apresenta dados de oito dos 21 países da região. Os indicadores de monitoramento baseiam-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A Abraji foi responsável por enviar as informações sobre o Brasil. Com as 24 violações contabilizadas, o País ocupa o segundo lugar no número de casos entre as nações que participaram do levantamento, ficando atrás apenas da Venezuela, que soma 36 episódios de violações à liberdade de imprensa. (Veja+)
Outras iniciativas
Fenaj pesquisa profissionais infectados por coronavírus
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) iniciou na sexta-feira (15/5) uma pesquisa sobre os profissionais de imprensa contaminados pelo novo coronavírus, com o objetivo de obter números oficiais e mapear o real quadro de infectados na categoria.
A entidade enviou a pesquisa aos sindicatos de jornalistas de todo o País, e pede para que o formulário chegue a todas as redações, para abranger o maior número possível de profissionais e obter dados próximos aos reais. Maria José Braga, presidenta da Fenaj, declarou que a convocação para que os jornalistas respondam o formulário é “para acompanhar a evolução da doença entre a categoria, num cenário de subnotificação e, com isso, readequar a ação sindical sempre que for necessário”. Participe da pesquisa aqui.
Sete em cada dez brasileiros acreditam em fake news sobre Covid-19
A organização de pesquisa e petições online Avaaz divulgou um levantamento sobre as fake news durante a pandemia da Covid-19. Conforme o estudo, sete em cada dez brasileiros acreditam em notícias falsas relacionadas ao novo coronavírus. O índice representa cerca de 110 milhões de pessoas. O WhatsApp é o principal vetor de desinformação. Já o Facebook aparece em segundo lugar, com cinco entre dez internautas do País recebendo e repassando conteúdos mentirosos.
Laura Moraes, coordenadora de campanhas da Avaaz, salientou ao Coletiva.net o risco que esses dados demonstram: “Mais preocupante ainda é que 110 milhões de brasileiros acreditam em ao menos uma notícia falsa que afeta as decisões que as pessoas tomam para se proteger. Isso pode levar cada indivíduo a contagiar centenas de pessoas com o coronavírus, anulando os esforços de médicos e do poder público”.
Comparado aos Estados Unidos e à Itália, o problema das fake news é maior no Brasil, de acordo com a pesquisa. Enquanto 73% dos brasileiros já acreditaram em informação falsa, entre os norte-americanos o índice cai para 65%, e para 59% entre os italianos.
Entretanto, 80% dos entrevistados pela Avaaz responderam que gostariam de ver informações de correção feitas por agências verificadoras de fatos. Mas 57% afirmam que nunca viram as retificações ou algum alerta de conteúdo falso em plataformas digitais.
E mais…
Desde 14/5, usuários do whatsapp podem contar com a ajuda da Fátima, a robô checadora do Aos Fatos para encontrar checagens de peças de desinformação sobre a pandemia do novo coronavírus. Ao enviar “Oi, Fátima” para o número 21-997-472-441 o usuário receberá como resposta um menu com as instruções de como interagir com a robô.
O Goulart de Andrade que habita a Tirania da minúscula coroa: Covid-19
Por Gustavo Girotto (*)
Gustavo Girotto
No prédio em que resido morou, no passado, um ícone do jornalismo nacional: o saudoso Goulart de Andrade. Seu estilo único de narrar as reportagens, usando plano-sequência (quando não há cortes aparentes), também inovou o jeito de fazer matérias na televisão.
A quarentena, decretada como primeiro passo para frear a pandemia da Covid-19, provoca-nos profundas reflexões e, mais do que isso, impõe interrogativas diárias que precisam de respostas. Salientando a máxima: a informação correta, ainda mais em tempos de pandemia, salva vidas. Essa é uma das devolutivas de mentais perscrutações.
A análise dos impactos do coronavírus Covid-19, sob a óptica de profissionais e áreas afetadas, é o tema que perpassa a série documental A tirania da minúscula coroa: Covid-19, partindo de uma premissa de que a essência do jornalismo é um aliado no combate a esse inimigo invisível que colocou o mundo de joelhos.
Todo o roteiro – que nasceu no período da quarentena – é fruto de uma parceria inédita com os taquaritinguenses Ricardo e Juliano Sartori, da Via d’Ideia, especialistas na produção de videodocumentários, que entraram arfando em mar revolto de forma voluntária. Mais de 300 horas de material estão sendo transformadas em uma série documental do YouTube, em capítulos que podem ser vistos no https://www.youtube.com/c/ViadIdea. A busca e o encontro da ideia foi a causa de partida, amarrada em um roteiro didático e estruturado.
A produção demandou estudo, cuidado e concentração, mas, acima de tudo, um script de orientação que cativa o telespectador para entender a gravidade dos fatos. Médicos, economistas, artistas, atletas, jornalistas e profissionais de áreas de pesquisa integram o conteúdo transmitido diariamente pelas rádios Planeta Verde e Canal Um FM de Taquaritinga (berço de profissionais da imprensa como João Palomino, Pedro Cafardo e Augusto Nunes, por exemplo), que agora foi transformado em uma narrativa jornalística de série documental. É uma construção in house pelo celular – que impõe grande desafio à equipe –, respeitando o período da quarentena.
O jornalista filho de taquaritinguenses Tercio David Braga, que passou por Estadão e Metro Jornal, também colaborou na elaboração dos temas. A orientação conta com um nome de peso: Adalberto Piotto, autor do filme Orgulho de ser brasileiro. Agora na segunda fase, Débora Brandt – que foi roteirista do programa Metrópolis, da TV Cultura – e Oslaim Brito, autor de YouTube nas Ruas (especializado em fotografia de rua), embarcaram no navio em pleno alto mar, no meio da tempestade.
O padrão de produção está alinhado com a tendência moderna de seriados da Netflix, mas mergulhado em grande desafio: transformar o celular e a internet em ferramentas quase que exclusivas para a criação da narrativa que vai se transformar no documentário, usando uma lógica de timeline (linha do tempo).
A óptica jornalística diante dos fatos, “iluminada” por depoimentos de grandes nomes de cada área, alinhada a uma edição dinâmica, são os pontos fortes da produção. Se perguntássemos ao Goulart de Andrade, que inovou em sua época – e nos inspira a criar o projeto –, “como será o mundo depois do coronavírus?”, talvez a resposta fosse: “A partir de agora, nunca mais será o mesmo”. O fato é que, o espírito de inovação do Goulart que nos habita, agora também se faz presente em A tirania da minúscula coroa: Covid-19. Assistam e compartilhem!
(*) Gustavo Girotto é jornalista, sócio da Tamer Empresarial e o diretor geral de A tirania da minúscula coroa: Covid-19
Demissões sempre fizeram parte da vida do jornalista. Agora, elas virão com a força do isolamento e o peso da desigualdade social. Um espelho difícil de encarar pra quem aprendeu a reconhecer dois privilégios, num país como o Brasil, o de ter poupado dinheiro e o de ter o direito à moradia. Por outro lado, o reflexo da imagem de quem tiver a coragem de olhar de frente para o que passou pode ser mais um caminho de concretização da liderança colaborativa.
Quantos de nós não somos da extensa e diversificada classe média, que mistura extremidades de comportamentos no que tange a educação financeira e hábitos alienados na relação com dinheiro?
Não consigo ter dimensão do que representam os profissionais de comunicação quando penso sobre o comumgerado pela experiência da profissão na visão econômica de cada leitor que dedica seu tempo agora à leitura deste artigo.
Como a vida de quem, hoje, sente a tensão da crise da imprensa e o medo do futuro na atuação profissional diante das equipes enxutas, impressos excluídos e da incerteza do que permanecerá vivo depois da pandemia impacta no sentimento de quem tem necessidades básicas não supridas como o aluguel da casa, a dívida do apartamento ou a redução no consumo – leia-se desde o leite que pode estar faltando na lista do supermercado até ao cultural, como viagens internacionais, tão frequentes entre jornalistas.
São muitas incógnitas para tecer o fenômeno do contexto econômico que rodeia os negócios de comunicação desde o século XIX. O motivo de trazê-las hoje para a nossa conversa é em função da relação que temos entre o saber com o fazer, pois a líder que me inspirou hoje traz na sua fala muita consciência sobre o aprender e acredito que é a partir desta clareza do valor do aprendizado que podemos alçar o voo da colaboração. Pra começar a brincadeira, duas perguntas: O que você faz com aquilo que sabe? e Como aprendeu o que sabe?
Trilhá-las deverá te levar para diferentes memórias emotivas. Sejam alegres ou depressivas, o pedido é para sustentá-las de longe, sem se identificar com a dor ou julgar a ignorância. Anote os fatos! Coloque toda a sua atenção nos acontecimentos e tente ordenar a sequência daquilo que viveu. Esse é um dos métodos que utilizo para a tomada de consciência que pode transformar a sua visão de futuro e permitir reconhecer caminhos diante da escuridão e incerteza que estamos vivendo.
Inspiração
Luciana Coen congrega um cargo raro dentro da Comunicação Corporativa, porque inclui duas áreas extremamente necessárias para a mudança do mundo que almejo às minhas netas: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Trabalhei com a Lu na virada da minha carreira entre o tornar-me mãe, dos 29 aos 31,5 anos, período em que toda a liderança da editora especializada em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), a que dediquei durante cinco anos, foi substituída. Lu chegou com a nova liderança e vivemos juntas o impacto de uma típica reestruturação de reduzir custos e inovar as marcas na busca de alguma saída econômica.
Reencontrá-la como diretora de Comunicação Integrada, Responsabilidade Social e Sustentabilidade da SAP foi uma alegria para minha alma ativista, que dedicou os últimos sete anos à causa da Mulher e da Primeira Infância. Ouvir a história profissional da Lu, que conheci na juventude, e tornou-se uma liderança da indústria, que eu cobria com minha cegueira juvenil, tocou em mim as forças do saber e do aprender, porque elas passam despercebidas diante da velocidade que o trabalho da narrativa exige de quem se dedica a pensar como entregar a informação para atender aos objetivos daquela mensagem ou trazer a história para denunciar a injustiça, a ganância e a violência ou para vender necessidades, sejam elas de fato necessárias ou ilusões.
Colabore-se!
Quando conversei com a Lu ainda no começo da pandemia e, na semana passada, ainda não tinha reconhecido que partilhávamos a única experiência que eu vivi de reestruturação organizacional. Poderia usar toda a força crítica e investigativa, que tenho impregnada da prática jornalística, para julgar esse esquecimento ou o fato exclusivo da minha trajetória. Colaborar com o fenômeno que vivemos desde a infância, quando sonhamos pela primeira vez em ocupar este papel de jornalista – seja pela paixão pelo futebol ou outra temática específica, pelo talento de escrever ou pela ânsia de mudar o mundo –, é cuidar das habilidades que adquirimos para não aplicá-las no nosso processo de desenvolvimento. Ser crítico e investigativo faz parte do atuar na busca pela mensagem, mas não no encontro com o passado.
Colabore contigo na trilha daquilo que sabe para não ficar parado como tantos negócios ficarão por não discernirem as pessoas das suas habilidades, capacidades e atitudes. Não é fácil investigar os acontecimentos da nossa trajetória vivendo os extremos do pulsar da vida emocional, mas eles podem lhe revelar caminhos nunca antes vividos e essa é a meta da colaboração: inovar além da eficiência, que descarta cada vez mais humanos das cadeiras dedicadas ao amor pela Comunicação.
Luciana Coen
Luciana Coen SAP Líder: Aberta Insight: Aprender sempre! Filosofia: não tenho uma corrente de gestão. Acredito no aprendizado mútuo. Referência: Michelle Obama
Tempo da Jornada Jornalismo: 16 anos Destaque: IDG, IT Mídia, Abril e Estadão RP: 6 meses Destaque: TV-1 Corporativo: 9 anos Destaque: SAP Formação: Comunicação Social
Paulista, Luciana Coen nasceu numa família que preza o aprender no seu DNA. Sua escolha por jornalismo veio com a vontade de equilibrar o técnico das faculdades de Comunicação Social com a base da História ou Economia. Na hora do vestibular, ela passou em História na Unicamp e, em diversas, no Jornalismo. Escolheu a PUC-SP por influência histórica – seus pais foram presos políticos da Ditadura – e desistiu da base que teria da História na sua formação de jornalista pela distância da logística entre as universidades. Não se arrepende.
A PUC foi suficiente para abrir uma jornada de 16 anos com destaque para Abril, Estadão e IDG. Num ritmo de cinco anos, Luciana conta que sempre teve um “vai e volta” em cada uma das três editoras. Tal experiência marcou-a na certeza de que “portas abertas” sempre existem para quem faz um bom trabalho.
Curiosa e apaixonada pelo que faz, Luciana explica que sua trajetória profissional foi muito consciente. Quando reconheceu que a editoria seria o ápice do jornalismo, na sua vivência, colocou-se em ação para aprender novas habilidades, como exercer liderança, visão de negócio e gestão além do conteúdo e das pessoas. Passou pela TV-1 para iniciar a nova jornada, voltou a estudar para aprender Comunicação Corporativa e agarrou, com “unhas e dentes”, a oportunidade de trabalhar na SAP, que fazia parte do seu alvo: uma empresa que tivesse boa reputação e um produto no qual ela acreditava.
Nove anos! Foi o tempo necessário para Luciana desenvolver um lugar diferente para a Comunicação, pois hoje ela integra, além da Comunicação Interna, os cuidados com Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Cada expressão nova representa uma especialização feita em instituições como Syracuse (norte-americana) e FGV. Se tem uma coisa que é clara, para Luciana, é o tempo da conjugação do verbo aprender: eterno, enquanto dure a vida. Com esse espírito – de estar sempre aberta a novos aprendizados –, ela não ousa citar nome das pessoas que a inspiraram, como hoje inspira sua equipe e seus fornecedores: “Foram muitas e tenho receio de esquecer alguém que contribuiu muito com a minha jornada”.
Uma grande preocupação na indústria de mídia britânica quando começou a Covid-19 era a ameaça aos impressos, atingidos pela queda de receita publicitária e pelo isolamento social que impedia leitores de comprarem jornais em bancas ou folheá-los no transporte público. A tempestade perfeita estaria precipitando a morte anunciada do papel e consolidando o online.
Mas as coisas não são tão simples. Notícias sobre cortes de pessoal e fechamento de operações de veículos nativos digitais relevantes na Grã-Bretanha indicam que a questão da sustentabilidade financeira vai além do meio pelo qual a informação é entregue ao leitor.
Entre os anúncios está o do premiado Buzzfeed, que na semana passada revelou a decisão de suspender os sites dedicados ao noticiário do Reino Unido e da Austrália, mantendo apenas poucos repórteres para cobrir notícias de interesse da audiência americana. Também o respeitado site de notícias financeiras Quartz surpreendeu ao informar que vai rifar suas bases em Londres, San Francisco, Hong Kong e Washington, resultando em corte de 40% da equipe.
Tráfego alto não se traduz em receita – O paradoxo é que isso acontece em um contexto de elevação de tráfego online, com veículos digitais comemorando recordes de acesso. A empresa de pesquisas Emarketer revisou suas projeções feitas antes da pandemia, apostando em crescimento do tempo dedicado às telas para este ano. E em queda de 13,5% no tempo de leitura de jornais impressos.
Mas se organizações relevantes não conseguem equacionar receitas mesmo com prestígio e audiência, pode ser um sinal de que os problemas não começaram quando o vírus chegou para paralisar a economia e mudar hábitos.
O caso do Buzzfeed alimenta a tese. No longínquo 2018, bem antes de alguém sonhar com o caos trazido pela pandemia, sua receita no Reino Unido já vinha negativa, com prejuízo registrado de £ 9,4 milhões.
Não é o único. Um relatório da AOP (UK Association of Online Publishers), em conjunto com a consultoria Deloitte, apontou que último trimestre de 2019 as receitas dos veículos digitais tinham encolhido 6,2% no país, consequência principalmente de um tombo de 22% na arrecadação com publicidade, apesar de 24% de aumento de faturamento com assinaturas.
O cenário coloca em pauta o debate sobre o paywall como modelo de negócio. E eleva as pressões sobre as plataformas digitais, nas quais o conteúdo produzido pelas organizações jornalísticas tradicionais muitas vezes é compartilhado livremente. Um episódio recente no Reino Unido colocou mais lenha na fogueira.
O colunista Owen Jones, do The Guardian, postou no Twitter em 18 de abril a explosiva reportagem investigativa do Sunday Times apontando falhas na condução do combate à pandemia pelo Governo. E salientou que o conteúdo estava protegido por paywall. A pedido do jornal, o Twitter removeu as imagens.
É uma situação complexa. Proporcionar o acesso de mais gente a uma reportagem importante sobre a pandemia pode ser considerado um ato de interesse público. Como veículos em todo mundo, inclusive no Brasil, passaram a fazer, derrubando o paywall nas matérias sobre a pandemia.
Mas há o outro lado: se existe legislação de direitos autorais, caberia ao dono da reportagem tomar essa decisão, e não a terceiros, ainda que com boa intenção.
Apple entra na dança – A briga acabou sobrando para a Apple. O CEO da plataforma de leitura de jornais PressReader está liderando um movimento para que os editores pressionem a companhia a remover o mecanismo que permite aos usuários de seu sistema operacional capturar telas e reproduzi-las em redes sociais.
Querelas como a de Jones e o Sunday Times não são difíceis de resolver, pois há leis e regras aplicáveis. Mais desafiante é encontrar modelos de negócio que assegurem a sobrevivência do bom jornalismo em um mundo transformado por mudanças tecnológicas, novos hábitos e recessão afetando até as mais sólidas economias.
Exemplos e pesquisas sinalizam que depender somente de receitas publicitárias torna-se cada vez mais arriscado. E que conteúdo com qualidade suficiente para convencer o público a pagar por ele pode fazer a diferença entre quem fica e quem sai do jogo.
O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJSP, deferiu em 18/5 novo processo de recuperação judicial da Editora Três, que publica os títulos IstoÉ, Dinheiro, Dinheiro Rural e Motor Show (veja a íntegra da sentença). O pedido, que havia sido apresentado em 24/4, baseia-se na queda de arrecadação publicitária devido à pandemia do coronavírus e nas dificuldades de acesso ao crédito. Entre as novidades a serem enfrentadas na crise, diz que ocorre a tomada de espaço da mídia digital em detrimento da impressa.
A empresa já passou por esse processo antes: em 2008, saindo supostamente recuperada em 2016. Para entrar em recuperação judicial pela segunda vez, cita como exemplo empresas americanas para comprovar que não há limitação e defende a importância de manter as revistas do grupo em circulação.
“Nunca essa responsabilidade institucional e, por que não dizer, patriótica, da defesa incondicional da democracia, foi tão importante para o Brasil, que tem vivido nos últimos anos um viés de radicalização – tanto à esquerda, quanto à direita – que coloca em perigoso risco a manutenção dos direitos constitucionais dos cidadãos brasileiros, entre eles os de imprensa livre e independente”. (Com informações do Conjur)
Uma das grandes preocupações, agora, é com a questão dos salários e pagamentos de frilas, que, pelo que apurou este J&Cia, já começam a sofrer atrasos. Um deles, ouvido por J&Cia, quando soube da nova recuperação judicial e confrontado com o atraso no pagamento que a empresa lhe deve, desabafou: “Caí na vala dos desesperados com crédito a receber e nenhuma perspectiva de que isso, um dia, aconteça”.
Daniel Bruin, sócio da XCom, foi eleito para o board da PR World Alliance, grupo que reúne 17 agências de 13 países. “Estamos muito felizes de anunciar a eleição do Daniel, é muito importante para a PRWA expandir a representatividade de nosso board para países de outros continentes”, afirma a holandesa Marianne van Barneveld, presidente do board da PRWA.
A XCom foi a primeira agência da América Latina e do hemisfério sul a ser aceita na aliança. Os próximos membros aprovados são a Minerba, da Argentina, e a Communications, agência mais tradicional da Coreia do Sul.
Primeira edição do concurso contará com apoio da HBO e premiará reportagens que adotem o uso de linguagem inclusiva
Portal dos Jornalistas e a newsletter Jornalistas&Cia, com o apoio da HBO Latin America, abriram nesta quarta-feira (20/5) as inscrições para a primeira edição do Prêmio de Jornalismo Inclusivo. O concurso nasce com o objetivo de reconhecer trabalhos jornalísticos que alertem para a importância da inclusão, em seus mais variados tipos, para a sociedade.
Para marcar a edição de estreia, o tema escolhido foi Todxs Nós – Linguagem Viva e Inclusiva, que reconhecerá reportagens que adotem o uso de linguagem inclusiva. A escolha é uma referência à série da HBO Todxs Nós. Nela, Clara Gallo dá vida a Rafa, jovem pansexual não-binárie, que deixa a família no interior de São Paulo e muda-se para a casa de seu primo, Vini (Kelner Macêdo), na capital. Vini já divide o espaço com sua melhor amiga, Maia (Julianna Gerais), e ambos ficam surpresos ao descobrir que Rafa se identifica com o pronome neutro e não com o gênero feminino ou masculino. As descobertas e lutas retratadas na série de oito episódios são um convite à reflexão e um pedido de compreensão para muitos grupos que não se sentem representados pela dicotomia tradicional de gênero.
“Fazemos um convite para que jornalistas, mesmo que por um momento, deixem de lado os tradicionais manuais de redação e se permitam explorar toda a dinâmica que a linguagem oferece e potencializa”, destaca Eduardo Ribeiro, diretor da Jornalistas Editora. “Para nós é motivo de muito orgulho ter escolhido uma temática tão inovadora logo na estreia e, principalmente, poder contar com o apoio de uma das mais respeitáveis marcas de entretenimento do mundo, que é a HBO”.
Poderão concorrer reportagens nas categorias Áudio, Vídeo, Impresso e Online, publicadas entre 1º de outubro de 2019 e 30 de setembro de 2020, data em que se encerra o período de inscrições. Mais informações, regulamento e inscrições no hotsite da premiação: pji.portaldosjornalistas.com.br.
Guia promove reflexão e debate uso de linguagem não-binária
Para promover a reflexão sobre a inclusão e a representatividade de pessoas não-binárias na comunicação, a HBO acaba de lançar o Guia TODXS NÓS de Linguagem Inclusiva. Elaborado pela consultoria especializada Diversity Bbox, o manual traz informações que vão desde o uso de pronomes neutros até construções gramaticais com alternativas à utilização de pronomes masculinos e femininos.
“Comunicar-se de forma inclusiva significa ter a consciência de que a sociedade e o ambiente de trabalho são compostos por pessoas com diferentes características e identidades”, destaca Pri Bertucci, CEO da Diversity Bbox. “É uma garantia de respeito, valorização e acolhimento da diversidade humana”.
O Guia, que já está disponível para download na página do Prêmio de Jornalismo Inclusivo, também servirá como material de consulta e orientação para as Comissões de Seleção e Premiação do concurso.
Em contraponto a outras modalidades esportivas, os eSports estão em alta durante a pandemia. A grande maioria da imprensa esportiva detectou queda na audiência, teve que se adaptar ao home office, reinventar-se e alterar o conteúdo produzido, elaborando novos projetos para conseguir trazer informações sobre esportes, mesmo à distância, uma vez que as competições estão suspensas ou canceladas. Nesse sentido, os eSports são um ponto fora da curva.
Mesmo com competições presenciais suspensas e diversos eventos de lançamento e divulgação cancelados ou adiados, os games em geral avançaram, principalmente neste período de distanciamento social. Como consequência, a imprensa que cobre os eSports cresceu em audiência e no consumo de seu conteúdo.
Barbara Gutierrez
J&Cia conversou sobre o assunto com Barbara Gutierrez, editora-chefe do IGN Brasil e do Versus Esportes. Ela contou que o conteúdo produzido e a cobertura dos campeonatos de eSports não mudou muito, que segue sendo a mesma, com divulgação e análise de resultados, entrevistas, apesar de serem à distância. Mas percebeu uma mudança significativa nas coletivas de imprensa. Confira a íntegra da entrevista:
Jornalistas&Cia – Como o coronavírus afetou o cotidiano da equipe do IGN Brasil e do Versus? A jornada de trabalho foi alterada? Todos seguem trabalhando, mesmo remotamente?
Barbara Gutierrez – Nós colocamos toda a equipe em casa, desde o começo da quarentena. Garantimos que todos os profissionais tivessem acesso ao material adequado para a produção de conteúdo em home office. Porém, a jornada não foi alterada, continuaram as oito horas de trabalho. Atendemos a algumas demandas específicas, permitindo que algumas pessoas entrem mais tarde ou mais cedo por necessidade, mas no geral a jornada ficou a mesma.
No momento, não precisamos nos preocupar com a locomoção dos profissionais de suas casas até o trabalho, ou até um evento, que deixou de acontecer. Toda essa cobertura tornou-se remota.
J&Cia – Que tipo de conteúdo está sendo produzido? Ele mudou por causa do coronavírus?
Barbara – O conteúdo segue o mesmo, só que agora feito 100% online e remoto. Fazemos vídeos, alguns só com locução, outros com repórteres aparecendo à frente das câmeras; estamos fazendo lives, um dos recursos mais populares desta quarentena, focando no conteúdo que é de interesse do público. Como não há muitas novidades, por causa de adiamentos, suspensões e impactos na atividade de games como um todo, nosso foco tem sido o conteúdo baseado em SEO, ou seja, nas buscas do Google, naquilo que o público está buscando.
J&Cia – Na audiência, quais foram os impactos detectados?
Barbara – Inicialmente, observamos que as pessoas de games tradicionais estão consumindo menos conteúdo, enquanto que os que consomem eSports querem mais conteúdo. É interessante observar estes dois tipos de gamers: um, que é mais tradicional, consome por entretenimento, diversão, descontração, e não busca muito conteúdo sobre aquilo; e o gamer que gosta de eSports quer informações sobre as competições, acompanha os campeonatos ou uma livrestream de seu streamer favorito online, e lê também notícias sobre o assunto.
J&Cia – Diferentemente de outras competições esportivas – suspensas por causa do coronavírus –, os campeonatos de eSports seguem na ativa. Algumas modalidades, como futebol e automobilismo, estão promovendo competições virtuais, que servem como “solução momentânea”, suprindo a falta de esportes nessas categorias. Como vê essa novidade?
Barbara – É relevante perceber que, neste momento, os games – por muito tempo “negados” pela sociedade e julgados como algo “ruim” – passaram a ser uma alternativa para matar o tédio, divertir, e mesmo para cultura. Quem nunca ouviu as tradicionais reclamações familiares, tipo “para de jogar”, “só fica aí sentado”, “isso não vai te levar a nada”, “isso te faz mal”, estereótipos sobre os games enraizados em nossa sociedade, de que eles só fazem mal. Esse novo fenômeno é muito interessante e com certeza trará frutos para o universo dos games, que transcenderá a pandemia. Esse reconhecimento está aumentando, e nós ficamos muito felizes com essa oportunidade de mostrar para a sociedade que o jogo é muito mais do que um produto. É uma atividade social e educacional, possibilita a interação, ensina a ganhar e perder. Uma pena que isso veio em meio a uma situação tão calamitosa e triste. Estamos vendo uma revolução no consumo de conteúdo do público em geral também.
J&Cia – Qual é a importância dessa “alta” nos eSports e em jogos digitais em geral no que se refere à visibilidade e ao futuro desta modalidade esportiva?
Barbara – A maior importância é perceber que as pessoas estão começando a ver os jogos como um aliado, e não como um inimigo. Hoje, vivemos uma inversão de valores. Isso é muito importante para incentivar as pessoas a jogar, a praticar os eSports. As novas gerações, por viverem em meio a essa alteração na imagem dos games e dos gamers, podem conseguir ver os eSports sob uma perspectiva mais “natural”.
J&Cia – Quais são as principais vantagens e desvantagens do trabalho em home office?
Barbara – Cobrir o universo dos eSports e dos games faz com que estejamos em contato com milhões de informações que chegam a todo instante, principalmente nas redes sociais, vindas do Brasil e de diversas regiões do mundo. Por isso, acredito que as redações deveriam incluir ao menos um dia da semana em home office, pois isso ajuda a aliviar a cabeça, descontrair. No nosso caso, que trabalhamos com games e podemos jogar, creio que essa dinâmica deve ser ainda mais explorada, até porque sempre fui defensora do home office. Já implementei isso no Versus Esportes, e pretendo fazer também no IGN Brasil. Nesse contexto de pandemia, porém, em que estamos sem sair de casa há muito tempo, essa situação fica complicada. Quando trabalhamos com algo que amamos, como é o meu caso, é muito difícil conseguir separar o hobby do trabalho. Existe a questão do perfeccionismo, e daí surge a questão do esgotamento físico e mental, o burnout. E quando isso alia-se ao home office, as consequências são maiores, porque não se consegue separar vida e trabalho. O lugar onde você dorme e descansa é, literalmente, o mesmo lugar onde você trabalha nesse momento.
A Rede Globo extinguiu a Central de Atendimento ao Telespectador (CAT) e demitiu os funcionários do Rio e de São Paulo. O serviço funcionava por telefone ou e-mail, era uma ligação direta entre a emissora de seu público, e respondia a dúvidas sobre roupas, acessórios, maquiagem e produtos apresentados nos programas da casa. A informação é de Renata Nogueira, no UOL.
O CAT alavancava principalmente as novelas. Quando alguém ligava perguntando onde comprar isso ou aquilo, o CAT informava, e a moda estava lançada, pois eram muitas perguntas por dia, sobre os mais diversos assuntos e programas. Como uma central de fidelidade do telespectador, que se sentia acolhido pela programação. Um tipo de pós-venda do produto, para garantir a fidelização do consumidor. Também um termômetro da audiência, já que faziam um cadastro e sabiam onde estava qual tipo de pessoa – avaliação que hoje os algoritmos fazem, o que deve ter motivado a extinção.
Em tempos de lockdown para os programas de auditório, quando todas as empresas usam internet e telefone para fazer contato com os clientes, desativar um serviço que funciona pode representar mais perdas do que ganhos. Transformá-lo em exclusivamente digital é arriscado, pois exclui os idosos, que preferem o contato telefônico pessoal e devem ser uma parcela importante da audiência cativa, aquela que tem tradição de sintonizar a emissora.