“Em pleno estado de direito democrático, as redações não investem mais na grande reportagem. Motivo? Além das limitações de ordem financeira, acho que falta disposição para ir a campo, ouvir as pessoas e não depender das informações de gabinetes”. As declarações são do cineasta e jornalista João Batista de Andrade, que palestrou nesta 3ª.feira (13/5) do Ciclo de Debates em Comunicação da Câmara Municipal de São Paulo, sob coordenação de Eugênio Araújo e com a participação de Joana Puntel, pesquisadora e coordenadora do Curso de Jornalismo da Fapcom. Criador e ex-diretor do Globo Repórter, João Batista – atualmente na Presidência do Memorial da América Latina, em São Paulo –, revelou ainda que muitas reportagens especiais foram vetadas, nos anos 1970, inclusive sob ordem expressa do ex-presidente João Figueiredo. “Reportagens que mostravam a miséria real das periferias eram, simplesmente, proibidas pela censura militar”. No final de sua fala, ele deu um conselho aos novos profissionais: “Não há desculpa para quem quer fazer jornalismo sério e flagrar os problemas cotidianos. Sempre haverá formas criativas para driblar a censura ou a burocracia de redações”.