O jornalista João Luiz Domenech Oneto, ex-O Globo e comunicação corporativa da Coca-Cola, teve seu perfil banido do LinkedIn, após mais de dez anos de atuação na plataforma. Ele denunciava informações falsas veiculadas na rede e sofreu ataques por causa das denúncias, mas acabou sendo banido do LinkedIn sob a justificativa de suposto descumprimento de normas de utilização do perfil e assédio a outras contas.

No início da pandemia, Oneto percebeu que muitos perfis estavam compartilhando fake news e desinformação sobre a Covid-19, vacinas e o tratamento dado ao tema pelo governo Bolsonaro. Ele então passou a denunciar as postagens, explicando que se tratava de conteúdo desinformativo, e criticando as diretrizes de combate à desinformação do LinkedIn. Diversos perfis passaram a atacar e ameaçar o jornalista.

Oneto, porém, é que foi banido da rede, sob a alegação de que teria violado diretrizes de uso do perfil do LinkedIn e cometido assédio contra outras contas. “Para minha perplexidade, eles dizem que o culpado sou eu. Mesmo diante de todos os insultos registrados. Querem me transformar em um extremista”, declarou o jornalista nas redes sociais.

As postagens denunciadas por Oneto continham fake news como “a cloroquina cura”, “máscaras não servem para nada”, “pessoas assintomáticas não transmitem”, “isolamento foi idiotice e Bolsonaro tinha razão” e “três comprimidos de ivermectina salvam mais que duas doses da vachina”. As ameaças que recebeu incluíam mensagens dizendo que iriam até a casa dele “educá-lo”, ou que ele receberia uma “visita surpresa” caso continuasse. As intimidações chegaram até à família de Oneto. Um de seus familiares, com o mesmo sobrenome, recebeu uma mensagem de uma conta dizendo que iria visitar o seu comércio.

Prints das ameaças contra João Oneto (Crédito: Abraji)

Oneto entrou com uma ação na Justiça do Rio de Janeiro pedindo não só sua reintegração à rede como também a reparação por danos causados pelos ataques e por ter sido excluído de uma plataforma muito importante para a atuação profissional. O jornalista apresentou à Justiça diversos prints de denúncias que fez e ameaças que recebeu.

“Fui achando um fio de que eram os mesmos perfis, de pequenos empresários, principalmente do Sul do País. Havia perfis falsos e pessoas operando vários perfis”, disse Oneto. “Devo ter milhares de prints. Diante disso, eu, que sempre escrevi sobre comunicação empresarial, tive como primeira reação denunciar essas postagens, mas o sistema automático sempre dizia que não havia nada errado. Me sinto assediado moralmente. Mas essa denúncia contra o LinkedIn não é apenas sobre mim. A plataforma está abrigando criminosos que atentam contra o País e contra outras pessoas”.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) procurou o LinkedIn para um posicionamento da empresa, que declarou que não comenta situações com usuários específicos por questão de privacidade.

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