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Websérie mostra protagonistas da comunicação interna de grandes empresas

Websérie mostra protagonistas da comunicação interna de grandes empresas

A Jabuticaba Conteúdo e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) lançaram neste mês de junho a websérie Insiders, que apresenta a história dos protagonistas de comunicação interna de grandes empresas. Com seis episódios, o projeto destacará Bayer, Votorantim Cimentos, Vivo, iFood e Dow.

A ideia é mostrar o papel estratégico dessas empresas e como seus funcionários utilizaram novas tecnologias e formas de fazer comunicação interna, a fim de inspirar outras empresas e profissionais. Os episódios serão publicados semanalmente.

Para Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, “a pandemia evidenciou duas constatações: a primeira é o valor dos funcionários para as organizações. No momento em que todos tiveram que fechar os escritórios e adotar o trabalho remoto, ficou claro que as empresas são, de fato, as pessoas que as compõem. Outra constatação foi o papel estratégico da comunicação, no sentido de explicar, engajar e fortalecer relacionamentos com os públicos. Esses dois fatores se conectam nessa atividade que é a comunicação interna”.

Os dois primeiros episódios já estão disponíveis no canal da Aberje no YouTube, sobre Larissa Battistini, da Bayer; e Bruna Lima, da Votorantim Cimentos. Na próxima quarta-feira (15/6), a websérie apresentará Cesar Rua, gerente de Comunicação Corporativa da Vivo.

IJNet: Como está o mercado jornalístico no Nordeste do Brasil?

Texto publicado originalmente em 7/6/2022 no IJNet

 

 

* Por Jade Drummond

Segundo o Atlas da Notícia, a criação de novos veículos digitais é uma tendência consolidada no Nordeste e que pode ter contribuído, junto ao rádio, para a diminuição dos desertos de notícia na região. As iniciativas independentes de jornalismo cresceram e abriram mais espaço para a produção de conteúdo com um olhar local, mas a sustentabilidade financeira e a falta de visibilidade nacional ainda são desafios enfrentados pelos jornalistas nordestinos.

Nesse contexto, o Fórum Pamela Howard para Cobertura de Crises Globais organizou o webinar gratuito “O mercado de jornalismo no Nordeste” para discutir sobre as novas iniciativas e como o mercado jornalístico está se desenhando na região. Participaram do bate-papo Laércio Portela, editor e cofundador da Marco Zero ConteúdoBeatriz Jucá, ex-repórter do El País e do Diário do Nordeste; e Lucas Maia, diretor de tecnologia da Agência Tatu.

Assista ao webinar completo, realizado em 3 de junho, neste link e veja os destaques da conversa abaixo.

Mídias tradicionais não falam mais sozinhas

O Nordeste, assim como o resto do Brasil, tem grandes conglomerados de mídia que sempre dominaram as principais rádios, TVs e jornais, mantendo a maior parte da audiência concentrada em dois, três ou quatro grupos de comunicação. Com o crescimento do jornalismo independente na região, esses grupos passaram a dividir o espaço com outras vozes e não falam mais sozinhos com o público.

“A mídia independente tem feito mais do que um contraponto, do que mostrar o outro lado da notícia”, comenta Portela. Para ele, são olhares e recortes na produção jornalística que não apareciam na mídia tradicional. O jornalismo independente que Portela vê em Pernambuco é de iniciativas que já nascem segmentadas – cobrindo raça, gênero, direito à cidade, cultura etc – e que são posicionadas, deixam claro o comprometimento com direitos humanos e com a democracia.

Maia explica que em Alagoas o crescimento da mídia independente se deu de forma diferente de outros estados. Em 2019, ocorreu uma grande greve de jornalistas, com adesão em massa, para garantir o piso salarial da profissão. O objetivo foi alcançado, mas teve como consequência um número alto de demissões nos grandes conglomerados de mídia. Essa situação acelerou, então, o surgimento de novas iniciativas independentes na região, que acabaram se tornando concorrentes desses veículos tradicionais.

No Ceará, Jucá vê o jornalismo independente pautando a grande imprensa. “O que eu tenho visto aqui é que as investigações mais aprofundadas e importantes têm ficado a cargo das iniciativas independentes, o que acaba pressionando os veículos tradicionais locais a cobrir também”, diz. “Falta o entendimento de que as histórias não são necessariamente locais e que o Brasil também acontece no Nordeste”. No jornalismo independente ela tem encontrado mais espaço para situar a realidade do Ceará de forma nacional e até internacional, como no caso de pautas que tratam de inovação para lidar com a emergência climática.

A busca pela sustentabilidade financeira

A Marco Zero Conteúdo é um portal de jornalismo investigativo que foi criado com o objetivo de cobrir o direito à cidade em Recife, que é um não-assunto na mídia tradicional. A organização é sem fins lucrativos e se sustenta financeiramente com apoio de associações focadas em direitos humanos e democracia. A equipe também participa de diversos editais locais, nacionais e internacionais para viabilizar recursos para os projetos da Marco Zero e busca trabalhar sempre em parceria com outras iniciativas de jornalismo independente da região. Recentemente, divulgaram o Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco, que reúne uma lista dessas iniciativas locais espalhadas pelo estado, com o objetivo de fortalecer a colaboração e o ecossistema da mídia independente local.

No caso da Agência Tatu, que é uma iniciativa de jornalismo de dados em Alagoas com fins lucrativos, a estratégia para alcançar a sustentabilidade financeira é a diversificação. A organização surgiu com o objetivo de ir contra o jornalismo declaratório, investigando mais a fundo dados públicos disponíveis. Logo, viram que existe interesse no mercado por profissionais qualificados para produzir análises de dados. Então, a Tatu passou a trabalhar com duas frentes: publicação de conteúdo próprio, que funciona também como uma vitrine para conseguir financiamento externo focado na produção jornalística independente; e prestação de serviços de comunicação e análise de dados para terceiros. Maia explica que buscar a sustentabilidade financeira é um desafio, não tem fórmula certa, e que um dos focos é não depender de apenas uma fonte de renda específica.

Sobre os financiamentos que iniciativas de jornalismo independentes têm recebido nos últimos anos, Portela entende que é importante sensibilizar esse ecossistema para a necessidade de que os recursos sejam espalhados por todo o Brasil, para fortalecer a mídia independente como um todo. “Senão, a gente corre o risco de reproduzir o modelo da mídia tradicional, que é ter apenas quatro ou cinco grandes grupos de comunicação São Paulo”, explica.

Os riscos do jornalismo investigativo local

Por lidar com investigações importantes e que muitas vezes envolvem violações de direitos, a cobertura independente local também tem que considerar os riscos físicos que os jornalistas e as fontes correm com certas apurações. “O risco é uma questão muito presente no meu trabalho”, diz Jucá. Como repórter freelancer e mulher, ela costuma fazer uma análise de risco quando recebe as denúncias e, às vezes, isso inviabiliza a publicação das investigações.

No Marco Zero, a equipe entendeu que precisava atuar institucionalmente para facilitar o apoio jurídico e de segurança aos jornalistas da região, pois acreditam que essa proteção também está muito centralizada no eixo Rio de Janeiro – São Paulo. Com isso, o veículo participou da fundação da Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e está presente em diversos eventos de jornalismo. Uma dica para mídias independentes que precisam de aconselhamento jurídico é o serviço da ONG Repórteres Sem Fronteiras, que tem sido uma consultoria importante para o Marco Zero.

Redução do estigma do Nordeste 

Para Portela, a democratização da comunicação é importante para que o Brasil conheça também o Nordeste a partir de outra perspectiva, sem uma visão reducionista, preconceituosa e muitas vezes racista da região. “Você não precisa vir pro interior do sertão para falar de fome, no Brasil de hoje ela está em todo canto”, diz. Ele entende que essas novas mídias são importantes para produzir conteúdo com vieses mais amplos e diversos, que ajudam a reduzir esse estigma.

Nesse sentido, a escolha de fontes para comentar situações locais também é importante. Os jornalistas comentam que é comum veículos nacionais convidarem especialistas de São Paulo para comentar eventos ou fatos que aconteceram no Nordeste, como se a região não tivesse vozes qualificadas para falar sobre a própria realidade. “Trazer um olhar local nas reportagens é importante”, pontua Jucá, que já viu direcionamento de editores de outros estados que não se aplicavam à realidade da região e, por ser dali, ela conseguiu dar um caminho mais certeiro à pauta.

Além da redução do estigma, os jornalistas reforçam que os acontecimentos no Nordeste não são sempre hiperlocais. “Por mais que a gente bata na tecla, tem situações que parecem permanecer invisibilizadas, mas que deveriam estar até na imprensa internacional”, diz Maia se referindo ao caso recente de afundamento do solo de Maceió por ação da petroquímica Braskem.

#diversifica é o novo hub de conteúdo para DEI do Portal dos Jornalistas

Especial #diversifica destaca práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão no Jornalismo

O Portal dos Jornalistas e a newsletter Jornalistas&Cia deram mais um importante passo rumo à ampliação de conteúdos relacionados a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) em suas plataformas. É o #diversifica, novo hub de conteúdo que nasce com o objetivo de conscientizar jornalistas, influenciadores digitais e gestores de Comunicação sobre a importância do tema para um jornalismo mais plural.

O projeto, que foi selecionado pelo programa Acelerando a Transformação Digital, da Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês), com o apoio da Meta Journalism Project (Facebook/Instagram), tem coordenação editorial de Luana Ibelli ([email protected]).

“O jornalismo é uma importante ferramenta para criar um diálogo mais democrático na sociedade e, para isso, as redações precisam refletir a diversidade que existe na população, É possível criar ambientes mais acolhedores para pessoas com diferentes históricos e vivências”, destaca a profissional, que desde março integra a equipe da Jornalistas Editora

Jornalista com mestrado em Televisão Digital pela Unesp, e pós-graduação em Influência Digital pela PUC-RS, Luana chega com a responsabilidade de traçar as estratégias editoriais dos conteúdos que serão lançados pelo #diversifica e que estarão disponíveis em ambas as publicações, suas redes sociais e em breve na podosfera. “Espero que seja uma experiência profissional muito enriquecedora e que eu possa contribuir com os meus conhecimentos para mostrar que diversidade e inclusão são fundamentais para o futuro do jornalismo”.

Diversidade também de plataformas

Uma das grandes apostas do hub será a ampliação dos conteúdos produzidos sobre o tema para diferentes plataformas. Além de explorar as já tradicionais e consagradas páginas deste J&Cia, que completa 27 anos de vida em setembro, e os conteúdos diários do Portal dos Jornalistas, o #diversifica prepara para o segundo semestre uma série de entrevistas em formato de videocast.

Serão seis episódios, que discutirão o passado, presente e futuro da DEI a partir do ponto de vista de profissionais inseridos em diferentes realidades: Negritude, Indígena, LGBTQIAP+, PcD, Saúde Mental e Territórios.

Os programas começarão a ser gravados em julho, e a previsão é de que sejam veiculados a partir de agosto. Além das versões em vídeo, para YouTube e Redes Sociais, o especial também contará com versão em podcast, disponível nos principais tocadores.

Apoio

O #diversifica é uma produção da Jornalistas Editora que conta com os apoios institucionais da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), International Center for Journalists (ICFJ), Meta Journalism Project, Imagem Corporativa e Rádio Guarda–Chuva.

GloboNews grava série em região de desaparecimento de jornalista britânico

Com produção da GloboNews, a região do desaparecimento de Dom Phillips, do The Guardian, e do indigenista Bruno Araújo, da Funai, virou cenário para a série de reportagens Pelas Estradas do Brasil, de Fernando Gabeira.

Desaparecidos na Amazônia desde o último domingo (5/6), de acordo com o Amazônia Real os dois teriam sido vítimas de uma emboscada. A União das Organizações Indígenas dos Povos do Javari (Univaja) informou em nota que a equipe vinha recebendo ameaças.

“A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”, ressalta a nota.

A primeira reportagem da série, por enquanto, está prevista para ir ao ar neste domingo (12/6), às 21h30, mas internamente vem sendo discutida a possibilidade de a exibição ser antecipada.

Amazônia Real: “Pelado” é peça-chave no caso de Dom Phillips e Bruno Pereira

Um dia antes do desaparecimento do jornalista britânico e do indigenista, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o ‘Pelado’, tentou intimidá-los apontando armas para o grupo que combatia as invasões da TI Vale do Javari. Na imagem, momento da prisão de “Pelado” (Foto Reprodução TV Globo).
Texto publicado originalmente em 8/6/2022 pela Amazônia Real
*Por Kátia Brasil

O pescador Amarildo da Costa de Oliveira, chamado de “Pelado”, preso na Delegacia da Polícia Civil de Tabatinga (AM), se tornou peça-chave para elucidar o sumiço do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira. A afirmação parte tanto de uma testemunha que esteve com a dupla até poucas horas antes de os dois não serem mais vistos quanto da Polícia Federal. Nesta quarta-feira (8), o órgão federal afirmou que não descarta “nenhuma linha investigativa, inclusive homicídio” sobre os desaparecidos na Amazônia.

“Pelado” está preso por porte de munição de uso restrito. Mas o que a testemunha ouvida pela agência Amazônia Real revela é ainda mais grave. Na manhã de 4 de junho, Pelado e mais dois pescadores ameaçaram com armas o indigenista Bruno Pereira, o jornalista Dom Philips e toda a equipe de Vigilância Indígena da Univaja (EVU). “Pelado” procurou intimidar o grupo que estava em outra embarcação no rio Ituí a caminho de uma missão para impedir a invasão do grupo à Terra Indígena (TI) Vale do Javari.

“O Pelado é um dos caras mais perigosos da região do Ituí. Já deu vários tiros na base e já trocamos tiro com ele. Pelado é peça fundamental nesse quebra-cabeça, não pode ser solto”, afirmou a fonte da Amazônia Real, que afirma que “Pelado” tem envolvimento com o tráfico de drogas.

Um dia antes do desaparecimento do jornalista britânico e do indigenista, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o ‘Pelado’, tentou intimidá-los apontando armas para o grupo que combatia as invasões da TI Vale do Javari. Na imagem, momento da prisão de “Pelado” (Foto Reprodução TV Globo).

Em coletiva na sede da Polícia Federal, em Manaus, o superintendente Eduardo Alexandre levantou a hipótese de o narcotráfico estar relacionado ao desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips. “As investigações apuram o envolvimento de quadrilhas de tráfico de drogas na região. Estamos buscando saber se houve algum crime nesse desaparecimento”, disse.

Além das invasões na TI Vale do Javari, o narcotráfico usa rotas dentro e fora da terra indígenas para escoar em embarcações carregamentos de drogas produzidas no Peru e na Colômbia. Uma fonte ouvida pela Amazônia Real afirma que Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, tem envolvimento com o tráfico de drogas. “Ele (Pelado) é envolvido com o Janeo, Churrasco, Nei, Valmir Benjamin, Caboco, Colômbia, o peruano que comanda o tráfico na região”.

Já o superintendente da Polícia Federal lembrou, na coletiva, que a região que faz fronteira com o Peru e Colômbia é “bastante perigosa, onde há uma criminalidade intensa, tráfico de drogas”, e também garimpo ilegal, exploração ilegal de madeira e pesca ilegal. E que, por isso, a investigação não descarta a ocorrência de crime no  desaparecimento.

“Vamos apurar eventual homicídio caso tenha ocorrido. Não descartamos nenhuma linha investigativa. Nós estamos na busca das pessoas, não só crimes apurados, mas busca de embarcações, de desaparecidos”, disse Eduardo Alexandre. A PF abriu um inquérito, que se soma a outro da Polícia Civil. Cerca de 250 agentes e dois aviões atuam nas buscas do indigenista e do jornalista britânico e um gabinete de crise foi montado para tentar elucidar o caso.

Superintendente Eduardo Alexandre, na coletiva de imprensa da Polícia Federal, em Manaus
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)


Repercussão internacional

Depois de iniciar tardiamente as operações de busca e elucidação do caso, o governo federal mobilizou diversas forças policiais e de segurança para atuar no Vale do Javari. O caso, de repercussão internacional, lança os holofotes para uma conflituosa região da Amazônia, onde as atividades do tráfico de drogas, garimpo ilegal e roubo de madeira ocorrem à luz do dia. Diversas equipes de jornalistas brasileiros e internacionais, inclusive a Amazônia Real, estão a caminho da região.

Como publicou a reportagem, uma fonte indígena afirmou que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira foram vítimas de uma emboscada no domingo (5) no deslocamento de embarcação entre as comunidades São Rafael e Cachoeira em direção à cidade de Atalaia do Norte, um percurso de 2 horas de viagem.

Segundo a Univaja, a última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel, que fica rio abaixo da comunidade São Rafael.

A nova testemunha ouvida pela reportagem é ligada à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), que também falou sob anonimato por temer risco de vida. Ela ajuda a explicar pontos ainda obscuros no caso, oferecendo detalhes dos últimos passos do jornalista e do indigenista.

Bruno Pereira e Dom Philips iniciaram a visita à Equipe de Vigilância Indígena (EVU) na localidade chamada Lago do Jaburu na sexta-feira (3 de junho). No dia seguinte, por volta das 5h40, a equipe avistou “Pelado” numa lancha (voadeira ou canoa de alumínio) com motor de 60 HP, mais potente do que os usados por Bruno e Dom, que estavam numa voadeira com motor de 40 HP. A equipe de vigilância trabalha num barco chamado de canoão, que tem motor também de 40 HP, mas tem rádio de transmissão e o Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT.

“Estávamos na nossa base, o canoão, na margem esquerda do rio Itacoaí, quando eles passaram: o pescador Pelado e mais dois pescadores, que não conseguimos identificar. Aí nós montamos, rapidinho, uma equipe de nove homens (todos indígenas) e seguimos atrás deles em direção à base (da Funai), pois eles iriam invadir a Terra Indígena (Vale do Javari), que é ilegal. O motor dele 60 HP é veloz, nós seguimos atrás deles”, disse.

Policiais militares conduzem a lancha apreendida de Amarildo de Oliveira, o Pelado
(Foto: Reprodução redes sociais)

Mesmo apesar da diferença na potência dos motores, a testemunha contou que a equipe da EVU conseguiu interceptar a voadeira do “Pelado”. Em outra embarcação, Bruno Pereira, funcionário licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas que trabalha na Univaja, e Dom Philips acompanharam toda a fiscalização. O jornalista que colabora com o jornal britânico The Guardian registrou em imagens a ação, pois estava fazendo uma reportagem sobre o trabalho dos indígenas.


“Eles ameaçaram o Bruno”

“O Pelado parou o barco em frente à placa da demarcação da Terra Indígena, já em terra indígena. Saiu da canoa (a voadeira) fazendo de conta que não estava acontecendo nada ali. Quando nos aproximamos, Bruno mais à frente de nós, o Pelado e os outros dois levantaram as espingardas tentando nos intimidar. Eles ameaçaram o Bruno”, afirmou a testemunha. Segundo essa fonte, a equipe da vigilância indígena, sempre acompanhada de Bruno e Dom em outra embarcação, decidiu seguir em direção à Base da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari da Funai, no rio Ituí.

A EVU, Bruno Pereira e Dom Philips, segundo a testemunha, voltaram para a base do Canoão no Lago do Jaburu, onde pernoitaram de sábado para domingo (5). Pela manhã, o indigenista e o jornalista deixaram o local ao amanhecer. O percurso entre o lago e a comunidade ribeirinha é de 15 minutos em via fluvial.

“Eles disseram que iriam passar na comunidade São Rafael para falar com o pescador ‘Churrasco’, mas o lugar é onde mora o Pelado. Ele (Bruno) nos falou que iria passar rápido, mas não tínhamos o teor dessa conversa”, disse.


Munição de uso restrito

A Polícia Militar do Amazonas informou que prendeu o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, o “Pelado”, na terça-feira (7). “Pelado” foi preso na comunidade ribeirinha São Gabriel, o último lugar que avistaram Bruno e Dom no domingo passado. “Os policiais encontraram munição de uso restrito e permitido e chumbinhos”, disse o delegado Alex Perez, titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia Civil de Atalaia do Norte (distante a 1.138 quilômetros de distância, em linha reta, de Manaus).

Detido na comunidade de São Gabriel, próximo a Atalaia do Norte, Amarildo da Costa de Oliveira é conhecido como “Pelado
(Foto Reprodução redes sociais)

“Churrasco”, que é tio de “Pelado” e presidente da comunidade São Rafael,  e também “Janeo” foram detidos na segunda-feira (6) por suspeitos de envolvimento no sumiço do indigenista e do jornalista, mas liberados pela Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar.

A Polícia Civil afirma que “Pelado”, que cumpre a prisão em flagrante na Delegacia de Tabatinga, negou envolvimento com o desaparecimento do indigenista e do jornalista. No entanto, a lancha que ele usou foi apreendida e passará por perícia.

Para a nova testemunha ouvida pela Amazônia Real, “ele (Pelado) não ameaçou a gente só agora, tudo aconteceu antes. Ele não pode ser solto igual o Churrasco e o Janeo”. E acrescentou: “A Polícia Militar encontrou na comunidade São Rafael o motor 60 HP, que foi apreendido, junto com o dono, o Pelado. A lancha estava no porto da casa dele. Mas não encontraram nada, nada, nada que fosse suspeito de ser pertence do Bruno e do Dom”.

Perguntado se a equipe de vigilância indígena registrou a ação de “Pelado” e os outros dois homens no rio Itacoaí, a testemunha elucidou uma dúvida que paira sobre as investigações: “Quem registrou tudo foi o Dom. Fotografias, filmes, as agendas, todos os documentos estavam com eles. O Bruno iria levar tudo para a Polícia Federal na segunda-feira (6)”.

Questionado por que a equipe de vigilância EVU não acompanhou Bruno Pereira e Dom Philips na ida à comunidade São Rafael, já que havia um clima de animosidade e era temerário deixá-los seguirem sozinhos a uma área potencialmente conflagrada, a testemunha declarou: “Era muito cedo, 3 e 4 horas da manhã que eles se levaram. Olha, ele falou que iria passar rápido no Churrasco e seguir viagem, nós não tínhamos ciência do que aconteceria a conversa na comunidade”.

“Por incrível que pareça, no dia seguinte sentimos que a área estava vazia, não tinha ninguém circulando com o motor 60HP. Quando foi por volta das 10 horas de domingo (5) recebemos a notícia que Bruno e Dom não chegaram em Atalaia. Nós começamos a nos preocupar”.

“Nas buscas que fizemos até agora, somos mais de 30 indígenas, pelos igapós, furos, lagos, todos os igarapés, principalmente na beira do rio, não achamos um vestígio do Bruno e do Dom”, disse a testemunha, explicando que a investigação se centralizada entre as localidades de São Gabriel e Cachoeira “Mas temos esperança de encontrar uma pista”.


Livro sobre a Amazônia

Dom Phillips morava em Salvador, e estava acompanhando o trabalho da Univaja como parte de uma pesquisa para escrever o livro Como salvar a Amazônia. Antes do Vale do Javari, o jornalista tinha passado pelo Acre também para visitar populações indígenas.

O indigenista Bruno Pereira é servidor concursado da Funai desde 2010 e foi coordenador regional do Vale do Javari, em Atalaia do Norte até 2016, e coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial da Funai, até 2019. Segundo o site Rede Brasil Atual, o indigenista saiu do cargo por pressões de ruralistas.

Plataforma Earth News Terra aborda meio ambiente, clima e geografia humana

Plataforma Earth News Terra aborda meio ambiente, clima e geografia humana
Lourival Sant'Anna e Marcello Queiroz (Crédito: Alê Oliveira)

Foi ao ar em 5/6, Dia Mundial do Meio Ambiente, a plataforma Earth News Terra, site bilíngue que traz informações sobre meio ambiente, clima e geografia humana.

“A Amazônia é a metade do território do Brasil, e a casa de 30 milhões de pessoas”, diz a descrição do projeto. “As soluções para os problemas da humanidade, na forma de princípios ativos, insumos industriais e até os algoritmos do comportamento dos seres vivos estão escondidos na Amazônia e em outros biomas. Nossa tese é de que o Brasil só será um país avançado se descobrir essas soluções e, claro, patenteá-las. Para isso, é preciso promover o encontro entre a ciência e o conhecimento dos povos que vivem na floresta, que a entendem intimamente”.

Além de notícias em geral, o site tem uma editoria específica sobre a Amazônia e uma newsletter chamada Carta da Terra, enviada nas noites de sexta-feira. A Earth News Terra  também tem um podcast, de mesmo nome, que vai ao ar no YouTube. No episódio de estreia, Lourival Sant’Anna, editor do projeto, conversa com o líder indígena Almir Suruí sobre a criação da primeira universidade indígena do Brasil.

A equipe do projeto é formada pelo editor Lourival Sant’Anna, o diretor Marcello Queiroz, a repórter Luciene Kaxinawá, o editor de imagem Adriano Gambarini, o especialista em saúde Fabio Tozzi, a editora digital Isabela Mota, o repórter fotográfico Érico Hiller e a especialista em nutrição Valeria Paschoal. Para entrar em contato com a redação do projeto, escreva para o e-mail [email protected]

O Portal Imprensa conversou com Lourival Sant’Anna sobre a iniciativa e sobre conflitos nos territórios da Amazônia, levando em conta o recente desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Confira!

Leonardo Felix vence Prêmio AEA de Meio Ambiente

O Prêmio AEA de Meio Ambiente contemplou Leonardo Felix, editor da Mobiauto, e Guilherme Justino, da plataforma Um só planeta (Globo).
O Prêmio AEA de Meio Ambiente contemplou Leonardo Felix, editor da Mobiauto, e Guilherme Justino, da plataforma Um só planeta (Globo).

Anunciado na manhã desta quinta-feira (9/6), o resultado do Prêmio AEA de Meio Ambiente da Associação de Engenharia Automotiva consagrou, na categoria Jornalística, a reportagem Como a VW criará carros elétricos nacionais movidos a etanol, de Leonardo Felix, editor da Mobiauto.

Félix levou também uma das menções honrosas com a reportagem Afinal, carro elétrico polui mais que a combustão? Este estudo responde. A outra menção honrosa ficou para Guilherme Justino, da plataforma Um só planeta (Rede Globo), com a matéria Rumo à transição verde, mundo tem o desafio de “massificar” transporte com emissão zero.

Em sua 15ª edição, a premiação recebeu 46 inscrições em suas três categorias: Inovação Tecnológica e Ambiental; Responsabilidade Social e Governança Corporativa; e Jornalística. Os trabalhos foram analisados por uma banca de jurados liderada por Mário Reis, coordenador do evento.

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

Por Luciana Gurgel 

Luciana Gurgel

Rede social preferida de jornalistas, políticos e figuras influentes, o Twitter é um campo minado para quem ainda não entendeu que certas gracinhas podem virar desastre, dependendo de quem publica.

A nova vítima é o repórter David Weigel, do Washington Post, suspenso por um retuíte sexista que, mesmo depois de removido com pedido de desculpas, abriu uma crise interna e externa no jornal.

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima
David Weigel

Wiegel, profissional experiente que cobre política na capital americana, é ativo na plataforma, tuitando e retuitando furiosamente. Quem faz isso nem sempre tem tempo de avaliar as consequências do que compartilha.

Em 2017, o jornalista publicou uma foto de um comício do então candidato Donald Trump mostrando vários assentos vazios. Mas a imagem tinha sido feita antes de o público chegar. Ele se desculpou, porém não aprendeu a lição.

Desta vez a ofensa foi com as mulheres. Wiegel retuitou uma postagem de Cam Harless, coapresentador do podcast “The Mad Ones”, que dizia: “Toda garota é bi. Você só precisa descobrir se é polar ou sexual”.

O retuíte e o pedido de desculpas:

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

 

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

Quem gritou foi uma colega de redação, Felicia Sonmez, que ano passado processou o Washington Post por proibi-la de cobrir casos de abuso sexual sob o argumento de que, por ter sido vítima de um, não teria imparcialidade para relatar histórias semelhantes.

Sonmez disse no Twitter: “É fantástico trabalhar em um meio de comunicação onde retuítes como esse são permitidos”.

Segundo a CNN, a jornalista também questionou o colega no canal interno, afirmando que o retuíte enviou “uma mensagem confusa sobre os valores do Post”.

E aí está a questão que aflige corporações e empresas jornalísticas: a conta no Twitter é pública ou privada? Quem tuíta em uma conta assinada como profissional de uma empresa fala apenas em nome pessoal?

O público não percebe assim. E estilhaços de uma postagem como a de Wiegel atingem a empresa jornalística.

Nem todos veem com bons olhos as restrições impostas por empregadores sobre posts em redes sociais. Em 2020, a BBC foi criticada pelo pacote de regras baixado para os jornalistas, que recomendava até não tuitar sob efeito de álcool.

A corporação vive pisando em ovos, porque tuítes de seus jornalistas volta e meia viram notícia, apontados como defesa de a ou b. Na maioria dos casos, são apenas reclamações de incomodados com cobertura negativa.

Mas o episódio de Wiegel entra em outra esfera. Em uma frase, o tuíte conseguiu ser ofensivo a mulheres, a bissexuais e a pessoas com transtorno de bipolaridade.

No caso do Post, há um agravante para a situação: ano passado o jornal nomeou Sally Buzbee, primeira mulher a chefiar sua redação na história, prometendo uma atitude diferente sobre diversidade.

Para tentar apagar o incêndio, Buzbee soltou um memorando exigindo que os repórteres “tratem uns aos outros com respeito e gentileza”. Mas Felicia Sonmez, que teve seu processo contra o jornal arquivado há um mês, não se deu por satisfeita e continuou atirando na direção.

E pior: nem todos entenderam o recado da chefe. A autora da reclamação foi recriminada por um colega, Jose Del Real, adivinhem onde? NoTwitter, claro.

Ele pôs mais lenha na fogueira ao dizer que a tática de Buzbee “não resolve nada”, e arrematou com um caridoso (para com o colega homem) “Felicia, todos nós erramos de vez em quando”.

A questão é o limite entre erro e ofensa – que, no caso, saiu “coassinada” por um dos mais influentes jornais do mundo, que tem como missão denunciar injustiças.

Nesse contexto, fica difícil criticar uma organização de mídia que regula a atividade de seus jornalistas nas redes. Mesmo com desculpas, remoção da postagem e medidas disciplinares, essas histórias têm vida longa nas plataformas.

O caso continua repercutindo, com matérias na imprensa, comentários nas redes sociais e brigas internas. Enquanto isso, o autor da postagem original está fazendo a festa, alimentando a polêmica que lhe deu mais notoriedade.


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FIJ elege nova diretoria e Fenaj mantém-se no Comitê Executivo

Maria José Braga, presidente da Fenaj
Maria José Braga, presidente da Fenaj

A jornalista francesa Dominique Pradalié é a nova presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). Ela foi eleita pelos delegados do 31° Congresso Mundial dos Jornalistas, realizado na semana passada em Mascate, capital de Omã. Na ocasião, Maria José Braga, presidente da Fenaj, foi reeleita para novo mandato no Comitê Executivo da entidade.

Foram eleitos ainda para o Comitê Administrativo da FIJ a peruana Zuliana Lainez, como primeira vice-presidente (sênior); a indiana Sabina Indrejit e o palestino Abu Baker Nasser assumam as outras duas vice-presidências. O inglês Jim Boumelha assume a Tesouraria.

Maria José foi a segunda candidata mais votada para o Comitê Executivo, atrás somente da representante do Sindicato Nacional do Canadá, Jeniffer Monreau. Também foram eleitos outros 15 integrantes de vários continentes e países.

Maria José Braga, presidente da Fenaj
Maria José Braga, presidente da Fenaj, foi reeleita para o Comitê Executivo da FIJ

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