Em live realizada no YouTube do Sindicato dos Jornalistas do DF, foi lançado nessa terça-feira (5/10) o 3º Dossiê de Censura e Governismo na EBC. O documento aponta aumento no número de casos de censura entre agosto de 2020 e julho de 2021. E separa, pela primeira vez, casos de censura e governismo praticados na empresa pública.

Os dados vêm sendo contabilizados pela Comissão de Empregados da EBC desde o governo Temer, em 2018, quando os episódios começaram a se multiplicar. O primeiro dossiê contabilizou 61 casos. Em 2019, o segundo levantamento apurou aumento nos casos e registrou 138 episódios. Entre os destaques deste terceiro relatório estão o corte de pautas sugeridas, que nem chegaram a ser produzidas.

Dentre os veículos da EBC, os mais censurados foram TV Brasil (53,3% dos casos), Agência Brasil (25,7%), rádios ligadas à EBC (19,8%) e equipes de mídias sociais (1,2%).

A censura prévia foi realizada principalmente em temas considerados delicados ou controversos ao governo, como direitos humanos e meio ambiente. Além de pautas que caíram, há relatos também de cortes de trechos das reportagens. Alguns repórteres, ao questionarem o motivo da censura, receberam como resposta “orientação dos superiores”.

Sobre a CPI da Covid, o dossiê destaca que foram vetados os depoimentos do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “A própria escala da equipe que deveria acompanhar o andamento dos trabalhos da comissão deixou de ser feita, como se fosse algo irrelevante”, diz o documento.

Além disso, o dossiê ressalta que foram censuradas notícias sobre o marco de 400 mil mortes por Covid-19 no Brasil, sob a justificativa, inspirada na tese governista, de que medidas de contenção da pandemia poderiam prejudicar a economia.

O lançamento do dossiê foi acompanhado de debate sobre liberdade de imprensa e expressão, com a participação de Denise Dora (Artigo 19), Giuliano Gali (Instituto Vladimir Herzog), Emmanuel Colombié (Repórteres sem Fronteiras) e Márcio Garoni (Fenaj), com mediação de Letycia Bond (EBC).

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