Por Álvaro Bufarah (*)
O YouTube, que completa 20 anos em 2025, tem desempenhado um papel importante na transformação da cultura digital e no desenvolvimento da economia criativa. A plataforma, que começou com vídeos caseiros de baixa qualidade, atualmente abriga produções cinematográficas, talk shows e transmissões ao vivo de grande escala. No caso do rádio, a plataforma é uma das principais fontes de áudio no Brasil, sendo uma das principais ferramentas de transmissão das emissoras de rádio e TV brasileiras.
Segundo Neal Mohan, CEO do YouTube, a inteligência artificial (IA) já está impactando significativamente a forma como as pessoas criam e consomem conteúdo. “Vinte anos depois, é emocionante estar neste momento de evolução da plataforma”, afirma. O executivo destaca quatro grandes apostas para o YouTube em 2025.
1) YouTube como centro de cultura e entretenimento
O YouTube tem sido um dos principais propulsores da cultura digital, oferecendo um espaço para a liberdade de expressão e criatividade. Segundo Mohan, a plataforma influencia tendências culturais por meio de videoclipes, shorts, transmissões ao vivo e conteúdo episódico. Durante a eleição presidencial dos EUA em 2024, por exemplo, os americanos recorreram ao YouTube para acompanhar debates e análises políticas. No dia da eleição, mais de 45 milhões de espectadores assistiram a conteúdos relacionados ao pleito.
Além disso, os podcasts vêm ganhando força dentro da plataforma. “O YouTube é agora o serviço mais utilizado para ouvir podcasts nos EUA”, destaca Mohan. A empresa tem investido na experiência de podcast, oferecendo novas ferramentas para criadores, aprimorando a monetização e facilitando a descoberta desse formato.
O YouTube também tem promovido uma troca cultural global. Em 2024, mais de 95% do tempo de exibição da criadora francesa Sarah Lezito veio de espectadores de fora da França. A série animada The Amazing Digital Circus, do canal australiano Glitch, tornou-se um fenômeno mundial, aparecendo nas listas de fim de ano do YouTube em oito países.
2) Criadores como startups
Os criadores de conteúdo têm adotado uma mentalidade empreendedora e ampliado suas produções para níveis profissionais. Segundo Mohan, esse movimento tem impulsionado o desenvolvimento de estúdios próprios e novos modelos de produção. “Os criadores estão abrindo um novo campo de jogo para o entretenimento”, afirma.
O YouTube registrou um aumento de mais de 40% nas assinaturas de canais no último ano. Para apoiar esse crescimento, a empresa tem expandido os fluxos de receita, incluindo parcerias com marcas e recomendações de compras. Mohan destaca que mais de 50% dos canais que faturam cinco dígitos anuais obtêm receita de fontes além da publicidade e do YouTube Premium.
A empresa também está investindo em novas formas de engajamento, como o recurso Hype, que conecta fãs a criadores emergentes, e a ampliação do acesso à funcionalidade Comunidades para mais criadores ao redor do mundo.

3) O YouTube busca ser a nova televisão
A TV conectada tem sido uma das grandes apostas da plataforma. Atualmente, os espectadores assistem a mais de 1 bilhão de horas de conteúdo do YouTube diariamente em televisores. “A ‘nova’ TV não se parece com a antiga. Ela é interativa, inclui shorts, podcasts e transmissões ao vivo”, explica Mohan.
Para tornar a experiência na tela grande mais dinâmica, o YouTube lançou uma ferramenta de segunda tela, permitindo que os espectadores interajam com vídeos por meio do celular. Além disso, a empresa está testando o recurso Watch With, que possibilita comentários ao vivo de criadores durante eventos esportivos e culturais.
Os serviços de assinatura também estão em crescimento. O YouTube TV já ultrapassou os 8 milhões de assinantes, enquanto o YouTube Premium e o YouTube Music contam com mais de 100 milhões de assinantes combinados. O executivo afirma que novos benefícios serão adicionados ao YouTube Premium ao longo do ano.
4) Inteligência artificial no YouTube
A IA tem sido uma ferramenta essencial para aprimorar a experiência na plataforma. Segundo Mohan, a tecnologia já é utilizada para gerar recomendações, criar legendas e remover conteúdo prejudicial. “Continuaremos investindo em ferramentas de IA que capacitam criadores e artistas ao longo de sua jornada criativa”, afirma.
Entre os recursos lançados recentemente estão o Dream Screen e o Dream Track, que geram fundos visuais e trilhas sonoras para os shorts. Além disso, o YouTube disponibilizou a dublagem automática de vídeos para diversos idiomas, ampliando o alcance global dos criadores.
A plataforma também está desenvolvendo novas ferramentas para garantir a segurança de seus usuários. Um projeto-piloto está sendo testado para permitir que figuras públicas tenham mais controle sobre como suas imagens e vozes são usadas por IA dentro do YouTube.
Mohan reforça que a empresa está comprometida em melhorar a experiência da plataforma, garantindo que os criadores tenham acesso a novas oportunidades e que os usuários desfrutem de um ambiente mais interativo e seguro. “Ao embarcarmos no próximo capítulo do YouTube, queremos continuar redefinindo a maneira como o mundo assiste, ouve e se conecta”, conclui o CEO.

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.