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Digitalização, Inteligência Artificial, Algoritmo, Redes Sociais… O jornalismo no Fire Festival

Por Victor Félix, especial para o J&Cia

O Fire Festival, realizado pela Hotmart de 24 a 26 de agosto no Expominas, em Belo Horizonte, reuniu centenas de especialistas, pesquisadores, influenciadores e referências em empreendedorismo, conteúdo, marketing digital, inovação, audiência e redes sociais. O evento teve cerca de oito mil participantes, de 26 países, e mais de 160 palestrantes.

As palestras, oficinas e workshops do Fire Festival levantaram questões essenciais também para os jornalistas em seu cotidiano, principalmente ao considerarmos a chamada Era conectada, online, em que a informação está intimamente ligada à internet e às redes sociais.

Digitalização e modernização das redações

No primeiro dia do Fire Festival, na palestra No rádio, no vídeo, nas redes: como um conteúdo pode atingir milhões de pessoas?, os integrantes da mesa discutiram temas recorrentes em todas as redações do Brasil e do mundo: digitalização e inovação. O debate foi mediado por João Vítor Xavier, vice-presidente da rádio Itatiaia, com participação de Sérgio Maria, diretor de digitalização e inovação da CNN Brasil, além de Alexia Duffles, diretora de marketing e comunicação da MRV, e Frederico Montezuma, diretor da Hotmart.

João Xavier comentou que o processo de digitalização da Itatiaia começou há apenas dois anos: “Esse aqui não era o nosso mundo, mas precisava ser. Por isso, estar aqui era tudo o que a Itatiaia precisava. É a concretização daquilo que a gente vem construindo há dois anos para modernizar uma marca tão querida e tão importante para os mineiros, para a gente poder chegar em mais mineiros e mais brasileiros no mundo todo”.

Xavier destacou ainda que Rubens Menin, dono da Itatiaia e da CNN Brasil, insistiu que o foco da emissora fosse a digitalização da empresa: “A gente entendeu que não precisa e não pode ser apenas o radinho. Somos o radinho, o YouTube, o Twitter, o Instagram, o Facebook, o TikTok. Somos tudo mais que acontecer daqui para a frente”.

Digitalização, Inteligência Artificial, Algoritmo, Redes Sociais… O jornalismo no Fire Festival
Frederico Montezuma (esq.), Sérgio Maria, Alexia Duffles e João Vítor Xavier (Crédito: Hotmart/Divulgação)

Algoritmo: o “chefe invisível”

Ainda sobre digitalização e modernização, vemos hoje no jornalismo uma tendência de muitos profissionais abandonarem as redações para se dedicarem a canais no YouTube, lives em plataformas digitais, e redes sociais. E aí enfrentam obstáculos no que se refere ao conteúdo publicado e ao algoritmo.

No segundo dia do Fire Festival, na palestra Exaustão algorítmica: influenciadores digitais, trabalho de plataforma e saúde mental, Issaaf Karhawi, pesquisadora e doutora em comunicação digital pela USP, falou sobre Exaustão Algorítmica, uma espécie de burnout dos influenciadores digitais e dos criadores de conteúdo, um esgotamento dos creators.

Karhawi explicou que a maioria das pessoas que optam por trabalhar com conteúdo e redes sociais o faz pela independência que terá no trabalho – cerca de 78%, segundo pesquisa realizada pela Brunch & Youpix em 2022. Outros motivos são seguir paixões (73%) e horas de trabalho flexíveis (69%).

A pesquisadora destaca que quem vai por esse caminho acredita na falácia de “ser seu próprio chefe, quando na verdade, essas pessoas têm um chefe, que é invisível e maquínico: o próprio algoritmo”.

E o próprio algoritmo das redes é o chefe de quem trabalha com redes, pois ele pune quem deixa de postar com frequência, diminuindo seu alcance, ou se não adere aos formatos específicos, entre várias outras “penalidades” de um chefe em uma empresa.

Os jornalistas que entram no mundo de influenciadores podem estar sujeitos a esses obstáculos, principalmente no que se refere à adaptação do conteúdo informativo para as redes sociais. Os formatos são diferentes daqueles vistos em redações de TV, e o algoritmo pode ser punitivo.

É preciso, portanto, achar um meio termo entre o conteúdo jornalístico e informativo produzido e as métricas, os algoritmos das redes sociais, de modo a evitar “broncas” desse chefe invisível.

Digitalização, Inteligência Artificial, Algoritmo, Redes Sociais… O jornalismo no Fire Festival
Issaaf Karhawi (Crédito: Hotmart/Divulgação)

Inteligência Artificial: Inimiga ou Aliada?

Outro problema que os jornalistas têm enfrentado nos últimos anos é a possível ameaça da Inteligência Artificial (IA), tema que passou a ser ainda mais discutido com a popularização de ferramentas como ChatGPT. Mas não podemos pensar que a IA é algo exclusivamente ruim para os jornalistas.

No palco Youpix/Fire Festival, na palestra Inteligência Artificial vai matar meu conteúdo?, Luiz Gustavo Pacete, jornalista especializado em tecnologia, editor da Forbes Tech e head de Conteúdo da MMA Latam, falou sobre as novas tecnologias que utilizam Inteligência Artificial, e suas vantagens e desvantagens no mundo dos negócios e do marketing digital.

Em entrevista para este J&Cia, Pacete, que esteve na lista dos +Admirados Jornalistas da Imprensa de Tecnologia de 2022, explicou justamente que, no jornalismo, Inteligência Artificial deve ser vista com cautela, sem extremos, pois não é uma terrível ameaça, como também não pode ser considerada uma aliada.

Ele explicou, por exemplo, que ela é muito útil para o jornalismo em matérias rápidas, de velocidade, em que atrair a audiência e obter métricas relevantes de SEO são as coisas mais importantes. Já matérias mais detalhistas, reportagens de fôlego, devem idealmente permanecer sob o comando de mãos humanas.

“O jornalismo hoje em dia tem uma lógica de produção muito voltada para o algoritmo, para o SEO, para a audiência, precisa de escala e de velocidade. As matérias e os conteúdos em geral se tornaram muito automatizados, e nesse aspecto, a IA é uma aliada”, explicou Pacete. “Podemos direcionar nossos recursos humanos para matérias de mais fôlego, de mais qualidade, de conexões humanas, e não digo nem matérias investigativas, mas matérias que têm esse olhar humano. Agora, nessas matérias rápidas, que exigem velocidade para suprir a parte da audiência, acho que a IA é fundamental, pois, de novo, grande parte do jornalismo produz hoje para algoritmos”.

Para ele, a Inteligência Artificial gera tanto um desafio como uma oportunidade para a imprensa: “É um desafio de checagem, que já vivemos atualmente com fake news e desinformação, mas que será e já está sendo potencializado com a IA. Será cada vez mais frequente a necessidade de checar se determinada imagem foi criada por IA. O olhar do jornalismo sobre a IA deve ser muito reflexivo, não pode ser polarizado. Não podemos pensar que ela vai substituir o jornalismo, como também não podemos achar que será apenas coisas boas, oportunidades. Existe um meio termo nesse assunto”.

Digitalização, Inteligência Artificial, Algoritmo, Redes Sociais… O jornalismo no Fire Festival
Rafa Lotto (esq.) e Luiz Gustavo Pacete (Crédito: YouPix/YouTube)

Os receios da transição para o digital

E falando sobre a era da internet e a transição para o mundo digital, no painel Virou Blogueirinha? Quando a influência muda o jogo de uma carreira tradicional, o debate foi justamente sobre as dificuldades de ingressar no meio das redes sociais, e os obstáculos e preconceitos provenientes dessa escolha.

Mari Palma, jornalista da CNN Brasil, mediou o debate, no terceiro e último dia de Fire Festival, que contou com a participação de Simone Cesar, doutora especializada em odontologia e que faz vídeos sobre saúde bucal para crianças; e Fayda Belo, advogada especializada em crimes de gênero.

Em conversa sobre conciliar carreiras tradicionais e perfis nas redes sociais, Mari falou sobre sua experiência, e como consegue hoje manter tanto o trabalho no jornalismo como as visualizações na internet:

“O julgamento por parte de colegas existe. No meu caso, jornalistas têm certo preconceito com quem faz essa transição para o digital, do tipo ‘agora virou bloqueirinha e abandonou o jornalismo, a credibilidade’. Hoje, quase dez anos depois de iniciar minha trajetória nas redes, muitos jornalistas vêm me perguntar como podem fazer igual, qual caminho seguir para também estarem neste meio digital”, refletiu Mari. “Hoje é a era da internet, e o jornalismo acaba se contaminando com isso também. É possível e relevante para nossas carreiras como comunicadores que consigamos conciliar esses dois mundos”.

A jornalista falou também sobre as diferenças de mentalidade de profissionais que cresceram, no meio digital, como ela, e outros mais “tradicionais”, de veículos não online, como os impressos: “Muitos colegas estão fazendo transição de carreira depois dos 40. Eles pensam que precisam falar apenas com o público jovem, mas não necessariamente, dá para se comunicar com todos”.

“No g1 em um minuto, me deram a liberdade de ser quem eu era, com linguagem informal”, contou Mari. “Não tinha TP, tinha que ter tudo na cabeça. Minha coordenadora veio do impresso, e eu cresci no digital, então ela reclamava da linguagem informal que eu usava, pois tinha medo de que eu não fosse levada a sério. Mas os tempos mudaram, o público quer algo mais rápido. Aprendemos muito uma com a outra, essa troca de experiências de diferentes meios é muito frutífera”.

Simone Cesar (esq.), Fayda Belo e Mari Palma (Crédito: Hotmart/Divulgação)

Troféu Mulher Imprensa anuncia vencedoras

Troféu Mulher Imprensa anuncia vencedoras
Troféu Mulher Imprensa anuncia vencedoras

A Revista e o Portal Imprensa divulgaram as 15 vencedoras do 17º Troféu Mulher Imprensa. A iniciativa visa a premiar o trabalho jornalístico das mulheres dentro e fora das redações brasileiras.

A nova edição traz mais diversidade, com duas comunicadoras indígenas vencendo pela primeira vez na história do troféu: Luciene Kaxinawá ganhou na categoria Regionalidade: Norte enquanto Elizângela Baré, em Programa de Podcast de Jornalismo.

Luciene nasceu em Rondônia, é indígena do povo Huni Kuin, exerce a profissão desde 2014 na Região Norte, formou-se em 2019 e atualmente é editora e apresentadora do Canal Futura.

Elizângela é uma liderança na Terra Indígena Cué-Cué/Marabitanas, no Alto rio Negro, Amazonas. Com mestrado em Saúde Pública na Universidade de São Paulo, é apresentadora da Rádio Sumaúma.

Entre as vencedoras de outras categorias a maioria é de profissionais negras. Nayara Felizardo (The Intercept Brasil) e Flávia Oliveira (Globo News) recebem o troféu pela segunda vez.

A cerimônia de entrega, exclusiva para convidados, será realizada em 28 de setembro, em São Paulo. Confira a relação completa das premiadas aqui.

Leia também:

Os chatbots podem “enlouquecer” a internet? Pesquisadores alertam que sim

(Crédito: Vectofree)

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A sigla MAD (louco, em inglês), usada em um novo estudo sobre a tecnologia para batizar mais uma preocupação com a inteligência artificial generativa, traduz bem as apreensões que a rondam. MAD é o acrônimo para Model Autophagy Disorder, ou Transtorno de Autofagia do Modelo, em tradução livre.

Trata-se de uma analogia com a doença da vaca louca, invocada para representar o risco de o conteúdo gerado pelos chatbots ter sua precisão ou diversidade comprometidas à medida que os robôs passam a ser alimentados por mais dados gerados pela própria IA (sintéticos) do que por humanos, distanciando-se da realidade. Isso seria “enlouquecer”.

O trabalho de pesquisadores das universidades Rice e Stanford apontando o risco do “autoconsumo” no treinamento dos modelos de linguagem baseou-se em imagens largamente utilizadas pela mídia e por organizações que adotam IA em processos diversos, como interação com consumidores, recrutamento, relações públicas e marketing.

Mas esse risco se estende a qualquer tipo de conteúdo, segundo o estudo, entrando para a lista de efeitos potenciais indesejados da IA generativa, que podem afetar notadamente o trabalho da imprensa, da comunicação corporativa e a reputação das empresas, tema do novo especial do MediaTalks.

Os autores afirmam que “em breve haverá mais dados sintéticos do que dados reais na internet”. Esse futuro ainda não chegou. Ainda assim, os dados criados pela IA já alimentam os modelos de linguagem mais do que se supõe, por uma série de razões listadas no trabalho.

Uma delas é facilidade e praticidade, especialmente quando há poucos dados reais disponíveis sobre determinado assunto ou grupo social, por exemplo.

Outra razão apontada é que os dados sintéticos melhoram a performance dos sistemas de IA. Em terceiro lugar está a preocupação com a privacidade em aplicações sensíveis, como imagens ou agregação de dados médicos. Isso faz com que informações artificiais sejam priorizadas, a fim de prevenir questionamentos que podem virar dor de cabeça reputacional ou jurídica.

Em quarto lugar − e, segundo os pesquisadores, mais importante − vem o fato de que, à medida que os modelos de aprendizagem profunda se agigantam, começa a faltar informação real na internet.

(Crédito: Vectofree)

Nesse contexto, os moderadores humanos que guiam tarefas de aprendizagem supervisionada têm usado cada vez mais conteúdo gerado pela IA para aumentar a sua produtividade e rendimento. Uma das características é que muitas vezes eles têm mais qualidade, o que acaba por reduzir ainda mais a diversidade.

O problema é que essa prática se afasta do padrão de treinamento de IA porque, ao gerar conteúdo em cima de conteúdo, cria-se o chamado loop autófago, ou “autoconsumidor”.

A comparação com a doença da vaca louca, que provoca comportamentos atípicos em seus portadores, é justificada: em três experimentos diferentes com modelos de loop autófago, reduzindo-se ou eliminando-se os dados reais a cada geração, os novos modelos mostraram-se “fadados a enlouquecer”, segundo os pesquisadores.

A situação se demonstrou mais grave no caso de conteúdos gerados exclusivamente com base em dados sintéticos. Para acalmar os mais assustados, eles asseguram que, ao treinar modelos generativos reais, os profissionais sempre irão preferir “pelo menos alguns dados reais, quando disponíveis”. E quando não estiverem? E se os profissionais não forem tão profissionais ou comprometidos com a ética?

Trazendo a teoria para a prática, o estudo reafirma a tese de que a inteligência artificial é espetacular, útil, transformadora, revolucionária e todos os demais adjetivos que se possa imaginar − mas dispensar o elemento humano tem consequências.

“Se não for controlado, o MAD poderá envenenar a qualidade e a diversidade dos dados de toda a internet”, dizem os autores na conclusão.

Ao reconhecer que traçaram um cenário apocalíptico, eles alertam que o caos pode ser evitado por meio de ações como moderar o uso de dados sintéticos e tomar muito cuidado quando não houver um conjunto de dados reais disponível, “para evitar a loucura no futuro”.


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Jeduca completa sete anos e busca levar a educação para os destaques da mídia

Jeduca completa sete anos e busca levar a educação para os destaques da mídia

A Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) completou em junho sete anos de atuação. Criada em 2016, a iniciativa visa a ajudar os jornalistas na cobertura de pautas relacionadas à educação, além de mostrar a importância do tema para a sociedade.

A ideia para a criação da associação surgiu de um pequeno grupo de jornalistas que já cobriam educação, mas que identificaram a necessidade de maior especialização por parte dos jornalistas. Era preciso qualificar a cobertura do tema. Com isso em mente, Renata Cafardo, Antônio Gois, Fábio Takahashi, Paulo Saldaña, Mariana Tokarnia, Elisangela Fernandes e Margarida Azevedo fundaram em 2016 a Associação de Jornalistas de Educação.

Jornalistas&Cia conversou com Renata Cafardo, uma das fundadoras e atualmente presidente da Jeduca, sobre os sete anos de atuação da associação. Ela falou sobre a importância do jornalismo de educação para a sociedade, sobre o Congresso de Jornalismo de Educação da Jeduca, e outras ações que a associação faz e fará para valorizar ainda mais esse tema, e trazê-lo para os destaques da imprensa e da mídia como um todo.

Vale lembrar que as inscrições para o 7º Congresso da Jeduca já estão abertas. O evento, que conta com apoio institucional do Jornalistas&Cia, será realizado em 18 e 19 de setembro, na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), em São Paulo. O tema será Que sociedade queremos? O jornalismo de educação no debate nacional.

Confira a entrevista na íntegra a seguir:

Jornalistas&Cia Como ocorreu a criação da Jeduca? Como surgiu a ideia de criar uma associação focada em jornalismo de educação?

Renata Cafardo

Renata Cafardo – A Jeduca foi criada em 2016. Eu e mais um grupo de jornalistas que já cobriam educação há algum tempo percebemos que existia uma dificuldade de se cobrir educação e entender os termos, a importância da educação na sociedade. Notávamos que a cobertura e o interesse no assunto iam crescendo.

Antes, as matérias eram sobre mensalidades, coisas mais básicas, que não se aprofundavam no tema de educação. Nos últimos 20 anos houve esse crescimento, a imprensa começou a escrever sobre políticas públicas e a importância da educação para o País. Sentimos que existia a necessidade de qualificar os jornalistas, pois nem todos são especialistas em educação. Até hoje, temos poucos setoristas na área, entendemos que às vezes uma pauta de educação cai no colo de um jornalista e ele fica perdido, não sabe como fazer a cobertura. Então, tivemos essa ideia de criar uma associação para auxiliar esses jornalistas na cobertura da educação.

Uma das iniciativas da Jeduca foi a contratação de uma editora pública, Marta Vancini, que atende de forma gratuita a qualquer repórter que esteja fazendo matéria sobre educação e tem dúvidas sobre fontes, contexto, entre outros. Os veículos tradicionais, jornais, televisão, rádios, que não têm editor especializado em educação, então nossa editora pública está aí para ajudar esses repórteres.

Além da editora pública, temos também vários guias, sobre primeira infância, ensino técnico, financiamento de educação, entre outros assuntos. A Jeduca tem também uma ferramenta de busca que ajuda os jornalistas a encontrarem dados governamentais sobre determinado assunto relacionado à educação.

Uma das grandes missões da Jeduca é qualificar ainda mais o jornalismo de educação, pois dessa forma estamos contribuindo para a própria educação do Brasil, não só jornalisticamente. Ao mostrarmos para a sociedade uma discussão mais qualificada e fazermos com que a população entenda melhor a educação e possa cobrar melhor a sua educação pública, nós estamos melhorando o País como um todo. Essa é a importância do jornalismo de educação de uma maneira geral, não só para os jornalistas e para a imprensa, mas para toda a sociedade.

J&Cia – Quantos associados a Jeduca tem hoje? E de quais regiões?

Renata – Atualmente, temos o total de 1.736 associados, sendo que quase 68% deles são do Sudeste, pouco mais de 10% do Sul, também próximo de 10% no Nordeste, e mais de 11% somando os associados do Centro-Oeste e do Norte do Brasil.

Nossa intenção é justamente chegar a outras regiões. Além dos associados, temos também embaixadores da Jeduca, que são jornalistas de todas as regiões que divulgam a entidade em seus estados. Uma de nossas grandes preocupações sempre foi sair desse eixo-Rio-São Paulo-Brasília, que é onde está a maioria dos jornalistas de educação. Em todas as nossas ações buscamos diversidade. Por exemplo, no Congresso estamos dando 30 bolsas para jornalistas comparecerem, nós financiamos tudo para que essas pessoas venham e assistam ao evento. E selecionamos esses jornalistas a partir de critérios de raça e gênero, mas também pensando na diversidade regional; por isso, entre esses jornalistas estão pessoas de quase todos os estados do Brasil.

J&Cia – Fale um pouco sobre o Congresso, como surgiu a iniciativa, e quais são as novidades para a edição de 2023?

Renata – Logo no começo percebemos que precisávamos de um encontro para debater o jornalismo de educação. Antes, só existia o congresso da Abraji como referência de encontro de jornalistas, e nos inspiramos nele para fazer um congresso sobre educação. Surgiu dessa ideia de trocar experiências e discutir o trabalho do jornalismo de educação, além da oportunidade de trazer pessoas de outras regiões, com diferentes ideias. Tanto o jornalismo como a educação são essenciais para uma sociedade mais justa, democrática, ambos têm essa importância, então quisemos juntar essas duas áreas.

Sobre o Congresso de 2023, uma das mesas abordará educação antirracial, com Nikole Hannah-Jones, jornalista do New York Times que criou o podcast The 1619 Project, sobre o primeiro navio negreiro que aportou nos Estados Unidos; Tiago Rogero, criador do Projeto Querino, da Rádio Novelo. Eles conversarão sobre educação antirracista, sobre as similaridades da história dos negros dos Estados Unidos e do Brasil, e como fomos tirando os negros da nossa história e contando nas escolas uma história que não era verdadeira.

Depois, teremos um debate sobre ataques violentos a escolas, tema que tomou muito a cobertura de educação no primeiro semestre, e algo sobre o que a Jeduca se posicionou muito fortemente. Fizemos recomendações sobre a cobertura de ataques a escolas, e essas recomendações foram seguidas por veículos do Brasil inteiro, alterando totalmente a forma como cobrem esses acontecimentos, com mais cuidado, sem colocar fotos do agressor, sem muitos detalhes sobre os ocorridos, pois pesquisas indicam que essa grande exposição da mídia acaba contagiando outros criminosos, e a probabilidade de novos ataques acontecerem é alta.

Por isso, nesse debate, traremos Sherry Towers, pesquisadora americana/canadense que estuda justamente esse efeito de contágio, e que é autora de uma das pesquisas mais importantes sobre o tema, que serviu de base para organizações e veículos do mundo inteiro. A pesquisadora Telma Vinha também estará presente para mostrar o lado do Brasil nesse assunto.

Teremos ainda outras mesas sobre ataques a escolas, como uma só de professores, que falarão sobre como é enfrentar esses casos de violência. Traremos também jornalistas de outras áreas, de política e economia, para discutir por que educação não entra tanto nos destaques, por que economia e política têm muito mais destaque. Será que são os leitores que não se interessam ou os próprios jornalistas que não têm muito conhecimento sobre a área? Então, será uma mesa com jornalistas que não são de educação para falar sobre como a educação pode estar mais na pauta de todo mundo.

J&Cia – Esses dois temas que você citou, educação antirracial e cobertura de ataques violentos a escolas, são pautas que estiveram em grande evidência nos últimos meses. Além das mesas do Congresso, o que a Jeduca vem fazendo para debater esses temas?

Renata – A educação antirracista é importante em todos os aspectos, é mais do que fazer mesas de debate. Sempre pensamos na diversidade na hora de organizar o Congresso, e também na composição dos próprios debates, isso também faz parte de educação antirracista. Fora do Congresso, fizemos webinars, temos um guia sobre Diversidade, mas não especificamente sobre a questão racial, mas pensamos em elaborar um conteúdo do tipo mais para frente. O jornalismo discutir a educação antirracista é essencial, e por isso é um dos grandes temas do nosso Congresso.

Em relação aos ataques às escolas, também, além das mesas, fizemos as recomendações com pesquisas e estudos sobre o impacto da cobertura da imprensa sobre o tema, fizemos uma ação grande de divulgação desse conteúdo em nossas redes sociais, enviamos a todos os nossos associados. Tudo isso movimentou muito a Jeduca, fez inclusive ela ficar mais conhecida, e ficamos muito felizes que muitos veículos por todo o Brasil passaram a adotar as recomendações, e alteraram a cobertura desses ataques.

J&Cia – Na sua opinião, como presidente e uma das fundadoras da Jeduca, qual a importância do jornalismo de educação para o Brasil e para o mundo?

Renata – Acredito que, quanto mais discutirmos educação de maneira qualificada na imprensa, melhor será a educação em nosso País, pois a sociedade, vai estar melhor informada sobre esse tema e terá subsídios para cobrar, para criticar, para buscar uma melhor educação pública.

Então, acho que é papel crucial do jornalismo de educação trazer a educação para a discussão pública, de uma maneira qualificada, com boas fontes, boas pesquisas, dados corretos e relevantes, ouvindo sempre os dois lados.

Um país que discute pouco a educação na imprensa, obviamente não avança em sua própria educação. No caso do Brasil, temos inúmeros problemas em nossa educação, então, não é só apontar os problemas, e sim apresentar soluções, o que pode dar certo, discutir a educação de maneira geral. Não basta criticar o que está sendo feito. Nosso sonho é que a educação seja um assunto tão discutido e seja considerada de forma tão relevante quanto outros temas, como política e economia, na imprensa como um todo. Queremos a mesma quantidade de manchetes para a educação, porque é uma área crucial para o desenvolvimento do nosso país e para o desenvolvimento de cada cidadão.

J&Cia – O que você enxerga no futuro da Jeduca para os próximos sete anos?

Renata – Esperamos que a gente tenha cada vez mais interesse por jornalismo de educação, que tenhamos cada vez mais estudantes se interessando por educação, desde a faculdade. Quando eu fiz faculdade, não tinha disciplina sobre esse tema, e hoje continua não tendo. Mas, antes, não havia nenhum interesse em jornalismo de educação, já hoje percebemos que o interesse cresceu muito. A Jeduca tem até um edital que premia TCCs sobre educação.

Muitos estudantes vão também ao nosso Congresso, a educação já é uma área de interesse das novas gerações. Então, nosso objetivo é seguir atuando cada vez mais com estudantes de jornalismo, para aumentar ainda mais o interesse na área e para que no futuro tenhamos mais jornalistas de educação querendo cobrir a área. Queremos também chegar a todos os estados, ajudar os jornalistas dessas regiões a se interessarem por educação. A ideia é que a educação sempre esteja em pauta, nos próximos anos, queremos que o tema só cresça na pauta jornalística, e assim a gente consiga, de alguma forma, ajudar também a educação pública brasileira, que é nosso grande foco.


Band retoma Rede 21 como canal de esportes

A Rede 21, do Grupo Bandeirantes, será retomada a partir da próxima segunda-feira (4/9) com conteúdo próprio, com foco em esportes. Com o nome Canal21 Sports, a ideia é que o canal tenha programação esportiva 24 horas por dia na TV aberta. As informações são de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo).

A nova Rede 21 está sendo tocada por Denis Gavazzi, diretor de esportes da Band.  A programação terá programas do Grupo Bandeirantes, atrações inéditas e produções feitas inicialmente para as plataformas digitais da Band. No começo, haverá transmissão ao vivo do recém adquirido Campeonato de futebol da Arábia Saudita e eventos de MMA, mas o canal trará outros eventos mais para frente.

O principal noticiário do canal será o 21 Minutos, que vai ao ar às 10h30 e mais tarde às 22h30, sem apresentação fixa. Nas noites de segunda-feira, às 21h, vai ao ar o Descarga Elétrica, apresentado por Fernando Fernandes. Na terça-feira, no mesmo horário, será exibido o Tem Mulher na Área, mesa-redonda comandada Paloma Tocci e com participação de jornalistas da casa.

Às quartas-feiras, Fred Sabino, coordenador de transmissões da Fórmula 1, apresenta o Nitro, que trará informações sobre automobilismo. Na quinta-feira, Lívia Nepomuceno comanda o Show de Bola, com o resumo da rodada de futebol na semana. E nas noites de sexta-fera, vai ao ar o Arena UFC, apresentado por Mirelle Moschella.

O canal 21 vai também reprisar programas do Grupo Bandeirantes durante sua programação, entre eles estão o Jogo Aberto com Renata Fan; Os Donos da Bola e Apito Final, de Neto; Band Esporte Clube com Kalinka Schutel; e Esporte Total com Fernando Fernandes. Programas do rádio e do digital também devem aparecer na programação.

A Rede 21 foi fundada em 1996 como canal aberto de jornalismo e entretenimento. Em 2006, virou a PlayTV e investiu em conteúdo geek. Mas desde 2008, o canal era arrendado para igrejas como a Universal do Reino de Deus.

  • Leia também: Ali Kamel deixará a direção do Jornalismo da Globo em dezembro

Ali Kamel deixará a direção do Jornalismo da Globo em dezembro

Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro

A Rede Globo anunciou em 28/9 que Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo da Globo, deixará as funções executivas no final deste ano para assumir uma posição no Conselho Editorial do Grupo Globo. O comunicado interno foi assinado pelo diretor-presidente Paulo Marinho.

Ali Kamel (Crédito: Sergio Seiffert/Memória Globo)

O sucessor de Kamel será Ricardo Villela. Na Globo desde 2005, depois de dez anos de experiência no jornalismo impresso, ele teve passagens pelo Jornal do Brasil e pelas revistas Veja e Playboy. Chefiou a redação de São Paulo antes de dirigir a redação da Globo em Brasília. Desde 2021 no Rio, tem trabalhado próximo a Ali Kamel como diretor-executivo de Jornalismo.

Para esse posto irá Miguel Athayde, atualmente diretor da GloboNews. Considerado prata da casa, está na Globo desde 1994. Foi produtor dos jornais locais do Rio, editor-executivo e editor-chefe do Bom Dia Brasil. Em 2012, foi convidado para a direção regional de Jornalismo do Rio. Desde 2018, dirige a GloboNews, onde ampliou a cobertura ao vivo para 20 horas diárias.

Vinícius Menezes substitui a Athayde na GloboNews, e Márcio Sternick assume a Editoria Regional Rio.

Ricardo Villela (Crédito: Sergio Seiffert/Memória Globo)

No comunicado, além dos elogios e recordação a dos feitos durante a carreira de Kamel, Marinho menciona bastidores da atuação dele. “Mas, quem conhece bem o Ali sabe que, de todas as coberturas nesses anos todos, a que lhe demandou mais, profissional e emocionalmente, foi a da pandemia. Justamente quando o jornalismo seria mais necessário e nossas equipes mais exigidas, as condições de trabalho impostas pela realidade eram as mais duras. Sob sua liderança, os telejornais cresceram de tamanho, um programa diário dedicado à pandemia foi criado do zero em 24 horas, o espaço do noticiário disparou. Colegas adoeceram. Em meio a tanto empenho de todas as equipes, Ali, além da minuciosa supervisão do trabalho jornalístico em si, passou a incluir duas novas tarefas em sua rotina. Diariamente, escrevia ou telefonava para os colegas doentes ou seus parentes em buscas de notícias de um a um. E, à noite, enviava a todos um relatório intitulado “Nossos colegas”, com um balanço transparente dos doentes e recuperados. Muitos colegas nossos se lembram com emoção desse gesto”.

A despedida

Na mensagem de despedida para os funcionários, dirigida “A todos vocês, com grande admiração”, Kamel lembra seu início na profissão:

“Em 1982, participei da cobertura da Rádio Jornal do Brasil na apuração dos votos na primeira eleição para governador depois do golpe de 1964. Minha tarefa não exigia mais de mim do que ler os boletins de urna para alguém na redação usando um telefone público. Mas a simplicidade da missão não me impediu de viver a experiência com a mesma intensidade com que viveria o jornalismo nos anos seguintes. Vieram a Revista Afinal, a Revista Veja, o jornal O Globo, em 1989, e, desde 2001, a Globo. Ao longo dessa trajetória, nas mais diferentes funções, testemunhei os acontecimentos que marcaram o Brasil e o mundo com os olhos de um jornalista profissional, essa atividade que se mantém indispensável hoje como no passado, talvez mais.

À medida que os anos se passaram, nunca a vivi como um ‘velho homem de imprensa’, esse jargão que designa aquele que já não se surpreende mais com nada. Vivi tudo e ainda vivo com a postura daquele estagiário de 41 anos atrás: com curiosidade, empolgação, vontade de aprender e de acertar. E, talvez o mais importante, com a humildade de saber que o jornalismo é uma atividade coletiva, ninguém faz nada sozinho: o resultado do nosso trabalho será sempre melhor se muitos dele participarem.”

Prossegue dizendo que, desde o ano passado, preparou-se para deixar as atividades diárias e conversou com João Roberto Marinho, presidente do Conselho de Administração e do Conselho Editorial do Grupo Globo, assim como Paulo Marinho, diretor-presidente da Rede Globo. Ambos foram generosos nas conversas e na avaliação do trabalho dele. Lembrou que sua mulher, a jornalista Patrícia Kogut, também se afastou recentemente de suas funções em O Globo.

Lembra ainda seu tempo de trabalho com João Roberto Marinho e menciona o convite para manter a parceria “na condição de coordenador do Conselho Editorial, função que ele decidiu criar agora para auxiliá-lo na condução desse órgão”. Agradece a três gerações da família Marinho por lhe terem proporcionado “os meios, o ambiente, as oportunidades e a liberdade” de se desenvolver profissionalmente. E também a todos os colegas de trajetória, citando alguns nominalmente.

Adriana Garcia é a nova secretária executiva da Abraji

Adriana Garcia é a nova secretária executiva da Abraji
Adriana Garcia é a nova secretária executiva da Abraji

Adriana Garcia é a nova secretária executiva da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A professora e designer substitui a Cristina Zahar, que ficou no cargo por cinco anos.

A nova líder é uruguaia de nascimento, mas naturalizou-se brasileira. Com mestrado em Jornalismo, Mercado e Tecnologia pela Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo (ECA-USP), teve passagens por agência Reuters, Exame, Veja SP e Folha de S.Paulo.

Adriana é cofundadora do Orbitalab, laboratório de inovação para projetos de mídia digital. Também foi Google Teaching Fellow por nove meses, tendo treinado mais de cinco mil comunicadores em inovação e metodologias ágeis.

Entre os deveres da nova secretária estão a captação de recursos para projetos da Abraji, coordenação de eventos e representação institucional da entidade no Brasil e no exterior.

“Para mim é uma honra passar a colaborar com uma das mais prestigiadas entidades dedicadas a desenvolver o método jornalístico no Brasil e no mundo”, disse. “Espero contribuir para que mais pessoas possam conhecer os protocolos da profissão, suas diretrizes éticas e prestigiar essa atividade que é tão essencial para o bom andamento da vida cívica, assim como ajudar a garantir a realização de treinamentos contínuos e de qualidade para uma nova geração de jornalistas”.

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Grupo CDI adquire participação na OutField Agency

A partir da esquerda: em pé, Lucca Bradfield (managing partner da OutField Agency), Antonio Salvador Silva (presidente do Grupo CDI) e Henrique Repiso (CEO da NR7, Grupo CDI); sentados, Pedro Oliveira (cofundador da OutField Holdings) e Lucas de Paula (também cofundador da OutField Holdings)

Em novo passo de consolidação, o Grupo CDI anunciou na última semana ter adquirido participação na OutField Agency, integrante da OutField Inc., holding focada em estratégia, inteligência e investimentos dentro do esporte e do entretenimento. Os valores não foram divulgados.

Com o movimento, o grupo liderado por Antonio Salvador Silva, que projeta fechar 2023 com um faturamento 15% superior aos R$ 57 milhões registrados em 2022, passa a ter uma ligação ativa e direta com aqueles segmentos, em que já são atendidos clientes como Red Bull Bragantino, Unlimited Sports, Rede Tênis Brasil, Los Grandes e Confederação Brasileira de Desportos na Neve.

O potencial dessa parceria pode ser avaliado nas palavras de Lucca Bradfield, managing partner da OutField Agency e sócio da OutField Inc.: “O mercado esportivo está se transformando e ganhando uma estrutura mais empresarial no Brasil, não apenas no futebol, com a chegada das SAFs, mas em outros segmentos, como esportes outdoor, automobilismo e eSports. Esse movimento impacta diretamente os ativos esportivos, que se conectam com a grande indústria da publicidade, e no relacionamento dos grandes anunciantes com o segmento. E é neste lugar que atuamos. É muito importante que as pontas estejam alinhadas, construindo narrativas que criem valor e gerem retorno financeiro para ambos os lados”.

A partir da esquerda: em pé, Lucca Bradfield (managing partner da OutField Agency), Antonio Salvador Silva (presidente do Grupo CDI) e Henrique Repiso (CEO da NR7, Grupo CDI); sentados, Pedro Oliveira (cofundador da OutField Holdings) e Lucas de Paula (também cofundador da OutField Holdings)

O entusiasmo de Salvador Silva também é evidente: “É um movimento que agrega muito valor não só para a nossa base de clientes, mas para o mercado. Essa junção une os anos de experiência em comunicação do nosso grupo com todo o mindset e a qualificação do time da OutField, que tem autoridade e profundidade em tudo o que faz no mercado esportivo. Agora, teremos um olhar clínico, moderno e consciente para introduzir e ativar qualquer marca neste nicho”.

Instituto Serrapilheira financiará nove podcasts sobre ciência

Rodrigo Alves, do Vida de Jornalista, oferece oficina online sobre podcasts

O Instituto Serrapilheira selecionou nove criadores de podcast focados em ciência para um treinamento de três meses, além de um aporte de R$ 50 mil para a produção de uma temporada. Os projetos, todos em fase de produção, foram selecionados na chamada pública para podcasts do Instituto, que contemplou propostas com diferentes assuntos e formatos.

Entre setembro e novembro, os selecionados irão participar de um treinamento para aperfeiçoar suas propostas e melhorar suas capacidades técnicas. Esta etapa será conduzida por Bia Guimarães e Sarah Azoubel, do Laboratório 37, empresa de comunicação que já produziu trabalhos para clientes como Globo e Spotify.

Conheça os escolhidos:

A Reinvenção da Natureza

Responsável: Nathalia Cariatti

Organização: NCF Produções (SP)

Podcast narrativo documental que vai debater as questões sociais que ganharam relevância com as técnicas da ciência reprodutiva, como inseminação artificial e fertilização in vitro. A ideia é discutir como a geração da vida humana tem passado pelo laboratório.

 

Caatingueira

Responsável: Pâmela Mariana Queiroz Santana

Organização: Centro Cultural do Cariri – Instituto Mirante (CE)

O podcast pretende abordar a tradição da medicina popular e as plantas da caatinga, cruzando questões de ciência, ancestralidade e cura. Além disso, o podcast trará histórias e outros aspectos do Cariri cearense, levando o público a conhecer melhor a cultura da região.

 

Meridianos

Responsável: Lara Carvalho

Organização: Lua de Maré Produções (BA)

Podcast de ficção que pretende usar contos para imaginar como possíveis catástrofes climáticas poderiam afetar a população e a cultura da Região Nordeste. O foco é promover um debate sobre meio ambiente e sociedade, levando os ouvintes a entenderem os efeitos do desrespeito à causa ambiental.

 

Sinal de Vida

Responsável: Lucas dos Santos Andrade

Organização: Alô, Ciência? (SP)

Trará os relatos e experiências de dois biólogos que buscam por rastros de espécies-foco da conservação da biodiversidade ao mesmo tempo em que aprendem mais sobre o trabalho de campo. O foco da primeira temporada será a coleta de dados da raia-chita nos mares que circundam o Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), em São Paulo.

 

Planetário

Responsável: Stela Nesrine Medrado

Organização: Todo Canto Produtora (SP)

Podcast de ficção destinado a ensinar astronomia para as crianças. O projeto contará as aventuras de Mizu, uma garota de 12 anos que viaja para outros planetas do sistema solar, onde aprende mais sobre ciência.

 

O mar não está pra peixe

Responsável: Herton Escobar

Organização: Jornal da USP (SP)

Irá detalhar os impactos causados pela ação humana nos ecossistemas marinhos, como pesca predatória, mudanças climáticas e outras. O programa mostrará a origem, as consequências e possíveis soluções para essas questões.

 

Os Caminhos de Niéde Guidon

Responsável: Kelly Spinelli

Organização: B9 Conteúdo e Mídia LTDA (SP)

Contará a história de Niéde Guidon, considerada uma das mais importantes arqueólogas brasileiras, a partir de uma expedição realizada em 2020 à Serra da Capivara, local que foi um dos principais campos de trabalho de Niéde. O projeto vai tratar das questões políticas e científicas que foram abordadas ao longo da carreira da arqueóloga, como falta de financiamento, negacionismo científico e outros.

 

Torpor

Responsável: Leonardo Aquino

Organização: Apneia Conteúdo (PE)

Podcast irá debater o consumo de opióides, analgésicos de grande potência que podem causar dependência física e psicológica. Com entrevistas, construções de cenas e outros recursos, os episódios jogarão luz sobre o tema e explicarão como o Brasil tem se preparado para lidar com a questão.

 

Axé das Plantas – Cura do corpo e da alma

Responsável: Victor Silva

Organização: Universidade Federal da Bahia (BA)

Podcast irá discutir os aspectos científicos e culturais das plantas usadas nas religiões de matriz africana, como Umbanda, Jarê, Ifá e Candomblé. A ideia é trazer um olhar científico para a comprovação dos benefícios medicinais dessas plantas no tratamento de doenças e males espirituais.

Presidente da CPMI do 8 de janeiro assina ato que censura jornalistas

Presidente da CPMI do 8 de janeiro assina ato que censura jornalistas
Presidente da CPMI do 8 de janeiro assina ato que censura jornalistas

O presidente da CPMI do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), assinou em 28/8 um ato que limita o acesso dos profissionais de imprensa que trabalham na cobertura da Comissão.

O texto impõe um credenciamento específico para jornalistas e fotógrafos, além do concedido pelo Senado Federal e a Câmara dos Deputados para comunicadores trabalharem nas casas legislativas. Além disso, proíbe os profissionais de capturar “imagens [na CPMI] de conteúdo privado de terceiros sem autorização”

De acordo com o ato, a imprensa não deve interferir nos trabalhos da CPMI ou divulgar informações privadas e confidenciais sobre a comissão sem autorização.

Maia também determinou que qualquer violação das regras sujeita o profissional a sanções, além de responsabilização civil e penal.

“Embora o direito à liberdade de expressão e seu corolário − consubstanciado na liberdade de imprensa − consistam em pilares do Estado Democrático de Direito, não há direito absoluto no ordenamento jurídico pátrio, de maneira que tal previsão deve ser sopesada com os direitos próprios da personalidade, como o direito à intimidade e proteção da vida privada”, declarou o deputado.

Em nota, o presidente da EBC, Hélio Doyle, afirma que a decisão viola o livre exercício da profissão e a liberdade de imprensa, pedindo que a medida seja revista.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) publicou carta aberta pedindo a revogação da medida. Também o Sindicato de Jornalistas do DF e a Fenaj repudiaram “veementemente a grave violação da Constituição e do exercício profissional da categoria imposta pela presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro”.

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