O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios rejeitou nesse domingo (16/1) o pedido de prisão contra o âncora da TV Globo William Bonner por incentivar a vacinação de crianças e adolescentes contra a Covid-19.

A ação, movida pelo advogado Wilson Issao Koressawa, acusa Bonner de participar de uma suposta organização criminosa, composta também por outros profissionais da Globo, que teria o objetivo de falar sobre os impactos positivos da vacina contra o coronavírus. Sem provas, Koressawa afirmou que o âncora cometeu os crimes de indução de pessoas ao suicídio, de causar epidemia e de “envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo”. Ele pediu também que Bonner fosse proibido de incentivar a vacinação de crianças e adolescentes e a exigência de passaporte sanitário.

A juíza Gláucia Falsarella Pereira Foley classificou o pedido como descabido, e que a ação se assemelha a panfletagem política ao reproduzir teorias da conspiração sem embasamento científico e jurídico: “O Poder Judiciário não pode afagar delírios negacionistas, reproduzidos pela conivência ativa − quando não incendiados − por parte das instituições, sejam elas públicas ou não”.

“Vivemos tempos obscuros traçados por uma confluência de fatores. (…) Os inúmeros mecanismos de pesos e contrapesos da democracia nos colocaram na presente situação, mas será somente por meio dela que o Poder Judiciário, trincheira do Estado democrático de Direito, poderá colaborar para que ensaiemos a superação da cegueira dos nossos tempos”, conclui a juíza, que destaca também que o exercício da liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de proferir críticas.

Wilson Issao Koressawa, que se apresenta como promotor de Justiça aposentado, concorreu a deputado distrital do DF em 2002, pelo PSD, e teve sua candidatura indeferida para o mesmo cargo em 2006, quando estava filiado ao PSOL. Em 2020, entrou com um pedido de prisão contra 40 autoridades junto ao Superior Tribunal Militar (STM). Segundo o Metrópoles, o protocolo da ação foi acompanhado por manifestantes do grupo armado de extrema-direita Os 300 do Brasil, composto por integrantes pró-Bolsonaro.

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