Em seminário realizado em 15/12 pela Comissão de Direitos Humanos no Senado, entidades de imprensa defenderam a liberdade de Julian Assange, preso na Inglaterra desde 2019, acusado pelo governo dos EUA de violar a legislação norte-americana contra espionagem. Na ocasião, foram ouvidos representantes do Wikileaks e da OEA, segundo os quais o caso de Assange vai muito além da questão pessoal e afeta o trabalho de jornalistas em todo o mundo. Para tratar do direito à informação no Brasil, foram ouvidos representantes de associações de jornalistas e de organizações voltadas à defesa dos direitos humanos.
O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da CDH, disse haver tratativas com organizações internacionais que defendem a soltura do jornalista, em nome da liberdade de imprensa. Por sugestão de Octávio Costa, presidente ABI, a CDH enviará ofícios às embaixadas de EUA, Reino Unido e Austrália pedindo a retirada das acusações contra Assange e a sua libertação. Já Kristinn Hrafnsson, atual editor do Wikileaks, declarou que “não existe a menor possibilidade de Assange ter um julgamento justo nos EUA” e por isso organizações do mundo todo lutam contra a extradição. Ele lamentou que o colega “pague um preço tão caro simplesmente por ter feito seu trabalho”. (Saiba+)
Levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) revelou que o presidente Jair Bolsonaro bloqueou 105 perfis de jornalistas no Twitter em pouco mais de dois anos. O monitoramento foi realizado de setembro de 2020 até dezembro de 2022.
Bolsonaro é a figura pública com mais bloqueios a perfis ligados à imprensa na plataforma, com mais que o dobro de casos em relação ao segundo colocado, Mário Frias, ex-secretário especial da Cultura, que fez 43 bloqueios. Na sequência vem o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, com 42. Os três filhos de Bolsonaro, Carlos, Eduardo e Flávio, registraram somados 69 blocks.
Segundo o monitoramento, 195 jornalistas tiveram o acesso proibido a postagens diárias de políticos com cargos eletivos e associados, parlamentares, ministros, prefeitos e/ou o presidente da República. E 81 desses comunicadores foram bloqueados por dois ou mais agentes públicos na plataforma.
Em relação aos veículos, a Abraji registrou um total de 17 empresas jornalísticas bloqueadas no Twitter. Novamente, Bolsonaro lidera o ranking, com dez veículos bloqueados. O presidente impediu o acesso a seu perfil para as seguintes empresas: The Intercept Brasil, DCM, Aos Fatos, Congresso em Foco, Repórter Brasil, O Antagonista, Brasil de Fato, Poder360, Poder Data e Pirambu News.
“Não sabemos quais rumos o Twitter irá tomar, mas é preciso ter em mente que, enquanto for usado como uma ferramenta de comunicação oficial, é inadmissível o bloqueio de jornalistas e veículos, uma vez que restringe o trabalho da imprensa”, afirmou Katia Brembatti, presidente da Abraji.
No caso de Bolsonaro, para Débora Salles, coordenadora de pesquisa do NetLab, da UFRJ, “alienar jornalistas da fonte primária de informação sobre seu governo também é uma saída encontrada para se proteger de questionamentos diretos que possam ser feitos, prejudicando o livre exercício da profissão e, consequentemente, os valores democráticos associados a ela”.
O Instituto Vladimir Herzog lançou o projeto Resistir É Preciso – Acervo da Imprensa de Resistência, reunindo documentos da ditadura militar que destacam o papel de resistência da imprensa durante o período.
A ideia é fortalecer o respeito à diversidade e aos direitos humanos, além da defesa das liberdades de imprensa e de expressão e a democracia. A iniciativa é uma parceria com o Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem) e com o Núcleo de Cultura Digital do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (NCD-Cebrap).
O projeto contém milhares de páginas de periódicos, artigos e reportagens que representam o papel de resistência da imprensa durante a ditadura militar, além de entrevistas com jornalistas protagonistas dessa história, que atuaram ativamente no período. Resistir É Preciso também reúne cartazes de artistas plásticos que colaboraram com a imprensa de resistência.
O conteúdo do projeto é proveniente do material do Cedem, que administra um dos maiores acervos sobre a história da resistência à ditadura no Brasil, com mais de dez mil páginas de periódicos, que mostram ações contra a ditadura, combate a fake news, luta pelos direitos das mulheres, das pessoas LGBTQIA+, dos pretos e indígenas, além de questões ambientais.
O canal Chuá, um dos maiores canais do YouTube sobre basquete na América Latina, retoma as atividades nesta quinta-feira (22/12), às 19h, totalmente reestruturado.
Em parceria com a LiveSports, empresa de produção de conteúdo audiovisual e serviço live streaming para eventos esportivos, o canal ganhou nova identidade visual e terá mudanças de conteúdo e produção. Uma das novidades é o ChuáCast, videocast que vai ao ar semanalmente, às quintas-feiras.
O canal tem apresentação da produtora audiovisual Gabriela Neves e seu marido Guilherme Giovannoni, ex-jogador de basquete e comentarista da ESPN. Os dois receberão diversos convidados para conversar sobre basquete, contar histórias e analisar o esporte e a temporada atual. O primeiro convidado será o comediante Nil Agra.
Além da conversa, cada programa terá quadros com o objetivo de dinamizar o conteúdo, como Halftime, um “intervalo diferente”; 24 Segundos, um quiz para deixar o convidado tenso; e Time Out, um jogo de Stop. Os programas serão distribuídos no YouTube e no Spotify, além de cortes dos melhores momentos em Instagram Facebook e Twitter.
Luciano Silva, diretor de produção da LiveSports, declarou que pretende também buscar parcerias com empresas interessadas no conteúdo do Chuá: “O programa está muito bem-estruturado e tem diversas possibilidades de associar marcas, como product placement, branded content, patrocínios, entre outras. Esse é um projeto que atinge a públicos muito diversos”.
Poucas coisas no mundo chegarão a 2023 tão diferentes do que eram há 12 meses como o Twitter.
Elon Musk inscreveu seu nome na história da mídia digital como o homem que desmantelou a plataforma até então menos sujeita a críticas em comparação a outras Big Techs.
E pensar que há um ano o apedrejado era Mark Zuckerberg, sofrendo os efeitos das revelações da ex-funcionária Frances Haugen, que expôs documentos internos demonstrando conhecimento da Meta sobre danos causados pelo Instagram a jovens.
Parecia teoria conspiratória, até que em setembro Shou Zi Chew, CEO da plataforma nos EUA, admitiu em carta a uma comissão de senadores americanos o acesso a dados de usuários por integrantes da ByteDance na China, deixando dúvidas sobre se o governo chinês também teria acesso.
Na semana passada, o senador Marco Rubio deu entrada em um projeto de lei para banir o TikTok dos EUA. Na Europa, que tem uma nova lei de mídia digital, a rede social chinesa também é objeto de desconfiança. No Reino Unido, o Parlamento cancelou sua conta duas semanas depois do lançamento.
Enquanto isso, a plataforma de vídeos curtos cresce tentando desviar-se de outras sensibilidades, como os desafios que causam depredação e acidentes.
Mas nada se compara ao Twitter, que deixou de ser o queridinho das celebridades e da mídia global quando Musk assumiu prometendo relaxar as regras de moderação em nome da liberdade de expressão.
Depois de uma sequência de atos tresloucados − como demitir metade da equipe e forçar muitos a irem embora caso não assinassem um compromisso de trabalhar de forma hardcore −, Musk chegou ao ápice de sua gestão caótica no domingo (18/12).
Antes, criou uma confusão com uma suposta perseguição ao carro onde estaria seu filho, atribuída a uma conta que acompanhava os rumos de seu jatinho. Na sequência, suspendeu da plataforma uma penca de jornalistas de tecnologia importantes e puniu links para concorrentes.
No meio dessa confusão, a Mastodon avançou, mas continua distante do poder do Twitter. A rede de Musk é tão influente que não houve uma esperada debandada de usuários.
Um dos mais recentes a deixá-la foi Elton John, mas não totalmente. Em 9 de dezembro, ele anunciou que pararia de usar o Twitter − só que não apagou a conta.
Mesmo sem êxodo em massa, o caos abalou a saúde da empresa e de outros negócios de Musk, cujos acionistas andam alarmados com sua dedicação ao brinquedo novo.
Crédito: Kukuuplays
Anunciantes suspenderam ou reduziram investimentos. A ideia de faturar com a venda do selo azul de autenticidade fracassou depois de uma onda de perfis falsos e pouca gente disposta a pagar por ele.
Segundo Musk, o Twitter perde US$ 4 milhões por dia. Não há gente experiente para ajudar o comandante a pilotar a nave. A confiança da imprensa e de parte da opinião pública se foi.
Ele estaria à caça de investidores, oferecendo ações pelo mesmo valor que comprou – o que não deve ser atrativo, pois o valor de mercado da companhia, caso ainda fosse aberta, provavelmente seria menor do que era antes do caos.
Só que os problemas do Twitter são mais do que corporativos, como alertou Christopher Deloire, secretário-geral da Repórteres Sem Fronteiras:
“A censura a jornalistas e regras para acomodar os caprichos do patrão não são marcas de um espaço saudável de informação online. Já é tempo de os patrões das grandes plataformas serem trazidos de volta à terra pela lei, e que eles finalmente as coloquem a serviço da informação e da democracia.”
Para Deloire, “o tempo está se esgotando para as sociedades democráticas, que devem se organizar em resposta ao que é uma ameaça real”.
O Twitter não é a única ameaça. Mas Elon Musk disputa agora com Mark Zuckerberg o posto dos homens que mais contribuíram para esse estado de coisas. No momento, com vários corpos de vantagem.
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Edney Silvestre deixa a TV Globo após 26 anos na casa. Fez um emocionado vídeo de despedida relembrando os melhores momentos de sua carreira e avisou que vai continuar, não mais na telinha, mas como palestrante, escritor e dramaturgo.
Silvestre começou na Bloch Editores, colaborou com O Pasquim, teve passagem na publicidade e no cinema. Esteve no jornal O Globo, assinando uma coluna no caderno Ela, e aí chamou a atenção de Evandro Carlos de Andrade, que o levou para a TV Globo. Em 1996, quando a GloboNews foi inaugurada, Silvestre propôs um programa de entrevistas com personalidades da cultura, Milênio, que veio a apresentar, com Paulo Francis nos Estados Unidos e William Waack na Europa.
Foi correspondente da Globo em Nova York e cobriu o 11 de setembro. De volta ao Brasil em 2002, passou por alguns programas até se fixar no Globo Repórter, nos últimos anos. Como autor de romances, venceu os prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura. Um de seus livros foi transformado em minissérie pelo Grupo Globo.
Seguem abertas até 18 de janeiro de 2023 as inscrições para a Bolsa de Reportagem Dom Phillips: Como Salvar a Amazônia?, oferecida pelo Pulitzer Center Rainforest Journalism Fund, em homenagem ao jornalista britânico assassinado na Amazônia em junho deste ano.
A bolsa financiará reportagens sobre iniciativas que possam frear o desmatamento e o processo de degradação ambiental na Amazônia. O nome do programa é o mesmo do livro que Phillips e o indigenista Bruno Pereira, também assassinado na região, planejavam escrever.
Podem fazer a inscrição jornalistas de qualquer nacionalidade e meios de comunicação, incluindo autônomos e freelancers. Serão aceitas propostas que abordem a Amazônia brasileira, colombiana, peruana, equatoriana, boliviana ou venezuelana.
Interessados devem preencher um formulário contendo uma breve descrição do projeto, um plano de distribuição em mídia impressa, digital, áudio, vídeo, rádio ou televisão e de preferência um projeto de colaboração com a mídia local, um plano de segurança para a equipe envolvida, orçamento estimado, além de informações de contato.
Os selecionados, que serão avaliados pelo Comitê do Amazon RJF e pela equipe editorial do Pulitzer Center, devem ser anunciados até fevereiro. As reportagens serão publicadas até o final de junho.
A Story Baker lançou o livro Tendências 2023: do algoritmo aos humanos, que traz discussões sobre as principais tendências da mídia para 2023, com versões em português e espanhol.
São 20 textos sobre diversos temas, mais uma conclusão, de autores de Espanha, Itália, Argentina, México, Colômbia, entre outros países. O Brasil está representado por Eduardo Tessler, Leão Serva e Ernesto Bernardes.
Entre os tópicos discutidos estão métricas para criadores digitais, redescoberta da própria marca, redes sociais, newsletters, lives, metaverso, monetização, branded content, futuro do jornalismo, redações digitais, entre outros.
“A reunião de textos Tendências 2023 abre uma janela para um horizonte desconhecido e incômodo: as mudanças necessárias nas estratégias de empresas de comunicação”, diz a introdução da obra. “Quem não quiser levar a sério os conselhos desse livro vai apenas adiar algumas decisões urgentes. Há pequenos ajustes, ideias para melhorar a performance, mas há também visões profundas que podem gerar um certo pessimismo nos líderes de empresas. Difícil ficar indiferente”.
Tendências 2023 é fruto da parceria entre Mauricio Cabrera, fundador e diretor de Story Baker; Ivan Pérez, editor da obra; Mirsha Rivera, responsável pelo desenho e arte; e Eduardo Tessler, sócio-diretor de midiamundo.com. A tradução para o português é de Gustavo Monteiro.
É possível solicitar o livro gratuitamente por meio deste formulário, em português ou espanhol. A obra será enviada por e-mail.
O canal estreou em março de 2020. Nos dois primeiros anos, registrou um déficit de R$ 236 milhões, e deve fechar 2022 com prejuízo adicional de R$ 100 milhões, resultando num rombo de mais de R$ 330 milhões.
O Notícias da TV teve acesso a documentos arquivados em agosto na Junta Comercial do Estado de São Paulo, que mostram que a CNN Brasil recebeu um aporte de R$ 236.100.750 em seus dois primeiros anos. O valor foi integralizado em 27 de dezembro de 2021, e provavelmente entrou nos cofres da emissora aos poucos, para cobrir necessidades da caixa.
Para contabilizar a injeção do dinheiro, o empresário Rubens Menin, dono do canal, aumentou o capital social da empresa de R$ 500 mil para R$ 236.600.750.