A Alameda Editorial realiza nesta sexta-feira (8/10), às 18h, o pré-lançamento do livro Nossa correspondente informa − Notícias da ditadura militar brasileira na BBC de Londres, de Jan Rocha, que foi correspondente da rádio BBC no Brasil na época da ditadura militar. Ela levava informações do regime para o resto do mundo, furando a censura.
Na obra, a autora mostra como conseguiu driblar a censura e enviar para Londres informações sobre o que acontecia aqui no Brasil. O livro traz material, guardado pela autora, que aborda desaparecimentos, torturas, mortes e “como o regime ditatorial tornava um verdadeiro inferno a vida da grande massa da população”.
“Jan Rocha não se limitava a noticiar o que sofriam os militantes da resistência, mostrava também como o regime perseguia indígenas e camponeses e maltratava a população pobre das periferias das grandes cidades com uma polícia assassina e políticas econômicas desastrosas”, escreveu Adriano Diogo, presidente da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva.
Rocha é uma jornalista inglesa que veio ao Brasil em 1969, e atuou como correspondente, além da rádio BBC, para o jornal The Guardian. Em 1980, ganhou o Prêmio Vladimir Herzog por uma reportagem sobre a resistência de mineiros bolivianos ao longo do golpe militar. É autora de vários livros, como Rompendo a cerca: a história do MST (Casa Amarela, 2004), em coautoria com Sue Branford; Haximu: o massacre dos Yanomami e as suas consequências (Casa Amarela, 2007) e Solidariedade tem fronteiras (Outras Expressões, 2018)
O pré-lançamento será feito em uma live no canal da Alameda Editorial no YouTube, e contará com participação de Verónica Goyzueta, Norma Couri e Marina Amaral. O lançamento físico será na próxima quarta-feira (13/10), às 19h, na livraria da Alameda, na rua Treze de Maio, 353, Bela Vista, em São Paulo. A autora fará uma noite de autógrafos.
Uma proposta de Marco Zero Conteúdo, Universidade Católica de Pernambuco e oito organizações jornalísticas independentes do Nordeste foi uma das vencedoras do Google News Iniciative Innovation Challenge 2021. A ideia é criar uma ferramenta automatizada para diagnosticar problemas de acessibilidade para cegos e pessoas com baixa visão nas plataformas de veículos jornalísticos, bem como um aplicativo agregador de conteúdo acessível e de qualidade.
Para a realização do projeto, os responsáveis lançaram uma pesquisa para identificar e mapear percepções sobre a acessibilidade em conteúdos produzidos por organizações jornalísticas brasileiras, e analisar se há ou não nelas iniciativas de inclusão. Os dados obtidos resultarão em um diagnóstico final sobre a sensibilidade da indústria jornalística nacional em relação à inclusão de pessoas cegas e com baixa visão.
A pesquisa faz perguntas de tópicos como o entendimento dos participantes sobre o conceito de acessibilidade, se a empresa na qual trabalha possui políticas de inclusão de pessoas cegas e com baixa visão, se o veículo já foi cobrado para implementar ou ajustar recursos de acessibilidade, quantas pessoas com deficiência visual trabalham na empresa, entre outros.
Também integram a iniciativa as seguintes organizações: Retruco (PE), Diadorim (PE), Saiba Mais (RN), Agência Eco Nordeste (CE), Revista Afirmativa (BA), Mídia Caeté (AL), Olhos Jornalismo (AL) e a newsletter Cajueira.
A revista piauí deve anunciar nesta quinta-feira (7/10) um novo modelo de gestão. A publicação passará a ser mantida com recursos de um fundo patrimonial do Instituto Artigo 220, recém-criado por João Moreira Salles, fundador da piauí. Com isso, torna-se uma entidade sem fins lucrativos. As informações são de Maurício Stycer, do UOL.
A Folha de S.Paulo explicou que o instituto receberá uma doação do próprio Salles de cerca de R$ 350 milhões. O valor anual destinado à revista deve ficar entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, a partir de rendimentos, e não do principal, com o objetivo de manter o fundo intacto. A publicação continuará a buscar receitas com assinaturas, publicidade e eventos.
O nome do instituto é baseado no artigo da Constituição que defende que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição”. O conselho editorial é formado, além de Salles, por Dorrit Harazim, Flavia Lima, Marcelo Medeiros, Natuza Nery, Simon Romero e Thiago Amparo.
Segundo Stycer, Salles fará parte do conselho, mas deve desligar-se da piauí em algum momento, nos próximos anos. Além disso, André Petry, diretor de Redação da revista, fará reuniões com o conselho do instituto, mas como organismo independente.
“A intenção é que a publicação se torne independente do fundador”, explica o colunista. “Ao divulgar as novidades, a piauí enfatizará a necessidade de contar com o apoio de assinantes”.
Em live realizada no YouTube do Sindicato dos Jornalistas do DF, foi lançado nessa terça-feira (5/10) o 3º Dossiê de Censura e Governismo na EBC. O documento aponta aumento no número de casos de censura entre agosto de 2020 e julho de 2021. E separa, pela primeira vez, casos de censura e governismo praticados na empresa pública.
Os dados vêm sendo contabilizados pela Comissão de Empregados da EBC desde o governo Temer, em 2018, quando os episódios começaram a se multiplicar. O primeiro dossiê contabilizou 61 casos. Em 2019, o segundo levantamento apurou aumento nos casos e registrou 138 episódios. Entre os destaques deste terceiro relatório estão o corte de pautas sugeridas, que nem chegaram a ser produzidas.
Dentre os veículos da EBC, os mais censurados foram TV Brasil (53,3% dos casos), Agência Brasil (25,7%), rádios ligadas à EBC (19,8%) e equipes de mídias sociais (1,2%).
A censura prévia foi realizada principalmente em temas considerados delicados ou controversos ao governo, como direitos humanos e meio ambiente. Além de pautas que caíram, há relatos também de cortes de trechos das reportagens. Alguns repórteres, ao questionarem o motivo da censura, receberam como resposta “orientação dos superiores”.
Sobre a CPI da Covid, o dossiê destaca que foram vetados os depoimentos do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “A própria escala da equipe que deveria acompanhar o andamento dos trabalhos da comissão deixou de ser feita, como se fosse algo irrelevante”, diz o documento.
Além disso, o dossiê ressalta que foram censuradas notícias sobre o marco de 400 mil mortes por Covid-19 no Brasil, sob a justificativa, inspirada na tese governista, de que medidas de contenção da pandemia poderiam prejudicar a economia.
O lançamento do dossiê foi acompanhado de debate sobre liberdade de imprensa e expressão, com a participação de Denise Dora (Artigo 19), Giuliano Gali (Instituto Vladimir Herzog), Emmanuel Colombié (Repórteres sem Fronteiras) e Márcio Garoni (Fenaj), com mediação de Letycia Bond (EBC).
Vai até esta quinta-feira (7/10) a votação para o primeiro turno da sexta edição do Prêmio Os +Admirados de Economia, Negócios e Finanças. O concurso, que conta com patrocínio de BTG, Captalys, Deloitte, Gerdau e Telefônica | Vivo, apoio de divulgação do I´MAX e apoio institucional do IBRI, vai distinguir os +Admirados jornalistas e veículos em 14 categorias. O destaque para este ano são as categorias regionais, que apontará os jornalistas TOP 3 nas cinco regiões do País.
A cerimônia de premiação será em 30 de novembro. O evento terá formato hibrido, com um almoço presencial no hotel Renaissance, em São Paulo, e transmissão ao vivo pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube. Desta forma, os premiados e convidados que não puderem comparecer terão a opção de assistir e participar da cerimônia em tempo real.
Para contribuir com seu voto basta acessar o link, preencher um breve cadastro (ou fazer login caso tenha votado) e indicar até cinco nomes por categoria. Importante ressaltar que não é necessário indicar em todas as categorias para validar sua participação.
As categorias desta edição são: Veículos (TOP 3) − Agência de Notícias, Canal Digital, Podcast. Programa de TV, Programa de Rádio, Site/Blog, Veículo Impresso e Veículo Impresso Especializado; Jornalistas Nacional (TOP 50); e Jornalistas Regional (TOP 3) − Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul.
A Associação Mundial de Editores de Notícia (WAN-IFRA) divulgou os vencedores do Digital Media Latam 2021. Seis trabalhos brasileiros foram premiados neste ano.
O jornal O Globo venceu os prêmios de Melhor estratégia de conteúdo pago e Melhor campanha de marketing digital, esta segunda com uma campanha que celebrou o movimento LGBTQIAP+.
Na categoria Melhor uso de vídeo online, o UOL foi o vencedor com o especial O vampiro de Niterói, enquanto o projeto Microfone Aberto, do programa Jogo Aberto (Bandeirantes) foi premiado como Melhor campanha de Branded Content.
Outros veículos vencedores foram La Nacion (Argentina), Diario AS (LATAM), MVS Radio (México), Ojo Público (Peru), El Heraldo de México (México), Proceso (México), Fundación Para el Periodismo (Bolívia), Grupo AM (México), Prodavinci (Venezuela) e El País (Uruguai).
Era uma vez uma startup de mídia digital campeã, aberta em 2013 por um jornalista negro, filho de pais jamaicanos, com passagens por grandes redes de TV, tendo ao seu lado um matemático formado em Harvard egresso do Goldman Sachs.
Em oito anos, captou US$ 70 milhões e empregou 75 profissionais na produção de podcasts, séries e eventos, chegando a ganhar um Emmy.
Mas a carruagem da americana Ozy Media transformou-se em abóbora em 26 de setembro, quando o New York Times desvendou uma teia de mentiras por trás do sucesso da empresa, que de tão absurda parece ter saído das páginas de um livro.
Carlos Watson e Samir Rao criaram uma farsa, inflando métricas de audiência e vendendo ilusões em torno de seus produtos para encantar investidores. Rao chegou a passar-se por um executivo do YouTube em uma conferência telefônica com um banco em fevereiro do ano passado, elogiando a performance da Ozy.
Samir Rao (Crédito: Ozy Media)
Na semana passada, nomes de peso deixaram a empresa, como a ex-âncora da BBC Katty Ray, com apenas três meses de casa. O investidor bilionário Marc Lasry renunciou à presidência dizendo que a empresa precisava de experiência em gestão de crises − um diagnóstico preciso.
Diante do tsunami, Watson anunciou em 1º/10 que a Ozy, fecharia. Mas em uma entrevista para a CNBC na segunda-feira (4/10), disse que tinha sido uma “decisão prematura”, referindo-se a “conversas produtivas com assinantes e investidores” para mantê-la de pé.
Se conseguir, será um desfecho de conto de fadas.
E não se deve duvidar, porque por muitos anos eles convenceram até grandes players do setor, gente experiente em analisar negócios de mídia. Em 2014, o grupo alemão Axel Springer, que há algumas semanas comprou o Politico, aplicou US$ 20 milhões na Ozy.
Seria a única?
A história provocou comentários em veículos especializados sobre o risco de a Ozy não ser a única a usar recursos para inflar audiência. Só que alguns são lícitos, outros não.
E vai ser difícil encontrar outra empresa capaz superar em ousadia o que Watson e Sam fizeram.
A farsa em que Samir Rao passou-se por Alex Piper diante do Goldman Sachs talvez seja a maior delas. Não colou porque alguém desconfiou da voz e confirmou com o Piper verdadeiro que ele não estava na conversa.
A justificativa foi que Rao teve uma “crise de saúde mental”. E o banco não efetivou o aporte de US$ 40 milhões.
Entretanto, o investimento continuou sendo apregoado para outros investidores, um aval de peso que levou a LifeLine Legacy a colocar US$ 2 milhões na Ozy. Na semana passada, a gestora de fundos com sede na Califórnia abriu um processo de fraude.
Essa não foi a única fantasia.
Uma das revelações foi que Watson mentiu ao afirmar que o casal Ozzy (cantor) e Sharon Osbourne investiu na empresa, quando na realidade eles apenas possuíam ações. E ainda moveram um processo em torno do nome do festival promovido pela Ozy, o Ozy Fest.
Outra farsa foi a de que a empresa estaria produzindo um show para a A&E. O programa foi veiculado somente nos canais próprios.
Na entrevista à CNBC, Watson tentou consertar: disse que o show tinha sido concebido para a A&E, mas um conflito de horários teria mudado os planos.
O Times revelou ainda que a Ozy apresentava seu próprio talk-show como “o primeiro na Amazon Prime”. No entanto, o programa chegava à plataforma por meio de um serviço que não recebe promoção da Amazon.
Ao tentar minimizar ou justificar as acusações, sobrou para a imprensa, claro. Carlos Watson criticou o New York Times por ter exposto seu sócio, alegando que o caso da conferência com o banco era um problema de saúde mental já superado.
E ao prometer a volta da empresa, apelou para uma passagem bíblica. Disse que a Ozy tem muitas coisas a melhorar, e que este será seu “momento Lázaro”, em alusão ao homem ressuscitado por Cristo.
Ele vai mesmo precisar de um milagre para conquistar a confiança de empregados, investidores e do mercado, que depois do episódio tendem a ficar mais alertas diante de um príncipe encantado rico em audiência.
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O Projor e o Volt Data Lab anunciaram nesta quarta-feira (6/10) a quinta edição do censo Atlas da Notícia. Patrocinado pelo Facebook Journalism Project, o estudo faz mapeamento da presença do jornalismo local no Brasil, com apoio de colaboradores voluntários. A nova edição visa a atualizar o mapa dos veículos jornalísticos nos 5.570 municípios brasileiros e obter informações sobre fechamento de empresas de comunicação e novas iniciativas surgidas desde a última edição, publicada no início de 2020.
Entre as novidades da quinta edição do Atlas estão um novo site para a divulgação dos resultados, previsto para o início de 2022, e a realização, na sequência do censo, de uma pesquisa aprofundada sobre a realidade das organizações de mídia local no País. Os dados coletados e atualizados pelo censo são uma base consistente para que pesquisadores de todo o Brasil possam orientar novas investigações sobre o jornalismo no País.
A organização, análise e publicação dos dados coletados pelo censo será realizada pelo Volt Data Lab, liderado por Sérgio Spagnuolo. Já a coordenação da pesquisa nas cinco regiões brasileiras estará a cargo de Sérgio Lüdtke, que trabalhará com os seguintes pesquisadores regionais: Angela Werdemberg (Centro-Oeste), Dubes Sônego (Sudeste), Jéssica Botelho (Norte), Mariama Correia (Nordeste) e Marcelo Fontoura (Sul).
O censo contará também com o apoio de professores e estudantes de escolas de Jornalismo das cinco regiões e de voluntários que colaboram com a coleta dos dados. Na última edição, o Atlas da Notícia contou com a colaboração de 219 voluntários de 74 organizações. Voluntários podem somar-se à equipe do Atlas e colaborar com a pesquisa preenchendo um formulário.
“Sabemos que não há democracia plena sem que a população tenha acesso à informação de qualidade e ao debate sobre as políticas que lhe dizem respeito”, destaca Francisco Rolfsen Belda, presidente do Projor. “Essa relação é ainda mais crítica no âmbito dos pequenos e médios municípios, uma vez que repórteres e editores locais exercem um trabalho imprescindível no questionamento das ações de prefeituras e câmaras municipais, por exemplo”.
Inspirado no projeto America’s Growing News Deserts, da Columbia Journalism Review o Atlas da Notícia é uma iniciativa do Projor e conta com o apoio institucional da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). O Facebook Journalism Project (FJP) é patrocinador do Atlas da Notícia desde 2018, como parte das iniciativas para apoiar veículos de notícias locais.
Foram anunciados na última semana os finalistas do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde 2021. A iniciativa, promovida em parceria com a Fundação Gabo, reconhece reportagens de destaque produzidas na América Latina sobre a temática da saúde. No total, nove trabalhos foram classificados nas três categorias do concurso, sendo que em cada uma delas, o Brasil conta com um finalista.
Na categoria Jornalismo Escrito, a Agência Retruco concorre com Dependências – fé, poder e dinheiro no tratamento do uso abusivo de drogas no Nordeste do Brasil. O trabalho foi produzido por Alice Cristiny Ferreira de Souza, Fernanda Santana, Thiago Santos, Luane Ferraz, Camila Queiroz, Luiz Felipe Libório, Bruno Vinícius, Gabriella Leal e Quihoma Isaac. Concorrem ainda nesta categoria reportagens produzidas a partir de parcerias das plataformas Divergentes (Nicarágua) e Connectas (Colômbia), e do consórcio formado por Distintas Latitudes (México), GK (Equador), Mutante (Colômbia) e La Vida de Nos (Venezuela).
Em Jornalismo Audiovisual, concorre o projeto No Epicentro, da Agência Lupa. O trabalho, que recentemente foi premiado com a medalha de bronze na 42ª edição do Best of Digital News Design da Society for News Design (SND), foi produzido pela equipe formada por Gilberto Scofield Jr., Natalia Leal, Vinicius Sueiro, Tiago Maranhão, Rodrigo Menegat, Alberto Cairo, Marco Tulio Pires e Simon Rogers. Também se classificaram para a final trabalhos do Diário El Comércio (Peru) e Chicas Poderosas (Argentina).
Já na categoria Cobertura Diária, o especial Pandemia, produzido pelo podcast 37 Graus em parceria com a Folha de S.Paulo, disputará o prêmio principal com a BBC Mundo América Latina (Colômbia) e a Agência Ocote (Guatemala). A produção do trabalho é de Sarah Azoubel e Beatriz Guimarães.
Os vencedores nas três categorias, assim como os autores dos trabalhos que vão receber as menções honrosas em Jornalismo de Soluções e Cobertura Jornalística da Covid-19, serão anunciados em uma cerimônia virtual em 28 de outubro.
Confira mais detalhes sobre todos os trabalhos finalistas no site do Prêmio Roche.
Pandora Papers, investigação que reuniu mais de 600 jornalistas em 117 países, começou a divulgar seus trabalhos no último domingo (3/10), pelos veículos que integram a iniciativa. Considerada a maior colaboração jornalística da história, a investigação revelou como políticos, empresários e celebridades utilizam paraísos fiscais e empresas offshore para evitar o pagamento de impostos.
No Brasil, quatro veículos fizeram parte do projeto: o site Poder360, a revista piauí, a agência Pública e o portal Metrópoles. A investigação envolve personalidades brasileiras, como o ministro da economia Paulo Guedes, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto e os empresários bolsonaristas Otávio Fakhoury e Marcos Bellizia, investigados no inquérito das fake news.
Pandora Papers analisou cerca de 12 milhões de documentos sobre paraísos fiscais e empresas offshore, utilizados como base para a investigação. Iniciado há um ano, o projeto foi coordenado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês).
A investigação do jornal El País, de Marina Rossi e Regiane Oliveira, destaca que Luciano Hang, dono da Havan, manteve por quase vinte anos uma empresa em um paraíso fiscal, no valor de 112,6 milhões de dólares, e não comunicou ao Governo sobre a existência dessa empresa, “o que configura crime de sonegação fiscal”, explica a publicação.
“O empresário só não se veste de patriota quando o assunto é o retorno que os impostos podem proporcionar ao país”, diz a reportagem.
Em setembro do ano passado, o ICIJ também comandou a investigação FinCEN Files, que revelou que cinco bancos multinacionais movimentaram US$ 2 trilhões em operações suspeitas. Poder360, Época e piauí participaram do projeto.
Outras investigações também coordenadas pelo consórcio internacional são Panama Papers e Luanda Leaks.