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domingo, junho 22, 2025

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José Hamilton Ribeiro ganha centro de memória

José Hamilton Ribeiro, à direita, inaugura Centro de Memória que leva seu nome
José Hamilton Ribeiro, à direita, inaugura Centro de Memória que leva seu nome

Em janeiro, José Hamilton Ribeiro, considerado o repórter do século e ganhador de sete Prêmios Esso, ganhou em sua cidade natal, Santa Rosa do Viterbo, um Centro de Memória que leva seu nome.

O local servirá como um espaço de pesquisa e conservação de acervos referentes à história do município e de suas personalidades ilustres, como é o caso de Jose Hamilton, que cedeu mais de 150 itens de seu acervo pessoal para o Centro de Memória.

Para marcar a ocasião, o amigo Romeu Antunes, escreveu um texto que reproduzimos abaixo. A foto que o ilustra, com Zé Hamilton à direita, também é da autoria dele.

Zé de Santa Rosa

Que me lembre, meu primeiro contato com José Hamilton Ribeiro aconteceu no campão da Avenida Rio Branco. Na tarde ensolarada de domingo, enquanto esperava pelos dois times, a torcida achincalhava o bandeirinha negro que inspecionava as redes das balizas. A cada adjetivo berrado contra o rapaz, gargalhadas satisfeitas explodiam da plateia. Aviltar os árbitros é comum até hoje, mas os negros eram alvos preferenciais nos campos de futebol naquela segunda metade da década de 1950. Próximo ao Zé Hamilton, pude ouvir sua voz destoante:

– Poxa, pra que isso! Um bandeirinha tão simpático!

A frase generosa me soou estranha. Entretanto, foi lição inesquecível para o garoto com menos de 10 anos.

Eu já ouvira falar daquele jornalista que trabalhava ‘nas Folhas’. Me contaram que certo dia ele foi a um cinema da capital calçando ‘percatas’ – marrons, feitas de pano, com sola de sisal. Barrado na entrada, pela inadequada indumentária, tirou as percatas do pé, colocou sob o braço, passou – descalço – pelo atônito porteiro e foi se acomodar pra ver o filme.

Estive em seu casamento com Maria Cecília (com quem teve duas filhas, Ana Lúcia e Teté), num quintal da rua Condessa F. Matarazzo. No único ‘racha’ de futebol de salão que compartilhamos, em 1966, notei que ele atuou com as tais percatas, na quadra da JAS (Juventude Atlética Santa-rosense), construída, naquela década, graças ao terreno doado pela família dele.

Pesquisando a história do município, descobri que Zé Hamilton foi convidado a discursar em ato público – em frente à igreja matriz da Praça Guido Maestrello – que comemorava a criação da Comarca. Na noite que emendou 1952 e 1953, em fala arrebatada, ele arrancou os botões da própria camisa, vibrando com nossa independência de São Simão.

Encontrei-o, em algumas fotos, envergando o uniforme alvinegro do Santa Rosa FC, nos anos 40/50. E em outras, mais antigas, vestido de padre, no meio da meninada num casamento, com colegas na represa dos Matarazzo, nadando no poço do Mário Ribeiro, no Rio Pardo, enfim, curtindo plenamente o município.

Na entrevista sobre sua vida – gravada em vídeo por estudantes – contou que tinha 12 anos quando caiu um avião perto de sua casa, em terreno da Fazenda Amália. Embora com problemas no pé, o garoto saiu em desabalada carreira, pelo meio do mato, pra ver o desastre de perto. Voltou na mesma velocidade, e narrou tudo à família. Nesse episódio, avaliou, ficou clara sua vocação para jornalista.

Sua vida de estudante começou no ‘Teófilo’. Ele me contou que saiu da aula, certo dia, e caminhou no rumo do burburinho que havia em frente à escola, na Av. Rio Branco. Percebeu que o dono do bar vizinho atirava balas à garotada, e ingressou na disputa. Só mais tarde descobriu a razão do gesto: atirar balas à garotada foi o modo que o comerciante encontrou de comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial que acabara de ser anunciado pelo rádio…

Enquanto estudante em Santa Rosa, participou de uma peça de teatro – ‘Salomé’ –, encenada na Casa da Criança, que ficava na rua Condessa F. Matarazzo (hoje Banco do Brasil), e Zé Hamilton vivenciou Herodes. Mais tarde cursou jornalismo na Faculdade ‘Cásper Líbero’, mas foi expulso da escola, no último ano, por liderar uma greve de estudantes.

Em 1959, já familiarizado com a capital paulista, orientou Orvaldo Sério em visita de reivindicações que o então prefeito de Santa Rosa fez ao governador Carvalho Pinto, acompanhado por alguns vereadores. O principal pedido: rodovia de ligação com Santa Rita do Passa Quatro, que não vingou.

No primeiro dia de 1960, lá estava Zé Hamilton discursando na posse do novo prefeito, Vergínio Melloni. Falando em nome do eleito, disse “que esperava fosse levado a bom termo os quatro anos que tinha pela frente, pois, para tanto, além da boa vontade, contava com a colaboração da Egrégia Câmara, e esperava receber a colaboração também da Fazenda Amália e do Governo do Estado, na pessoa do ilustre chefe da Casa Civil, Dr. Portugal Gouvêa”.

Nessa mesma década, seu lado brincalhão aflorou na organização da primeira caçada de Tirisco ocorrida na cidade. Ele garante não ser o criador da patranha que consiste em chatear visitantes desavisados.

– Não fui eu o inventor, mas foi alguém aqui de Santa Rosa. Fiquei sabendo, depois, que veio um camarada aqui e disse que já tinha ouvido falar de coisa parecida, chamada ‘pio pardo’ – relatou em depoimento que me deu.

Ele não inventou, mas seu nome está lá na Wikipédia que assim define o evento: “No âmbito da cultura caipira do interior paulista, Tirisco é uma espécie de brincadeira feita com visitantes leigos que chegam às pequenas cidades, e que são convidados a caçar um pequeno animal que, todavia, não existe de fato. O jornalista brasileiro, José Hamilton Ribeiro, autor de diversas obras sobre a cultura caipira, descreve o fictício animal como um “bichinho do mato”, algo entre o coelho e a perdiz. Uma vez armada a brincadeira com o incauto visitante, o sujeito é orientado a segurar um saco nas mãos, batendo numa caixa para atrair o animal durante a noite. Quando menos esperava, o sujeito era deixado sozinho no meio do mato, enquanto todos iam ao bar, beber, dar risada e esperar que ele percebesse a travessura”.

Ele não inventou, mas submeteu Franco Paulino, colega de profissão, que trouxe da capital, à edição mais engraçada de todas as caçadas de Tirisco que houve em Santa Rosa. Ao perceber que batia lata à toa no meio da escuridão, Paulino marchou em direção ao clarão da cidade, seguindo os trilhos da Mogiana que, na época, ainda funcionavam. Com a vela na mão, topou com o Tinga, que não sabia da ‘caçada’ e, naquela hora da noite, vigiava os trilhos, alvos de arruaceiros. Vendo o sujeito de vela na mão, Tinga partiu pra cima dele, certo de que se tratava de um arruaceiro. Franco Paulino fintou aquele doido, voou para a cidade, e foi tirar satisfações com os membros do grupo capitaneado por Zé Hamilton, bebendo no bar e zombando dele!

Em novembro de 1967, Zé Hamilton escreveu, pra Realidade, uma reportagem sobre caçada em Goiás, na cabeceira do rio Arinos. “Só faltou a onça” foi o título da matéria cujos protagonistas eram quase todos de Santa Rosa: 16 caçadores, 18cachorros e mais de 30 armas. Teve naufrágio de canoa e perda de armas, mas onça nenhuma…

O repentista Chico Louco registrou o episódio em verso e música:

“Ai, foi no rio de Arinos/ ficou por recordação/ Santa Rosa de Viterbo, esses grande forgazão/ Ai, pra fazer sua caçada/ fizeram combinação (…) Ai, meu senhor, doutor Renato, Odeto e João Bonacin/ e no meio da jornada tá o Alípio e o Quim Quim”.

Em maio de 1968 o próprio repórter foi capa da Realidade, vítima da explosão de uma mina quando cobria a guerra do Vietnã. A Folha de S. Paulo noticiou que ele “perdeu a parte inferior da perna esquerda na explosão de uma mina vietcong, perto de Quang Tri, está passando bem, foi transferido para o hospital norte-americano em Qui Nhon, a fim de submeter-se a nova operação, e será transportado para os Estados Unidos para continuar seu tratamento”. De volta ao Brasil, teve recepção de herói em Santa Rosa.  O próprio Zé me contou que, ao chegar à cidade, ouviu de alguém na plateia: ‘O jornaleiro chegou!’ E, de novo, Chico Louco celebrou:

“Por ser grande jornalista/ foi na guerra no estrangeiro/ pra trazê a realidade/ presse país brasileiro/ encontrando com uma bomba/teve um golpe traiçoeiro/ hoje está aqui em Santa Rosa/ junto com seus companheiro”.

Zé Hamilton, que já colaborara com jornais aqui publicados na década 1950, participou também do projeto ‘Santa Rosa Jornal’ (título criado por ele) que apareceu em 1974 para durar apenas três edições. No primeiro número, em 04 de setembro daquele ano, ele externou o desconforto que a demolição da antiga Prefeitura lhe causou, em artigo com o qual procurou mostrar à população o papel da imprensa em uma comunidade: “O Fórum podia ser construído na rua do Vitorino Falaguasta. Ou na travessa dos Morgons. Na rua do Lazinho de Oliveira, na 7 de setembro: na rua da Pinga, na praça da Matriz. Isso sem falar nos descampados do lado da chácara do Delduque (…) Não. Construíram a  “Casa da Justiça” em cima da prefeitura. Para isso derrubaram, estraçalharam, fizeram desaparecer o mais impressionante edifício da cidade. Não sei quem era o prefeito da época (…) Mas faltou quem lhe dissesse com autoridade: ‘Doutor, aí não!’”.

Quando foi editor do “Jornal de Hoje”, de Campinas, Zé Hamilton intermediou a vinda à cidade do ‘Sentimento FC’, um time de futebol formada por jogadores do Guarani e da Ponte, para enfrentar o Santa Rosa FC no dia 7 de dezembro de 1980. O goleiro Carlos – que seria titular do Brasil na Copa do Mundo de 1986 – também veio, mas não jogou por causa de contusão. O zagueiro Juninho, também da Seleção, foi destaque na partida realizada no ‘Campão’. O time local bateu o Sentimento por 3 x 2 (de virada).

Quando a cidade realizou a Festa da Piracema, na mesma década, Zé Hamilton estava presente, palestrando, ensinando o que já sabia sobre preservação da Natureza. Em 1983 resolveu fazer um livro sobre a história de sua terra natal. Auxiliado por Margarida Ribeiro (sua tia Nenê) filmou e gravou entrevistas com velhos moradores (João Gaspar, Lezinho, Mário Juns, dona Caluta e a própria tia), preciosíssima base de dados para pesquisas posteriores. Mais tarde projetou um empreendimento que homenagearia a parenta, irmã de sua mãe: um prédio de apartamentos ao lado da Matriz de Santa Rosa, que se chamaria ‘Edifício Tia Nenê’. O falecimento dela, em 1985, tirou-lhe o ânimo para o livro, e o prédio nunca saiu do projeto.

Em 1988 a política atraiu de novo aquele que arrancara os botões da camisa quando comemorou a Comarca. Zé Hamilton mergulhou na campanha de Luiz Tertuliano Ribeiro, candidato a prefeito apoiado pelo titular da época, Nagib Moussa.

Acostumado a contar histórias dos outros, nas grandes reportagens que escreveu ou apresentou na TV, autor de 17 livros, ele acabou tendo a sua vida escarafunchada por Arnon Gomes.  “O jornalista mais premiado do Brasil” é o nome de um livro lançado em 2016 para contar sua saga.

No dia 21 de maio de 2017, Zé Hamilton me procurou para anunciar a intenção de que os troféus e homenagens que recebeu, por trabalhos produzidos em sua brilhante carreira, encontrassem repouso em um lugar de honra em Santa Rosa, guardados pela Prefeitura.

Os vencedores do prémio ‘Wladimir Herzog’, como ele, votaram para eleger os quatro que mereciam um troféu especial, o ‘crème de la crème’ “Wladimir Herzog”. Zé foi um dos escolhidos, ao lado de Clóvis Rossi, Zuenir Ventura e Ricardo Kotscho. Entre vários prêmios Esso, e um Brasileiro Imortal – que deu seu nome a uma planta – ganhou também o prêmio internacional mais antigo em jornalismo, o ‘Maria Moors Cabot’, em 2006. Foi recebê-lo nos EUA, na companhia de outros três homenageados: os americanos Ginger Thompson, Matt Moffet e o peruano Mário Vargas Llosa, este também Nobel de literatura.

– O Mário Vargas Llosa é um sujeito finíssimo. Quando fomos ensaiar para a solenidade, eu o chamei de Don Mário, com todo respeito, mas pouco conversamos. Dali voltamos pro mesmo hotel, em veículos diferentes, e, depois que chegamos, ele mandou me chamar para perguntar com que roupa eu iria receber o prêmio, no dia seguinte. Disse-lhe que iria com smoking alugado. E ele, ‘Ah, que bom, eu também vou de smoking’. Don Mário explicou, depois, que, se acaso eu não fosse ‘vestido a rigor’, ele também não iria, pra que meu traje não chamasse atenção por eventualmente ferir, sozinho, a solenidade do prêmio.

Assim que o prefeito Nando Gasperini me informou, com entusiasmo, que topava guardar os troféus, fui falar com Zé Hamilton. Ele, então, me contou sobre um filme que acabara de assistir, ‘Um cidadão ilustre’, com a história de um argentino que deixou sua cidadezinha e foi pra Europa pensando em nunca mais voltar. Ficou famoso, ganhou prêmio Nobel de literatura e recebia inúmeros convites para solenidades em vários pontos do mundo. Mas sempre recusava. Inclusive do pessoal de sua cidadezinha que queria entregar-lhe uma homenagem. O tempo passava, e o convite, sempre reiterado, era recusado. Até que um dia ele mudou de ideia, e decidiu aceitar, o que implicava revisitar sua terra. Ao chegar, percebeu prontamente que lá estavam, intactos, todos os ressentimentos que deixara ao sair. Um amigo de infância, o único da cidade que havia lido todos os seus livros, passou a identificar, nas histórias, críticas veladas aos moradores daquela cidade. Tal amigo envenenou tanto a relação dos moradores com o escritor que ele teve que fugir de lá.

Depois de narrar a história do filme, Zé Hamilton reflete cheio de nostalgia.

– Que Pena! Boa parte das pessoas com quem convivi, na minha infância em Santa Rosa, já foi embora, não? Tanta gente querida! Só espero que ainda haja um ou outro que possa falar bem de mim com relação àqueles bons tempos em nossa brava terrinha…

 

Tre Assessoria é criada com foco em prêmios de publicidade

Andrea Queiroz, Bia Torrealba e Maria Eugenia Humberg são as sócias-fundadoras da Tre Assessoria de Comunicação
Andrea Queiroz, Bia Torrealba e Maria Eugenia Humberg são as sócias-fundadoras da Tre Assessoria de Comunicação – Foto: Pedro Chavedar

Andrea Queiroz (andrea@treassessoria.com), Bia Torrealba (biatorrealba@treassessoria.com) e Maria Eugenia Humberg (mariaeugenia@treassessoria.com) acabam de lançar a Tre Assessoria de Comunicação. A agência tem como principal diferencial um serviço de estratégia para prêmios publicitários. Na prática, as executivas utilizarão de suas experiências atuando em agências dos grupos ABC, Holding DDB, WPP e Omnicom, para analisar e preparar cases com vistas aos principais festivais do setor.

“Percebemos que este não é um serviço oferecido pelas assessorias e escasso entre as agências de publicidade”, justifica Andrea. “Normalmente, não existe um departamento especifico, com os devidos conhecimentos e visão estratégica”.

Apesar da aposta nesse segmento, a agência também oferecerá um leque de opções de negócios, como assessoria de imprensa, comunicação interna e externa, Relações Públicas e Gestão de Imagem.

Aldo Tizzani deixa a Agência InfoMoto

Aldo Tizzani
Aldo Tizzani

Idealizador e sócio de Arthur Caldeira no projeto da Agência InfoMoto, Aldo Tizzani (aldotizzani@uol.com.br e 11-981-607-949) desligou-se da sociedade e deve anunciar até o final de fevereiro detalhes de uma iniciativa que está planejando.

“Depois de 12 anos em um projeto inovador e consolidado, acho que chegou a minha hora de fazer coisas novas, ampliar meu espectro de atuação”, diz. “Seguirei atuando no mercado de motor, mas agora com foco em produção de vídeos. Em breve poderei dar mais detalhes sobre esse novo projeto”.

Formado em Jornalismo pela PUC-SP, Aldo começou como estagiário na CBN, passou pelas assessorias da Fiesp e da fábrica de capacetes Starplast, e por cinco anos foi editor da Moto Adventure, de onde desligou-se em 2006 para fundar a InfoMoto.

Primeira agência de notícias especializada em motocicletas, ela mantém atualmente o Blog da InfoMoto e edita e distribui a revista MotoJornal, publicação mensal dirigida a motociclistas em formação. Com a saída de Tizzani, Arthur (arthur@infomoto.com.br) segue gerenciando a agência com a colaboração de Cicero Lima (cicero@infomoto.com.br).

Globo muda correspondente em Tóquio

Márcio Gomes
Márcio Gomes

Márcio Gomes, correspondente da Rede Globo em Tóquio, deixará seu posto na Ásia para Carlos Gil no final deste semestre. Ele informou sobre a mudança no Twitter: “Amigos, deixo Tóquio no fim de junho deste ano para continuar o trabalho que tanto amo em São Paulo. Voltamos, eu e família, prontos para novos desafios, no nosso país. Quem fica no meu lugar é o craque Carlos Gil”.

Gil, que começou na emissora no final dos anos 1990, atualmente é repórter e apresentador eventual do Globo Esporte RJ. Márcio mora desde 2013 em Tóquio e está na Globo desde 1995. Como correspondente do canal na Ásia, foi responsável, entre outras, pela cobertura do supertufão que atingiu as Filipinas em 2013, deixando mais de dez mil mortos e um país destruído. No mesmo ano, acompanhou as negociações do Acordo Mundial do Comércio (OMC), em Bali, na Indonésia.

Novos destinos para dois Sérgios na Abril

Sérgio Ruiz Luz passa a dirigir a área de projetos e Sérgio Gwercman assume o comando do Estúdio ABC

Sergio Ruiz Luz deixa esta semana o comando de Veja São Paulo depois de seis anos e passa a dirigir a área de projetos da Abril, para ajudar a criar e implementar ideias para todos os títulos da empresa. Em postagem no Facebook, disse estar muito feliz com o novo desafio, mas que não há como deixar a Vejinha, onde esteve por mais de uma década, em duas passagens, sem ficar com o coração apertado:

“Comecei como repórter nos estertores do século passado, quando tinha mais cabelos, era sócio da Mancha Verde (tudo em nome do jornalismo-gonzo) e chegava de Fusquinha à porta dos restaurantes mais chiques para testar as reações dos manobristas. Naqueles tempos, as pastas de recortes de jornais dos arquivos da Abril faziam as vezes de Google, ninguém trabalhava sem uma lista telefônica e as breaking news vinham direto de um rádio portátil pendurado na janela. Voltei à querida Vejinha em 2011, ocupando sucessivamente os cargos de editor executivo, redator-chefe e diretor de Redação. A era digital simplificou o processo de produção, ampliou os canais de distribuição das notícias e trouxe o desafio de reinventar o negócio. Apesar de tantas mudanças, a Vejinha manteve a essência. Seja no papel ou no digital, é a publicação que cobre como ninguém o que há de melhor para se fazer na capital e retrata as várias cidades que convivem em São Paulo, pinçando dessas realidades personagens tão extraordinários e surpreendentes quanto a modelo da cracolândia e o rei do camarote. Foi um privilégio cuidar de uma revista tão bacana. Aproveito para mandar aqui um grande abraço de agradecimento à equipe que esteve ao meu lado nos últimos anos no desafio jornalístico de redescobrir a cidade a cada semana. E desejo boa sorte a Raul Juste Lores, meu sucessor”.

Ex-diretor de Redação das revistas Quatro Rodas, Alfa e Superinteressante, e mais recentemente diretor do Núcleo Estilo de Vida da Abril, Sérgio Gwercman assumiu a chefia do Estúdio ABC, área de branded content da editora. Ele entra na vaga ocupada por um curto período por Patricia Weiss, e anteriormente por Edward Pimenta, hoje na Editora Globo. Na nova função, segue se reportando a Alecsandra Zapparoli, publisher e diretora editorial do Grupo Abril

Diário de S.Paulo não tem prazo para voltar a circular

Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, administradora judicial aponta má interpretação em sentença de falência

 

Duas semanas após sentença judicial que decretou a falência do Diário de S.Paulo, em 23/1, permanece o imbróglio envolvendo a possível volta da publicação às bancas. Apesar de a sentença proferida pelo juiz Marcelo Barbosa Sacramone determinar que as atividades fossem suspensas por cinco dias, período em que a administradora judicial designada teria para indicar um gestor para a retomada dos trabalhos, essa possível reabertura segue indefinida.

Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, a advogada Joice Ruiz, da Satiro e Ruiz Advogados Associados, nomeada administradora judicial da massa falida, explicou que houve má interpretação do texto. “Cinco dias foi o prazo dado para analisarmos a situação da empresa e encontrarmos um gestor. Mas para que isso aconteça precisamos primeiro encontrar alguém qualificado e que queira assumir essa responsabilidade”, explica a advogada. “Infelizmente, até o momento não conseguimos encontrar nenhuma empresa ou profissional qualificado para assumir a reativação do jornal até a data do seu leilão”.

Nessa segunda-feira (5/2), os funcionários divulgaram uma nota repudiando a paralisação das atividades e questionando os desdobramentos da decisão judicial:

“Que fique claro, não se trata de defender nada errado. Se sócios ou administradores de gestões anteriores ou atuais cometeram malfeitos, que sejam cobrados e punidos por isso. Mas era necessário o fechamento de uma instituição centenária e que garantia o sustento de cerca de 70 famílias? Não seria possível tentar encontrar uma alternativa para salvar as dezenas de postos de trabalho?”

Em outro trecho, cobram:

“Que se cumpra a determinação do juiz e que se coloque o jornal em circulação! Afinal, a cada dia sem circular, o Diário de S.Paulo perde leitores, audiência e consequentemente recursos para saldar salários, pendências e credores.”

Segundo a advogada, porém, o panorama não é dos mais animadores, uma vez que sem um gestor o jornal pode permanecer fechado até a sua venda, cuja data ainda não foi determinada pela justiça. “Continuamos procurando, mas ninguém quer assumir, pois há riscos trabalhistas e tributários enormes, fora o nível em que se encontrava a empresa”, explica Joyce. “Chegamos inclusive a conversar com os jornalistas, mas nenhum tinha experiência em gestão de empresa como um todo”.

De acordo com os funcionários, o atraso nos salários, que recentemente chegou a três meses, vinha sendo gradativamente reduzido e o pagamento estava quase em dia, mas a advogada afirma que o passivo trabalhista da empresa é muito grande.

Próximos passos

Sem uma gestão provisória definida, a publicação seguirá parada. Há ainda uma pequena chance de que a falência seja suspensa e os antigos proprietários reassumam a administração do jornal, mas Joyce adianta que as chances são bastante remotas nesse caso. Pela lei, o prazo para recorrer da sentença se encerra em 20/2, dez dias úteis após a publicação da sentença no Diário Oficial, que ocorreu em 1º de fevereiro.

Se não houver a reabertura, o próximo passo será dar a baixa na carteira dos funcionários. Esse processo não garantirá o pagamento dos salários atrasados ou das verbas rescisórias, mas ao menos permitirá aos demitidos o saque do FGTS e darem entrada no seguro-desemprego.

Uma das principais reclamações do grupo de funcionários, inclusive, é em relação à falta de clareza quanto ao futuro do jornal e de seus funcionários. “Estamos encontrando muita dificuldade em conversar com a administradora para entender o que podemos esperar para o nosso futuro”, afirmou um jornalista ouvido por este Portal dos Jornalistas. “Estamos no momento esperando a resposta dos donos, que tentam reaver o jornal, mas enquanto isso estamos também nos organizando para pressionar para que alguns casos específicos sejam resolvidos e esse processo corra o mais rápido possível”.

Uma das principais reclamações diz respeito aos equipamentos pessoais do repórter fotográfico Nelson Coelho, que foi impedido de retirá-los da empresa e, consequentemente, de realizar outros trabalhos autônomos nesse período. “Infelizmente, isso existe em qualquer falência”, explica a advogada. “É um mecanismo padrão para preservar o patrimônio da empresa. O que eu já expliquei para ele é que será necessário entrar com um pedido de restituição de bens, apresentando provas de que o equipamento é dele. A partir daí, o próprio juiz autorizará a retirada do equipamento”.

A fonte do portal adiantou ainda que deverá haver um protesto na porta da empresa nos próximos dias.

Adriana Cortez lança Calendário Paralímpico

Calendário Paralímpico - Foto: Marcelo Spatafora
Calendário Paralímpico – Foto: Marcelo Spatafora

Está em fase final de distribuição o Calendário Esporte Paralímpico 2018. O projeto capitaneado por Adriana Cortez (ex-Audi Magazine, Rádio e tevê Bandeirantes) reúne ensaios de atletas com deficiência física, além de um relato da ex-ginasta Lais Souza, que perdeu os movimentos das pernas e braços após acidente durante preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno 2014.

“É a realização de um sonho que começou em 2016, quando trabalhei como voluntária nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio”, explica Adriana. “Sempre gostei muito de esporte, mas quando conheci de perto o trabalho e dedicação desses atletas, senti que precisava fazer algo a mais para apoiar o trabalho deles, que é pouco valorizado”.

Os dois mil exemplares, com informações em português e inglês, foram distribuídos gratuitamente para jornalistas, formadores de opinião, artistas, empresários, atletas e políticos, com o intuito de aumentar a contribuição ao esporte.

O projeto contou com ainda o apoio do jornalista Roberto Viegas, a designer Bianca Spatafora, o fotógrafo Marcelo Spatafora, o assistente de fotografia Gustavo Leporo e o revisor Lucaz Oliveira. Contribuíram ainda a gráfica Ativaonline, a Ciesp Alto Tietê e Suzano Papel e Celulose.

Prefeitura lança manual para mídias digitais

A Prefeitura do Rio publicou na internet um Manual de conduta e recomendações em mídia digital, que se propõe a orientar servidores e fornecedores municipais e aborda a produção de conteúdo e o comportamento na rede. Redigido sob a licença Creative Commons CC BY-SA, pode ser adaptado por outras pessoas ou órgãos, desde que com os devidos créditos. Foi feito com base num estudo sobre as demandas dos cariocas e sobre como outras cidades do mundo se comunicam na mídia digital. Dessa maneira, pode ser útil também para outros municípios, em qualquer parte do Brasil, que tiverem interesse em baixar as instruções do manual. Guilherme Avzaradel, assessor técnico de Mídia Digital da Prefeitura, responde pelo projeto.

Essa publicação vem no rastro do Manual de orientação para atuar em mídias sociais – Identidade padrão de comunicação digital do Poder Executivo Federal. Criado em 2012, pela Secretaria de Comunicação do Governo Federal, teve a última atualização em 2015.

Canal Brasil tem novo diretor

Alexandre Cunha dos Santos
Alexandre Cunha dos Santos

Alexandre Cunha dos Santos é o novo diretor de Programação e Aquisição de Conteúdo do Canal Brasil. Formado em Jornalismo pela Estácio, no Rio, tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV-SP. Começou na Globosat, empresa do Grupo Globo para os canais pagos, foi do GNT e está no Canal Brasil há 20 anos, desde a fundação.

Juíza libera bloco em homenagem ao Dops

Delegado Sérgio Paranhos Fleury é considerado um dos "patronos" do bloco
Delegado Sérgio Paranhos Fleury é considerado um dos “patronos” do bloco

A juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição autorizou o desfile nas ruas de São Paulo do bloco Porão do Dops. O despacho da magistrada em favor do bloco, criado por um movimento autodenominado Direita São Paulo, veio a público na noite da sexta-feira (2/2).

Em nota, o Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, integrado por ex-presos políticos e ativistas, considera a decisão um desrespeito à memória das vítimas “que tombaram nas masmorras da ditadura”, além de apontar uma agressão ao Estado democrático de Direito e um estímulo à disseminação do ódio. “Não bastasse”, pontua a nota, “a juíza em seu veredito ao negar a liminar que impede o desfile, ainda demonstrou ignorância ou má-fé”.

Na decisão, a magistrada afirmou que “a nomeação do bloco  por si só não configura exaltação à época de exceção ou das pessoas lá indicadas que, sequer, foram reconhecidas judicialmente como autores de crimes perpetrados durante o regime ditatorial, em razão da posterior promulgação da Lei da Anistia (que teve como finalidade buscar a paz social, a segurança jurídica e o convívio plural entre os iguais), a qual posteriormente foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, para reconhecer sua aplicação não apenas aos opositores ao regime da época, como também aos opressores”.

Vale lembrar que dois dos “patronos” do bloco são os falecidos delegado Sérgio Paranhos Fleury e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecidos chefes da máquina de repressão da ditadura. A concentração do bloco está marcada para as 14h de 10/2, em frente ao restaurante 3 Pescadores, na rua Faustolo, 35, na Água Branca. O ingresso custa R$ 10.

 

Leia a seguir a nota do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça: 

 

Nota de repúdio 

O Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, que reúne ex-presos políticos e ativistas de direitos humanos, repudia veementemente a decisão da juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, que permite o desfile neste Carnaval de um grupo fascista, autodenominado Porão do Dops, que faz apologia à tortura e enaltece reconhecidos torturadores, que atuaram na ditadura militar. 

Consideramos que a decisão da juíza Daniela, além de desrespeitar a memória das vítimas que tombaram nas masmorras da ditadura e os ex-presos que sobreviveram às sevícias de torturadores, como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, ídolos desse grupelho fascista, ainda contribui para a agressão ao Estado democrático de Direito, possibilitando a disseminação de ódio nas ruas da capital paulista. 

Não bastasse tudo isso, a juíza em seu veredito, ao negar a liminar que impede o desfile, ainda demonstrou ignorância ou má-fé. Diz ela que as pessoas enaltecidas pelo bloco Porão do Dops “sequer foram reconhecidas judicialmente como autores de crimes perpetrados durante o regime ditatorial”.  

Como pode a juíza Daniela desconhecer a decisão da Primeira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, que confirmou, por unanimidade, a sentença de primeira instância, que reconheceu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como notório torturador? 

Com sua decisão, a magistrada revela também que se manteve alheia ao relatório da Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes da ditadura e apontou tanto Ustra quanto Fleury como reconhecidos torturadores de ativistas que lutaram contra a ditadura militar.  

Em tempos de condenação sem provas e indulgência a criminosos, o Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça reitera sua luta pela punição dos torturadores e sua posição de nenhuma concessão a apologistas da tortura e dos agentes de Estado que perpetraram violações aos direitos humanos.  

Por tudo isso, nos somamos a todos aqueles que estão unidos para impedir esse desfile macabro, numa festa popular que nasceu como resistência aos do andar de cima. 

Fora Porão do Dops!

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