Segundo dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), as principais revistas semanais brasileiras registraram crescimento em sua circulação digital em 2018. De acordo com o Meio & Mensagem, Veja, Época e Carta Capital tiveram aumento na comparação com a média de circulação de 2017.
Líder do segmento das semanais, Veja teve, ao longo de 2018, a média de circulação digital de 366.180 exemplares, o que representa uma ligeira alta, de 2,9%, na comparação com o ano anterior. Na segunda colocação entre as semanais, Época teve circulação digital média de 253.189 exemplares em 2018, número impulsionado pela nova política da Infoglobo, que passou a incluir a revista como um encarte semanal dos jornais O Globo e Valor Econômico, distribuindo-a aos assinantes das duas publicações.
Carta Capital também teve alta expressiva em sua circulação digital, que saltou da média de de 3.324 exemplares em 2017 para 10.503 exemplares em 2018. Já Caras, especializada na cobertura do universo de celebridades, registrou queda de 22% na circulação digital, passando de 13.472 exemplares em 2017 para 10.428 em 2018.
O Povo veicula desde 11/3, em diversas plataformas, o projeto transmídia Semiárido das Nascentes, da repórter Ana Mary C. Cavalcante e do fotógrafo Mateus Dantas.
Eles percorreram 1.783 quilômetros em busca dos sítios e comunidades, reunindo novos e antigos sertanejos. “Nas outras coberturas, encontramos principalmente a luta contra a seca. Agora, aprofundamos um olhar para a convivência com o semiárido”, explica Ana Mary, referindo-se à angulação do especial, mais a série A Peleja da Água, publicada por O Povo desde o início dos anos 2000.
Além do especial impresso e do caderno de viagens, o projeto virou uma websérie com seis episódios e um documentário que será exibido pela TV O Povo (15/3, às 16h). Há também cobertura especial nas redes sociais, live no Facebook, participação em programas de rádio e uma animação em 2D com o percurso realizado pela equipe.
Foi divulgado no Dia Internacional da Mulher o estudo Mulheres jornalistas e liberdade de expressão – Discriminação e violência de gênero contra jornalistas no exercício da profissão, feito pela Relatoria Especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
A Relatoria, que faz parte da OEA, avalia os impactos do gênero sobre o direito à liberdade de expressão e à informação desde 1999. O documento reconhece avanços na representatividade feminina em áreas como a política e a comunicação nas Américas, mas ressalta que direitos fundamentais para o exercício do jornalismo ainda são impactados pelo gênero e, por isso, mulheres que exercem a profissão enfrentam um “risco duplo”.
O documento leva em consideração diversos tipos de violência contra mulheres, como assassinato, violência sexual, intimidação e abuso de poder. Segundo a CIDH, os atos de violência de gênero relatados com mais frequência por jornalistas, com base em pesquisa feita pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), são: agressão verbal, violência psicológica, exploração econômica e violência física. Das entrevistadas pela FIJ, 44% afirmaram terem sido vítimas de ataques virtuais.
O levantamento, feito com apoio do Google News Lab, envolveu entrevistas com 477 mulheres e abordou aspectos como a percepção de atitudes sexistas no trabalho e do impacto do gênero no exercício profissional. Mais da metade (59%) das entrevistadas afirmou que “presenciaram ou tomaram conhecimento de uma colega sendo assediada no exercício de sua profissão por uma fonte”.
O gênero também aparece como argumento para desqualificar o trabalho jornalístico realizado por mulheres: 67% das jornalistas que responderam à pesquisa Mulheres no jornalismo afirmaram ter tido sua competência questionada ou visto uma colega ter a competência questionada por colegas ou superiores.
Maurício de Sousa iniciou em fevereiro, a partir da edição de número 126, a publicação de uma página de quadrinhos e diversões da Turma da Mônica no Jornal Joca, único do Brasil para jovens e crianças.
O jornal é quinzenal, com 30 mil exemplares, com distribuição em mais de 800 escolas assinantes pelo Brasil, além da versão digital nacional. A personagem Mônica já é embaixadora do Unicef desde 2007 e tem participado de campanhas sobre a defesa dos direitos da criança.
Segundo Stéphanie Habrich, editora do Joca, “a função da publicação é levar a escolas e famílias brasileiras recursos que deem apoio à formação de crianças e jovens do século 21, com o objetivo de colaborar para que se tornem cidadãos críticos e ativos, que lutam por seus direitos, cumprem seus deveres e terão as ferramentas necessárias para construir um futuro melhor para nossa sociedade”.
No Dia Internacional da Mulher, a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) lembrou que 27 mulheres jornalistas estão atualmente detidas em todo o mundo, algumas em condições desumanas, vítimas de tortura e assédio sexual. A RSF pede a libertação imediata e incondicional delas, lembrando que cada vez mais mulheres estão abraçando a profissão de jornalista e que, com isso, são cada vez mais vítimas da repressão de regimes autoritários. Entre os 334 jornalistas presos que foram listados pela RSF no final de fevereiro de 2019, 27, ou 8%, são mulheres. Há cinco anos, somente 3% dos 356 jornalistas detidos eram mulheres.
Segundo o levantamento, as prisões de mulheres jornalistas concentram-se hoje em nove países. Irã e China têm o maior número de mulheres jornalistas atrás das grades: sete cada um. Em seguida vem a Turquia, que, apesar da libertação há quase duas semanas da famosa jornalista e ilustradora curda Zehra Doğan, ainda mantém quatro outras atrás das grades. A Arábia Saudita tem três prisioneiras, o Vietnã duas, enquanto Egito, Bahrein, Síria e Nicarágua, uma cada.
São artigos delas ou postagens nas redes sociais que fazem com que estejam na mira das autoridades de seus respectivos países. No entanto, essas jornalistas acabam, com frequência, sendo processadas por “propaganda e pertencimento a um grupo terrorista”, como na Turquia e no Egito, ou por “contatos suspeitos com entidades estrangeiras”, como na Arábia Saudita. Acusações vagas e não comprovadas que servem para justificar as mais pesadas penas de prisão.
O Insper, instituição de ensino superior que atua nas áreas de negócios, economia, direito e engenharia, aceita até 15/7 inscrições para sua recém-criada pós-graduação Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo. A nova área de atuação é destinada a quem for graduado em qualquer curso e tenha domínio na leitura do idioma inglês.
O curso é indicado a profissionais que pretendem atuar na imprensa – como repórter, editor, articulista, responsável por projeto segmentado ou até mesmo como empreendedor de projeto comunicacional. O conteúdo tem cinco eixos de formação: Técnicas e Princípios do Jornalismo; Fundamentos; Era Digital – Apuração; Era Digital – Comunicação e Edição; e Empreendedorismo e Inovação.
O Programa é coordenado por João Gabriel de Lima, que foi repórter,
editor, dirigiu as redações das revistas Bravo e Época e hoje lidera a área de
conteúdo digital do Estadão.
O interessado precisa preencher o formulário
online, após o que receberá o Teste de Raciocínio
Lógico e Quantitativo (TRLQ) com English
Reading Test (ERT). O custo para fazer o teste é de R$ 95. O
processo seletivo terá entrevista e análise da documentação. As aulas, em
período integral, iniciarão em 15/7 na sede do Insper (rua Quatá, 300, Vila
Olímpia – São Paulo).
A Abraji e a OAB, a ABI e entidades de classe
como ANJ (Jornais), Aner (Revistas) e Abert (Rádio e Televisão) repudiaram o
recente ataque promovido no Twitter pelo presidente Jair Bolsonaro contra a
repórter Constança Rezende, do Estadão.
A ofensiva aconteceu após o site Terça Livre,
que reúne ativistas conservadores e simpatizantes de Bolsonaro, publicar no
domingo (10/3) um texto que falsamente atribui à repórter uma declaração que teria
como intenção “arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”, ao tratar da cobertura
jornalística das movimentações suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-motorista do
senador e filho do presidente. A publicação também falsamente atribuiu à
repórter a publicação da primeira reportagem sobre as investigações do Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre a movimentação atípica
de R$ 1,2 milhão nas contas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro. O autor dessa
primeira reportagem foi Fábio Serapião, também do Estado.
Com base nas falsas informações, Jair
Bolsonaro publicou em seu Twitter, às 20h51 também do domingo, o seguinte
texto: “Constança Rezende, do ‘O Estado de SP’ diz querer arruinar a vida de
Flávio Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair Bolsonaro. Ela é
filha de Chico Otavio, profissional do ‘O Globo’. Querem derrubar o Governo,
com chantagens, desinformações e vazamentos”.
Em nota conjunta, ANJ, Aner e Abert lamentaram
o fato de o presidente da República reproduzir pelas rede sociais informações
deturpadas e deliberadamente distorcidas com o sentido de intimidar a
jornalista e a liberdade de expressão.
“Os ataques à repórter têm o objetivo de
desqualificar o trabalho jornalístico, fundamental para os cidadãos e a própria
democracia”, destacou a nota, que completou: “A tentativa de produzir na
imprensa a imagem de inimiga ignora o papel do jornalismo independente de
acompanhar e fiscalizar os atos das autoridades públicas”.
Para a Abraji e a OAB, “quando um governante
mobiliza parte significativa da população para agredir jornalistas e veículos,
abala um dos pilares da democracia, a existência de uma imprensa livre e
crítica”. Juntas, OAB e Abraji garantiram ainda sempre darão apoio a
jornalistas que sofram qualquer tentativa de intimidação por fazer
seu trabalho”.
Já a ABI lembrou ao presidente em sua nota
“que a liturgia do cargo que ocupa exige equilíbrio, serenidade, linguagem
moderada e altivez. Ao contrário do que Bolsonaro supõe, governos não são
derrubados ‘com chantagens, vazamentos e desinformações’, como enfatizou no
Twitter. A história ensina que a erosão do poder começa sempre por dentro,
quando desidrata as expectativas daqueles que o fizeram depositário das suas
melhores esperanças”.
Um ataque a cada três dias – Segundo reportagem
publicada pelo portal Terra, desde que assumiu o governo, o presidente Jair
Bolsonaro usou sua conta no Twitter 29 vezes para publicar ou compartilhar
mensagens nas quais critica, questiona ou ironiza o trabalho da imprensa
brasileira. O número representa uma média de uma vez a cada quase três dias na
rede social que o presidente tem utilizado como principal meio de comunicação
com a população.
Quase metade das críticas e acusações contra a imprensa que
aparecem na conta de Bolsonaro é feita por meio de retuíte de aliados e
familiares, como dos filhos Carlos e Eduardo e as páginas que costumam reunir
simpatizantes do presidente.
Propósitos e Causas é o tema que abrirá o ciclo de especiais de J&Cia Empresa Cidadã em 2019, com circulação programada para 26 de março. Em sua segunda temporada, o projeto é uma iniciativa de branded content da Jornalistas Editora que a cada bimestre abordará também Compliance (maio), Melhores práticas com empregados/Melhores empresas para trabalhar (julho), Responsabilidade social e corporativa (setembro) e Voluntariado (novembro).
O objetivo é criar uma agenda positiva para as boas práticas empresariais, com circulação para públicos estratégicos como imprensa, comunicadores e influenciadores, numa audiência estimada em 100 mil profissionais. A primeira rodada do ciclo, no ano passado, teve como focos Diversidade e inclusão social, Fake news, Inteligência artificial, Redes sociais e Sustentabilidade.
Jornalista e gestora de comunicação pela ECA-USP, Martha Funke aceitou convite de J&Cia para pilotar a edição de estreia desta temporada, sobre Propósitos e Causas. Ela atuou em cargos de direção em editoras como Meio & Mensagem, Padrão Editorial e Segmento. Foi assessora de relações institucionais da Editora Abril e gerente de grupo de contas em agências de comunicação. Atualmente, colabora com publicações como Valor Econômico e Anuário da Comunicação Corporativa, além de desenvolver projetos pela sua Funke Comunicações.
A cobertura da imprensa sobre
assuntos que envolvem minorias étnicas e a comunidade islâmica está provocando
um acalorado debate sobre limites da liberdade de expressão aqui no Reino
Unido. Esta semana um grupo de 26 parlamentares divulgou uma carta aberta,
respaldada por mais de 20 organizações de direitos humanos, acusando um dos
dois órgãos reguladores da mídia impressa, o Ipso (Independent Press Standards
Organisation), de complacência com racismo e islamofobia na imprensa.
Segundo o grupo, o Ipso estaria
sendo leniente com reclamações sobre excessos a ele levadas. Esse órgão, assim
com o “concorrente” Impress, tem como atribuição garantir que padrões éticos
sejam respeitados, com autoridade para punir no caso de desrespeito ao código
de conduta endossado pelos associados. E até de promover arbitragens quando há
pedido de reparação.
Duas entidades para controle da
imprensa – Esse sistema de controle da mídia impressa, bem
diferente do que temos no Brasil, surgiu a partir do escândalo de escutas
telefônicas feitas pelo jornal News of The World, em 2011, que levou ao seu
fechamento. O caso resultou em uma investigação sobre ética na imprensa,
liderada pelo juiz Lord Leveson, dando origem ao Leveson Inquiry.
Entre as medidas recomendadas
estava a criação de um órgão regulador independente e de adesão voluntária,
supervisionado pelo PRP (Press Recognition Panel), dedicado a fiscalizar a
independência e adesão aos princípios do Relatório
Leveson. Mas acabaram sendo cridos dois órgãos. Um é o Ipso, o maior, que
reúne os principais veículos. O outro é o Impress, com menos adesões, limitado
a veículos locais.
Alguns jornais importantes, como
The Guardian e Financial Times, praticam a autorregulação, por discordarem do
sistema. O Impress clama ser o único a ter aderido integralmente aos princípios
do Levenson Inquiry, enquanto o Ipso
não assinou embaixo, ficando portanto livre para não seguir integralmente os
princípios. Por isso é considerado não reconhecido.
Carta-bomba – Na
carta aberta – na verdade um documento
eletrônico exibindo exemplos escabrosos extraídos de vários jornais
– o grupo aponta que racismo e ataques com base na fé religiosa contra comunidades
tornaram-se comuns na imprensa, encorajando discriminação e violência.
Eles sustentam que, embora a
imprensa seja livre para atuar, mesmo os mais flagrantes casos de discriminação
por parte da imprensa não têm sido considerados como quebra de código de
conduta pelo Ipso.
O chairman da entidade, Sir Alan Moses, defendeu-se afirmando que as
decisões são tomadas com base na quebra do Código Editorial, sem que isso
implique concordância com o conteúdo em questão. E coloca o dedo na ferida: “A
questão real é como encontrar o equilíbrio entre a liberdade de expressão e a
proteção do interesse público”.
O alvo principal desse movimento
é a chamada red top media – os
famosos tabloides sensacionalistas britânicos. Eles deixaram de ser chamados de
tabloides porque outros jornais adotaram esse formato. E passaram a ser
conhecidos como red top por usarem o vermelho nos títulos.
São jornais de enorme circulação,
para leitores tradicionais, conservadores, nem sempre abertos a minorias
raciais ou sociais. Alguns articulistas pegam mesmo pesado. Dois deles chegam a
ser citados na carta aberta ao Ipso. Mas não é apenas na página de opinião que
o nacionalismo exacerbado se manifesta. É comum ver manchetes fortes
destacando, por exemplo, um crime cometido por um imigrante de recursos
limitados.
Partidos políticos entraram na
dança – Acusações de racismo e islamofobia estão atingindo
também os dois principais partidos políticos por aqui. O Trabalhista vem
enfrentando uma crise, e já perdeu importantes parlamentares que saíram
atirando por acharem que o líder, Jeremy Corbyn, endossou discurso antissemita
de alguns membros. E esta semana foi a vez do Partido Conservador, da
primeira-ministra May, que enfrenta uma onda de protestos de membros por
posições consideradas islamofóbicas.
Um bom debate sobre liberdade de expressão e de imprensa, que ainda deve render muita discussão por aqui.
Bruno Paes Manso, também pesquisador do Núcleo de Estudos da
Violência, da USP, foi ouvido pelo podcast Rio Bravo,
sobre o projeto
anticrime do ministro Sérgio Moro, que, para ele, deixa a desejar porque não
contempla as possibilidades que a agenda da segurança pública tem demandado: “O
ministro precisa olhar toda a complexidade dos instrumentos com os quais ele
trabalha, que passa pela inteligência policial, pelas prisões e pelos
investimentos nesses sistemas”.
Em outro momento da entrevista, Paes Manso analisa o atual momento da organização criminosa Primeiro Comando da Capital, cuja cúpula recentemente foi transferida para presídios federais: “O PCC nunca esteve tão forte economicamente como hoje e a minha impressão é de que a transferência não muda muito o cotidiano da ampla rede de venda de drogas que vem se consolidando”.