* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
Fernando Molica lançou em 11 de julho o volume Náufragos, pela editora Malê. Nos 19 contos, o autor trata de personagens que passam por momentos decisivos de suas vidas e que, depois de enfrentar tempestades pessoais, nem sempre conseguem voltar à tona.
Molica publicou nove livros, entre eles seis romances. Dois deles – Notícias do Mirandão, pela Record, e Bandeira negra, amor, pela Objetiva – foram lançados na Alemanha e na França. Ele mantém um site e um blog em www.fernandomolica.com.br.
Como jornalista, formado pela UFRJ, ele trabalhou nas sucursais do Estadão e Folha e foi chefe de reportagem do Globo. Na TV Globo, ganhou o prêmio Vladimir Herzog. Em O Dia, recebeu o Embratel com a equipe de reportagens sobre a ditadura militar. Foi editor de Veja, e apresentador e analista da CNN. Organizou para a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) três coletâneas de reportagens. Coordenou o MBA em Jornalismo investigativo e realidade brasileira da FGV-Rio.
Agência Pública, Congresso em Foco/UOL e ICL Notícias são alvos de Arthur Lira (foto) na justiça
Segue firme a luta de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, em impedir que veículos jornalísticos divulguem as recentes denúncias de corrupção e violência contra sua ex-mulher Jullyene Lins.
Depois das ações divulgadas na última semana contra o ICL – Instituto Conhecimento Liberta e a Agência Pública, a vítima da vez foi o site Congresso em Foco, que a partir de uma liminar provisória concedida pela Justiça do Distrito Federal, foi obrigado a retirar do ar uma reportagem em que a ex-mulher do deputado o acusa de ter cometido violência sexual contra ela em 2006.
A decisão é do juiz Jayder Ramos de Araújo, da 10ª Vara Cível de Brasília, e é datada do dia 3 de julho. O caso está sob sigilo e o mérito ainda será julgado. Além da remoção do conteúdo, a ação por danos morais também pede indenização de R$ 100 mil e tem como partes, além de Jullyene, o portal UOL, onde o Congresso em Foco está hospedado e mantem relação comercial com independência editorial.
Agência Pública, Congresso em Foco/UOL e ICL Notícias são alvos de Arthur Lira (foto) na justiça
Mesmo enredo, diferentes atores e resultados
Com a divulgação do caso envolvendo o Congresso em Foco, já são três os veículos de imprensa acionados na justiça pelo deputado alagoano. A diferença é que nos casos anteriores, contra ICL Notícias e Agência Pública, ambas divulgadas na semana passada, a decisão inicial da justiça foi contrária à remoção dos conteúdos.
No caso da Agência Pública, o parlamentar entrou com ação na 14ª Vara Cível de Brasília contra a publicação, e também sua ex-esposa. O pedido de tutela de urgência apresentado por Lira na ação foi indeferido pelo juiz Luiz Carlos de Miranda. O magistrado entendeu que a reportagem é de interesse público e visa a informar os leitores. “Não é demais lembrar que o autor, por ser figura pública e política de inegável importância no cenário brasileiro, desperta legítimo interesse quanto aos seus atos de governo, mas também quanto à sua vida pessoal”, declarou o magistrado.
Lira também havia solicitado que o processo corresse em segredo de justiça, o que também foi indeferido pelo juiz da ação. Neste caso, assim como no do Congresso em Foco, além da retirada do conteúdo, foi pedida indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil.
Em nota da direção, a Agência Pública escreveu que repudia “a tentativa de intimidação judicial com pedido de censura prévia”. O veículo reiterou que a reportagem em questão “foi feita com base em documentos judiciais e fontes que deram seu depoimento sobre os fatos. Os pedidos de entrevista com as pessoas retratadas foram realizados com total lisura, ética jornalística e respeito à privacidade, com contatos por telefone e pessoalmente”.
A Pública declarou que entrou em contato com Lira para esclarecimentos e abriu espaço para ouvir e publicar o lado do deputado, que optou por não responder aos questionamentos.
Já no caso contra o ICL, o deputado pediu a remoção de reportagens, entrevistas e comentários produzidos pelo programa ICL Notícias. Além das denúncias feitas pela ex-mulher do deputado, neste caso a ação também mira comentários feitos durante o programa sobre o arquivamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de uma investigação por corrupção passiva, envolvendo aquisição superfaturada de kits de robótica para escolas de Alagoas.
Lira entrou com uma ação na 24ª Vara Cível de Brasília para a retirada de ao menos 43 vídeos do ICL Notícias, e pediu indenização de R$ 300 mil por dano moral. O deputado pediu em caráter de urgência que todos os links do programa, incluindo trechos publicados pelos participantes, fossem retirados das redes sociais. Mas o juiz Gustavo Fernandes Sales negou a tutela de urgência, afirmando que a retirada do conteúdo do ar sem que passasse pelo trâmite normal do processo de danos morais poderia “impor verdadeira censura à liberdade de imprensa”.
Para Eduardo Moreira, responsável pela Editora Conhecimento Liberta, que produz o ICL Notícias, “não há dúvidas, trata-se de covarde e vergonhosa censura. É inaceitável o chefe de um dos três poderes de uma República dita democrática tentar calar um canal de informações via pressão política e jurídica”.
Seguidores do ICL Notícias estão promovendo um abaixo-assinado em defesa da liberdade de imprensa e em repúdio à ação de Lira. No momento da publicação deste texto, o manifesto contava com cerca de 160 mil assinaturas. A hashtag #TocomICL também viralizou nas redes sociais.
Entidades repudiam atitude de Arthur Lira
Organizações defensoras da liberdade de imprensa publicaram nota conjunta em repúdio às ações judiciais de Arthur Lira contra os veículos jornalísticos. Para as entidades, trata-se de uma “tentativa de silenciar meios de comunicação” e “tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa”.
“É inadmissível que o presidente da Câmara dos Deputados, um dos poderes que devem zelar pelos preceitos constitucionais, faça uso do Judiciário para cercear conteúdos jornalísticos que lhe desagradam”, diz a nota. “A negativa de retirada imediata das reportagens, proferida por dois magistrados diferentes, é um dos sinais do equívoco e do exagero do parlamentar em lidar com o noticiário e com os profissionais de imprensa em uma situação que, certamente, lhe causou desconforto”.
Assinam a nota Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Instituto Vladimir Herzog, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, Instituto Palavra Aberta e Instituto Tornavoz.
Afonso Bezerra passou a comandar o Bem Viver a partir de Pernambuco
O programa Bem Viver, produzido pelo Brasil de Fato e exibido pela Rede TVT, tem novo apresentador. O pernambucano Afonso Bezerra assumiu o comando do semanal, focado em temas como agroecologia, sustentabilidade e alimentação saudável.
Ele entrou na vaga que nos últimos dois anos e meio foi ocupada por Luana Ibelli, que passou a apresentar o programa diário Central do Brasil, também uma produção BdF/TVT. Com a mudança, a apresentação do programa, até então feita em São Paulo, passou a ser ao vivo em Recife.
Formado pela Universidade Católica de Pernambuco, Afonso já trabalhou no Diário de Pernambuco e na TV Justiça. Além do Bem Viver, ele é repórter do Central do Brasil.
Afonso Bezerra passou a comandar o Bem Viver a partir de Pernambuco
“O programa é fundamental para a nossa vida em sociedade, por indicar caminhos possíveis para uma relação harmoniosa e saudável com nossa alimentação, com a natureza e, claro, com as manifestações políticas e culturais do nosso povo”, sintetiza Afonso.
Outra novidade do Bem Viver é a estreia do Comida de Verdade, novo quadro de receitas culinárias. Usando ingredientes da rede Armazém do Campo, que comercializa alimentos orgânicos produzidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o quadro conta com a participação de estudantes do Gastronomia Periférica, negócio social que visa transformar a vida de jovens da periferia a partir da culinária.
Na temporada de estreia, a cozinha do Comida de Verdade é comanda pela chefGema Soto, venezuelana que mora há dez anos no Brasil e que foi aluna do Gastronomia Periférica.
Henri Karam (ex-Grupo Bandeirantes e CNN Brasil) assumiu em junho o cargo de gerente de Relações Públicas da BYD Brasil. A área vinha sendo comandada pelo então diretor de Comunicação, Sustentabilidade e Assuntos Corporativos Adalberto Maluf, que deixou a empresa em março para assumir o cargo de secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
“Minha chegada à BYD é mais uma importante etapa na minha carreira”, comemora Karam, que já em seus primeiros dias no cargo participou de dois importantes eventos da marca: o lançamento do Dolphin EV, em 28/6, em São Paulo, e o anúncio de sua fábrica no Brasil, em 4/7, em Salvador. “Tenho como desafio ajudar a contar aos brasileiros a história desta greentech que está revolucionando a mobilidade em busca de um futuro mais verde e sustentável. Temos uma meta ousada e vital: ajudar a reduzir em um 1°C a temperatura do planeta e estou muito animado em ajudar a transformar esse objetivo em realidade”.
Sob a gestão de Karam, os núcleos de atendimento à imprensa funcionam por temas de abrangência.
Assuntos relacionados a automóveis (produto e frota de imprensa), veículos corporativos (produto e frota de imprensa), BYD Energy (solar, painéis fotovoltaicos), equipamentos de movimentação (empilhadeiras, rebocadores e transpaleteiras) e notícias internacionais de produtos, continuam sob a responsabilidade da Linkpress, com atendimento de Ricardo Ghigonetto (11-98437-8497 e [email protected]).
Para assuntos de branding, informações institucionais, além de novas plantas, premiações e sustentabilidade, o atendimento é realizado pela GBR, aos cuidados de Ana Paiva (11-99246-3759 e [email protected]).
E temas ligados a ônibus elétricos e SkyRail, além de solicitações de entrevistas e informações sobre esses segmentos, continuam com a Letícia Bragaglia Comunicação, com atendimento de Cintia Ruiz (11-98080-9800 e [email protected]).
Associated Press se une a criadora do ChatGTP para o uso de IA em notícias
A Associated Press (AP) e a Open Ai anunciaram em 13/7 uma parceria visando a explorar o uso de inteligência artificial generativa em notícias. Pelo acordo, a AP licenciou parte de seu arquivo de reportagens para a criadora do ChatGTP.
Segundo a Agência Reuters, o banco de notícias da AP será capaz de fornecer grandes quantidades dos dados necessários para treinar sistemas de IA, como o ChatGTP. A empresa já utiliza IA para automatizar relatórios de resultados corporativos, resumir eventos esportivos e transcrever alguns eventos ao vivo.
“A inteligência artificial generativa é um campo em rápida evolução, com implicações tremendas na indústria de notícias”, disse Kristin Heitmann, vice-presidente sênior e diretora de receitas da Associated Press. “As organizações jornalísticas devem ter um lugar à mesa para que redações grandes e pequenas possam aproveitar essa tecnologia em benefício do jornalismo”.
O acordo prevê que a agência de notícias terá acesso à tecnologia e à expertise de produtos da OpenAI. Os detalhes financeiros não foram divulgados.
Uma parte do cenário da CNN Brasil desabou na manhã de 14/7 durante a transmissão do CNN Manhã, da CNN Rádio, apresentado por Roberto Nonato e Nicole Fusco. Uma peça do teto caiu em cima dos âncoras e chegou a atingir Nonato, que felizmente não se feriu.
O caso ocorreu às 5h18 da manhã. Segundo a assessoria de imprensa da CNN Brasil, Nonato e Fusco falavam sobre as principais notícias do dia, quando o acabamento cenográfico, constituído por material leve, se desprendeu e caiu em cima dos apresentadores. Nonato levantou-se assustado e ficou dor na cabeça depois, mas não se feriu, segundo apurou o Notícias da TV.
Já Nicole assustou-se e ficou sentada na hora do desabamento. A transmissão ao vivo foi interrompida e, na sequência, entrou o intervalo comercial. O momento do acidente não aparece no vídeo publicado no canal da CNN Brasil no YouTube da CNN, com trechos do programa.
O CNN Manhã vai ao ar das 5h às 10h na CNN Rádio, feita em parceria com a Rede Transamérica.
O jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys foi nomeado como assessor na Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), atuando na área de planejamento de comunicação do governo Lula.
Em nota, a Secom informou que a nomeação deve ser publicada no Diário Oficial nos próximos dias: “O jornalista e escritor baiano Jean Wyllys passará a integrar a equipe do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta. Irá atuar como assessor no planejamento de comunicação do governo”.
Wyllys retornou recentemente ao Brasil, após quatro anos fora do País. No começo de 2019, renunciou ao cargo de deputado federal, conquistado nas eleições de 2018, sob alegação de estar sofrendo ameaças de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deixou o Brasil por quatro anos, período descrito pelo próprio Wyllys como “autoexílio”. No exterior, fez doutorado em Barcelona.
Na semana passada, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, publicou um vídeo com Wyllys no Palácio do Planalto. Ela comemorou o retorno do ex-parlamentar ao Brasil. No vídeo, Wyllys declarou: “É emocionante retornar ao meu lugar, ao meu aconchego, ao Brasil que quero, ao Brasil que eu me identifico, ao Brasil que eu quero ajudar a construir”.
Luisa Garcia, sócia e COO Global, Luis Guericagoitia, novo sócio e diretor sênior de Comunicação Financeira LLYC Madri, José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente LLYC, Alejandro Romero, sócio e CEO Global e Diego Olavarria, novo sócio e diretor-geral de Deep Digital da Região Sul
A assembleia da LLYC Partners S.L. aprovou, no Encontro de Sócios realizado em Madri, a nomeação de dois novos sócios para a companhia, ambos do próprio time: Diego Olavarria, diretor-geral de Deep Digital da Região Sul (Brasil, Argentina e Chile), e que atua direto de São Paulo; e Luis Guerricagoitia, diretor sênior de Comunicação Financeira do escritório em Madri.
“Estamos em um momento de crescimento e transformação, no qual nosso modelo de parceria é mais valioso do que nunca, tanto para desenvolver e reter nossos melhores profissionais quanto para promover juntos nossa visão e objetivos futuros”, declarou José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente da LLYC. Com essas duas novas nomeações, a LLYC passa a contar com 33 sócios, 18 na Europa e 15 em operações nas Américas.
Luisa Garcia, sócia e COO Global, Luis Guericagoitia, novo sócio e diretor sênior de Comunicação Financeira LLYC Madri, José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente LLYC, Alejandro Romero, sócio e CEO Global e Diego Olavarria, novo sócio e diretor-geral de Deep Digital da Região Sul
A agência também anunciou dois novos membros em seu Conselho Consultivo, o jornalista Sérgio Sá Leitão, ex-ministro da Cultura, e a especialista em marketing e brandingMonica Mendes.
Abracom Educa − Trilha de ESG é o nome do programa que acaba de ser anunciado pela Abracom, voltado aos profissionais de agências de comunicação que atuam nas áreas relacionadas ao tema. A trilha de capacitação terá início em 8/8 e será dividida em três módulos online, abrangendo os pilares E (Environmental), S (Social) e G (Governance). Serão duas aulas semanais ao longo de seis semanas, totalizando 18 horas.
Os integrantes também terão a oportunidade de participar de um Master Talk exclusivo, conduzido pelos instrutores e por outros palestrantes especializados ao final da trilha. Serão abertas 60 vagas gratuitas, com limite máximo de duas inscrições por agência associada, e a emissão de certificado para quem tiver 75% de presença ao longo da trilha.
Everton Vasconcelos, diretor de capacitação profissional e gestão da Abracom, destaca a parceria firmada com o Instituto Bold, com foco em pessoas de baixa renda e também em inteligência emocional e empreendedorismo, para ser uma ponte entre jovens e empresas e desse modo fomentar diversidade e inclusão social no Brasil.
O projeto contemplará dez vagas gratuitas para estudantes do Bold de baixa renda e 20 vagas para profissionais de agências não associadas à Abracom, com um valor compatível com a realidade de mercado e a riqueza do conteúdo programático. “Dessa forma, além de contribuirmos com o desenvolvimento dos talentos no mercado de comunicação corporativa, ratificamos o nosso compromisso em promover a inclusão e a diversidade no setor incentivando a construção de um ecossistema sustentável com legados importantes para a sociedade”, afirma Vasconcelos.
Agência Pública, Congresso em Foco/UOL e ICL Notícias são alvos de Arthur Lira (foto) na justiça
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), está tentando censurar veículos jornalísticos após reportagens sobre acusações de corrupção envolvendo o deputado, e de violência contra sua ex-mulher Jullyene Lins. As ações foram abertas em junho na Justiça de Brasília, e aguardam julgamento.
Por meio de ações judiciais, Lira tenta silenciar o trabalho de ao menos dois veículos de imprensa. Não se sabe se o deputado entrará com novas ações contra outras empresas jornalísticas.
O mais recente caso de assédio judicial ocorreu com a Agência Pública, que publicou uma entrevista com a ex-mulher de Lira, que o acusou de violência sexual, física e psicológica. O deputado entrou com ação na 14ª Vara Cível de Brasília contra a Pública e a ex-esposa, sob a alegação de danos morais. Ele pediu R$ 100 mil de indenização e a retirada do conteúdo do ar.
O pedido de tutela de urgência apresentado por Lira na ação foi indeferido pelo juiz Luiz Carlos de Miranda. O magistrado entendeu que a reportagem é de interesse público e visa a informar os leitores. Lira também havia solicitado que o processo corresse em segredo de justiça, o que também foi indeferido pelo juiz da ação.
“Não é demais lembrar que o autor, por ser figura pública e política de inegável importância no cenário brasileiro, desperta legítimo interesse quanto aos seus atos de governo, mas também quanto à sua vida pessoal”, declarou o magistrado.
Em nota da direção, a Agência Pública escreveu que repudia “a tentativa de intimidação judicial com pedido de censura prévia”. O veículo reiterou que a reportagem em questão “foi feita com base em documentos judiciais e fontes que deram seu depoimento sobre os fatos. Os pedidos de entrevista com as pessoas retratadas foram realizados com total lisura, ética jornalística e respeito à privacidade, com contatos por telefone e pessoalmente”.
A Pública declarou que entrou em contato com Lira para esclarecimentos e abriu espaço para ouvir e publicar o lado do deputado, que optou por não responder aos questionamentos.
ICL Notícias também sofre tentativa de censura prévia
Nesta semana, Arthur Lira também entrou com ação judicial contra o ICL Notícias, para remover reportagens, entrevistas e comentários produzidos pelo veículo. Na ação, o deputado destaca um programa específico em que o ICL abordou acusações contra ele.
No programa em questão, o ICL Notícias falou sobre o arquivamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de uma investigação contra o deputado por corrupção passiva, envolvendo o suposto recebimento de R$ 106.000 em propina por meio de um assessor, e denúncias de envolvimento de um auxiliar de Lira na aquisição superfaturada de kits de robótica para escolas de Alagoas, além das denúncias de violência contra sua ex-mulher.
Lira entrou com uma ação na 24ª Vara Cível de Brasília para a retirada de ao menos 43 vídeos do ICL Notícias, além de indenização de R$ 300 mil por dano moral. O deputado pediu em caráter de urgência que todos os links do programa, incluindo trechos publicados pelos participantes, fossem retirados das redes sociais. Mas o juiz Gustavo Fernandes Sales negou a tutela de urgência, afirmando que a retirada do conteúdo do ar sem que passasse pelo trâmite normal do processo de danos morais poderia “impor verdadeira censura à liberdade de imprensa”.
Para Eduardo Moreira, responsável pela Editora Conhecimento Liberta, que produz o ICL Notícias, “não há dúvidas, trata-se de covarde e vergonhosa censura. É inaceitável o chefe de um dos três poderes de uma República dita democrática tentar calar um canal de informações via pressão política e jurídica”.
Seguidores do ICL Notícias estão promovendo um abaixo-assinado em defesa da liberdade de imprensa e em repúdio à ação de Lira. No momento da publicação deste texto, o manifesto contava com mais de 133 mil assinaturas. A hashtag #TocomICL também viralizou nas redes sociais.
Entidades repudiam atitude de Arthur Lira
Organizações defensoras da liberdade de imprensa publicaram nota conjunta em repúdio às ações judiciais de Arthur Lira contra os veículos jornalísticos. Para as entidades, trata-se de uma “tentativa de silenciar meios de comunicação” e “tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa”.
“É inadmissível que o presidente da Câmara dos Deputados, um dos poderes que devem zelar pelos preceitos constitucionais, faça uso do Judiciário para cercear conteúdos jornalísticos que lhe desagradam”, diz a nota. “A negativa de retirada imediata das reportagens, proferida por dois magistrados diferentes, é um dos sinais do equívoco e do exagero do parlamentar em lidar com o noticiário e com os profissionais de imprensa em uma situação que, certamente, lhe causou desconforto”.
Assinam a nota Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Instituto Vladimir Herzog, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, Instituto Palavra Aberta e Instituto Tornavoz.