A Rede Global de Jornalismo Investigativo (GIJN, em inglês) realizou um webinar sobre como investigar o futebol, destacando tópicos relevantes para a cobertura de repórteres investigativos, como sexismo sistêmico, abuso sexual encoberto, sportswashing, lavagem de dinheiro, entre outros.
Participaram do painel a autora Bonita Mersiades, ex-denunciante da Fifa; Romain Molina, especialista em investigação do futebol; e David Conn, repórter esportivo do The Guardian e autor de O Jogo Bonito? e A Queda da Casa da Fifa.
“É muito bom que as pessoas entendam que esporte e futebol são áreas de jornalismo investigativo”, disse Conn. “É claro que a grande maioria das pessoas que amam futebol quer assistir a ação, apoiar seu clube e os jogadores e até mesmo jogar. Eu mesmo sou um amante do futebol. Mas é em parte por causa dessa popularidade que o esporte tem sido pouco reconhecido como foco de investigação ao longo dos anos”.
Entre as dicas gerais comentadas pelos palestrantes sobre como investigar o futebol, estão: procurar fontes oficiais em países menores, pois elas podem ter grandes contatos globais e conhecer os “peixes grandes”; verificar condições de estádios, políticas de segurança e alterações nos orçamentos; publicar matérias menores sobre o assunto para atrair denunciantes; investigar distribuição desigual de dinheiro no futebol; reexaminar evidências à vista de todos, como fotos e relatórios, e incluí-las nas matérias; entre muitas outras.
Em relação à Copa do Mundo no Catar, os palestrantes destacaram que o abuso de trabalhadores migrantes no País, além das condições inseguras de trabalho, praticamente escravo, é um dos temas mais importantes de investigação por parte de repórteres investigativos.
“Lembrem-se de que a Fifa concedeu um grande projeto de construção a um país que não tinha boas condições ou direitos para os trabalhadores que participaram dessa construção”, declarou Conn.
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