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sexta-feira, julho 4, 2025

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Abraji condena ataques a Luiza Bodenmüller (Aos Fatos)

Justiça derruba liminar que proibia Aos Fatos de mencionar que Revista Oeste publicou desinformação
Justiça aceita recurso contra Aos Fatos por difamação do Jornal da Cidade Online

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou os ataques virtuais a Luiza Bodenmüller, de Aos Fatos. Ela foi vítima de uma campanha ordenada de ódio, xingamentos misóginos e preconceituosos e exposição de nome e cargo.

Em 26/9, Luiza usou seu perfil no Twitter para indicar filmes sobre a Suprema Corte dos Estados Unidos, citando a juíza Amy Coney Barrett, escolhida por Trump, como uma magistrada antiaborto, pró-armas e conservadora. No dia seguinte, recebeu diversos ataques e xingamentos.

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) e o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP) compartilharam em suas redes um post classificando a agência Aos Fatos como “esquerdagem do fatos (sic)”, o que ampliou a dimensão dos ataques.

Em nota, a Abraji escreveu que “considera inaceitável o assédio virtual venha de onde vier, mas é ainda mais grave quando mandatários e outras autoridades reproduzem alegações difamatórias, que buscam fragilizar e intimidar jornalistas mulheres. Instamos, ainda, as plataformas digitais a oferecerem uma resposta mais eficaz a esse tipo de ataque”.

Raquel Sheherazade assina com o Metrópoles

Raquel Sheherazade assinou contrato com o Metrópoles nesta terça-feira (29/9). Ela apresentará um programa de entrevistas e debates nas plataformas digitais do portal.

A apresentadora diz ter recebido carta branca para falar e emitir opiniões como quiser. Em entrevista ao Notícias da TV (UOL), Raquel declarou que terá “liberdade para escolher meus personagens e fazer as perguntas que me convierem. Pretendo ouvir todos os lados. Não me importa se pensam semelhante a mim ou o contrário. Minha única condição para escolher um entrevistado é que ele pense! Que tenha algo para acrescentar ao debate”.

Raquel deixou o SBT nessa segunda-feira (28/9), após receber um e-mail informando que não mais apresentaria o SBT Brasil, segundo o colunista do UOL Maurício Stycer.

Há quase dez anos à frente do telejornal, Raquel gravou um vídeo em seu canal no YouTube para falar sobre o assunto: “Achei que seria de bom-tom não sair à francesa. Eu venho dizer adeus. Adeus, não, um até breve”. Ela lamentou a forma como foi avisada de sua dispensa: “Infelizmente não tive a oportunidade de me despedir dos meus telespectadores, dos meus colegas e amigos que fiz na emissora e por isso estou tentando fazer agora”.

RedeTV rompe contrato com Boris Casoy

A RedeTV anunciou nesta terça-feira (29/9) que rompeu o contrato de Boris Casoy, âncora do RedeTV News desde 2016.  A decisão foi anunciada por Franz Vacek, superintendente de Jornalismo e Esporte da emissora.

Por causa da pandemia de coronavírus, Casoy, que tem 79 anos, estava afastado dos estúdios da emissora, mas fazia comentários diários para o RedeTV News de sua casa. Segundo Maurício Stycer (UOL), ele havia informado à RedeTV que vai estrear em breve um telejornal matinal em seu canal no YouTube.

Projeto Comprova lança curso de verificação com foco nas eleições

O Projeto Comprova lançou nesta terça-feira (29/9) o Curso Comprova de verificação, focado nas eleições municipais deste ano, que visa a capacitar profissionais de imprensa para que possam investigar conteúdos suspeitos sobre o assunto compartilhados em plataformas digitais.

O curso, gratuito, será realizado entre 7 e 17 de outubro. Os temas abordados nas aulas são desinformação, monitoramento de redes sociais, técnicas e ferramentas para verificação de dados, verificação de fotos, vídeos e mapas, narrativas de checagem, entre outros. O conteúdo será oferecido pela plataforma de cursos da Abraji.

Inscrições até 5/10 por este formulário.

Consumo de notícias digitais aumentou durante pandemia, diz estudo

A Luminate, organização filantrópica global, fez uma pesquisa sobre o consumo de notícias durante a pandemia de coronavírus. Os resultados indicam que, no Brasil, 65% dos leitores de veículos digitais aumentaram o consumo de notícias nesse período. Outros dados relevantes são que 92% dos participantes acessam notícias em meios digitais ao menos duas vezes por semana, e 83% dizem acessar notícias ao menos uma vez ao dia.

O estudo levou em conta respostas de cerca de 8.500 pessoas em Argentina, Brasil, Colômbia e México. No caso do Brasil, aproximadamente 59% de todo o conteúdo jornalístico consumido são de plataformas digitais, o que evidencia o crescente domínio do meio digital como fonte primária de informação.

Os resultados também indicam que 16% dos brasileiros pagam por pelo menos uma assinatura digital de serviços de notícias. O número ainda é baixo, mas está à frente dos índices de países como, por exemplo, Reino Unido (8%) e Alemanha (10%). Além disso, cerca de 26% dos participantes no Brasil afirmaram que estão dispostos a fazer doações voluntárias a veículos digitais.

Com informações do Meio&Mensagem.

Pública lança podcast sobre bastidores de reportagens

A Agência Pública lançou em 25/9 o podcast quinzenal Pauta Pública, que conta os bastidores de grandes reportagens investigativas. Apresentado por Andrea Dip e Thiago Domenici, o projeto vai ao ar às sextas-feiras, às 12h, nas plataformas de streaming e no site da Pública.

O primeiro episódio contou com a participação de Natalia Viana, codiretora da Pública. Ela falou sobre a reportagem O FBI e a Lava Jato, que mostra a proximidade entre a operação e a polícia federal americana. O material foi produzido pela Pública, em parceria com o The Intercept Brasil. O podcast também vai convidar repórteres de outras redações para falarem de suas reportagens.

Pauta Pública contou com o apoio de 1.500 pessoas que fazem parte do programa de aliados da Pública. O podcast é produzido, editado e mixado por Ricardo Terto e tem a trilha sonora original composta por Pedro Vituri.

Live discute desinformação em tempos de Covid-19

Luciana Gurgel, diretora-editoral de MediaTalks by J&Cia e colunista deste Portal dos Jornalistas, participa de live nesta terça-feira (29/9), às 19h, sobre desinformação em meio à pandemia da Covid-19.

Segundo pesquisa da Fiocruz, entre março e abril deste ano, 65% das fake news envolviam receitas caseiras, teorias da conspiração e curas milagrosas para o coronavírus.

O evento, iniciativa da ADVB/PR e Central Press, será mediado por Claudio Stringari, vice-presidente da ADVB/PR, e contará com a presença de Marc Souza, âncora da Jovem Pan, e Renan Colombo, professor da PUC/PR, além da própria Luciana.

Assista ao debate no canal da ADVB/PR no YouTube.

Veículos ao redor do globo unem-se em projeto World News Day

Cerca de 100 veículos jornalísticos do mundo inteiro uniram-se nesta segunda-feira (28/9) para participar do projeto internacional Word News Day, que visa a valorizar o trabalho jornalístico. Os participantes compartilham e publicam em um único dia reportagens de vários pontos do globo. A iniciativa é da The Canadian Journalism Foundation (CJF) e do World Editors Forum (WEF), com apoio da Google News Initiative.

Entre os veículos integrantes do projeto, estão os brasileiros 100 Fronteiras (PR), UOL, Nexo, Correio (BA) e Grupo RBS. No UOL, por exemplo, é possível acessar uma reportagem do Toronto Observer, do Canadá sobre a tentativa de “cura gay” em instituições religiosas; outra matéria, do indiano The Quint, fala sobre um grupo de WhatsApp contra a lei de cidadania da Índia; e da Malásia, uma reportagem do The Star trata da situação do abandono de bebês no País.

O colunista do UOL Ricardo Kotscho escreveu sobre como seria um dia sem imprensa no Brasil.

Pedro Cavalcanti e as memórias de muito antes da redação

Pedro Cavalcanti (Crédito: Reprodução/Biblioteca de São Paulo)

Por Luiz Roberto de Souza Queiroz

Anos antes de se tornar correspondente de Veja na Europa e cobrir as guerras do Oriente Médio, Pedro Rodrigues de Albuquerque Cavalcanti, que nos deixou no mês passado, desembarcou em Paris, garotão ainda, carregando um jacaré que eu tinha empalhado mal e porcamente.

O jacaré tinha um olhar estapafúrdio, devido ao olho de vidro que eu furtara de uma boneca de minha irmã e, contava Pedro, “o pessoal da imigração ria tanto do bicho, que eu levava como se fosse um guarda-chuva, que não examinaram minha mala onde iam pedras brasileiras cuja venda devia me sustentar na França” e que ele descobriu que não valiam nada.

A viagem a Paris foi a primeira aventura urbana de Pedro, depois de uma adolescência maluca que tivemos. Aos 13 ou 14 anos, não lembro, com uma Winchester 22, nos mandamos de carona de caminhão para o Pantanal, “viver um tempo numa tribo de índios”, que, soubemos depois, não existia.

Éramos quatro: Pedro, eu, José Aranha, que já se foi, e João Celidônio. Sem os índios, inexistentes, paramos em Coxim, onde compramos um barco “piracicabano” bem velho, arranjamos um caboclo como guia, Joaquim Nêgo, e, remando ou de bubuia (NdaR: flutuando na correnteza), descemos o rio Taquari e um trecho do Paraguai.

Foram 720 quilômetros numa viagem inesquecível. A comida, pacus imensos que iscávamos com mangas inteiras, churrasco nas fazendas onde parávamos para pernoitar. Não sei se era verdade, mas os vaqueiros contavam que de manhã colocavam uma manta de carne sob o baixeiro, a sela em cima, cavalgavam sobre essa carne até a hora do almoço, quando ela estava macia e salgada com o suor do cavalo.

O que sei é que a carne era ótima, e a sobremesa, araticum, pequi ou caju do cerrado. Só não comemos jacaré porque, alvejados nadando, afundavam e cadê coragem para mergulhar atrás dos bichos no fundo do rio.

Os fazendeiros das margens nos convidavam para ficar uns dias e acompanhar a lida do campo. Uma vez fomos de caminhão até um rancho a 40 quilômetros da sede de uma fazenda. Não havia estrada, o capim alto jogava tanta semente no radiador que ao fim da viagem foi preciso retirá-lo, lavá-lo, para o caminhão não ferver.

Na hora de recolocar, o radiador não foi bem preso, estourou e voltamos a pé, o pantaneiro dizendo que os estalos que ouvíamos era a orelha da onça, que batia para espantar as moscas. Será que era verdade?

Outra vez, de preguiça de montar a barraca, resolvemos dormir numa tapera, apesar do aviso de que tinha muito percevejo. Não adiantou forrar o chão com a barraca, eram tantos, mas tantos, que depois da noite mal dormida tivemos que colocar a lona num banco de areia para o sol espantar os insetos. Em minutos um bando de passarinhos veio almoçar os bichinhos.

Chegamos a tentar comer uma cobra que matamos, mas ao tirar a pele, a carne estava cheia de vermes, certamente o motivo de não ter reagido quando capturada.

O calor do rio era tão intenso que o guia ficava no barco, remando, e nós acompanhávamos, nadando rio abaixo grande parte do dia. Hoje, o Taquari está assoreado, mas há 60 anos era um sonho para os garotos que éramos. Nadar no meio das piranhas, uma brincadeira, e deu até pena quando, já no rio Paraguai, chegamos a Porto Esperança, nosso destino.

Tempos depois, metemos na cabeça repetir o trajeto dos bandeirantes que avançavam da bacia do Paraná para a do Amazonas e desciam o rio Xingu. Para a empreitada, nosso grupo uniu-se a Toninho Rego Freitas, Tatu Mão Sangrenta (quebrava tudo em que tocava), e Chico Brasileiro, filho do Chicão, que comandara na juventude a Bandeira Piratininga, primeira a entrar em contato com os xavantes, então perigosíssimos.

De carona de caminhão de novo, chegamos ao Sul de Mato Grosso, já na selva amazônica, onde uma empresa japonesa plantava pimenta do reino. Tami “san”, o gerente, encantou-se com a garotada, aproveitou a serraria que montara e, de graça, construiu um barco de tábuas grossas para descermos o rio Ferro e – sonho maluco − chegarmos a Belém do Pará.

Tami “san” nos paparicava. Aprendemos como cozinhar e descascar a pimenta, matéria-prima para o cromo alemão, a comer com hashi, não só arroz, mas também carne de onça, que é escura e bastante dura.

Ninguém acreditava que fizéssemos os quase 3.000 quilômetros até Belém e o vigia de uma fazenda distante disse que teria de ir à beira do rio e deixaria um sinal na margem, para podermos voltar pela mata se desistíssemos da empreitada. Empurrando o barco para o rio encachoeirado, nos mandamos atrás do irrealizável.

Foram acho que dois meses descendo o rio, caçando pouco, o melhor almoço foi um pato que o Pedrinho abateu a bala, porque não tínhamos cartucheira, além de um macaco-aranha que, sem o couro, parecia uma criancinha, mas que, mercê da fome, foi comido assim mesmo.

O rio era tão sinuoso que, uma noite, ao acamparmos, descobrimos que tínhamos passado o dia fazendo uma imensa volta e estávamos a poucos metros do acampamento da noite anterior. Mas nada afetava o Pedro, que tivera aulas de pintura e comentava ao ver um pôr do sol: “Se eu pusesse essas cores numa tela, meu professor criticaria, dizendo que era invenção”.

Até hoje, tanto tempo depois, sinto falta do silêncio do rio, cortando a majestade da mata amazônica – lugar-comum, mas verdadeiro −, um ou outro canto de pássaro apenas e nós, introspectivos. Passávamos horas sem falar, cada um voltado para dentro de si, apenas curtindo a natureza, sentindo-se unido a ela, próximo de Deus e, ao escurecer, já na rede que fazia as vezes de cama, uma oração de agradecimento, a felicidade da vida que nos foi dada.

Com o tempo, porém, a comida foi terminando, ficou claro que não chegaríamos a Belém, horizonte longe demais. Soubemos depois que nossos pais acionaram a FAB, que chegou a mandar um C-47 à nossa procura e desistiu, porque a selva era tão fechada que do ar mal se podia ver o rio em que navegávamos.

Quando chegamos à embocadura do rio Ferro com o Von Den Steinen, formadores do Xingu, não dava para continuar, sem comida. Foi então que vimos na beira do rio um pedaço de camisa velha pendurado numa árvore, o “sinal” se quiséssemos acessar uma entrada.

Colocamos o barco numa forquilha de árvore, elevada, para que a cheia não alcançasse, entramos pelo meio da mata, altíssima, e caminhamos buscando os sinais do que seria o caminho, até alcançarmos a estrada, pela qual acabamos chegando à casinha do nosso salvador.

Voltamos a São Paulo atrasados para a escola – a aventura durara mais que as férias de fim de ano −, mas Chico Brasileiro não se conformou. Arranjou algum dinheiro, voltou para Mato Grosso, tirou nosso barco da árvore e continuou remando, até o Parque Nacional do Xingu, onde, sozinho, acabou morto pelos índios kajabi, a golpes de borduna, como muitos anos depois Orlando Villas Boas me contou.

Pedro Cavalcanti queria porque queria voltar à região para recuperar os restos mortais de Chico, mas a empreitada seria cara, era preciso helicóptero e, garotões sem trabalho, não tínhamos como custear.

A vida continuou, entrei no Estadão e após assinar algumas matérias me convidaram para escrever uma série de fascículos sobre pintores famosos, a ser lançada pela Abril.

Até que tentei, mas não era minha praia. Quando o editor concluiu que não dava certo, perguntou se eu tinha alguém que entendesse de arte para indicar. Indiquei o Pedro Cavalcanti. Deu certo e ele fez uma linda carreira na Editora Abril, primeiro aqui, depois na Europa, porque, apesar do inusitado de chegar a Paris com meu jacaré em punho, foi lá que encontrou seu amor da vida inteira, Denise, mãe de seus filhos, que agora deixa viúva.


Luiz Roberto de Souza Queiroz

A história desta semana é novamente uma colaboração de Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto (lrobertoqueiroz@uil.com.br), que foi por mais de 40 anos repórter no Estadão e hoje atua com sua própria agência de comunicação. Diz ele a título de explicação: “Escrevinhei um texto sobre o Pedrinho Cavalcanti, que foi meu colega no Colégio Santa Cruz e grande companheiro na adolescência. A lembrança veio, o artigo ‘pediu’ para ser escrito e não tive como dizer não. Como J&Cia publicou um texto sobre ele enquanto jornalista, envio este outro, para saber do outro lado, dele e meu, antes de nos amarrarmos na profissão”.


Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

MediaTalks by J&Cia: QAnon usa fake news para conquistar adeptos

De Londres, MediaTalks by J&Cia destaca as manifestações promovidas por pessoas que se opõem a medidas de isolamento social e vacinação. Elas são a face de uma perigosa tendência: teorias conspiratórias − principalmente do QAnon − que usam fake news via redes sociais para conquistar adeptos e unir forças com grupos organizados em torno da Covid-19. Com isso, o movimento QAnon cresce a passos largos, inclusive no Brasil.

Você conhece o QAnon, suas teses absurdas − como a existência de túneis subterrâneos sob as cidades com crianças aprisionadas −, e sabe como ele vem avançando apoiado em uma poderosa máquina de desinformação nas mídias sociais? MediaTalks conta a história do movimento, nascido entre partidários do presidente Trump, e que foi classificado como ameaça terrorista pelo FBI. O QAnon fundamenta sua ideologia nos Protocolos de Sião, que inspiraram o nazismo.

Na sequência, examina como as fake news resistem apesar da consciência da sociedade e dos esforços de governos, ONGs, agências de checagem e imprensa. O artigo mostra pesquisas recentes sobre seu efeito na saúde pública, ao influenciarem negativamente a adesão a medidas de isolamento e a intenção de se vacinar. Destaca como o Brasil já era o país mais preocupado com notícias falsas antes da pandemia dentre as 40 nações retratadas no Relatório Reuters de Notícias Digitais. E fala de outro estudo do Instituto classificando os tipos e origens de notícias falsas sobre a Covid-19.

Confira em MediaTalks by J&Cia.

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