Por Álvaro Bufarah (*)

A música continua sendo a grande protagonista do consumo de áudio nos Estados Unidos, segundo a pesquisa trimestral Share of Ear, realizada pela Edison Research. O estudo revelou que aproximadamente 74% do tempo médio diário dos ouvintes é dedicado à música, reforçando sua relevância no cenário auditivo, apesar do crescimento dos podcasts e outras formas de conteúdo falado.

Os dados da pesquisa indicam que a principal fonte de música para os americanos com 13 anos ou mais ainda é a rádio AM/FM, incluindo destaques tradicionais e streaming, representando 32% do tempo total de escuta musical. Isso demonstra a força e a resiliência do rádio mesmo diante da ascensão dos serviços digitais.

Os serviços de streaming, como Spotify, Apple Music, Amazon Music, Pandora e YouTube Music, aparecem logo em seguida, com 28% do tempo de audição. Já o YouTube, utilizado tanto para ouvir músicas quanto para assistir a videoclipes, representa 18% do consumo musical.

Outras fontes também desempenham papel significativo no consumo de música. A rádio por satélite SiriusXM, por exemplo, representa 9% do tempo de escuta, assim como a música própria – que inclui vinis, CDs e arquivos digitais baixados. Já os canais de música na TV, como Music Choice e Stingray, cobrem a 3% do tempo total de audição.

A pesquisa revela diferenças importantes ao analisar as variações por faixa etária. Para o público entre 13 e 34 anos, os serviços de streaming ultrapassaram a rádio AM/FM como principal fonte de música, com 31% do tempo de audição, contra 30% da rádio. Essa mudança reflete o impacto das novas tecnologias e a preferência dos mais jovens por plataformas digitais, que oferecem acesso sob demanda e maior personalização da experiência musical.

Embora a rádio tradicional tenha perdido parte do público mais jovem, ela ainda se mantém relevante em determinados contextos, especialmente no consumo dentro dos automóveis. Dados da Edison Research mostram que a rádio AM/FM domina a audiência de áudio com suporte publicitário nos carros, representando 86% do tempo total de escuta. Mesmo entre os ouvintes mais jovens (18 a 34 anos), a rádio detém 82% da audiência nos veículos, consolidando sua importância nesse ambiente.

O estudo também destaca o crescimento significativo dos podcasts no cenário do áudio. Desde 2014, a participação desse formato no tempo total de escuta aumentou cinco vezes, alcançando 10% do consumo auditivo geral. Entre os hispânicos de 18 a 34 anos, os podcasts já superam a rádio AM/FM como principal plataforma de áudio com suporte publicitário, o que demonstra uma mudança importante nos hábitos desse público.

Por outro lado, entre os afro-americanos, a rádio AM/FM continua sendo a principal fonte de conteúdo de áudio, com os podcasts tendo uma participação menor em relação à mídia geral. Esse dado sugere que a adoção de novas tecnologias no consumo de áudio pode variar de acordo com fatores culturais e demográficos.

A pesquisa Share of Ear evidencia que, mesmo diante da transformação digital e do crescimento das plataformas de streaming e podcasts, a música segue sendo o conteúdo mais consumido pelos ouvintes americanos. A rádio tradicional, apesar das mudanças, continua desempenhando um papel fundamental, especialmente em momentos específicos, como a escuta no carro.

Com a evolução das tendências do público e da concorrência cada vez maior entre plataformas, entender essas dinâmicas é essencial para profissionais da indústria musical, publicitários e produtores de conteúdo. O futuro do consumo de áudio será moldado pelas novas tecnologias, mas a música – em todas as suas formas de distribuição – continuará sendo o coração da experiência auditiva dos ouvintes.

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.


Álvaro Bufarah

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

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