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quinta-feira, julho 10, 2025

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Flávio VM Costa é o novo editor-chefe do Intercept Brasil

Flávio VM Costa, um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog deste ano é o novo editor-chefe do The Intercept Brasi
Flávio VM Costa, um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog deste ano é o novo editor-chefe do The Intercept Brasi

Flávio VM Costa, um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog deste ano, na categoria Produção Jornalística em Multimídia, é o novo editor-chefe do The Intercept Brasil. Em quase 20 anos de carreira, é o primeiro negro a ocupar esse cargo na entidade.

Baiano, estudou em escolas públicas de Salvador e formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, sendo o primeiro membro de sua família a concluir o ensino superior.

Antes de fazer parte do time do Intercept Brasil, Flávio dirigia o núcleo de jornalismo investigativo no UOL, área que ele mesmo criou. Também teve passagens por veículos como Correio e A Tarde, além de já ter atuado na produção de documentários investigativos.

Entidades sobem o tom contra a Jovem Pan

Mais de dez entidades de apoio ao jornalismo e à democracia publicaram na manhã desta segunda-feira (24/10) nota conjunta condenando a postura da Jovem Pan durante as últimas semanas de campanha eleitoral.

A emissora vem sofrendo uma série de sanções impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considerou que, além de tratar os presidenciáveis de forma desigual, estaria reproduzindo desinformações e notícias falsas contra o ex-presidente e candidato pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva.

Vale lembrar que a legislação brasileira prevê que candidatos não podem ser tratados de forma desigual por empresas com concessão pública, como é o caso da Jovem Pan, que além do canal na TV a cabo e no YouTube tem sua origem no rádio.

“Para nós, causa consternação o caminho seguido por um grande veículo, como a Jovem Pan, que utiliza uma outorga de rádio e outras plataformas de conteúdo para propagar produtos da indústria da desinformação, que não têm origem certa, apuração verificável ou qualquer referencial nos princípios básicos do bom jornalismo e, no fundo, buscam destruir a credibilidade das instituições democráticas”, afirma a nota.

Nas redes sociais e nos bastidores, a Jovem Pan e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro vêm denunciando o caso como se fosse censura, o que incomodou as entidades, historicamente reconhecidas por lutarem contra esse tipo de situação. “Lamentamos que, neste momento, esse conceito esteja sendo usado de forma tão deturpada por veículos de comunicação, principalmente concessionários públicos, na tentativa de levarem à frente uma espécie de vitimismo tacanho e obterem licença para continuarem a mentir, difamar e avariar os pilares do regime democrático”, completou o artigo.

Assinam o documento entidades de classe, como Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor/PA), e da sociedade civil, entre elas Instituto Vladimir Herzog, Intervozes, Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Observatório da Ética Jornalística (Objethos), Diracom (Direito à Comunicação e Democracia), Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), International Center for Information Ethics, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e Artigo 19.

Confira a íntegra.

Intercept Brasil atinge meta e incentiva aumento de apoiadores mensais

Intercept Brasil é alvo de mentiras e difamação sobre doações ao PCC

O Intercept Brasil anunciou nesta sexta-feira (21/10) que conseguiu arrecadar os R$ 500 mil necessários para evitar seu fechamento imediato. Mas pede ajuda para aumentar em 500 o número de apoiadores mensais, com o objetivo de evitar que novamente corra o risco de fechar.

Cecília Olliveira, cofundadora do Intercept Brasil e uma das pessoas que liderará o site nesta nova etapa, ao lado de Andrew Fishman, publicou no Twitter que a meta foi atingida graças ao apoio de 6.687 pessoas.

“Fizemos história! Nossa comunidade se juntou para levantar R$ 500 mil em 7 dias. O Intercept continua!”, publicou o site. “Agora temos 72 horas para chegar a 10 mil apoiadores mensais para garantir que jamais vamos correr esse risco novamente. Só faltam 500 pessoas!”. Veja como apoiar.

Em 14/10, o Intercept Brasil anunciou que se separou da redação do Intercept nos Estados Unidos e que precisaria de doações para dar continuidade ao trabalho.

Abraji lista ferramentas para cobrir as eleições

A menos de dez dias do segundo turno, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) listou ferramentas úteis para auxiliar os jornalistas na cobertura das eleições. A ideia é aprofundar o debate sobre os candidatos nesta reta final.

O PinPoint, ferramenta gratuita do Google, permite que o usuário identifique automaticamente nomes de pessoas, instituições e locais mencionados em arquivos de áudio e texto. A plataforma também faz transcrições de áudios. Desde agosto de 2021, a Abraji, curadora do projeto no Brasil, disponibiliza documentos de interesse público na ferramenta.

O CruzaGrafos permite verificações cruzadas e investigações avançadas de dados. A ferramenta tem diferentes bases de dados públicas e possibilita visualizar ligações entre políticos, empresas, documentos e outras informações.

O Publique-se reúne mais de 7 mil processos judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e das justiças Estadual, Federal e do Trabalho. Na ferramenta, é possível verificar quais processos judiciais de interesse público citam políticos como partes.

O Ctrl-X, projeto criado em 2020 pela Abraji, mostra processos judiciais contra jornalistas e veículos, com o objetivo de identificar figuras públicas que estejam utilizando o Judiciário para atacar, perseguir e intimidar profissionais de imprensa. A ferramenta conta com mais de 5 mil ações.

E o Aleph, ferramenta criada pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), consórcio internacional de jornalismo investigativo, agrupa mais de 500 bases de dados que podem ser cruzadas entre si. A plataforma contém informações do tipo “follow the money”, ou seja, dados e documentos para rastrear ativos e propriedades corporativas, gastos governamentais e informações sobre indivíduos e grupos de interesse jornalístico.

Memórias da Redação: A imprensa na época dos dinossauros

Telex

Por Luiz Roberto de Souza Queiroz

Quando terminei de datilografar − isso mesmo, datilografar, numa máquina de escrever Olivetti − um release para a CBPO, Táta Gago Coutinho pediu um motoqueiro por telefone, entregou o texto e ele se mandou voando para Campinas, onde ficava o canteiro de obras da empreiteira e nossa interface, José Arthur.

Aprovado o texto com as correções feitas pelo engenheiro, o motoqueiro (que então ainda não era chamado de motoboy) voltou a São Paulo, onde o release foi redatilografado e xerocado em várias cópias. O motoqueiro, que ficara esperando, tomando café, partiu à toda para entregar na redação da Folha, do Estadão e do Diário Popular. Como ele conseguiu terminar a distribuição antes da meia-noite, quando os jornais fechavam, a notícia foi publicada e, satisfeitos, mandamos a conta para a CBPO.

O fato é de 1980 e seria corriqueiro, a não ser pelo fato de que, em vez de pagamento, da grana esperada, recebemos uma grande caixa enviada pelo José Arthur com um aparelho esotérico, o fax. Um bilhete explicava que da próxima vez bastaria passar o texto pelo equipamento, sem a correria desenfreada do motoqueiro. E ainda dava uma gozada, perguntando se nós, jornalistas, continuávamos na pré-história da tecnologia.

Fax

Nossa velocidade pré-histórica já tinha evoluído muito, entretanto, desde que Hypolito José da Costa lançou o Correio Braziliense original, em 1808. Ele o imprimia em Londres e o enviava como contrabando de navio para o Brasil, onde chegava no mínimo um mês depois.

Por falar em navio, quando uma tromba d´água provocou uma avalanche que quase destruiu Caraguatatuba, no litoral paulista, em 1967, os repórteres tiveram que descer a serra a pé, no meio da lama, alimentando-se de palmito cru cortado na hora e, já com a reportagem, os depoimentos e a descrição do desastre em mãos, perceberam que não havia meios de comunicação para transmitir.

Foi um sabichão, acho que do Jornal do Brasil, que alugou uma lancha, abordou um navio parado ao largo porque os portos estavam sem operar, e conseguiu passar a matéria pelo rádio de bordo. Eu fui um dos menos sortudos que ficaram com o grande furo no bolso, que só foi possível entregar na redação quatro dias depois, quando era notícia velha… e que não foi publicada.

Mesmo quando a imprensa adotava tecnologia moderna, costumava dar xabu na hora de usar. Foi assim na inauguração de Brasília, em 1960, como já contei em outro texto. O Estadão usou um equipamento de telefoto emprestado para passar as fotos no mesmo dia da inauguração de Brasília para São Paulo, mas a telefonista interurbana (é, era preciso pedir a uma telefonista que fizesse a ligação Brasília/São Paulo) achava que os apitos e zunidos transmitidos pela linha eram um defeito da ligação e interrompia perguntando se preferiam que a ligação fosse refeita, com o que no meio da fotografia saía uma tarja preta, correspondendo à voz dela.

Telefoto

Dois anos mais tarde, na Copa do Chile, em 1962, a telefoto quase não pôde ser usada pelo Fábio Salles para enviar os retratos dos gols para a redação, porque, com seu portunhol ininteligível, cismou de pedir um benjamim para ligar três tomadas numa única saída elétrica.

A arrumadeira não entendeu e ele uniu polegar e indicador de uma mão – no sinal de OK – e enfiava e retirava repetidamente o indicador da outra mão no orifício resultante, dizendo que “necessito esto agora mismo, muy necessário”.

O gerente do hotel foi chamado para expulsar o jornalista por assédio sexual, mas acabou entendendo e, do laboratório improvisado numa banheira cheia de fixador, as fotos puderam finalmente migrar – cada uma demorando 10 minutos – para São Paulo.

Problema tecnológico também complexo era trabalhar na Internacional nas segundas-feiras, quando uma cabine inteira da redação amanhecia com de oito a dez metros de notícias enfileiradas sem tirar de papel de bobina. Eram uns dois metros de notícias da France Presse, outro tanto da Reuters, outro ainda da Ansa, da United Press e de outras agências, cada uma com seu telex. Durante a noite as informações em inglês, italiano ou francês – o que explicava a necessidade de tradutoras de plantão – fluíam constantemente dos aparelhos.

Telex

Este que vos escreve era uma das ‘vítimas’ que precisava ler rapidamente todas as notícias, jogar fora a maioria, como resultados das corridas de touro da Espanha, para selecionar as que eventualmente mereceriam a honra de serem traduzidas e, quem sabe, publicadas no dia seguinte.

Problema maior era quando, numa época em que satélite era um sonho acalentado por um ou outro maluco da NASA, o cabo submarino que transmitia os sinais dava xabu, um problema que o editor Gianino Carta, pai do Mino, atribuía à publicação, em qualquer página do jornal, do nome do ex-rei da Itália, Vitor Emanuel III.

Apesar de o monarca ter abdicado em 1946, Gianino garantia que nos jornais italianos bastava sair o nome dele para as máquinas engolirem alguns dedos dos impressores e as ramas caírem no chão, misturando todas as linhas de chumbo trabalhosamente fundidas pelas linotipos. O ex-rei era o rei do azar, garantia o jornalista, supersticioso como todos nós.

Voltando ao tema abandonado acima, quando o cabo submarino dava xabu o sinal do telex ficava maluco e em vez de um impulso levar à impressão da letra correta, fazia com que a letra fosse a imediatamente à direita do teclado, se bem me lembro. Em decorrência, a notícia do assassinato, por exemplo, saía grafada como s mpyovos fp sddsddomsyp.

Não dá sequer para imaginar o desespero do jornalista que saía do telex com meio metro de papel de bobina com essa algaravia. Como, porém, nessa época pré-histórica, da qual esse seu criado participou… e com muito orgulho, mercê de anos dentro das cabines de telex, o Alaur Martin pegava a tira de papel com dizeres incompreensíveis e tranquilamente ‘traduzia’ a notícia perdida, trocando cada letra trocada pelo cabo submarino pela letra que deveria ter sido digitada.

Para nós, leigos na criptografia antediluviana, era milagre e quando ele nos devolvia a notícia reescrita de forma legível, só não o beijávamos porque o gesto seria mal interpretado. Mas que ele merecia, merecia.


Luiz Roberto de Souza Queiroz

A história desta semana é novamente de Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto, assíduo colaborador deste espaço, que esteve por muitos anos no Estadão e hoje atua em sua própria empresa de comunicação. Ele diz que este foi feito a quatro mãos, com a esposa, Táta Gago Coutinho. “Explico: a gente conversava, ela foi lembrando os temas e eu correndo atrás, para digitar”.

Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

90 anos de Ziraldo: Editora Melhoramentos publica homenagens e edições especiais

90 anos de Ziraldo: Editora Melhoramentos publica homenagens e edições especiais

O escritor Ziraldo comemora 90 anos na próxima segunda-feira (24/10). Para celebrar, a Editora Melhoramentos publicará ao longo do trimestre homenagens e edições especiais de clássicos do escritor, além de lançar novas obras, como um e-book gratuito dirigido a educadores.

Um dos lançamentos é 90 Maluquinhos por Ziraldo − Histórias e Causos, do cartunista e editor Edra,que reúne histórias e episódios pitorescos e significativos de 45 cartunistas e 45 escritores envolvendo Ziraldo. O livro, com conteúdo de artistas de todo o País, tem também cartuns e fotos dos participantes.

Os clássicos Bichinho da Maçã (vencedor do Prêmio Jabuti de 1982) e Menina Nina completam 40 e 20 anos, respectivamente. A Melhoramentos publicará edições comemorativas das duas obras.

Outra novidade será o lançamento de Especial Ziraldo 90 anos: Dicas para levar suas histórias e personagens para a sala de aula, e-book gratuito para educadores. Seu objetivo é apresentar algumas das obras de Ziraldo e inspirar educadores a levarem essas histórias para o dia a dia da escola. Dividido em cinco capítulos, o e-book contém clássicos como O Menino Maluquinho, Flicts, O Bichinho da Maçã e Meninas, além de indicações de leitura e atividades para desenvolvimento de leitura, interpretação, pensamento crítico e criatividade. Este livro é uma iniciativa da Melhoramentos na Escola. Acesse gratuitamente o material.

Começa a votação para os +Admirados da Imprensa de Tecnologia

+Admirados da Imprensa de Tecnologia: Segundo turno vai até 24/11

Começa nesta quinta-feira (20/10) e vai até 3/11 o primeiro turno de votação para a edição de estreia do Prêmio +Admirados da Imprensa de Tecnologia. Com patrocínio de Hotmart e iFood, além do apoio de divulgação da Press Manager, a premiação vai eleger os jornalistas TOP 25 +Admirados, além de Colunista, e veículos nas seguintes categorias: Agência de Notícias, Canal Digital, Newsletter Especializada, Podcast, Site, Veículo Especializado em Consumo (B2C), Veículo Especializado em Negócios (B2B) e Veículo Geral.

O mecanismo de votação é o mesmo utilizado nas demais eleições da série +Admirados: dois turnos de votação, em que o primeiro turno é de livre indicação e no segundo o eleitor poderá escolher entre os nomes finalistas em todas as categorias.

Para votar basta preencher um curto cadastro e fazer até cinco indicações por categoria. Importante ressaltar que não é necessário indicar em todas as categorias nem ter cinco indicações para cada uma delas. Todos os votos, ainda que parciais, serão computados.

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BBC celebra 100 anos pisando em ovos para se provar imparcial

BBC celebra 100 anos pisando em ovos para se provar imparcial

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Um episódio com o astro de futebol Gary Lineker, cujo desfecho coincide com os 100 anos da BBC, representa bem um dos maiores desafios da rede que esta semana chega ao centenário: agradar a gregos e troianos no que diz respeito à imparcialidade.

No dia 13, a ECU (Executive Complaints Unit) da corporação julgou procedente uma reclamação contra o âncora do Match of The Day e maior salário da casa por um tuíte de fevereiro sobre a guerra da Ucrânia.

Em resposta ao pedido de Liz Truss, então secretária de Relações Exteriores e atual primeira-ministra, para que as equipes da liga inglesa de futebol boicotassem a final da Liga dos Campeões na Rússia se qualificadas, Lineker tuitou: “E o seu partido [o Conservador] devolverá as doações de russos?”.

Embora admitindo que Lineker não é um jornalista e não trabalha só para a BBC, o comitê deliberou que a tomada de posição sobre “uma questão politico-partidária ou controvérsia política” infringiu as normas de uso de mídias sociais.

Para a ECU, Lineker deveria “ter tido cuidado ao abordar questões de política pública”.

O astro já deu dor-de-cabeça à BBC diversas vezes, tanto por seu alto salário quanto por um certo inconformismo com regras, pois ele se considera fora do alcance dos padrões estabelecidos para o jornalismo.

BBC celebra 100 anos pisando em ovos para se provar imparcial
Gary Lineker

O problema é que a fronteira entre programas de análise esportiva e jornalismo é tênue. E para a BBC não é hora de irritar ainda mais um governo que não quer vê-la continuar igual nos próximos 100 anos, se é que ela continuará existindo, coisa que alguns chegam a duvidar.

Em um século, a corporação que nasceu na era do rádio tornou-se parte da vida dos britânicos e de gente de outros países, com serviços em vários idiomas. Tem um papel vital no soft power, exportando cultura por meio de séries, filmes, documentários e jornalismo premiado.

No site comemorativo do centenário, a frase de abertura é “os 100 anos da ‘nossa’ BBC”.

Mas no governo de Boris Johnson (e agora de Liz Truss) entrou na linha de tiro supostamente por uma necessidade de modernização de sua fonte de receita principal, a taxa cobrada das residências para assistir aos canais, mesmo online.

“Supostamente” porque pode até ser coincidência, mas o questionamento da taxa, resultando em um congelamento do valor que está levando a rede a fazer cortes severos, começou depois das eleições de 2019.

Johnson e sua turma passaram a reclamar abertamente de falta de imparcialidade da BBC na cobertura da campanha eleitoral, narrativa comum entre líderes criticados pela mídia.

Na campanha, o tema principal era o Brexit, que dividiu o país e instalou a polarização em um nível incomum para os britânicos. Concluir a saída do Reino Unido da União Europeia era a bandeira de Johnson, mas as dificuldades para executar a missão eram notícia na imprensa.

Só que a BBC não é qualquer imprensa. Ela é uma rede pública, e aí reside a confusão. Mídia pública não é (ou não deveria ser) mídia subserviente ao governo de plantão.

O Partido Conservador iniciou então uma cruzada para desmontar o poder da BBC, o que alguns consideram pura vingança e outros uma tentativa de neutralizar sua influência sobre a sociedade.

A taxa, hoje de £159, foi congelada por dois anos e no que depender do Conservador vai acabar, virando uma cobrança semelhante à das plataformas de streaming.

O algoz da corporação não foi Boris Johnson, que espertamente, como de hábito, escalou sua então secretária Nacional de Cultura e Mídia, Nadine Dorries, como portadora das más notícias.

Nesse tiroteio, a BBC vem tentando dar os anéis para não perder os dedos, buscando estabelecer limites para as manifestações de jornalistas e de estrelas do elenco.

Foi o caso de Lineker, que talvez em outra época não tivesse sido apontado pela casa como culpado do crime de expressar sua opinião de forma desafiadora para o governo.

Não é só. O jornalismo parece mais “cuidadoso”, no mau sentido, passando ao largo de questões polêmicas destacadas em outras mídias.

A BBC chega aos 100 anos com uma penca de problemas. Sua audiência envelheceu e muitos jovens não assistem TV, insensíveis aos programas que a rede criou para eles.

O congelamento da taxa é a ponta do iceberg na questão do financiamento. Já há uma queda em pagantes, porque muitos não assistem TV ou não assistem à BBC.

E se nem a Neftlix está conseguindo navegar em um ecossistema de streaming com vários competidores e pouco dinheiro nos bolsos, a BBC bem pode naufragar se depender somente disso.

Nos últimos meses, a emissora perdeu talentos para outros veículos, alguns alegando desconforto com a política restritiva para manifestação de opiniões pessoais.

O melhor presente de aniversário para a BBC seria algo que ela veio perdendo: a invulnerabilidade em relação a governos ou partidos, que até a era Johnson podiam até reclamar um pouco, mas não ousavam cortar suas asas.


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Prêmio IREE de Jornalismo 2022 abre inscrições

Prêmio IREE de Jornalismo 2022 abre inscrições

Estão abertas as inscrições para o Prêmio IREE de Jornalismo 2022. Nesta 3ª edição, ele vai selecionar as melhores reportagens sobre temas nacionais, política, economia e negócios publicadas entre 15 de novembro de 2021 e 15 de novembro de 2022 em jornais, revistas, sites, emissoras de rádio e de TV.

Ao todo serão concedidos R$ 110 mil, divididos em três categorias: R$ 50 mil para o vencedor do Prêmio IREE de Reportagem, R$ 30 mil para o vencedor do Prêmio IREE de Reportagem – Política e igual quantia ao vencedor do Prêmio IREE de Reportagem – Economia e Negócios.

Só serão aceitos trabalhos publicados originalmente em português, no Brasil. As reportagens devem ser inscritas pelo próprio autor no site www.iree.org.br ou na página iree.org.br/jornalismo/.

O prêmio foi criado em 2020 pelo Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa para celebrar um pilar imprescindível da democracia: o jornalismo profissional e independente. “A sociedade livre, justa e próspera que almejamos para o Brasil depende do jornalismo profissional, exercido com independência e livre das ameaças dos poderosos do momento”, destaca Walfrido Warde, fundador e presidente do IREE.

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