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sexta-feira, dezembro 26, 2025

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Masturbação de jornalista via Zoom alerta para a necessidade de normas para o trabalho remoto

Jeffrey Toobin (Foto: Getty Images)

Por Luciana Gurgel

Em um relatório publicado em julho pela International News Media Association sobre os efeitos do trabalho em casa sobre a imprensa, a jornalista e pesquisadora americana Mary Meehan aponta uma necessidade que talvez ainda não esteja no radar de todas as organizações: processos de RH para lidar com situações advindas dessa nova realidade.

Ela cita o exemplo de um jornalista espanhol que fazia uma reunião por Zoom quando uma mulher quase nua passou atrás da câmera. E pergunta: “Por ser um problema que raramente acontece numa redação, é preciso criar novas políticas para lidar com ele?”.

Mas o caso – que provocou um novelesco debate sobre se Alfonso Melros traía a mulher com a quase-pelada, também jornalista – não é nada perto do que viria a se abater sobre a The New Yorker. 

Ao ser flagrado masturbando-se durante uma reunião interna via Zoom, o jornalista da revista Jeffrey Toobin virou dor de cabeça para o RH da Condé Nast, que não deve ter seguido o conselho de se preparar para desastres assim. Uma suspensão só veio quando o Vice revelou o caso, em 19/10, quase uma semana depois de Toobin ter sumido das redes sociais.

Quanto mais alto o voo, maior a queda

Advogado formado em Harvard, ele protagonizou coberturas jurídicas célebres, como a do julgamento do atleta O.J.Simpson, transformado no livro que deu origem à série. Além de afastado da New Yorker, teve que se licenciar da CNN, onde é (ou era?) analista-chefe de assuntos legais. E pode vir mais.

Segundo o Motherboard, site de tecnologia do Vice, a New York Public Radio (que tinha profissionais na tal reunião) vetou Toobin em seus programas. O Doubleday, selo da Ramdon House que publicou seu último livro, não quis se manifestar sobre o futuro do autor.

Mesmo que os publishers perdoem, ele já foi condenado pelas redes sociais. A hashtag #meToobin foi a pá de cal, associando o escândalo a assédio sexual e moral. Até O.J.Simpson tirou uma casquinha, ironizando seu ex-carrasco em um video no Twitter,assistido por mais de 2 milhões de pessoas.

 “Não basta apenas mandar as pessoas para casa”

Independentemente do destino da mais nova vítima do Zoom, o episódio expõe uma das consequências do trabalho remoto, que sem aviso prévio tirou boa parte dos jornalistas das movimentadas redações para os isolar em seus casulos.

Não é seguro afirmar que Jeffrey Toobin tenha cometido o deslize por causa da pandemia. Poderia ter acontecido em outros tempos. Mas a frequência com que profissionais (não apenas jornalistas) passaram a interagir com colegas pelas telas, muitas vezes sem processos nem reflexão sobre como se posicionar, eleva os riscos a um outro patamar.

No relatório, Mary Meehan faz um alerta importante: não basta mandar as pessoas para casa.  Ela descreve a necessidade de sistemas adequados. Um dos pontos destacados é a infraestrutura, já que a desiguladade nos equipamentos pode levar a situações de desvantagem.

O documento chama também a atenção para procedimentos legais, com recomendações apresentadas em seminário promovido pela America’s Newspapers. A lista inclui aspectos trabalhistas e mecanismos para assegurar a confidencialidade diante de conexões domésticas não seguras e risco por descarte inadequado de documentos.

A autora aborda ainda os efeitos sobre a saúde emocional. Ela afirma que a cultura tradicional da redação deve mudar. E que apoio psicológico e empatia serão necessários em escala maior. Vários estudos têm mensurado o impacto da pandemia sobre o estado de espírito dos profissionais de imprensa, alguns apontando que é mais alto do que na média da população.

Trabalhar em casa não foi uma opção para a maioria dos jornalistas, profissionais de comunicação e de tantas outras áreas de negócio. A probabilidade de que uma vacina milagrosa devolva todos rapidamente às suas estações de trabalho e ao cafezinho amigo não parece realista.

A nova realidade está mostrando que há um preço a pagar. Há muito dever de casa – literalmente – a ser feito para tirar dela o melhor e amenizar seus riscos, que não são poucos.


Leia em mediatalks.com.br um resumo das conclusões do relatório e dos cases principais.

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Sequestrado em Roraima, Romano dos Anjos tem braços e pernas quebrados

Romano dos Anjos

A Polícia encontrou na manhã desta terça-feira (27/10) o apresentador Romano dos Anjos na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Ele havia sido sequestrado na segunda-feira por três homens encapuzados, enquanto jantava com a esposa. Segundo autoridades, ele teve as pernas e os braços quebrados.

O apresentador da TV Imperial (afiliada da Rede Record em Roraima) relatou à Polícia que foi amarrado, espancado e abandonado pelos homens na noite de segunda. Conseguiu soltar-se e passou a noite numa área de pasto. Na manhã desta terça, ele começou a andar e acabou sendo encontrado por um funcionário da empresa Roraima Energia. Romano contou que foi agredido com um pedaço de pau.

Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram o sequestro de Romano dos Anjos e pediram “providências imediatas às autoridades locais e federais para o esclarecimento do caso e uma rigorosa apuração dos fatos”. (Veja+)

Obra de ficção aborda fake news e as eleições presidenciais de 2022

Glauco Monteiro Wanderley lança o livro de ficção Segredos do Planalto, que conta a história dos personagens Jairo Bonamigo, candidato à reeleição para presidente do Brasil, e Valéria Bonamigo, filha do político.

A obra aborda temas como desinformação e fake news, homofobia, e uso político da religião. O período pré e pós eleição presidencial de 2018 serviram de inspiração para o enredo do livro, mas o foco principal é a relação de pai e filha entre os personagens principais.

Nascido no Amazonas, Glauco formou-se em Jornalismo no Rio de Janeiro. Exerceu a profissão por mais de duas décadas na Bahia, atuando nos setores de impresso, rádio, TV e internet. Para adquirir o livro, clique aqui.

Abraji registra 40 profissionais de imprensa bloqueados por autoridades públicas no Twitter

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nesta terça-feira (27/10) os resultados de um monitoramento iniciado este ano para detectar quantos profissionais de imprensa foram bloqueados por perfis de autoridades públicas nas redes sociais. Segundo o levantamento, já são 40.

O número total de bloqueios registrados é de 81, pois um repórter pode ser impedido de acompanhar mais de uma pessoa em cargo público. A Abraji mapeou os bloqueios e detectou que os mais afetados trabalham em veículos de São Paulo (20), seguidos por Rio de Janeiro (10), Distrito Federal (6) e Minas Gerais (1).

O PL das Fake News prevê a proibição dessa prática de bloquear pessoas por parte de agentes dos governos federal, estadual e municipal. O artigo 18 do projeto de lei diz que são de interesse público “as contas de redes sociais utilizadas por entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, e dos agentes políticos cuja competência advém da própria Constituição, especialmente detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

Veja mais no site da Abraji.

ONG britânica mostra que ação tardia de redes sociais permitiu avanço do QAnon

Um novo relatório da ONG antifascista britânica Hope Not Hate, publicado em 22 de outubro, traz boas e más notícias. A má: o trabalho é o primeiro a quantificar o tamanho do movimento QAnon no Reino Unido. E indicou que 6% da população declararam-se adeptos e 25% concordam com as teorias por ele pregadas, sobretudo pelas redes sociais.

A boa: a entidade prova que está ao alcance das plataformas digitais impedir que teorias conspiratórias se proliferem, como o QAnon, reconhecendo a eficácia das iniciativas recentes do Facebook e do YouTube para impedir a propagação de conteúdo associado a esses movimentos. O problema é que no caso do QAnon a ação chegou tarde. Mas se as plataformas assim o desejarem, o futuro pode ser diferente, mostra a ONG.

Leia o artigo completo em mediatalks.com.br.

Saúde mental é um dos principais problemas de profissionais de imprensa durante a pandemia, diz estudo

O Centro Internacional para Jornalistas, em parceira com o Centro de Incentivo para o Jornalismo Digital e a Universidade Columbia, publicou um relatório sobre os impactos da pandemia de coronavírus em profissionais de imprensa. Cerca de 70% dos entrevistados disseram que sua saúde mental foi afetada.

Mais de 80% dos participantes tiveram alguma reação emocional negativa durante o trabalho. Além disso, quase um terço não recebeu equipamento de proteção para cobertura externa durante a primeira onda da pandemia.

Outro ponto negativo que o estudo apontou foi a desinformação. Para 46% dos profissionais ouvidos, políticos e outras autoridades são a principal fonte de fake news. Cerca de 81% dos participantes afirmaram deparar-se com notícias falsas ao menos uma vez por semana. Além disso, quase metade afirmou que suas fontes expressaram medo de retaliação por falar com profissionais de imprensa durante a pandemia.

O estudo levou em conta respostas de 1.400 jornalistas falantes de inglês em 125 países. O projeto, que tem duração de um ano, vai divulgar outros relatórios nos próximos meses com base em pesquisas em seis outras línguas. Interessados podem colaborar com a pesquisa e obter mais informações pelo e-mail [email protected]. Leia o relatório na íntegra.

Comprova lança programa de mentoria em checagem de fatos para eleições municipais

O Projeto Comprova lança nesta terça-feira (27/10) a Rede Comprova, programa de mentoria que reunirá profissionais de imprensa e comunicação em geral para que possam trocar experiências e ajudar uns aos outros na cobertura das eleições municipais, especialmente na checagem de fatos e conteúdos suspeitos.

Qualquer jornalista que esteja envolvido na cobertura das eleições pode solicitar uma mentoria inicial de 30 minutos para receber sugestões de ferramentas e orientações que ajudem na investigação de conteúdo duvidoso. O atendimento é online e gratuito.

O Projeto Comprova é uma iniciativa que visa a investigar conteúdos suspeitos sobre temas relevantes para a sociedade. Integram o Comprova A Gazeta (ES), Gazeta do Sul (RS), AFP, Band News, Band TV, Band.com.br, Canal Futura, Correio (BA), Correio de Carajás, Correio do Estado, Correio do Povo, Diário do Nordeste (CE), Estado de Minas, Exame, Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, NSC Comunicação, O Estado de S. Paulo, O Popular, O Povo, Poder360, Rádio Band News FM, Rádio Bandeirantes, revista piauí, SBT e UOL.

O Tech-xit australiano: uma rede estatal para substituir Google e Facebook

A acirrada disputa entre o governo australiano e as gigantes de tecnologia ganha corpo após o relatório Tech-xit, do think tank Centro para Tecnologia Responsável, propor uma alternativa estatal para as plataformas no país.

Google e Facebook não aceitaram a proposta do governo de remunerar as empresas jornalísticas pelo conteúdo nelas exibido e ameaçam deixar os australianos sem os seus serviços. A ideia é criar uma rede social sem fins lucrativos, administrada pela emissora pública ABC, com as mesmas funções do Facebook. O relatório que faz a proposta é uma radiografia completa do papel das redes, em tom nacionalista, invocando a soberania digital do país.

Mas é dos Estados Unidos que vem o maior golpe para o Google. O  Departamento de Justiça norte-americano entrou com uma ação civil antitruste com objetivo de impedir a plataforma de manter monopólio nos mercados de buscas. Veja no MediaTalks os detalhes do processo que o procurador-geral William Barr classificou de “caso monumental”.

Pauta hemisférica

Área de Livre Comércio das Américas (Alca)

Por Sílvio Ribas

Para nós, correspondentes da grande imprensa em Belo Horizonte, o 3º Encontro das Américas, em maio de 1997, foi uma pauta inesquecível, não apenas porque vimos de perto o maior evento internacional realizado em Minas e a mais relevante reunião diplomática organizada pelo governo brasileiro, fora as cúpulas ambientais (Rio92 e Rio+20). A pauta hemisférica, termo que esbanjávamos, foi única, sobretudo por suas histórias paralelas.

Por meses, fizemos reportagens exclusivas sobre bastidores de negociações duras e desafios para os anfitriões. Depois, mais de 100 jornalistas nacionais e estrangeiros cobriram os ministros de 34 países (Cuba excluída) e suas respectivas delegações, engajados na fracassada missão de criar até 2005 a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Destaque para a cobertura de quatro da Gazeta Mercantil Latino-Americana, com André Lacerda à frente.

O consenso prévio, de implantação gradual do tratado, com salvaguardas para blocos regionais (leia-se Mercosul) acabou assim que Charlene Barshefsky, a líder da numerosa comitiva dos Estados Unidos, pousou na capital mineira. A tensão estava tão alta que um guarda-costas dela aplicou vistoso “balão” em Eduardo Oliveira, da Globo, na entrada do Palácio das Artes, sede da conferência, só porque o repórter apontara seu microfone.

Às 11h40 de 7 de abril, um mês antes desse episódio, o principal auditório reservado ao encontro havia sido destruído pelo fogo. Fabiano Lana, do Jornal do Brasil, flagrou as chamas da janela da sucursal, no sétimo andar do prédio em frente. Uma hora após seu chefe Teodomiro Braga avisar o governador da notícia, o local com 1,6 mil assentos desabou e as sessões de abertura e encerramento precisaram ser transferidas para o teatro do Minascentro.

Os espaços de reuniões ministeriais e empresariais e o comitê de imprensa ficaram intactos. A cidade recebeu dois mil visitantes cadastrados, ávidos por oportunidades de negócios num eventual contraponto americano à União Europeia. Curiosamente, a realização do foro empresarial estava ameaçada até a véspera pela polêmica disputa em torno de sua marca de fantasia.

Foram quatro dias de divergências e falsos progressos no 3º Encontro das Américas. O Mercosul insistiu que precisava de tempo para sua indústria preparar-se para competir com a dos apressadinhos ianques. Mas o tempo revelou grande disparate: ignorada, a China exerceu em todo o mundo papel crescentemente dominante nessa seara e, sem Alca, o mercado americano consolidou-se como o maior comprador de manufaturas made in Brazil.

A Alca – iniciativa americana durante a 1ª Cúpula das Américas, em Miami (1994) – motivou várias reuniões de ministros, sendo que de Belo Horizonte sairiam detalhes do acordo. Curiosamente, nessas duas décadas e meia, as tratativas entre Mercosul e Europa evoluíram paralela e lentamente até chegarem ao tardio, embora muito festejado, entendimento em 2019.


Sílvio Ribas

A história desta semana é novamente uma colaboração de Sílvio Ribas, assessor parlamentar do senador Lasier Martins (Podemos-RS).


Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para [email protected].

ACAPA publica edição número 500 com homenagem a Pelé

O jornal sem conteúdo ACAPA chega a 500 edições com uma homenagem a Pelé, que faz 80 anos nesta sexta-feira (23/10). O ilustrador Claudio Duarte fez a capa da edição de número 500 com uma caricatura de Pelé, após a conquista da Copa de 1970.

“ACAPA de número 500 dá um soco no ar, neste 23 de outubro de 2020, para homenagear os 80 anos de um preto brasileiro tão soberano que não há no mundo quem não o conheça e reverencie”, informa a publicação. “Para o jornal sem jornal, como um gol bonito sem inspiração nele, mesmo que sua genialidade tenha sido calhordamente usada pela ditadura para vender um país que jurava ir pra frente enquanto assassinava a liberdade, o atleta do século ignorou todos os limites e ousou virar adjetivo. Você é um Pelé, Pelé! Feliz aniversário”.

ACAPA é um “jornal sem jornal”, cujas publicações vão ao ar nas redes sociais, acompanhadas de um texto com críticas e diferentes interpretações sobre temas do noticiário. O projeto foi criado em 2016 por Edgar Gonçalves Jr., Fabrício Cardoso e Nélson Nunes. O design é de responsabilidade de Tchô Hermes e conta com colaborações especiais de diversos artistas gráficos do País.

O jornal mantém um sistema de assinaturas com recompensas para os assinantes. Para participar, clique aqui e apoie o projeto.

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