A Exame, agora transformada em plataforma de mídia de negócios, anunciou em 8/10 uma aliança com a Bloomberg Businessweek para compartilhar artigos da publicação internacional em suas mídias impressa (revista Exame), site e redes sociais no território brasileiro. A Bloomberg Businessweek tem tiragem global de 600 mil exemplares, com edições semanais em inglês na América, Europa e Ásia, e edições locais na Turquia, Hong Kong, China e México.
Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Lucas Amorim, editor-chefe de Exame, detalhou esse e outros acordos recentes firmados pela plataforma e falou sobre as mudanças pelas quais a marca vem passando desde que foi vendida pela Abril ao Banco BTG, no final do ano passado.
Portal dos Jornalistas − O acordo com a Bloomberg Businessweek permite a livre escolha de conteúdos pela Exame?
Lucas Amorim − Temos autonomia para escolher os conteúdos da Bloomberg Businessweek que podem ser publicados. Isso nos dá total liberdade para fazer uma curadoria de olho nas necessidades de informação de empresários e executivos brasileiros. A pandemia escancarou como o mundo está interconectado, e trazer conteúdo da Businessweek neste momento é essencial para nossos leitores se guiarem no dia a dia.
Portal − Esse conteúdo ficará à disposição de todos os leitores ou será restrito?
Lucas − Sempre haverá matérias da BBW na revista, com destaque para os grandes personagens e as grandes reportagens. Mas, conteúdos adicionais também estarão disponíveis para os assinantes nos demais canais da plataforma Exame, tratando de negócios, finanças, tecnologia, empreendedorismo, política e Casual (nossa seção de estilo de vida).
Portal − A BBW reproduzirá algum conteúdo da Exame?
Lucas − Em outro acordo firmado recentemente, o conteúdo da Exame passará a ser distribuído nos terminais da Bloomberg. E não descartamos a possibilidade de novos acordos para levar a produção da Exame e as análises do cenário econômico brasileiro para o exterior.
Portal − Há outros acordos do gênero em vigor? Ou em negociação?
Lucas − A Nova Exame, lançada este ano, tem como premissa ser o principal canal de informações relevantes para os negócios no Brasil. A marca Exame há 53 anos preza por conteúdo de qualidade e traz insumos para a tomada de decisão de empresários e executivos, e vem se reinventando como plataforma moderna, ágil e multimídia. Dentro desse projeto ousado que estamos colocando de pé, um dos caminhos é buscar parcerias com fontes globais de informação relevantes para subsidiar o nosso público. Além de parcerias com outros veículos, estamos também construindo modelos de parceria com fontes relevantes dos setores produtivos, consultorias, empresários e influenciadores. A ambição é estar sempre na frente para fazer a diferença no desenvolvimento do capitalismo brasileiro.
Portal − Em agosto, Exame e FSB lançaram a plataforma Bússola, que tem site, newsletters, webinars e podcasts. Como está esse processo?
Lucas − Esse é um dos modelos que comentei acima e que já está em prática. A FSB é nossa agência de comunicação e produz muito conteúdo sobre seus clientes. Chegamos a um modelo que abre espaço em nossos canais para análises, dados e reportagens branded content de alta qualidade, produzidos pela FSB (e identificados como tal).
Portal − Você era editor executivo da revista e assumiu a Redação com a venda para o BTG. Mudou algo nas configurações da sua função nessa transição? E na linha editorial da revista?
Lucas − Estou há 13 anos na Exame e participei ativamente da integração das redações física e digital. Na nova Exame, a prioridade foi definitivamente invertida: o foco é site, app, redes sociais e novos produtos digitais. A revista, com mais espaço para grandes reportagens e leiaute mais moderno, é nossa oportunidade de, a cada duas semanas, marcar a posição da Exame sobre os temas do momento e aprofundar o debate. Abrimos espaço para mais diversidade, com mais mulheres nas capas, por exemplo, mais inovação e mais ESG. É a forma de a Exame conseguir ser mais ágil, mais conectada às demandas de 2020, e mais relevante.
Portal − Você responde apenas pela área editorial ou tem ingerência nas outras frentes de negócio − Academy (educação financeira e executiva), Research (análises do mercado financeiro) e Experience (eventos e conteúdo direcionado)?
Lucas − Respondo pelo editorial, seguimos com nossas demandas e objetivos específicos, mas temos interação diária com as outras áreas. Nesta nova estrutura temos a visão de que há muita sinergia e muita oportunidade na união das várias frentes para uma gama crescente de projetos. A ideia é funcionar como startup, com lançamento de projeto, definição de objetivos e muito teste, o tempo todo. Seguiremos inovando no jornalismo, mas a Exame tem ambição de ser referência em todas as áreas de atuação.