Por Dedé Mesquita, correspondente de J&Cia em Belém
Daniel Nardin, que deixou em dezembro a Diretoria de Conteúdo do portal oliberal.com, anunciou em 23/3 o projeto no qual passa a atuar: o site provisório da plataforma Amazônia Vox, iniciativa do Instituto Bem da Amazônia – IBA que vaiconectar jornalistas e instituições de todo o mundo a fontes de conhecimento da Amazôniae a profissionais da área da comunicação com atuação na região, uma rede de freelancers voltada para a Amazônia.
A plataforma é um banco de fontes sobre a Amazônia e um cadastro gratuito desses profissionais que estará disponível para quem precisar contratar pessoal da área de comunicação − como institutos, veículos de imprensa e outros. A plataforma é um meio de aproximar esses dois públicos e facilitar o trabalho dos profissionais da Amazônia. O site para acesso ao cadastro é http://amazoniavox.com/.
O projeto conta com o apoio institucional do International Center for Journalists – ICFJ e do Fórum Pamela Howard para Cobertura de Crises Globais,e tem apoio da Associação Brasileira de Comunicação Pública – ABCPública. (Veja+ na pág. 12)
A iniciativa Rede de Freelancers da Amazônia vai permitir que profissionais que atuam e são prestadores de serviço da área da comunicação no território amazônico sejam acessados diretamente por veículos de imprensa, empresas, instituições e governos de qualquer lugar do mundo. Com isso, a iniciativa promove geração de renda e fortalece a economia criativa na região.
A plataforma Amazônia Voxtambém já abriu a área de cadastro colaborativo para fontes de conhecimento da Amazônia, de qualquer área de atuação. Os dados serão acessados posteriormente com a plataforma completa no ar, por meio do Banco de Fontes da Amazônia, que tem como objetivo reunir as fontes de conhecimento local e colocá-las em contato direto com jornalistas de todo o mundo, fortalecendo assim maior protagonismo amazônico nas narrativas da imprensa sobre a região.
À primeira vista, os números de representação de gênero na mídia não animam. No ritmo atual, faltam mais de 60 anos para atingirmos equidade na cobertura, com espaços iguais para homens e mulheres, segundo o último levantamento do Global Media Monitoring Project.
Dados como esses estão na nova edição especial do MediaTalks, que começa a circular nesta quinta-feira (30/3), fechando o mês do Dia Internacional da Mulher.
Trata-se de um mergulho profundo na desigualdade de gênero na mídia, suas causas e suas consequências.
Mas o mais importante de tudo é o levantamento de diversas iniciativas que estão sendo implantadas para mudar o cenário, que não é exclusivo do Brasil ou de alguns países.
Correspondentes mulheres mostram casos e estatísticas impressionantes de países tão diversos como Argentina (Márcia Carmo), Austrália (Liz Lacerda), Estados Unidos (Eloá Orazem), Suécia (Cláudia Wallin), Alemanha (Marina Azaredo) − e eu no Reino Unido.
Mas também falamos das ações bem-sucedidas já implantadas por alguns veículos, como o uso da contabilidade de gênero para contar a quantidade de homens e mulheres ouvidos e premiar as equipes que atingem o equilíbrio.
Destacamos o programa de inclusão de gênero BBC 50:50 e um portal na Austrália que oferece fontes femininas alternativas aos homens que são os entrevistados de sempre.
Na Alemanha, a linguagem de gênero virou polêmica, mas segue ganhando espaço no jornalismo.
Há até iniciativas pouco comuns, como um uma rede de mídia na Finlândia que está oferecendo media training a fontes mulheres.
Há muito ainda a caminhar. O último levantamento do Instituto Reuters sobre gênero nas redações mostra que nos 12 países analisados os homens ocupam a maioria dos cargos de liderança editorial, mesmo naqueles onde as mulheres são maioria na profissão.
Considerando os editores principais dos dez principais veículos online e dos dez off-line, o Brasil ficou em penúltimo lugar no número de mulheres na chefia.
Certamente vai ser preciso um esforço por parte dos veículos brasileiros para melhorar a representação das mulheres – e de outros grupos minoritários, como os negros – na liderança das suas redações. Olhares mais diversos têm um melhor entendimento do contexto e contribuem com melhores soluções para transformar a realidade.
Crédito: John Hain / Pixabay
Um bom exemplo disso é mencionado no especial: o da cobertura de um estupro feita pelo New York Times, inicialmente por um jornalista e sua visão de mundo, cuja narrativa muda completamente após a entrada de uma jornalista no caso.
A revitimização das mulheres agredidas é outra face obscura do desequilíbrio de gênero na mídia. Isso porque não é raro que elas voltem a ser vitimadas com a exposição de seus nomes, e até com a imputação de culpa pelo que sofreram.
Aliás, a violência é o único tema em que o número de matérias sobre as mulheres é maior do que dos homens. O triplo.
Outra preocupação é o assédio online. O chilling effect congela as mulheres jornalistas que são vítimas de assédio e atrapalha sua vida pessoal e sua carreira.
Mas o equilíbrio da cobertura e uma representação sem rótulos não passam só pelo esforço dos veículos de notícias e das plataformas. O crescimento da liderança feminina corporativa e o aumento do número de mulheres porta-vozes é essencial para mudar o quadro.
Nessa área, o especial traz depoimentos inspiradores de executivas de sete empresas. Elas falam do esforço necessário para quebrar as barreiras ao crescimento. Dizem que a discussão sobre as mulheres no mercado de trabalho já não cabe mais e que a mudança pode não ser linear, mas que é irreversível. E já pensam nos próximos passos: em como reter as mulheres no topo e abrir espaço na liderança para mulheres negras.
O jogo está longe do fim. Mas alguns gols já foram marcados, demonstrando que é possível, sim, virar o placar da representação, desde que cada integrante do time faça a sua parte.
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Circulou nesta quarta-feira (29/3) o especial de MediaTalks by J&Cia sobre Representação de Gênero na Mídia, trabalho liderado de Londres por Luciana Gurgel e Aldo De Luca, com a participação de jornalistas brasileiras em Alemanha, Argentina, Austrália, EUA e Suécia.
O tema é hoje um dos pilares da comunicação das organizações. A edição inclui depoimentos, entrevistas com especialistas em diversidade de organizações como a Rede Latino-Americana de Diversidade em Jornalismo e o King’s College de Londres, além de artigos de opinião de importantes executivas brasileiras com atuação e responsabilidade sobre o tema.
Segundo Eduardo Ribeiro, publisher do MediaTalks e diretor deste J&Cia, “o que fica claro da leitura da edição com quase 40 páginas é que o caminho está aberto, mas é longo e repleto de curvas. O desafio, sintetizado no projeto da BBC 50:50, vem sendo enfrentado e já dá sinais de avanço em alguns mercados. Já em outros, como no Brasil, estamos ainda distantes do ideal”.
O especial conta com o apoio de B3, Energisa, GM, GPA, Hydro, Itaú, Pfizer, Sodexo, Uber e Vale, que também mostram seus trabalhos e visão nesse campo.
O programa Cartão Verde retorna à grade da TV Cultura a partir da próxima segunda-feira, 3 de abril. Em junho de 2020, a emissora havia acabado com o programa esportivo. O retorno acontece no mesmo período em que o Cartão Verde completa 30 anos de existência.
O programa vai ao ar às segundas e quartas-feiras, às 20h, sob o comando de Vladir Lemos. Às segundas-feiras, no pós-rodada, o narrador Oscar Ulisses une-se aos comentaristas Arnaldo Ribeiro e Mauro Cezar Pereira. E às quartas, na pré-rodada, os comentários são do ex-jogador Roberto Rivellino e de Arnaldo Ribeiro.
O Cartão Verde segue com seus quadros tradicionais, apresentando os melhores e os piores acontecimentos da semana, com os cartões verde e vermelho, além de grande interação com os telespectadores pelas redes sociais.
Texto publicado originalmente em 28/3/2023 pela Ajor
Ferramentas gratuitas e colaborações com outras iniciativas ajudam redações a darem os primeiros passos na criação de conteúdos gráficos baseados em números
O processo de extrair, analisar, limpar e construir visualizações de grandes bases de dados não é simples, porém se tornou cada vez mais necessário para o jornalismo. Embora demande conhecimentos – e investimentos – técnicos, o jornalismo de dados pode ser um diferencial para as redações.
“Cada vez mais os números são notícia – mas um texto repleto de números é uma estrada pedregosa. A adequação entre tema e linguagem visual é fundamental. Para os leitores, só há vantagens nessa divisão de tarefas cognitivas. Para as publicações, isso se traduz no mínimo em didatismo e eficiência informativa, mas também pode resultar em uma estética atraente, apresentação inovadora e até novos produtos”, afirma Marcelo Soares, fundador do Lagom Data, organização associada à Ajor dedicada à inteligência de dados.
Além de deixar os conteúdos jornalísticos mais dinâmicos, permitindo a interatividade dos leitores, o uso de dados também pode ser o ponto de partida para investigações. “A visualização exploratória de dados, ou seja, gráficos feitos não para publicar, mas para ver os padrões, é um recurso muito importante para a apuração de qualquer tema que envolva números – do dado mensal do desemprego à pauta especial do ano”, completa Soares.
Mesmo sem um conhecimento técnico na área e com poucos recursos para investir, é possível dar os primeiros passos para adotar a cultura de dados dentro de uma redação. Veja algumas dicas a seguir:
Explore ferramentas
“As ferramentas de trabalho com visualização básica de dados são cada vez mais fáceis de utilizar, e muitas delas inclusive são gratuitas ou têm planos especiais para redações”, afirma Soares.
A Escola de Dados, iniciativa da Open Knowledge Brasil, mapeou mais de 150 ferramentas para trabalhar com dados. As Iniciativas são separadas por categorias e plataformas, além de serem identificadas como ferramentas de código aberto ou não.
Una esforços
Segundo Soares, um dos principais desafios para jornalistas é pensar visualmente a informação, de maneira atraente e elegante. Para conseguir contornar isso, a colaboração com outras áreas de conhecimento é essencial.
“Designers fazem isso com um pé nas costas, mas nem sempre têm a visão da informação que um repórter tem. O repórter muitas vezes sabe onde está o ponto relevante da informação mas não tem clareza de como apresentar visualmente. Se a sua equipe tem designers e repórteres, trabalhar juntos na mesma pauta é proveitoso para todos”, explica.
Parcerias com outras redações e a contratação de consultorias especializadas também pode ser uma solução para lançar projetos específicos de visualização de dados. Entre as associadas à Ajor, há organizações dedicadas especificamente ao tema, como a própria Lagom Data, o Volt Data Lab, a Gênero e Número, a Agência Tatu e o Data Labe.
Busque referências
“Quanto mais se lê, melhor se escreve – e não tem como ser diferente em outros tipos de linguagem”, completa Soares. No Brasil e no mundo, há diversas iniciativas jornalísticas ganhando destaque pela cobertura baseada em dados. Acompanhar estes trabalhos é essencial para desenvolver referências estéticas e conhecer casos de sucesso.
O fundador da Lagom Data indica o projeto Aquazônia, da Ambiental Media, também associada à Ajor: “Eles pegam um ângulo pouco explorado popularmente da questão ambiental e o explicam de maneira muito atraente”. Além disso, destaca a seção “Graphic Detail”, do The Economist, e o trabalho de jornalismo visual de Singapura, Straits Times.
A Justiça do Paraguai anulou a absolvição de Waldemar Pereira Rivas, conhecido como Cachorrão, principal suspeito de matar o jornalista Léo Veras, em 2020.
Em novembro do ano passado, Rivas foi considerado inocente pelo Tribunal de Sentença de Pedro Juan Caballero, sob a alegação de falta de provas. Acusado de homicídio doloso e associação criminosa, ele era proprietário do Jeep Renegade branco que teria sido usado para transportar os três homens que executaram Veras.
A apelação que levou à anulação foi apresentada pelo procurador Andrés Arriola, da Unidade Especializada de Crime Organizado. Ele criticou a conduta dos membros do Tribunal na resolução do caso, e declarou que os juízes não fizeram uma avaliação adequada.
Arriola destacou também que o tribunal “cerceou o direito do Ministério Público, violando gravemente a liberdade de prova para a descoberta da verdade real, favorecendo assim a defesa do acusado”.
Léo Veras foi executado com 12 tiros enquanto jantava com sua família em fevereiro de 2020, em Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Com frequência ele noticiava a disputa do narcotráfico na fronteira e os crimes ligados ao PCC na região.
No mês passado, Ederson Salinas Benítez, chefe do PCC na fronteira do Paraguai com o Mato Grosso do Sul e apontado como um dos mandantes do assassinato de Veras, foi morto no estacionamento de um supermercado em Assunção. E em maio de 2022, o procurador responsável pela Unidade Especializada de Crime Organizado e Narcotráfico do Paraguai e um dos investigadores no assassinato de Veras, Marcelo Pecci, foi executado na Colômbia. Foi ele quem apresentou acusação contra Waldemar Pereira Rivas.
Caco Barcellos e a equipe do Profissão Repórter viajarão pelas cinco regiões brasileiras à bordo de um motor home e um barcohome
A nova temporada do Profissão Repórter, da TV Globo, estreia no dia 11 de abril com uma proposta inédita. Pela primeira vez a equipe de repórteres comandada por Caco Barcellos viajará por todas as regiões do Brasil com o objetivo de mostrar o que falta para o País ser mais desenvolvido e sustentável, tendo como base as metas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas por um mundo mais sustentável.
As viagens acontecerão a bordo de um motorhome pelas regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste, e de um barcohome pela região Norte. “Minha expectativa é que as pessoas se aproximem da gente em volume maior e, com isso, tragam histórias para a gente contar de cada lugar que passarmos”, diz Barcellos. “Queremos desenvolver ainda mais o processo de imersão do acompanhamento das histórias e chamar atenção para a nossa presença na rua, a presença do repórter no front da notícia”.
Caco Barcellos e a equipe do Profissão Repórter viajarão pelas cinco regiões brasileiras à bordo de um motor home e um barcohome
A previsão é que cada viagem do especial Pra onde, Brasil dure cerca de dez dias. Além de serem as residências dos jornalistas durante os períodos de gravação, os veículos também funcionarão como redações itinerantes, com câmeras instaladas em diferentes pontos para mostrar todos os bastidores e os desafios de cada reportagem. Serão cinco episódios, cada um retratando os problemas de cada região e como o cumprimento desses objetivos pode trazer melhorias de vida para as pessoas.
Basilia Rodrigues, comentarista política da CNN Brasil, foi vítima de racismo por parte de um apoiador do deputado federal Nikolas Ferreira.
Basilia Rodrigues, comentarista política da CNN Brasil, foi vítima de racismo por parte de um apoiador do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). “Não presta nem pra dar faxina”, comentou o internauta.
No quadro Dois Lados exibido em 14/3 pela CNN, Basilia entrevistou o parlamentar e a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS). Na ocasião, os deputados debateram a possível cassação do mandato de Nikolas por fala transfóbica no plenário da Câmara, e ele quis fazer questionamentos sobre o conceito de “ser mulher”, mas Basilia ressaltou que quem fazia as perguntas era ela, não ele.
Em seu perfil no Twitter, Basilia compartilhou o print de uma mensagem racista publicada por um entusiasta de Nikolas na caixa de comentários do canal da emissora no YouTube. “Parabéns, Nikolas. E essa repórter???? Presta nem pra dar faxina”, escreveu o racista. Na legenda, a jornalista escreveu de forma sucinta: “Isso tem nome”, em referência ao racismo sofrido.
A Eco Nordeste é finalista do Prêmio Megafone de Ativismo, com a série Termelétricas no Nordeste. A final conta com cinco indicados.
A Eco Nordeste é finalista do Prêmio Megafone de Ativismo, com a série Termelétricas no Nordeste. Com apoio do Instituto ClimaInfo, a obra narra os impactos causados pelas usinas que utilizam combustíveis fósseis nos estados do Ceará, Maranhão e Sergipe.
Em quatro reportagens, publicadas ao longo de agosto de 2022, a repórter Alice Sales traz as perspectivas de comunidades tradicionais, autoridades, ativistas e pesquisadores sobre a presença das termelétricas na região.
De acordo com a Associação de Jornalismo Digital (Ajor), foram 951 inscrições em todo o Brasil, quase metade delas do Norte e Nordeste. A final conta com cinco indicados.
Os projetos são avaliados por um júri especializado que leva em conta o impacto na causa a que o ativismo se dirige e no debate público sobre o tema, a capacidade de transmitir a mensagem de forma criativa e coerente ao tema abordado e a capacidade de informar, mobilizar e inspirar outras pessoas.
O Intercept Brasil publicou na semana passada que está sendo alvo de mentiras e difamação, que associam o veículo à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Marc Sousa, coordenador de Jornalismo da Jovem Pan no Paraná e afiliado do R7, publicou em um site parceiro do portal R7 que o Intercept teria recebido doações do PCC, segundo relatório interceptado pela Polícia Federal. O veículo reiterou que a informação é caluniosa e trata-se de “jogo sujo”.
Na noite da sexta-feira passada (24/3), a equipe do Intercept recebeu um e-mail de Sousa com perguntas sobre os supostos pagamentos do PCC. Ele deu um prazo de menos de 12 horas para as respostas. O Intercept buscou e analisou os 17 nomes das pessoas ligadas ao PCC mencionadas no relatório, e detectou que nenhum deles consta na lista de doadores. O Intercept destaca também que, curiosamente, não há nesse relatório da PF menção ao nome da pessoa que teria escrito tal documento.
A matéria, porém, foi publicada por Sousa sem qualquer posicionamento do Intercept, enviado cerca de 40 minutos antes da publicação da nota. Apenas depois de horas de exigências do Intercept, o texto foi atualizado com o posicionamento do veículo. “Uma mentira intencional ou uma falha grosseira dos padrões jornalísticos, se não ambos”, declarou o Intercept.
Sérgio Moro (esq.) e Marc Sousa
O veículo destaca que Sousa trabalha na Jovem Pan, que já foi assunto de diversas matérias do Intercept, como a perda de mais de R$ 830 mil após campanha de desmonetização por incentivar discursos golpistas. Vale lembrar que o Intercept também já foi alvo de ataques da Record e do R7, após revelar a pressão interna nas redações desses veículos para apoiar o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
O relatório citado faz parte dos autos da investigação sobre os supostos planos do PCC contra o ex-juiz Sergio Moro. A juíza que quebrou o sigilo do relatório é Gabriela Hardt, sucessora de Moro na Lava Jato, que prometeu processar quem divulgasse suas mensagens na época da Vaza Jato, série do Intercept que divulgou diálogos de Moro com procuradores.
Em nota, o Intercept Brasil declarou que não aceitará “tentativas maliciosas de manchar não apenas a nossa reputação, mas também a da nossa comunidade. Fazemos um jornalismo sério, baseado em evidências e não daremos nenhum passo atrás”. O site destacou que não é a primeira vez que sofre ataques do tipo: “Já fomos investigados em CPIs, ameaçados de prisão, gravados clandestinamente e tivemos nosso endereço espalhado nas redes, entre outros absurdos – apenas por fazer nosso trabalho sério, que pisa no calo de muita gente”.
Relatório teria sido adulterado digitalmente, diz especialista
Segundo matéria publicada na Revista Fórum, o relatório citado tem grandes chances de ter sido adulterado. A revista conversou com Mario Gazziro, professor de computação forense da Universidade Federal do ABC e no MBA na USP, que analisou o documento. Segundo ele, “há 95% de chances de que houve adulteração digital”.
O professor destaca que pelo menos três linhas do relatório foram adulteradas. Ele e sua equipe fizeram uma análise digital da imagem publicada no R7, e encontraram “grave indício de manipulação digital pela técnica ELA (error level analysis), usando o software forense chamado Sherloq”.
Imagem do relatório divulgada por Marc SousaAnálise da imagem que mostra onde pode ter havido adulteração
“Não me refiro apenas ao contorno em vermelho adicionado à edição, pois o padrão azul indica que o conteúdo dentro dessas linhas não é compatível com o padrão de artefatos de compressão do resto da imagem, demonstrando claramente (e com validade em tribunal) que esse conteúdo foi substituído ou editado”, explica o Gazziro. “As regiões em azul foram destacadas após aplicação de um filtro conhecido como análise ELA a 95% que destaca regiões as quais não seguem o mesmo padrão de artefatos de compressão do restante do documento, provando que aqueles trechos sofreram adulteração digital”.
Nas linhas citadas pelo professor estão justamente as supostas doações do PCC ao Intercept Brasil. Segundo Gazziro, essa análise foi enviada a outros especialistas, que concordam que a imagem teria sido adulterada digitalmente.