Por Assis Ângelo
A Segunda Grande Guerra terminou bem no começo de setembro de 1945, com a rendição das forças japonesas.
Um dos grandes repórteres norte-americanos, Ernest Hemingway (1899-1961), fez história cobrindo para jornais o desespero que foi aquela guerra. Fez história também com os livros que escreveu, entre os quais o último: O Velho e o Mar. Esse livro foi concluído em 1951. Em 1952, o mesmo livro foi publicado e no ano seguinte destacou-se com o Prêmio Pulitzer.
O Nobel de Literatura de 1954 foi encontrar em Hemingway o escritor mais importante do mundo naqueles tempos.
O Velho e o Mar foi publicado em muitas línguas. Conta a história de um pescador que passa meses indo e vindo sem nada pescar no barco que o leva ao mar. Sobre a sua idade e origens nada é dito. Seu primeiro acompanhante foi um garotinho de 5 anos, chamado Manolin.
Ali logo nas primeiras páginas do livro, Hemingway escreve um diálogo entre o Velho protagonista e seu companheiro de jornada.
Como o Velho praticamente nada pescava, o garoto foi pelo pai obrigado a trabalhar num barco cujo dono, de vista curta, tinha dinheiro e era isso o que o pai do menino mais queria.
Anos depois, o velho pescador e o seu amigo − já grande − lembram parte do passado que juntos viveram. Conversa vai, conversa vem…

“− Amanhã, com esta corrente, vai ser um bom dia − disse.
− Para onde vais? − perguntou o rapaz.
− Muito para o largo, para vir quando levantar o vento. Quero sair antes de ser dia.
− Hei de ver se o levo bem para o largo − disse o rapaz. − E, se pescas alguma coisa das grandes, podemos ir ajudar-te.
− Ele não gosta de trabalhar muito ao largo.
− Pois não − reconheceu o rapaz. − Mas hei de ver o que ele não pode ver, assim, um pássaro à pesca, e levá-lo aos delfins.
− Vê assim tão mal?
− Está quase cego.
− É estranho − disse o velho. − Ele nunca andou às tartarugas. E é o que dá cabo dos olhos.
− Mas tu andaste anos e anos às tartarugas na Costa do Mosquito, e vês bem.
− É que eu sou um velho estranho.
− Mas ainda tens força para um peixe dos grandes a valer.”
Antes de cobrir a Segunda Grande Guerra, Ernest Hemingway como repórter também cobriu a Guerra Civil Espanhola, que durou de 1936 a 1939.
No livro As Areias do Tempo (1980), do estadunidense Sidney Sheldon, se acha parte da história recente da Espanha.
Na trama de Sheldon o leitor acompanha ações de um grupo guerrilheiro liderado por um basco de nome Jaime Miró.

Tudo começa e praticamente termina com a queda de Franco, ditador que permaneceu à frente do destino dos espanhóis entre os anos de 1939 até 1975.
Na história engendrada pelo mestre do romance de intrigas e mistérios, o líder guerrilheiro Miró tem no seu encalço o Sérgio Fleury daquelas terras. Seu nome: Ramón Acoca.
Fora os citados personagens, acrescentem-se quatro mulheres tornadas freiras: Irmã Teresa, que é estuprada e assassinada; Irmã Graciela, Irmã Megan e Irmã Lúcia.
Ao fim da história, depois de ameaçar arrancar os olhos de um cara, Lúcia troca a Espanha pelo Brasil e vai morar no Rio.
Quanto ao guerrilheiro Miró, deve-se dizer que escapa do pior contra tudo e contra todos. E mais não digo.
O curioso disso tudo é que Sheldon abre As Areias do Tempo com epígrafes assinadas por Ernest Hemingway e Pablo Neruda. A parte tocante ao autor de O Velho e o Mar é esta:
“Os mortos não precisam levantar. São uma parte da terra agora, e a terra nunca pode ser conquistada, sobreviverá a todos os sistemas de tirania.
Aqueles que nela entraram de maneira honrada − e não houve homens que entraram mais honrosamente do que os que morreram na Espanha − já alcançaram a Imortalidade”
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