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terça-feira, abril 23, 2024

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Pequeno dicionário brasileiro da língua morta é o novo livro de Villas

Se alguém lhe perguntasse: – O avião jogou muito?, o que você responderia. E se lhe dissessem que sua ourela está aparecendo ? . As respostas estão em Pequeno dicionário brasileiro de língua morta, novo livro de Alberto Villas (ex-TV Globo e SBT). Lançado nesta 2a.feira (2/4) em São Paulo, é o quinto da série escrita por “Villas ” em parceria com a Editora Globo, que aborda costumes, língua e comportamento da sociedade brasileira. Os outros quatro são O mundo acabou! (2006), “Afinal, o que viemos fazer em Paris (2007) “, Admirável mundo velho! (2009) e Onde foi parar o nosso tempo (2010).

A ideia desse livro surgiu de uma conversa com Joaquim Ferreira dos Santos, colunista de O Globo, que contou que disse um dia em casa: – Xiii, a radiola escangalhou?. Os jovens que estavam perto perguntaram:  Não sabiam nem o que era radiola, nem escangalhou. Então pensei que alguém podia recuperar essas palavras que estão morrendo, senão elas morrerão de vez e ninguém vai se lembrar delas nunca mais.

Villas conta que o formato de dicionário, com verbetes dispostos de A a Z, não foi planejado inicialmente. Comecei a anotar palavras que ouvia ou lembrava, e que sabia que já estavam em desuso, pelo menos com aquele significado específico. Quando vi, eram mais de 900! E não foram mais porque a editora tinha prazo para finalizar, brinca. No livro, os verbetes vêm acompanhados, além de seu significado, de uma pequena crônica que mostra como era utilizada essa palavra.

Segundo o autor, há só palavras que sumiram do mapa: beócio, garrucha, pinguço, sarongue e por aí vai. Ele exemplifica com o verbete balaio grande: Bunda grande. Zélia Gattai escreveu livros maravilhosos, quase diários de uma vida inteira que passou ao lado de Jorge Amado. Ela gostava de contar suas viagens pelo mundo com o escritor baiano e foi numa delas que, desconfiada que Jorge estivesse meio caidinho por uma moça, refletiu bem e chegou à conclusão de que não deveria ser verdade ?porque Jorge gostava mesmo era de mulher de balaio grande.

Mulher de balaio grande era mulher de bunda grande .   Outra palavra que o livro destaca é “babado”, que seria o equivalente da expressão que se fala hoje, qual é a  boa, Babado, tanto podia designar fofoca como novidade.  O babado corria de boca em boca, cada um dando sua opinião, se espantando ou criticando.

Não tinha babado que passasse em branco, diz Villas no livro.  O autor comenta que a proposta nunca foi fazer uma pesquisa etimológica aprofundada sobre verbetes antigos: A escolha das palavras está relacionada ao comportamento da sociedade de 1950 pra cá. Não é simplesmente uma reunião de verbetes. O interessante é mostrar como a palavra era utilizada e em que contexto ela surgiu com aquele significado .

As novelas, por exemplo, ditam essas expressões. Os bordões de personagens passam a fazer parte do vocabulário das pessoas nas ruas, explica. As filhas Maria Clara, de 21 anos, e Marília, de 17, tiveram papel importante na escolha dos verbetes. Eu perguntava se elas conheciam determinada palavra. Quando a resposta era , Não ou Já ouvi falar, mas não sei o que é ou quando conheciam com outro significado, eu anotava, conta o autor.Max Gehringer , que assina uma das orelhas do livro, diz que o que o Villas fez foi garimpar palavras por puro deleite, como quem encontra um empoeirado disco de vinil da Jovem Guarda (?Meu Broto?, com Teddy Milton) e aí embarca numa nostálgica viagem no tempo.

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