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quarta-feira, abril 24, 2024

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FBB promove encontro de jornalistas em Manaus

Manaus sediou de 22 a 24/5 a sétima edição do Encontro de Jornalistas, promovido pela Fundação Banco do Brasil. Com o objetivo de difundir as tecnologias sociais apoiadas pela fundação e estimular os profissionais a produzirem conteúdo sobre a região amazônica, cerca de 100 profissionais foram convidados a participar do evento, cujo tema foi Comunicação e perspectivas do desenvolvimento sustentável. Tecnologias Sociais Apesar do pouco tempo para visita técnica – reclamação recorrente dos jornalistas participantes –, pôde-se conhecer um pouco mais das chamadas Tecnologias Sociais, soluções simples que geram emprego e renda para comunidades e pequenos produtores. É o caso da meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão em caixas de nogueira que produzem um mel bastante saboroso – e completamente distinto em sabor do que estamos acostumados a consumir. A cerca de 50 minutos de Manaus está a produção de seu Ivanildo, o simpático dono de um pequeno sítio de três hectares. O mel, para ele, surgiu como possibilidade de renda extra, mas as abelhas não cumprem apenas essa função: também são responsáveis por polinizar a área, que produz graviola, abacaxi, jambo e tantas outras frutas. Os igarapés, cursos d’água típicos da região amazônica, também são utilizados para a criação de peixes. Com baixo custo de implementação, o sistema permite otimização do espaço e fartura de peixe, o principal alimento do amazonense, o ano inteiro. “Outro fator que observamos é a participação da mulher nesse tipo de atividade, que se destaca pela paciência e delicadeza ao alimentar o peixe”, destacou Geraldo Bernardino, secretário-executivo de Pesca e Aquicultura da Secretaria de Estado da Produção Rural do Amazonas (SEPROR/AM), que recebeu o grupo de jornalistas nesta segunda visita. No espaço visitado, o proprietário enxergou também a possibilidade de tornar o igarapé um ponto de lazer, no qual os visitantes podem banhar-se e saborear o peixe capturado na hora e preparado no restaurante que fica ali mesmo. Outra tecnologia apresentada – desta vez não em visita, mas com próprio material (bolsa e porta-lápis) recebido pelos participantes – foi a de encauchados de vegetais da Amazônia, pela qual aldeias indígenas e comunidades extrativistas são incentivadas a extrair o látex de maneira sustentável e, em vez de vendê-lo como matéria-prima, produzir ali mesmo artesanato, comercializado por dez vezes o valor cobrado pelo produto bruto. Inspiração para boas pautas não faltou. Talvez por isso a ansiedade dos profissionais por visitas mais longas. Aos interessados, a fundação concentra em um site informações sobre todas as tecnologias sociais que certifica, com contatos dos responsáveis. Para saber mais, acesse http://migre.me/eLWo1. Agenda social e cobertura da mídia Amélia Gonzalez, que participou da mesa sobre o tema ao lado de Bráulio Ribeiro (EBC) e Dal Marcondes (Envolverde), manifestou uma dúvida que outros profissionais provavelmente também têm: “Quem sabe hoje o que o público quer ler? Eu tive a sensação de que, com o Razão Social [caderno que editava no jornal O Globo], nós não tivemos essa percepção do que o público queria ler”. “Fico pensando que se leva para Sul e Sudeste coisas de Norte e Nordeste que podem ser triviais para os colegas daqui. […] Será que não se banalizou essa cobertura, tornando tudo o que acontece aqui maravilhoso? Para esse tipo de reportagem, precisa-se levar, talvez, um pouco mais de dados de realidade. Não estou julgando, apenas tentando puxar de nós mesmos. O que será que estamos levando para essas pessoas que leem? Será que elas pensam que está tudo ótimo agora com essas tecnologias sociais, por exemplo?”, complementou. Bráulio – gerente regional de Rádios da Amazônia, iniciativa criada no ano passado pela EBC que congrega várias rádios vinculadas a governos estaduais e federais – abordou a questão da pouca variedade de temas na mídia: “A mídia que vejo circular fortemente hoje no Brasil é monotemática, tem com pouquíssima diversidade de enfoques do Poder Público. Não tenho a menor dúvida de que existem outras formas, uma pauta que circula com muito mais diversidade por aí. Mas a mídia que de fato pauta a agenda do País é monotemática. Acho fundamental que se pratique o jornalismo contra-hegemônico – como é o caso de boa parte dos presentes aqui hoje. Por exemplo, ter um blog com o da Amélia em um portal como o G1, para mim, é um enclave!”. Outra questão que os debatedores apontaram foi a de falta de tempo para preparo e apuração de pautas pelos repórteres, que no dia a dia precisam cobrir diferentes assuntos em prazo muito curto. “Lembro de termos feito várias vezes matérias sobre a luta dos professores para trabalhar e se capacitar ao mesmo tempo, pois não têm dinheiro para comprar livros e o tempo é escasso, já que precisam acumular diversos empregos”, disse Amélia. “E fico me perguntando se nós, jornalistas, também não estamos um pouco nessa situação. Um pouco, não. Muito. Sabemos que os nossos salários estão baixos, que muitas vezes temos que pular entre dois, três empregos e que tudo que se quer no fim de um dia de trabalho é deitar e dormir. E que hoje em dia jornalista lê pouco. […] Acho que sabemos o que precisa feito, o que nos faltam são as ferramentas. E as ferramentas passam, sim, por termos melhor qualidade de vida, mais tranquilidade para ler ou frequentar um curso, o que seja. Dal Marcondes complementou: “Há uma coisa que mesmo quem não está em redação faz – eu faço muito isso –, que é olhar para a pauta e se perguntar ‘o que eu, com meus conhecimentos, com minhas fontes de informação, tenho a dizer de relevante sobre esse assunto? Como posso contribuir?’ E aí perceber quais são os meus limites e buscar superá-los para oferecer algo melhor ao meu leitor”.

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