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quinta-feira, dezembro 11, 2025

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Jornalistas do Ceará estão há três anos sem reajuste salarial e outros direitos

Ilustração: Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce)

O Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) denunciou em comunicado as condições precárias de trabalho dos jornalistas cearenses, há três anos sem reajuste salarial, Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e outros direitos.

A entidade reitera que, sem tais direitos, os profissionais estão “descobertos”, pois seguem na linha de frente, trazendo informações sobre a Covid-19 com risco de contrair a doença. Segundo o Sindjorce, a situação é provocada “pela intransigência dos principais conglomerados de comunicação do Estado”.

O comunicado afirma que a entidade “vem tentando negociar com os patrões durante todo esse tempo, mas só recebe desculpas evasivas e nenhuma proposta concreta para restabelecer os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da mídia”. O texto destaca que Sistema Verdes Mares, Sistema Jangadeiro e Grupo O Povo, os maiores empregadores de profissionais de imprensa, cortaram pelo menos 25% dos salários durante a pandemia.

Rafael Mesquita, presidente do Sindjorce e diretor de Mobilização da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), declarou que “os jornalistas do Ceará são colocados sob risco sanitário, sobrecarga de trabalho, multifunção e ainda são obrigados a utilizar recursos próprios para manter o trabalho em casa. Ao mesmo tempo, grupos como Sistema Verdes Mares, O Povo, Cidade e Sistema Jangadeiro mentem para a sociedade, afirmando que valorizam o jornalismo profissional. Na nossa avaliação, valorizar o jornalismo é garantir trabalho decente e remuneração digna para os profissionais da área“.

Projeto reunindo TVs britânicas monitora diversidade e inclusão nas telas e nos bastidores

Crédito: Aarón Blanco Tejedor / Unsplash

O relatório 2021 do programa Diamond, que monitora a diversidade e inclusão nas telas e nos bastidores da TV britânica, não trouxe boas notícias para três dos seis grupos pesquisados pela iniciativa. O trabalho abrange todos os gêneros de produção, como drama, comédia, infantil, factual e entretenimento.

Mulheres, negros e minorias étnicas diminuíram sua presença tanto nas telas como nos bastidores, mas continuaram com índices acima de sua participação na população e na força de trabalho do Reino Unido. O grupo LGB foi  o único a conquistar mais espaço no vídeo e nos bastidores, atingindo índices que representam o dobro de sua participação na composição da força de trabalho e da população do Reino Unido.

Maiores de 50 anos e pessoas com necessidades especiais, apesar dos pequenos avanços verificados, continuaram sub-representados nas telas e por trás das câmeras. O mesmo aconteceu com os transgêneros, só que para estes foi pior, pois viram sua participação diminuir ainda mais no vídeo.

No jornalismo, as mulheres permaneceram, como no ano anterior, sub-representadas nas telas, mas aumentaram a participação nos bastidores. Com os negros e minorias ocorreu o contrário: elevaram a presença nas telas e perderam espaço atrás das câmeras. A presença de negros e minorias diminuiu 1% nas telas das produções factuais e 3,1% nas de current affairs.

O acompanhamento, que vem sendo feito desde 2016, é apontado como o primeiro sistema de coleta de dados online a ter sido implantado no mundo para monitorar e apontar caminhos para aumentar a diversidade e a inclusão de uma indústria.

Participam cinco das principais emissoras britânicas − BBC, SKY, ITV, Channel 4 e Channel 5/ViacomCBS. Junto com BAFTA, ScreenSkills, Pact, ITN e S4C, elas mantêm a Creative Diversity Network, que conduz a iniciativa.

Esta última edição consolida dados coletados de 36 mil formulários preenchidos por participantes de produções televisivas. Desde a primeira edição, o Diamond já coletou mais de 1,9 milhão de contribuições.

Veja o artigo completo em MediaTalks by J&Cia.

A vitória de Meghan sobre o Mail on Sunday: estaria a imprensa sendo “algemada”?

Meghan Markle (Crédito: Samir Hussein/Getty Images)

Na última quinta-feira (11/2) foi anunciada no Reino Unido a vitória de Meghan Markle em um processo movido contra o Mail On Sunday por quebra de privacidade e direitos autorais. O motivo foi a publicação de trechos da carta enviada por ela ao pai em 2019, rompendo o turbulento relacionamento familiar.

A indenização não foi ainda definida. Mas surpreendeu o meio jornalístico o fato de o julgamento ter sido sumário, sem uma audiência que permitiria ao jornal defender-se usando testemunhas.

Entre elas estavam funcionários da equipe de comunicação do Palácio de Buckinghan que teriam ajudado a duquesa de Sussex a redigir a carta e validariam a tese de que ela sabia da possibilidade de o texto tornar-se público, o que derrubaria o argumento da defesa de que se trava de um assunto privado.

Advogados do setor de mídia manifestaram-se sobre a decisão, que pode estabelecer novos parâmetros para a publicação de documentos confidenciais, elevando o risco de indenizações milionárias aos que se julgarem atingidos. E com isso fazendo com que os jornais desistam de revelar segredos de celebridades.

Veja o artigo completo em MediaTalks by J&Cia.

Chega a quase 100 o número de jornalistas mortos pela Covid-19 no País

Quase 100 jornalistas morreram em decorrência da Covid-19
Quase 100 jornalistas morreram em decorrência da Covid-19
Relatório da Fenaj apontou quase 100 jornalistas mortos desde o início da pandemia

A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgou um relatório que aponta pelo menos 94 jornalistas mortos pela Covid-19. A pesquisa foi realizada pelo Departamento de Saúde, Previdência e Segurança da entidade.

Do início da pandemia, em 2020, até o final de janeiro deste ano, pelo menos 93 profissionais morreram em decorrência da Covid-19. Depois da conclusão da pesquisa, a repórter cinematográfica Vanusa Torchi, de São Paulo também faleceu, elevando o número para 94.

Segundo o relatório, a situação agravou-se nos últimos meses, com um crescimento dos óbitos. Entre julho e agosto de 2020, as mortes na categoria mantiveram-se relativamente estáveis. Nos últimos dois meses de 2020 houve um crescimento acelerado, que explodiu em janeiro de 2021: 25% dos casos de mortes ocorreram nesse mês.

Amazonas e São Paulo são os dois estados com maior número de casos: 14 mortes em cada. Pesa contra o estado do Norte o fato de ter uma população dez vezes menor que o do Sudeste. Recentemente, inclusive, este Portal dos Jornalistas alertou para a explosão de casos de Covid-19 na TV Encontro das Águas, estatal ligada ao governo amazonense.

Rio de Janeiro, com nove óbitos, e Paraná, com oito, completam a lista dos estados com maior número de casos fatais na categoria. A Paraíba, com uma população quase idêntica à do Amazonas (4 milhões de habitantes), registrou cinco mortes de jornalistas.

O diretor do Departamento de Saúde e coordenador da pesquisa, Norian Segatto, disse que os números são assustadores, mas ainda podem estar subestimados.  “Não existe um mecanismo o oficial de registro dos casos e nem sempre a morte do profissional de imprensa é noticiada”, explicou.

Metodologia

A pesquisa da Fenaj foi realizada por meio de buscas em notas de jornais, informações coletadas com os sindicatos de jornalistas de todo o país e relatos vindos diretamente de amigos e parentes das vítimas. A Fenaj manteve no conjunto das vítimas alguns profissionais identificados como radialistas (que igualmente são profissionais da comunicação), por não ter sido possível confirmar o registro profissional de cada um.

A análise dos dados coletados também revelou a idade das vítimas. O maior número (23) estava na faixa etária de 51 a 60 anos, e outras 22 vítimas fatais da doença tinham entre 61 e 70 anos.

Na análise de gênero, os homens são maioria absoluta entre as vítimas, somando 91,4% do total. Entre as vítimas mulheres (8,6%), chama a atenção o fato de serem mais jovens. Metade tinha menos de 35 anos, três delas estavam entre 47 e 52 anos e em uma não se conseguiu ainda apurar a idade. Ou seja, foram mortes bastante precoces.

Para a Fenaj, o maior responsável por esses números é o governo de Jair Bolsonaro, por sua política genocida, que em vez de combater contribuiu para o avanço da pandemia no País. Mas também as empresas de comunicação têm sua parcela ao exporem trabalhadores a condições não seguras.

Norian Segatto lembra ainda que, infelizmente, há entre a categoria uma minoria de profissionais que compactua com a tese da “gripezinha” e ajuda a disseminar desinformações para a população. “Às famílias, amigos, colegas de trabalho de todas as vítimas da Covid-19, em especial dos trabalhadores da imprensa, nosso mais profundo pesar. Elas não são apenas números de uma macabra estatística, são pessoas, que viram ceifados sonhos, futuro, vida”.

Os números da pesquisa comprovaram o que a Fenaj já vinha afirmando: os jornalistas estão na linha de frente do combate à Covid-19, com a cobertura da pandemia, e por isso mesmo são vulneráveis. Esse é o motivo pelo qual a entidade orientou os Sindicatos de Jornalistas a solicitarem aos governos estaduais/municipais a inclusão da categoria entre os grupos prioritários para a vacinação.

Acesse aqui o relatório.

Chega a quase 100 o número de jornalistas mortos pela Covid-19

Quase 100 jornalistas morreram em decorrência da Covid-19
Quase 100 jornalistas morreram em decorrência da Covid-19

A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgou um relatório que aponta pelo menos 94 jornalistas mortos pela Covid-19. A pesquisa foi realizada pelo Departamento de Saúde, Previdência e Segurança da entidade.

Do início da pandemia, em 2020, até o final de janeiro deste ano, pelo menos 93 profissionais morreram em decorrência da Covid-19. Depois da conclusão da pesquisa, a repórter cinematográfica Vanusa Torchi, de São Paulo também faleceu, elevando o número para 94.

Segundo o relatório, a situação agravou-se nos últimos meses, com um crescimento dos óbitos. Entre julho e agosto de 2020, as mortes na categoria se mantiveram relativamente estáveis. Nos últimos dois meses de 2020 houve um crescimento acelerado e explodiu em janeiro de 2021: 25% dos casos de mortes ocorreram neste mês.

Amazonas e São Paulo são os dois estados com maior número de casos: 14 mortes em cada. Pesa contra o estado do Norte o fato de ter uma população 10 vezes menor que o do Sudeste. Recentemente, inclusive, este Portal dos Jornalistas alertou para a explosão de casos de Covid-19 na TV Encontro das Águas, estatal ligada ao governo amazonense.

Rio de Janeiro, com nove óbitos, e Paraná, com oito, completam a lista dos estados com maior número de casos fatais na categoria. A Paraíba, com uma população quase idêntica à do Amazonas (4 milhões de habitantes), registrou cinco mortes de jornalistas.

O diretor do Departamento de Saúde e coordenador da pesquisa, Norian Segatto, disse que os números são assustadores, mas ainda podem estar subestimados.  “Não existe um mecanismo o oficial de registro dos casos e nem sempre a morte do profissional de imprensa é noticiada”, explicou.

Relatório da Fenaj apontou quase 100 jornalistas mortos desde o início da pandemia

Metodologia

A pesquisa da Fenaj foi realizada por meio de buscas em notas de jornais, informações coletadas com os sindicatos de jornalistas de todo o país e relatos vindos diretamente de amigos e parentes das vítimas. A Fenaj manteve no conjunto das vítimas alguns profissionais identificados como radialistas (que igualmente são profissionais da comunicação), por não ter sido possível confirmar o registro profissional de cada um.

A análise dos dados coletados também revelou a idade das vítimas. O maior número (23) estava na faixa etária de 51 a 60 anos, e outras 22 vítimas fatais da doença tinham entre 61 e 70 anos.

Na análise de gênero, os homens são maioria absoluta entre as vítimas, somando 91,4% do total. Entre as vítimas mulheres (8,6%), chama a atenção o fato de serem mais jovens. Metade tinha menos de 35 anos, três delas estavam entre 47 e 52 anos e em uma não se conseguiu ainda apurar a idade. Ou seja, foram mortes bastante precoces.

Homens são a maioria entre as vítimas, com 91,4% do total de mortos

Para a Fenaj, o maior responsável por esses números é o governo de Jair Bolsonaro, por sua política genocida, que em vez de combater contribuiu para o avanço da pandemia no país. Mas também as empresas de comunicação têm sua parcela ao expor trabalhadores a condições não seguras.

Norian Segatto lembra ainda que, infelizmente há entre a categoria uma minoria de profissionais que compactua com a tese da “gripezinha” e ajuda a disseminar desinformações para a população. “Às famílias, amigos, colegas de trabalho de todas as vítimas da Covid-19, em especial dos trabalhadores da imprensa, nosso mais profundo pesar. Elas não são apenas números de uma macabra estatística, são pessoas, que viram ceifados sonhos, futuro, vida”.

Os números da pesquisa comprovaram o que a Fenaj já vinha afirmando: os jornalistas estão na linha de frente do combate à Covid-19, com a cobertura da pandemia, e por isso mesmo estão vulneráveis. Esse é o motivo pelo qual a Fenaj orientou os Sindicatos de Jornalistas a solicitarem aos governos estaduais/municipais a inclusão da categoria entre os grupos prioritários para a vacinação.

Acesse aqui o relatório.

“Direito ao esquecimento” é negado pelo STF

O Supremo Tribunal Federal negou na quinta-feira (11/2) o reconhecimento do “direito ao esquecimento”, no qual uma pessoa poderia reivindicar que os meios de comunicação fossem impedidos de divulgar informações sobre um fato verídico considerado prejudicial ou doloroso. Dos 11 ministros, nove votaram contra o direito ao esquecimento e um a favor. Luís Roberto Barroso não votou porque se declarou impedido.

Segundo a tese aprovada pelo plenário, “é incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como um poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais.

Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais, especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral, e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível”.

Na semana passada, o relator, ministro Dias Toffoli, votou contra o direito ao esquecimento, argumentando que é “incompatível com a Constituição”, e que impedir o acesso a informações verdadeiras e obtidas de forma legal fere a liberdade de expressão.

Acompanharam o relator os ministros Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Rosa Weber. O ministro Edson Fachin votou a favor do reconhecimento do direito ao esquecimento.

Abraji aponta aumento em ataques à imprensa em janeiro

Presidente Jair Bolsonaro lidera o ranking de ataques à imprensa, aponta Abraji
Presidente Jair Bolsonaro lidera o ranking de ataques à imprensa, aponta Abraji

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contabilizou o número de ataques direcionados à imprensa em janeiro de 2021. O número dobrou em comparação ao mesmo mês no ano passado. O presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 11 dos 26 ataques detectados.

Nos primeiros 31 dias de 2020, o número de ataques foi de 11. Isso demonstra uma piora no cenário em 2021, segundo a entidade. Neste ano, foram 20 casos de discursos estigmatizantes, quatro ataques e agressões, um processo judicial e um caso de uso abusivo do poder estatal.

Letícia Kleim, assessora jurídica da Abraji, declarou que “o crescimento dos discursos estigmatizantes resulta em um aumento de outras formas de agressão, até mais graves e diretas, contra profissionais da imprensa, porque servem de autorização e incentivo, especialmente quando se referem ao presidente e seus apoiadores. (…) O monitoramento dos ataques é fundamental para identificar essas ameaças e permite avaliar o impacto direto na proteção de nossas garantias constitucionais e os riscos à democracia brasileira”.

Leia mais sobre os ataques no site da Abraji.

E mais:

Pesquisa Mega Brasil servirá de base para o Ranking das Agências de Comunicação

Começou e permanecerá aberta até sexta-feira da próxima semana (19/2) a Pesquisa Mega Brasil com Agências de Comunicação, que servirá de base para a formulação do Ranking das Agências de Comunicação e também para os indicadores setoriais do Anuário da Comunicação Corporativa, que incluem faturamento anual, investimentos, tendências, expectativas, entre outros aspectos.

Acessível a todas as cerca de 1.600 agências do País, o trabalho é coordenado pelo Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, sob a direção de Maurício Bandeira, e abrange cerca de 30 questões. 

O resultado consolidado e o ranking serão publicados na edição 2021 do Anuário, publicação que conta com o apoio institucional de Aberje e Abracom e que é dirigida por Eduardo Ribeiro e Marco Rossi, com consultoria de Adriana Teixeira (editora executiva da publicação nos últimos anos).> Para acessar o questionário e responder à pesquisa clique aqui.

O bilhete de Joel Silveira

Quando o grande repórter vinha a São Paulo e rodava a noite com Mituo Shiguihara

Joel Silveira

Por Walterson Sardenberg Sobrinho

Quando Joel Silveira chegava na sucursal de São Paulo da Bloch Editores, vindo do Rio de Janeiro, carregando o corpanzil e toda a simpatia, o fotógrafo Mituo Shiguihara já sabia: teria noites animadas. Naquele final dos anos 1970, os dois se davam muito bem. Joel era sergipano de Lagarto. Mituo, paulista de Lins, onde o escrivão do cartório, inapto, esqueceu-se do “s” de Mitsuo ao grafar o nome de batismo. Apesar das extensas diferenças de origem, o velho repórter nordestino e o experiente fotógrafo nissei tinham imensas afinidades. Sim, a começar pelo gosto pelas noitadas.

Sabendo dessa ligação, Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, sobrinho de Adolpho Bloch e diretor da editora, vivia propondo matérias para a dupla. Uma delas pareceu-lhe juntar o útil, o agradável e o departamento comercial.

Joel e Mituo fariam uma odisseia pela grande e pequena indústria de bebidas do País, das cachaças do interior nordestino aos espumantes da Serra Gaúcha, passando por destilarias mineiras, paulistas, fluminenses, catarinenses, o que houvesse. Na visão de Jaquito, era uma pauta que renderia anúncios publicitários na revista Manchete e, ao mesmo tempo, irrecusável pela dupla nipo-sergipana, muito chegada aos eflúvios etílicos. Consultado a respeito, Joel Silveira estranhou: “Você quer uma matéria ou duas cirroses?”. A matéria jamais foi feita.

No final de 1978, eu, aos 21 anos, recém-contratado, era foca − e foca total − na sucursal paulista, quando vi Joel Silveira pela primeira vez, entrando na redação da avenida 9 de Julho, na altura do Itaim-Bibi. Naturalmente, o jovem jornalista que fui sabia de quem se tratava. Eu já havia lido a devastadora e hilariante reportagem que Joel escrevera, ainda nos anos 1940, sobre a grã-finagem paulistana, para a revista Diretrizes, de Samuel Wainer. Havia sido republicada, por sinal, pela própria Bloch no livro As reportagens que abalaram o Brasil, naqueles anos 1970. Mas eu ainda não tinha a real dimensão de quão revolucionário era o estilo coloquial e divertido de Joel, se comparado ao ramerrão parnasiano da maioria dos seus parceiros de geração. Tampouco havia lido as candentes crônicas da Segunda Guerra dele, escritas no front, no calor da hora.

Tudo isso para dizer que, por obra do acaso, encontrei em casa um bilhete do Joel Silveira para o então chefe de Reportagem da sucursal paulista, Celso Arnaldo Araújo. Como foi parar nas minhas mãos? Creio que o meu velho amigo − e também professor sem cátedra, no dia a dia da redação − Celso pediu-me que fosse ao bairro da Liberdade colher dados policiais para completar uma matéria do Joel. Não me lembro de ter falado com o delegado, mas isso deve ter acontecido. É provável que Joel, em suas andanças com Mituo, tenha, digamos, se esquecido de apurar algumas informações. De qualquer maneira, o bilhete, que reproduzo aqui, é autoexplicativo.

Vi Joel Silveira duas ou três vezes na Redação. Não o acompanhei nos périplos noturnos paulistanos, pois ainda não era então tão amigo de Mituo para ser convidado. Tem mais: o fotógrafo, naqueles dias, devia me achar pouco mais do que um fedelho − o que eu era de fato. Com o passar dos anos dei a sorte de me tornar amigo do Mituo. Fizemos, inclusive, viagens juntos pelo Nordeste em matérias para revistas já não da Bloch, mas da Editora Abril. Corintiano fanático, gozador, bebedor de whisky nas pedras − abominava cerveja −, era um companheiraço, além de um mestre na fotografia, ofício que aprimorou, ainda jovem, numa escola de Nova York.

Joel Silveira morreu em 2007, aos 89 anos. Seu amigo Mituo não teve tamanha longevidade. Morreu em dezembro de 1988, fazendo uma reportagem com Expedito Marazzi − lendário jornalista da área de veículos − para a revista Caminhoneiro. O caminhão em que rodavam despencou na sinuosa e então perigosa estrada Mogi-Bertioga. Lá se foi o “nissei e aculturado”, com “mais cara de cearense do que de nipônico”, como Joel, sacana e carinhoso, descrevia no bilhete que despontou nos meus guardados, como uma estrela.

Já avisei ao Celso Arnaldo: o bilhete era endereçado a ele, mas não devolvo sob hipótese alguma.

O bilhete:


Walterson Sardenberg Sobrinho

A história desta semana é de um estreante no espaço: Walterson Sardenberg Sobrinho, o Berg. Ele foi repórter de Manchete; editor de Placar, Brasileiros e Viagem & Turismo; editor-chefe de Gosto, Próxima Viagem, MIT e The President; e diretor de Redação de Náutica, Contigo e Mergulho.


Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para [email protected].

Gerdau lança campanha de comunicação sobre seus 120 anos

Logo marca escrito em azul "120 Gerdau: O futuro se molda".

A Gerdau colocou no ar uma campanha de comunicação para celebrar seus 120 anos de história. A agência 1.2.3.5.8 foi a responsável pela criação e elaboração da estratégia da campanha, que tem como objetivo conectar o legado centenário da produtora de aço ao futuro e a seu propósito de empoderar pessoas que constroem o futuro.

A divulgação da campanha, lançada em 16/1, dia de fundação da empresa, no intervalo do Jornal Nacional, contou com uma estratégia 360º, com veiculações em tevês aberta e fechada, mídia impressa, digital e OOH. 

https://www.youtube.com/watch?v=NVSzdAZDxaQ

Uma logomarca comemorativa foi criada e a fusão das cores amarelo e azul, que são padrão da marca Gerdau, dão vida a uma nova cor na comunicação da maior produtora de aço do Brasil: o verde Gerdau. Essa estratégia visa a conectar ainda mais a narrativa da Gerdau a atributos como sustentabilidade e brasilidade.

“Os 120 anos da Gerdau são um marco importante para a companhia e gostaríamos de transmitir este orgulho para as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte dessa trajetória”, destaca Pedro Torres, líder global de Comunicação Corporativa e Marca da companhia. “Somos uma empresa centenária, genuinamente brasileira e que faz parte do desenvolvimento do País por sua capacidade de inovar, de estar em movimento e de se adequar. A ideia está em ir além de uma comemoração. Para isso, além de uma campanha de comunicação, estão programadas uma série de ações e projetos de geração de valor compartilhado com a sociedade.  Pois queremos aproveitar essa data não apenas para celebrar o legado da Gerdau, e sim para reafirmar o nosso compromisso com o futuro”.

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