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terça-feira, abril 23, 2024

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Sobre dúvidas e certezas

Nos últimos anos, estudiosos e empresários da comunicação de todo o mundo vêm analisando os impactos da internet, da mobilidade, das redes sociais e congêneres sobre a imprensa, principalmente os jornais, com o objetivo de encontrar alternativas para ao menos mitigar o seu inegável declínio como negócio. O universo digital conturbou de tal maneira o de papel que os protagonistas deste têm sido levados a, em maior ou menor grau, fazer experiências para tentar garantir a sobrevivência de seus veículos nesse admirável mundo novo criado pela explosão da tecnologia da informação. Mas, como ouvimos recentemente de um alto executivo de jornal em uma palestra em São Paulo, “temos muitas dúvidas e poucas certezas na nossa área neste momento. E a certeza maior é de que não podemos ficar parados”. Jornalistas&Cia também resolveu colaborar com essa discussão e para celebrar o Dia do Jornalista, neste 7 de abril, traz nesta edição especial as opiniões de 53 profissionais, sem ter tido a preocupação de convidá-los em função de idade, cargo ou região geográfica. Temos, pois, desde diretores de Redação a repórteres, passando por renomados professores, freelancers e editores. Todos refletem com suas vivências, interpretações e conhecimentos o que esperam ou querem ver sobre o jornalismo, dentro da temática O mercado que nos espera. E o que o mercado espera de nós? Este trabalho não tem a ambição de ser acadêmico ou mesmo uma pesquisa. A decidir fazê-lo, nossa única motivação foi medir a pulsação dos profissionais, instigando-os a usar o calor das opiniões para gerar a luz das reflexões. Da mídia tradicional à mídia transcendental, representada pela comunicação digital e móvel, tudo está presente neste especial, que levou aos protagonistas que aqui assinam seus nomes 13 questões, talvez por ser esse o nosso número da sorte. Vários optaram por escrever pequenos artigos sobre a temática e outros se dispuseram a responder uma a uma todas as indagações. Houve até quem fez as duas coisas. O resultado das previsões desses profissionais você confere nas próximas páginas. (Aliás, pedimos aqui licença para fazer nossa a declaração de um dos respondentes ao justificar por que não se manifestaria sobre um dos temas: “Um dia alguém vai catalogar todas as ‘previsões’ e checar o que de fato aconteceu. Não dá agora, com tanta tecnologia disruptiva sendo jogada a toda hora na nossa cara.”) No roteiro proposto, buscamos abordar, entre outros aspectos, a qualidade do jornalismo contemporâneo; o que mais chama nele a atenção, positiva e negativamente; quem já teria encontrado um caminho para sobreviver e quem está na frente nesse processo de transição; a possibilidade de surgimento de novas marcas relevantes no jornalismo; o nível técnico e cultural das novas gerações de jornalistas; o mercado de trabalho daqui a cinco ou dez anos; a pulverização da publicidade e o pagamento por acesso a conteúdo. Completam esse elenco de opiniões dois documentos que, embora já publicados, consideramos de grande relevância aqui reproduzir, com as devidas autorizações. Um é a entrevista que Caio Túlio Costa deu a Carlos Müller para o Jornal ANJ nº 248 (fevereiro/2014), sobre o estudo que fez no ano passado na Escola de Jornalismo da Universidade Columbia para desenvolver o que chama de “um modelo viável para as empresas jornalísticas no meio digital”. Nesse estudo, cuja íntegra estará na edição de abril da Revista de Jornalismo da ESPM, ele adverte: “A empresa precisa recomeçar do zero – mesmo na produção de conteúdo. O digital é outra coisa, com outras leis e com outra forma de consumo. E a empresa não deve temer ter de matar a sua própria empresa-mãe para se dar bem no meio digital. Caso contrário, outros a matarão. Neste caso é melhor que você mesmo faça este serviço de morte e renascimento”. O outro documento a que nos referimos é o artigo Um novo consenso sobre o futuro do jornalismo, do crítico norte-americano de mídia Dean Starkman, que o Observatório da Imprensa publicou em sua edição 789 (11/3/2014). Nele, após fazer um retrospecto das discussões, “muitas vezes inflamadas – às vezes, surpreendentemente esclarecedoras, e, às vezes, profundamente idiotas”, a respeito do “consenso do futuro das notícias” nos últimos dois anos, Starkman elenca seis novos pontos que considera consensuais sobre o futuro das notícias, “ou, talvez melhor, o consenso das notícias no dia de hoje, uma vez que isso não parece tanto para onde vamos, e sim, onde estamos”. Dadas as características desta edição, esperamos que ela ajude você em suas reflexões sobre o futuro da nossa atividade. Por isso, sugerimos que a guarde e leia sem pressa, critique e saboreie. Concorde ou não com as opiniões aqui expressas, elas representam o resultado de um esforço voluntário dos que aceitaram nosso convite para colaborar. A eles nosso mais profundo agradecimento. Boa leitura! J&Cia – Especial Dia do Jornalista

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