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quarta-feira, agosto 13, 2025

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Galvão Bueno deixará narrações da Globo após Copa do Mundo

Galvão Bueno deixará narrações da Globo após Copa do Mundo

O narrador Galvão Bueno deixará as narrações da TV Globo no final do ano, após 41 anos de casa. Seu contrato com a emissora, que termina em dezembro, não deverá ser renovado. O último trabalho do narrador na Globo será a Copa do Mundo do Catar, entre novembro e dezembro.

“Pretendo realmente dar um mergulho de cabeça nesse mundo digital. Estamos negociando participações, sequência na Globo, outras plataformas. A Globo é minha casa. Não poderia chegar a minha última transmissão de seleção brasileira em TV aberta sem me referir a isso. É um momento que vai ser muito especial, marcante e de muita emoção”, disse o narrador ao Globo Esporte.

Nesta quinta-feira (24/3), Galvão publicou em suas redes sociais que o jogo entre Brasil e Chile pelas eliminatórias da Copa será o último da seleção brasileira que transmitirá no Maracanã: “Jogo de despedidas. Último jogo da Seleção no Brasil antes da Copa! Último jogo de Tite no Brasil como técnico da Seleção! Meu último jogo da Seleção no Maracanã em televisão!”, escreveu.

Renato Ribeiro, diretor de Esportes da Globo, destacou o legado que Galvão deixa na narração esportiva: “Galvão é um gênio da comunicação, que reinventou a função de um narrador nas transmissões esportivas. Haverá pra sempre na história da TV brasileira o antes e o depois de Galvão. Juntos, estamos preparando uma despedida à altura da história dele na Copa do Catar. Será inesquecível para o Galvão e para o público”.

Galvão tem 48 anos como narrador, sendo 41 deles na Globo. Ele estreou na emissora em 1981. Desde então, narrou momentos importantes do esporte brasileiro, como o tetracampeonato da seleção de futebol em 1994, e o penta, em 2002. Na Copa de 2022, chegará à marca de 13 Copas do Mundo no currículo, 11 delas na Globo, narrando todas as finais desde 1990.

Venceu cinco vezes o prêmio da Associação dos Cronistas Esportivos, duas na categoria Televisão e três em Narrador de TV. Anteriormente, teve passagens por Band, Record e Gazeta.

Em dois anos de pandemia, 314 jornalistas brasileiros morreram de Covid-19

Em dois anos de pandemia, 314 jornalistas brasileiros morreram de Covid-19

Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) contabilizou 314 jornalistas brasileiros mortos por Covid-19 em 699 dias, de abril de 2020 a fevereiro de 2022, o equivalente à média de uma morte a cada 2,2 dias. Segundo dados da ONG Press Emblem Campaign, o Brasil é o país com mais comunicadores mortos pelo coronavírus, seguido por Índia, Peru e México.

A Fenaj destaca, porém, que após o início da campanha de vacinação no País o número de óbitos caiu significativamente: Nos dois primeiros meses deste ano, foram registrados 11 casos, contra 42 do mesmo período em 2021.

São Paulo é o estado com mais jornalistas mortos, com um total de 42 casos desde o início da pandemia, o equivalente a quase 34% do total. Em seguida vêm Rio de Janeiro, com 33 mortes, Pará e Paraná, ambos com 24 casos, Minas Gerais, com 20 mortes, e Mato Grosso, com 19 casos.

O relatório, produzido pelo Departamento de Saúde e Segurança da Fenaj, foi elaborado a partir de dados de jornais, sites e blogs de todo o Brasil, mais informações fornecidas pelos sindicatos de jornalistas nos estados ou diretamente de colegas de profissão. Norian Segatto, diretor do departamento, explica que os números podem estar subestimados e não reflitam integralmente o tamanho da tragédia.

Maria José Braga, presidente da entidade, destacou os esforços dos sindicatos filiados e para garantir a proteção da vida e das condições de trabalho dos jornalistas em meio à pandemia: “Além de orientar e cobrar a adoção de medidas sanitárias por parte dos empregadores, com muitos casos levados ao Ministério Público do Trabalho, os sindicatos atuaram na busca pela vacinação prioritária da categoria, uma vez que os jornalistas foram considerados trabalhadores essenciais desde o início da pandemia. Muitos sindicatos obtiveram êxito no pleito, a exemplo de Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Piauí e das cidades de São Luís (MA) e Rio Grande (RS)”.

Leia o relatório na íntegra.

Jornalistas negras e indígenas são alvo de ataques em redes sociais

A segunda reportagem da série sobre violência de gênero contra jornalistas analisou quase 240 tuítes ofensivos.
A segunda reportagem da série sobre violência de gênero contra jornalistas analisou quase 240 tuítes ofensivos.

Por Jamile Santana e Laís Martins, da Revista AzMina

Atenção: A reportagem abaixo mostra trechos explícitos de conteúdo misógino e racista. Optamos por não censurá-los porque achamos importante exemplificar como o debate é violento nas redes, como a violência contra mulheres jornalistas se espalha, quais termos são frequentemente utilizados e como podemos identificá-la.   

Mulheres jornalistas, em geral, enfrentam desafios ao se posicionarem nas redes sociais. No caso de mulheres negras e indígenas encontramos aspectos ainda mais problemáticos. Além da misoginia e violência de gênero da qual são alvos apenas por serem mulheres, estes grupos sofrem ataques que tentam descredibilizar as lutas antirracista e pela garantia dos direitos constitucionais de povos indígenas.

Acusações como “discurso de mulher negra”, ”vitimismo” e “oportunista” são frequentemente encontradas em tuítes escritos para estas profissionais. É o que mostra a investigação de dados feita por Revista AzMina, InternetLab e Núcleo Jornalismo, junto ao Volt Data Lab e ao INCT.DD, com financiamento do Carnegie for International Peace e apoio do International Center for Journalists (ICFJ).

A segunda reportagem da série sobre violência de gênero contra jornalistas analisou quase 240 tuítes ofensivos direcionados a um grupo de 26 jornalistas mulheres, negras e indígenas. Identificou-se ainda que apenas duas em cada 10 ofensas foram removidas pela plataforma da rede social. Os termos mais incidentes se dividem em categorias como racismo, xingamentos pessoais, ofensas à atuação profissional, descrédito intelectual, machismo, ameaça física e assédio sexual.

Os xingamentos “jornalista parcial”, “tendenciosa” e “manipuladora”, comunista (no contexto ruim), “fracassada” e “ridícula” são os mais frequentes entre os tuítes ao grupo do perfil analisado. Os ataques acontecem sempre quando um usuário discorda da informação ou ponto de vista publicado pelas jornalistas.

Outro fenômeno percebido foi o uso de frases misóginas para descredibilizar e silenciar as profissionais. As mensagens ofensivas continham frases como “vá lavar louça”, “vá cuidar da família” ou “mal amada” e “mal resolvida”. Termos para descredibilizar intelectualmente as mulheres também foram identificados, como “louca”, “burra”, “doente”, “maluca” e “tapada”, por exemplo.

Posicionamentos antirracistas

Mulheres negras são frequentemente atacadas quando se posicionam contra o racismo. Nas mensagens, os agressores relativizam os posicionamentos antirracistas, sugerindo, por exemplo, que “não se pode mais criticar uma pessoa negra” ou que “negros também podem matar pessoas brancas”.

No ano passado, a jornalista Flávia Oliveira, comentarista da Globo News e colunista nos jornais O Globo e CBN, postou um tuíte repercutindo o episódio em que a estátua de Borba Gato havia sido incendiada em São Paulo. Na mensagem, ela, que é uma mulher negra, recomendou a leitura do livro Escravidão 2, de Laurentino Gomes, para que as pessoas conhecessem quem foi a figura alvo do protesto antirracista. A jornalista foi atacada com uma série de ofensas racistas e misóginas, e o conteúdo continua no ar.

Mas, em alguns casos, os ataques sequer são respostas a postagens publicadas pelas profissionais. Quando a  jornalista e apresentadora Maju Coutinho aparece no ar na TV Globo, por exemplo, recebe ofensas gratuitas. Em alguns casos, os ataques são acompanhados de ameaças físicas. O monitoramento sugere ainda que há um comportamento de assédio por parte de alguns usuários: encontramos 10 ataques a Maju Coutinho feitos por um único usuário. Todos os conteúdos seguem no ar.

Profissionais que trabalham em veículos de mídia de alcance nacional, principalmente os de televisão, estão mais expostas às ofensas. Mas jornalistas negras de veículos online ou impressos também sofrem ataques organizados, como conta a jornalista Gabi Coelho, repórter do Estado de S. Paulo e membro do Coletivo Lena Santos — de jornalistas negros e negras de Minas Gerais.

“Os ataques que recebo e já recebi, praticamente todos foram direcionados para as questões de gênero e raça”, contou Gabi. Numa dessas experiências, divulgaram sua foto após uma reportagem que ela fez sobre negacionismo. “O objetivo era fazer meu rosto circular e ficar marcado para os demais usuários da rede”, disse.

No episódio, Gabi contou com o apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), do jornal em que trabalha e do Twitter. Mas a jornalista se questiona como buscar apoio em plataformas de redes sociais, “sabendo que elas reproduzem o que chamamos de racismo estrutural”. E conclui que procurar amparo é importante “pra que a gente continue existindo nesses espaços que são essenciais.”

A jornalista investigativa Cecília Oliveira recebe ataques em seu Twitter quase diariamente. Cecília, que é também fundadora e diretora do Instituto Fogo Cruzado, foca sua cobertura na área de segurança pública, principalmente no tráfico de armas e drogas, temas que são cobertos e debatidos majoritariamente por homens, conta ela. “Aquilo que seria uma crítica ao meu trabalho parte para uma crítica pessoal, com ataques à sexualidade e à raça. São ofensas mais direcionadas ao que você é como pessoa física, exatamente porque muitos deles trabalham nisso de atacar a pessoa e não a ideia”, conta. Mais da metade dos termos ofensivos encontrados pela análise são de ofensas pessoais e não estão relacionados à atuação profissional das jornalistas.

Luta indígena

Jornalistas indígenas também são atacadas quando abordam temas como demarcação de terras e políticas indigenistas. O questionamento e o descrédito da identidade indígena é há muito tempo uma estratégia de silenciamento, como quando são questionados por ocuparem espaços urbanos, fazerem uso de tecnologias e falarem outras línguas.

Ao postar um tuíte que mostrava o mapa do Brasil completamente demarcado como área indígena, a jornalista Elaíze Farias, repórter e co-fundadora da Amazônia Real, foi atacada por diversos usuários que tentaram descredibilizar a luta pelo reconhecimento de territórios indígenas.

“Quando mulheres indígenas começam a falar de suas vivências, práticas sociais e culturais, utilizando-se de uma das tantas ferramentas dos avanços tecnológicos, quando elas botam o dedo na ferida e denunciam injustiça e violações às quais estão submetidas, isso incomoda, causa desconforto e raiva nas pessoas não-indígenas”, disse Elaíze.

A jornalista indígena Alice Pataxó também é alvo de ataques ofensivos quando faz a cobertura de eventos que discutem o acesso aos direitos fundamentais de povos indígenas. Em um dos episódios, publicou a foto do julgamento sobre o Marco Temporal das Terras Indígenas e um usuário criticou o fato da jornalista ter acesso a um aparelho celular.

Aquilombamento nas redes

Apesar do cenário hostil, em contrapartida à violência, nosso levantamento encontrou 157 tuítes de apoio às mulheres negras em um total de 2.204 mensagens analisadas que incluíam termos sobre raça.

A união de pessoas negras para o fortalecimento dos indivíduos de forma coletiva é conhecida como “estratégia de aquilombamento”. Os quilombos foram dispositivos fundamentais na preservação da identidade, da dignidade, da cultura e da saúde mental da população negra durante o período escravocrata, conforme explica o psicólogo e Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Lucas Veiga, no artigo “Descolonizando a psicologia: notas para uma Psicologia Preta”. “O encontro entre negros e negras é cura”, escreveu ele.

Para Fernanda K. Martins, antropóloga e uma das coordenadoras da pesquisa pelo InternetLab, as redes sociais ocupam um lugar bastante ambíguo na prática profissional de pessoas negras e indígenas.

“Por um lado, há mais espaço para que essas pessoas sejam ouvidas, alcancem maior audiência e encontrem espaços de cura quando lidam com seus pares”, afirma. Por outro lado, Fernanda acrescenta que as plataformas em geral têm dificuldades de lidar com os ataques. Segundo ela, isso se dá em parte por não conseguirem identificar o contexto dos ataques, o que impede, por exemplo, que alguns conteúdos sejam excluídos.

“É urgente a melhoria desse tipo de moderação, pois as redes sociais podem manter disponível inclusive conteúdos que ferem a lei brasileira”, afirmou Fernanda. Esse é o caso dos tuítes explicitamente racistas encontrados no decorrer da pesquisa.

Conteúdos ofensivos permanecem no ar

Apenas 2 em cada 10 postagens ofensivas apontadas na nossa análise foram retiradas do ar — algumas pelo Twitter e outras pelo próprio usuário. Vale ressaltar que nossa análise não seguiu os termos e políticas da plataforma. A empresa segue suas próprias diretrizes para identificar publicações potencialmente nocivas.

Elaíze conta que, quando recebe esse tipo de ataque na rede social, tenta blindar a saúde mental usando uma estratégia particular. “Não costumo ler os posts e retuítes. Costumo interagir apenas com pessoas que sigo no Twitter e os ataques se perdem nos escombros. O importante é que a mensagem foi dada”, diz. Mas ela defende que as plataformas digitais afinem suas estratégias de combate à violência.  “Acho que poderia ter sim uma moderação sobretudo para as mentiras e postagens racistas. Um meio de identificar quem são os autores, porque racismo é crime no país. Por outro lado, não podemos ser ingênuos que isso ocorrerá a curto prazo”.

Depois de um curso sobre interação nas redes sociais, Cecília também mudou sua forma de lidar com ataques e ofensas. “Antes, quando eu era atacada eu ficava muito abalada, então hoje quando eu sei que tem tuíte com potencial para atrair hater eu já silencio esse tuíte e não volto nele”. Ela também adota, como prática, o não-compartilhamento de ataques que recebe e usa filtros disponibilizados pelo Twitter que limitam, por exemplo, as notificações de usuários sem e-mail e telefone verificados.

Mas nem sempre as ferramentas das redes são satisfatórias. A  jornalista relembra que em setembro do ano passado passou a receber ataques sistemáticos de um mesmo usuário, que respondeu a todos os seus tuítes com um um print do vídeo de ‘Nega do Cabelo Duro’. Ao denunciá-lo pela plataforma, a jornalista recebeu após alguns dias uma notificação de que o conteúdo não violava as políticas da plataforma.

“Eu reclamei no Twitter da resposta da plataforma, falei que eram ataques sistemáticos da mesma conta, ofensas racistas, e que essa tinha sido a resposta que eu recebi, e aí o pessoal do Twitter me enviou um email. Eles agradeceram e suponho que mexeram depois”, disse a jornalista, que possui 173 mil seguidores no Twitter.

Em nota, o Twitter informou que “tem uma política contra a propagação de ódio que proíbe tuítes com conteúdos de linguagem desumanizante com base em religião, casta, idade, deficiência, doença, raça, etnia ou naturalidade, gênero, identidade de gênero ou orientação sexual. Já a política de comportamento abusivo proíbe o envolvimento ou estímulo ao assédio direcionado a alguém”.

A plataforma destacou ainda que nem sempre fica claro se os conteúdos foram produzidos com a intenção de assediar ou atacar uma pessoa com base em seu “status de categoria protegida” e, por isso, pode ser necessário que a  própria pessoa faça uma denúncia. “Para ajudar nossas equipes a entender o contexto, às vezes precisamos ouvir da pessoa diretamente afetada para garantir que temos as informações necessárias antes de tomarmos as medidas corretivas, que podem incluir remoção e/ou redução de visibilidade de um tweet até a suspensão permanente da conta”, diz a nota.

Metodologia

Criamos uma lista de jornalistas com diferentes perfis de gênero, raciais-étnicos e diferentes orientações sexuais que teriam seus perfis monitorados, buscando construir uma análise que nos permitisse articular marcadores sociais. Essa lista incluiu 200 jornalistas (133 mulheres e 67 homens), que mesclava jornalistas com trabalhos em diversos veículos da imprensa brasileira, diferentes regiões e, ao mesmo tempo, em distintas fases de suas carreiras.

Coletamos tuítes e retuítes que mencionavam os jornalistas monitorados e que continham pelo menos uma das palavras presentes em uma lista de termos que poderiam ser utilizados em publicações ofensivas.O léxico inclui termos ofensivos, de misoginia, racismo, homofobia etc, e foi construído por linguistas, jornalistas e outros especialistas.

A coleta dos tuítes foi realizada de 15 de maio a 27 de setembro. Coletamos um total de 7.082.947 tuítes e retuítes direcionados a jornalistas homens e mulheres.

Concluída a coleta, analisamos separadamente os tuítes dirigidos a jornalistas mulheres negras, indígenas e asiáticas. Como não foi possível analisar qualitativamente todos os tuítes e retuítes mencionados, optamos por analisar apenas os tuítes que tiveram pelo menos 1 curtidas e/ou RTs como engajamento. Foram consideradas 2.455 postagens com termos potencialmente ofensivos. A análise manual foi importante para remover tuítes “falsos positivos” que poderiam ter sido incorporados citando palavras que apareciam no léxico, mas eram descontextualizadas e, às vezes, não ofensivas.

Para ter certeza de que havia um entendimento comum entre os pesquisadores sobre o que constituía ofensas e o que era apenas crítica, inicialmente analisamos juntos os primeiros cem tuítes. Além disso, os tuítes que possuíam contextos mais complexos e não podiam ser facilmente rotulados por apenas um pesquisador foram analisados ​​por mais de um pesquisador.

Por fim, os termos ofensivos encontrados foram classificados em categorias:  racismo (que considerou xingamentos ou descrédito à luta antirracista), xingamentos (palavrões e agressões de acordo com contextos pessoais de cada jornalista), ofensas à atuação profissional, descrédito intelectual, machismo, ameaça física e ameaça sexual.

*O projeto “Understanding How Influence Operations Across Platforms Are Used To Attack Journalists And Hamper Democracies” é realizado em uma parceria entre Internet Lab, INCT.DD, Instituto Vero, DFR Lab, AzMina e Volt Data Lab. A pesquisa é financiada pelo Partnership for Countering Influence Operations, do Carnegie for International Peace e também conta com apoio do International Center for Journalists (ICFJ), via Volt. O estudo tem por objetivo compreender os padrões de ataques a jornalistas em ambientes digitais, com especial foco em questões de gênero e raça.

Reportagem publicada originalmente no site da Revista AzMina.

Leia também: Justiça determina que Twitter apague publicação de Glenn Greenwald

Festival 3i: mesa desta quinta (24) debate jornalismo nas periferias

Festival 3i será presencial, de 5 a 7 de maio, no Rio de Janeiro

Nesta quinta-feira (24), a partir das 19h, o Festival 3i realiza a mesa de debate com o tema “A periferia no centro, no centro da periferia”. O objetivo é falar sobre os desafios e tecnologias usadas na cobertura jornalística nas periferias do Brasil, além da importância dos veículos de comunicação periféricos para a diversidade e pluralidade das mídias no mundo contemporâneo.

O evento, que será transmitido pelo YouTube e Facebook, terá a mediação Daniele Moura (Maré de Notícias) e palestras de Alessandra Taveira (Abaré Escola de Jornalismo), Carla Siccos (Jornal Cdd Acontece), e Emerson Santos (O Periférico). 

Outros importantes nomes da área participam da mesa como provocadores: Caê Vasconcelos (Agência Mural de Jornalismo das Periferias), Eduarda Nunes (Agência Retruco, Favela em Pauta), Joyce Cursino (Negritar Filmes e Produções), Jefferson Barbosa (PerifaConnection), Lia Vianna (Favela em Pauta), Michel Silva (Fala Roça) e Renê Silva (Voz das Comunidades). 

Este é o penúltimo dia de eventos do Festival 3i, que começou dia 15 de março e reúne renomados jornalistas brasileiros e estrangeiros para debater o jornalismo digital. Ao todo, serão 40 horas de programação, totalmente virtual e gratuita, dividida em cinco grandes temas: democracia, empreendedorismo, diversidade, meio ambiente e distribuição. 

O festival é organizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), à qual este Portal dos Jornalistas é associado, com o apoio de Google News Initiative e Meta Journalism Project. 

Leia mais: Festival 3i começa nesta terça-feira (15/3)

Sindicato paulista relança o Coletivo de Mulheres Jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) realizará uma plenária para relançamento do Coletivo de Mulheres Jornalistas.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) realizará uma plenária para relançamento do Coletivo de Mulheres Jornalistas.

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) realizará na segunda-feira (28/3) uma plenária para relançamento do Coletivo de Mulheres Jornalistas. Aberto  à toda a categoria, sindicalizada ou não, o evento acontecerá de forma online às 19h. Para participar é necessário enviar o nome completo para 11-91366-3606.

Tendo como pauta a luta por direitos das mulheres e o combate à discriminação de gênero na profissão, a plenária contará com a participação de Márcia Vianna, gestora pública e secretária estadual da Mulher Trabalhadora da CUT/SP. A mediação será de Candida Vieira, secretária-geral do SJSP.

Leia também: Jornalistas negras e indígenas são alvo de ataques em redes sociais

Tragédias na guerra da Ucrânia expõem desigualdades no jornalismo internacional

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Um dos quatro profissionais de imprensa mortos na guerra da Ucrânia foi Oleksandra Kushynova, de 24 anos, a serviço da Fox News.

No entanto, pouco se falou sobre ela na mídia internacional em comparação ao noticiário sobre o colega de equipe que perdeu a vida no mesmo ataque, o cinegrafista irlandês baseado em Londres Pierre Zakrzewski.

Tragédias na guerra da Ucrânia expõem desigualdades no jornalismo internacional
Oleksandra Kushynova

O correspondente ferido no atentado ao carro em que viajavam, Benjamin Hall, foi igualmente alvo de grande atenção.

Duas semanas depois do caso, a Repórteres Sem Fronteiras divulgou um relato pavoroso de um jornalista ucraniano que ficou nove dias em poder de soldados russos e foi barbaramente torturado, com direito a execução simulada. Mas a história também não recebeu grande cobertura.

O que esses dois profissionais têm em comum? Eles eram fixers, jornalistas contratados para ajudar localmente equipes internacionais.

A pouca atenção aos seus casos na Ucrânia em comparação às histórias de jornalistas estrangeiros, como o documentarista Brent Arnaud, também vítima da guerra, expõe um problema há muito denunciado: o tratamento desigual aos fixers e o “anonimato profissional” a que são condenados, na saúde e na doença.

Muitos correspondentes reconhecem que sem ajuda de um fixer suas matérias não seriam possíveis. Eles são os “resolvedores” que falam o idioma do país, sabem como chegar a locais de difícil acesso, negociam autorizações e agendam entrevistas.

Em muitos casos, fazem eles próprios as entrevistas, apurando informações que depois serão utilizadas em matérias assinadas por estrelas da mídia global.

A indiferença com que os fixers são tratados ficou evidente nas manifestações da Fox News sobre a tragédia com sua equipe.

E-mails da CEO da rede de TV, Suzanne Scott, aos funcionários comunicando o ferimento de Hall e a morte de Zakrzewsi não mencionaram Kushynova. O “esquecimento” foi comentado no Twitter.

O trabalho dos fixers tornou-se tão importante que em vários países eles se organizam em grupos, com sites apresentando os serviços. Há ainda uma plataforma global, a World Fixer, criada para conectar contratantes e contratados, com mais de 100 brasileiros listados.

Os mais requisitados têm seus próprios sites. No Brasil é comum ajudarem jornalistas estrangeiros na Amazônia, no Pantanal e em áreas urbanas violentas. Mas nem todos ficam felizes nessa troca.

O tratamento desigual aos fixers foi examinado em uma pesquisa realizada em 2020 por Peter Klein, professor de Jornalismo da University de British Columbia. Foram ouvidos mais de 450 jornalistas de 71 países, sendo o Brasil um deles. Mais de 75% dos fixers disseram raramente receberem crédito por sua contribuição.

Tragédias na guerra da Ucrânia expõem desigualdades no jornalismo internacional
Foto: Pixabay

“Pessoas morenas com sotaque engraçado”

Um dos entrevistados no Brasil disse: “Os correspondentes estrangeiros ainda nos consideram ‘pessoas morenas com sotaque engraçado’. Embora eu tenha feito reportagens importantes e ousadas, é uma luta conseguir crédito. Enquanto isso, essas ‘crianças’ brancas − anos mais jovens − aparecem sozinhas nos créditos”.

Há também o aspecto trabalhista. A jovem ucraniana, encantada com a chance de trabalhar para uma rede americana e colaborar para levar ao mundo as atrocidades em seu país, pode não ter exigido proteções que jornalistas da casa teriam em uma fatalidade.

Essas disparidades foram estudadas também pela pesquisadora de mídia americana Lindsay Palmer, que em 2019 publicou o livro The Fixers. Local News Workers and the Underground Labor of International Reporting.

A escolha da expressão “underground labor” revela o abismo entre as classes distintas de profissionais que atuam em jornalismo internacional.

Muitos freelances estão arriscando a vida na Ucrânia para oferecer conteúdo a empresas de mídia de seus países, igualmente sem proteção de grandes organizações. O caso dos fixers, no entanto, é diferente. Eles fazem parte da equipe de uma empresa de mídia, ainda que de forma temporária. Talvez a guerra da Ucrânia lance luz sobre o tratamento mais igualitário a eles.


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Grande Prêmio acusa Estadão de plagiar 47 textos

Estadão e Grande Prêmio anunciam parceria de conteúdo para cobertura de automobilismo

O Grande Prêmio, site especializado na cobertura de automobilismo, acusou o jornal O Estado de S. Paulo de plagiar ao menos 47 textos durante dois meses e meio, de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022. Os veículos estão negociando extrajudicialmente uma indenização pelo ocorrido.

Em entrevista à LatAm Journalism Review, Victor Martins, diretor-executivo do Grande Prêmio, disse que descobriu o plágio após a repórter Juliana Tesser perceber que um dos textos escritos por ela havia sido reproduzido integralmente no site do Estadão. Ela chegou a perguntar se o Grande Prêmio tinha fechado alguma parceria de conteúdo com o jornal.

Posteriormente, Martins e a equipe do Grande Prêmio detectaram três matérias do site reproduzidas pelo Estadão, inclusive com erros de digitação. Ele então conferiu todos os textos publicados pelo Estadão sobre automobilismo até aquele momento e identificou 47 matérias do Grande Prêmio reproduzidas pelo jornal desde o fim de dezembro de 2021 até meados de fevereiro.

Os textos foram publicados não só pelo Estadão mas também por outros 40 veículos parceiros do jornal, que compram e republicam o material produzido, em tese, pelo Estadão, por meio da agência Estadão Conteúdo. Martins conversou com o editor de Esportes do Estadão, que pediu desculpas pelo ocorrido e repassou a questão para o departamento jurídico do jornal. Ao menos um funcionário foi afastado.

Em entrevista para o Portal dos Jornalistas, Martins falou sobre as negociações com o Estadão: “Eles avaliaram a situação internamente e marcaram uma reunião, que aconteceu em 11 de março, na qual só participou um membro da área jurídica do Estadão. Eles apresentaram uma proposta que não levava em conta todos os danos morais e materiais, queriam apenas pagar pelas matérias em efeito retroativo. Tiraram um valor por matéria, que não sei de onde veio, de R$ 1.500, e multiplicaram por 47”.

Martins explicou que o valor proposto era muito abaixo do justo, e que o Grande Prêmio já havia passado para o Estadão a quantia ideal, baseada na Lei de Direitos Autorais, somando não só o preço das matérias, mas também danos morais e materiais, indenização e monetização, além do ressarcimento pelo que os 40 veículos parceiros receberam e reproduziram.

“Seria um valor na casa dos milhões, e eles ofereceram algo abaixo dos 100 mil, pois  consideraram de fato apenas o valor da matéria vezes 47. Além disso, queriam que o Grande Prêmio não falasse para os outros 40 veículos; a expressão foi ‘não vamos incomodar nossos parceiros’, para não tirar do ar. Mas não temos como desconsiderar, pois o Estadão ganha em cima disso, com assinaturas, e os parceiros também”.

Em resposta ao Estadão, o Grande Prêmio declarou que seria “um desperdício e perda de tempo vocês nos apresentarem uma proposta dessas, de pagar retroativo e desconsiderar o que foi publicado em outros 40 veículos”. O site então encerrou por aquele momento a negociação, e pediu uma nova proposta, condizente com a Lei de Direitos Autorais, “pois não adiantava nada eles marcarem uma nova reunião, nós nos prepararmos e eles virem com uma proposta que não fosse justa”, explicou Martins.

O Grande Prêmio pediu a nova proposta por e-mail, para que a equipe pudesse avaliar e já responder rapidamente. O Estadão não enviou a nova proposta dentro do prazo estabelecido. Martins contou que então notificou extrajudicialmente os 40 veículos que receberam os conteúdos plagiados, e iniciaram uma petição para entrar na Justiça.

“Muitos desses 40 veículos disseram que não sabiam do ocorrido e, às vezes, o teor era de duvidar do Grande Prêmio, algo como ‘o Estadão não seria capaz de fazer isso’”, contou Martins.

Na última sexta-feira (18/3), um novo escritório de advocacia entrou no caso, defendendo o Estadão. Eles mandaram uma notificação para o Grande Prêmio pedindo uma nova reunião, mas o site insistiu que a nova proposta fosse enviada antes. Segundo Martins, o teor era de que “o Estadão não aceitaria ser constrangido com os valores propostos pelo Grande Prêmio. Respondemos que o constrangimento não estava no valor e sim no que havia sido feito”.

Na terça-feira (22/3), o departamento jurídico do Estadão entrou em contato novamente e pediu nova reunião. Nesta quarta (23/3), o Grande Prêmio aceitou, desde que o jornal aceitasse notoriamente alguns parâmetros estabelecidos pelo site.

Para Martins, “uma ou duas matérias copiadas até poderíamos relevar; agora, um caso que aconteceu durante dois meses e meio, sem que qualquer pessoa tivesse ciência/conhecimento do que estava acontecendo? Não dá. Não pode ter sido erro de um estagiário, e sim de gente que está lá há muito tempo”.

“Hierarquicamente falando, editor executivo, editor de esportes, quem quer que seja responsável por isso, como é que deixam isso passar? E outra: até onde se sabe, isso aconteceu apenas com o Grande Prêmio, mas será que foi apenas conosco? Com outros sites será que não acontece também?”, questionou o diretor do Grande Prêmio.

Para Martins, o caso é muito grave: “Revela que o Estadão não tem controle nenhum sobre um funcionário que copiou conteúdo e despachou para os demais veículos; e que esses veículos não têm controle sobre isso, não sabem o que está indo ao ar, muitos disseram que não sabiam o que estava acontecendo. Então, o ideal seria saber como funciona a redação de um jornal grande, qual o controle que o jornal tem sobre as notícias publicadas por seus funcionários, e como funciona o esquema no qual a pessoa publica para esses veículos parceiros todos, sem que eles tenham nenhum controle sobre o que está sendo publicado”.

Por fim, Martins reitera que o Grande Prêmio esteve aberto a negociar desde o começo do caso: “Estávamos inclusive preocupados com a imagem do Estadão, pois entendemos que é um veículo importantíssimo para o País, mas lamentavelmente o jornal não teve uma reunião correta conosco, pois quiseram apenas pagar por um conteúdo retroativo, e não tiveram respeito e decoro necessários para tratar o caso com a gravidade devida. O Grande Prêmio segue à disposição para negociar, desde que eles tenham também o respeito pela grandeza do Grande Prêmio”.

Estadão afasta repórter

O Portal dos Jornalistas conversou com Mariana Uemura Sampaio, diretora do departamento jurídico do Estadão, que declarou que o jornal está apurando o caso “com máxima prioridade”. Ela contou também que um repórter, que seria o responsável pelo ocorrido, foi afastado.

“Temos experiência com casos semelhantes, mas somente na figura de lesados (quando o conteúdo do Grupo Estado é utilizado de forma não autorizada). Neste sentido, compreendemos e somos solidários com a dor que este tipo de lesão pode causar ao Grande Prêmio, pois sofremos a mesma, regularmente. No nosso processo de apuração deste assunto, já identificamos que o conteúdo em discussão estava sob responsabilidade de único repórter, que já foi afastado. Temos indícios de que esse repórter não cumpriu as regras internas do Grupo Estado. Estamos concluindo a apuração interna e já iniciamos conversas com o Grande Prêmio para quantificar eventual composição financeira por potenciais prejuízos causados”.

Intercept lança Notas, espaço ágil para a cobertura das eleições

Intercept lança Notas, espaço ágil para a cobertura das eleições

O Intercept Brasil lançou na semana passada o espaço Notas, blog que serve como um espaço ágil e dinâmico para a cobertura das eleições de 2022. O blog terá também informações exclusivas e leituras originais sobre os temas mais importantes da semana. O conteúdo será composto por notas mais curtas, vídeos rápidos, análises e bastidores de reportagens do Intercept.

“Se seu tempo é curto para se informar sobre o que é mais importante, o Notas é perfeito: é um conteúdo útil e compacto, em tom mais descontraído e fácil de acompanhar, sem abrir mão da qualidade do jornalismo do Intercept”, escreveu Rafael Moro Martins, editor contribuinte sênior do Intercept Brasil. “E claro, os bastidores das reportagens e dos vídeos do Intercept. Você não faz ideia de quantas histórias existem por trás de uma boa história”.

O texto mais recente do Notas, assinado pela repórter Nayara Felizardo, fala de acusações de calote contra Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Um fazendeiro e dono de usina de açúcar e álcool em Alagoas foi à Justiça para cobrar do político uma quantia de R$ 250 mil pelo aluguel de terras. Leia aqui.

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Segundo turno dos +Admirados da Imprensa Automotiva vai até sexta-feira (25)

Com vocês os +Admirados da Imprensa Automotiva 2023

O segundo turno da quarta edição dos +Admirados da Imprensa Automotiva vai até sexta-feira (25/3). Já com os finalistas definidos, chegou a hora de escolher a posição dos indicados, do 1º ao 5º lugar em cada categoria. Para fazer as indicações, basta acessar o site da eleição.

No começo do mês, J&Cia Auto divulgou os finalistas da eleição, que tem o apoio de J&Cia e deste Portal dos Jornalistas. O objetivo é valorizar o trabalho de jornalistas e veículos especializados na indústria automobilística brasileira. Confira a lista completa.

Os +Admirados da Imprensa Automotiva já contam com o patrocínio de Audi, Bosch, General Motors, Honda, Scania, Volkswagen e Volkswagen Caminhões e Ônibus. Empresas interessadas em associar suas marcas à premiação, cada vez mais tradicional para a imprensa automotiva, podem obter mais informações com Vinicius Ribeiro (vinicius@jornalistasecia.com.br) ou Silvio Ribeiro (silvio@jornalistasecia.com.br).

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