A jornalista Juliana Dal Piva, colunista do UOL, foi atacada e ameaçada na última sexta-feira (9/7) por Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro. O caso é mais um dos muitos episódios de ataque à imprensa por parte de Bolsonaro, seus filhos, aliados ou pessoas próximas de sua gestão.

Juliana, que tem se destacado na cobertura do esquema das rachadinhas envolvendo os filhos de Jair Bolsonaro, revelou na última semana, por meio de áudios e de uma apuração minuciosa, conexões diretas do presidente com a apropriação de salário de servidores na Câmara dos Deputados.

Como retaliação às informações publicadas, Wassef enviou uma mensagem via WhatsApp para a jornalista recomendando que ela mudasse para a China onde, nas palavras dele, “você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”. A ameaça foi divulgada nas redes sociais pela própria jornalista, que publicou o print com o conteúdo da mensagem recebida.

Advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef enviou mensagem via whatsapp atacando a jornalista Juliana Dal Piva
Advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef enviou mensagem via whatsapp atacando a jornalista Juliana Dal Piva

Vale lembrar que Wassef defendeu o senador Flavio Bolsonaro no processo da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. No ano passado, porém, teve de abandonar o caso após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e pivô do esquema, em uma casa de Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.

Em poucos minutos o caso ganhou grande repercussão e reação de entidades de direito e que defendem o jornalismo. O primeiro movimento veio do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Felipe Santa Cruz, que solicitou à corregedoria da entidade para apurar o episódio e tomar as medidas cabíveis.

Abraji, ABI, Fenaj e Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro também se manifestaram sobre o caso:

“Defendemos a liberdade de imprensa como direito garantido pela Constituição e pilar do Estado Democrático de Direito”, destacou o comunicado da Abraji. “Todo o apoio a Dal Piva, ao UOL e a todos os veículos e profissionais de imprensa que vêm sendo atacados sistematicamente desde que o governo Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019. Exigimos que sejam tomadas as medidas legais cabíveis contra Wassef e todos os que vilipendiam o trabalho essencial da imprensa de levar à sociedade assuntos de interesse público. Esperamos que as instituições que defendem a democracia façam seu papel e resistam à destruição do espaço cívico promovida pelos autoritários de plantão e seus militantes”.

“Ao tomar conhecimento das ameaças feitas pelo advogado Frederick Wassef, hospedeiro do famigerado Fabrício Queiroz, entre outras proezas, expresso a solidariedade da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colocando-nos à disposição para a adoção de medidas que se fizerem necessárias à sua proteção”, garantiu o presidente da entidade Paulo Jeronimo.

Em nota conjunta, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Comissão Nacional de Mulheres da Fenaj repudiaram veementemente a ameaça e declararam apoio irrestrito e solidariedade a Juliana. “Não aceitaremos que o presidente e seus apoiadores sigam ameaçando jornalistas e colocando suas vidas em risco”, destacou a nota. “Exigimos dos órgãos responsáveis imediata apuração da ameaça e proteção à jornalista. Basta de ameaças às jornalistas, à imprensa, ao livre exercício do jornalismo e à liberdade de expressão, pilares de qualquer Estado Democrático”.

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