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quinta-feira, março 28, 2024

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Memórias da Redação ? O tetra do Flu, ao estilo de Nelson Rodrigues

A história desta semana é de autoria de Antonio Carlos Seidl ([email protected]), consultor em relações com a mídia da norte-americana Teneo Strategy, com passagens pelas redações do Correio da Manhã, Jornal dos Sports, O Globo, Visão, BBC de Londres e Folha de S.Paulo, além da assessoria de imprensa do HSBC. O tetra do Flu, ao estilo de Nelson Rodrigues Embora uma longa agenda cultural neste ano tenha louvado nos palcos, telas e em todos os meios de comunicação a vida e a obra do mais influente dramaturgo brasileiro, gostaria de fazer neste espaço de Memórias mais uma homenagem ao centenário de nascimento (23 de agosto de 1912) de Nelson Rodrigues. É tempo de reviver o jornalista Nelson Rodrigues, um dos baluartes das redações deste País, com passagens brilhantes por A Manhã, de seu pai, na sua natal Recife, e depois, no Rio de Janeiro, onde sua presença pontificou nas redações de títulos já extintos, tais como Correio da Manhã, O Jornal e o Jornal dos Sports, e também em O Globo e na Grande Resenha Facit, na TV Rio, que, conforme aponta Ruy Castro em O anjo pornográfico (Companhia das Letras), talvez tenha sido a primeira “mesa-redonda” sobre futebol apresentada regularmente no mundo. Em jornais, chamou a atenção na Última Hora, de Samuel Wainer, na coluna A vida como ela é…, com personagens tirados das tragédias, algumas delas reais, mas a maioria fictícia, do nosso cotidiano. Pioneiro nas resenhas esportivas “imparciais” da televisão, dizia “videotape é burro”; quando comprovava um gol irregular do seu Fluminense. Descrito nas “enciclopédias” como jornalista, dramaturgo e escritor, o que gostaria de destacar nessas linhas é o Nelson cronista esportivo, o maior deste País, e seus textos carregados de paixão pelo Fluminense. “Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, antes, muito antes da presente encarnação”, afirmava, imparcialmente, em seus comentários  dos grandes Fla-Flus. Uma das memórias que guardo com carinho foram aqueles três meses no início de 1968, quando tive o privilégio de conviver com ele na redação do Jornal dos Sports, no Rio. “Pó-de-arroz nato e hereditário”, como afirmava, o grande Nelson sempre pedia àquele jovem setorista do Fluminense as últimas notícias do clube de seu coração: “Como foi o treino hoje? Quem vai jogar domingo? Samarone e Cabralzinho podem mesmo jogar juntos?”. Fã de carteirinha, e, na época um foca não-remunerado, sentia-me honrado em lhe passar as novidades do nosso Fluminense em breves diálogos no canto do cafezinho na redação do  Jornal dos Sports, que ficava rua Tenente Possolo, no centro carioca, entre o Bairro de Fátima e a boêmia Lapa. Logo eu, um leitor assíduo, e colecionador, desde sempre, de suas crônicas sobre futebol, entre elas À sombra das chuteiras imortais e O personagem da semana. Lia e relia, inúmeras vezes, aprendendo, conforme palavras de Armando Nogueira, outro mestre da crônica esportiva, “a mitologia tricolor na prosa esplêndida de Nelson”. Nelas, narrava os milagres do Gravatinha, ditoso personagem que criou para explicar as inexplicáveis vitórias do Fluminense e, se o Fluminense perdia, para Nelson, a culpa era do sinistro Sobrenatural de Almeida. E de que forma ele, hoje centenário, narraria a conquista pelo nosso Fluminense do campeonato brasileiro de 2012? O tetracampeonato? Não custa imaginar. Aqui, inspirado nos textos antológicos sobre o Fluminense, reunidos em O profeta tricolor” (Companhia das Letras), coletânea organizada por Nelson Rodrigues Filho, tento, ousadamente, imaginar como teria sido a crônica do tetracampeonato, que teria sido escrita após o jogo das faixas dia 11 passado no Engenhão. Vejamos: “Amigos, que coisa doce e linda! Nunca se viu espetáculo como o de domingo no Engenhão. E nem me digam que há torcida maior e mais vibrante, mais carregada de paixão e de gritos do q

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