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Malu Weber: “O que vejo para o futuro é um ambiente de contínua colaboração, principalmente diante dos temas divergentes”

Malu Weber: “O que vejo para o futuro é um ambiente de contínua colaboração, principalmente diante dos temas divergentes”

Recém-empossada presidente do Conselho Deliberativo da Aberje, em mandato próprio, Malu Weber é a terceira mulher a conduzir os destinos da mais importante entidade de comunicação empresarial da América Latina, cargo que ocupa em paralelo com o de sua atuação principal: diretora executiva de Comunicação Corporativa do Grupo Bayer, onde também é membro do board de Negócios Brasil e do time de Liderança Global de Comunicação.

Nesta entrevista a J&Cia ela fala dos desafios de liderar o Conselho dessa entidade de referência, com mais de meio século de vida e hoje uma referência internacional. Também revela seu olhar sobre o atual estágio da comunicação corporativa no Brasil e dos desafios que estão no radar. E abre seu coração sobre como foi encarar um difícil ano pessoal, em que perdeu o esposo, tendo de passar praticamente 300 dias num quarto de UTI.

Jornalistas&Cia – Sua primeira declaração, ao ser confirmada presidente do Conselho Deliberativo da Aberje, agora em mandato próprio, foi de que iniciava a nova jornada com muito mais perguntas que respostas. Para onde crê que os ventos sopram hoje na comunicação corporativa e quais os planos e ações para esse futuro próximo?

Malu Weber – Sem dúvida, a gente já viveu a era das respostas, em que era esperado das áreas de comunicação, de seus profissionais e das companhias, apontar os caminhos e as direções a serem seguidas; agora, estamos vivendo a era das perguntas. Em tempos de IA generativa, big data e análise preditiva, saber fazer as perguntas corretas é o único meio de encontrar as respostas. Além disso, eu acredito muito no poder da escuta ativa. Minha carreira me ensinou lições valiosas ao longo do tempo. Iniciar algo novo com a prontidão de ouvir, acolher sugestões e colaborar no desenvolvimento conjunto é um caminho muito mais seguro, porque trilhar caminhos solitários quase sempre nos leva ao fracasso. É importante entender o que é valor para o outro: seja ele o associado, a sociedade ou a própria Aberje. A partir dessa compreensão, podemos, de forma coletiva, elaborar um planejamento que agregue valor, assumindo papéis de liderança e responsabilidade compartilhada. Outro ponto de partida fundamental é a identificação das necessidades e expectativas de nossos públicos, sendo este um primeiro passo para continuarmos evoluindo e trazendo relevância para a nossa associação e para todos que fazem parte dela.

J&Cia – Numa atividade em que há nítido protagonismo e predomínio feminino, você é, em 57 anos de existência da Aberje, apenas a terceira mulher a ocupar a Presidência do Conselho. Antes foram a pioneira Elisa Vannuccini, nos anos 1970 e 1980, e mais recentemente Gislaine Rossetti. Curiosamente, a primeira diretoria da entidade, no período 1967-1970 tinha 12 integrantes e nenhuma mulher. Na segunda, já havia uma, Eliana Neves Athayde; e na terceira, três, as duas mais Elisa Vannuccini. Olhando hoje, a comunicação corporativa tem muito mais mulheres no andar de cima das organizações, na liderança. Você considera que, na nossa atividade, a questão de gênero já seria uma coisa resolvida, na comparação com outros setores da atividade econômica?

Malu – Não está resolvido. Estamos em uma jornada evolutiva em busca da diversidade e ainda temos muito a caminhar nesse sentido. Isso é muito maior do que apenas a nossa atividade econômica. Não basta estar em uma posição de relevância; é necessário ser relevante. Isso requer o estabelecimento de uma voz respeitada e ouvida, com a mesma influência e consideração. Esse processo é construído ao longo do tempo, estabelecendo relações de confiança e cultivando aliadas e aliados em nossa trajetória. Requer também uma determinação inabalável diante das derrotas, e é por isso que gosto tanto do esporte – que me fez (e continua fazendo) entender, por mais doído que seja, que as derrotas fazem parte do aprendizado. Um dia desses li que é muito melhor nos arrependermos do que fizemos do que daquilo que não fizemos. Se o resultado não foi bom, que a gente aprenda com ele. E o que ainda não fizemos, que façamos, com coragem, determinação e nos perdoando mais rapidamente, evitando autocríticas excessivas quando cometemos erros. Ainda nesse tema de equidade de gênero, entendo que uma das frentes que precisamos avançar é na sororidade entre as mulheres. Ainda vejo muita competição feminina e isso precisa acabar de vez. Precisamos ter um pacto real de uma subir e puxar a outra. Não se trata de excluirmos os homens, ao contrário. Eles precisam ser nossos aliados nessa evolução. Trata-se de sermos mais generosas umas com as outras.

J&Cia – Você assumiu a Presidência temporária, para cumprir o restante do mandato de Nelson Silveira, vivendo um problema pessoal terrível de saúde em família, que culminou com o falecimento de seu esposo. Como foi enfrentar essa imensa carga de emoções e que legados ela deixa na pessoa e na executiva?

Malu – Vivemos uma montanha-russa de emoções durante 300 dias, morando num quarto de UTI, de 17 de agosto de 2022, quando Celestino teve um AVC hemorrágico, até 29 de junho de 2023, quando um fungo agressivo abateu um corpo já fragilizado (candidemia), e ele não resistiu. Tivemos o privilégio de poder nos cercar dos melhores médicos e de uma equipe formada por tantos especialistas, que não só cuidaram do meu marido, mas também de mim e da nossa família. A começar pelo meu irmão, psiquiatra, que esteve comigo em todos os momentos mais dramáticos dessa jornada, e minhas cunhadas Vania e Bernardete, que revezavam comigo e com o Pedro (nosso filho) no hospital.

Tudo se tornou mais leve com um time empoderado na Bayer, que tinha autonomia e competência de entregar resultados excepcionais durante a minha ausência; aos colegas e amigos que estavam sempre a postos para nos socorrer; e à própria Bayer, que me apoiou (e me apoia) incondicionalmente em todos os sentidos, tanto os colegas do RH quanto meus líderes, Michael Preuss e Malu Nachreiner, que me mostraram na prática os valores inegociáveis da companhia e o cuidado com a sua gente.

O maior legado que fica, do momento mais dramático e doloroso pelo qual passei até aqui, é esse mesmo: a importância do cuidar, de estabelecer relações genuínas, de viver o hoje com entusiasmo, de ter ao seu lado pessoas que são competentes e verdadeiramente humanas. Ver o ser “efetivo e afetivo”, de que tanto temos falado, fazendo sentido de forma tão plena em minha vida. Sem falar na gratidão pelos 35 anos de convivência com a pessoa mais generosa e cuidadora que já conheci, e pelo legado que ele nos deixou e que vamos continuar colocando em prática, vivenciando o luto a cada dia, sem fazer de conta que já está tudo bem.

J&Cia – J&Cia, em sua edição de aniversário de 28 anos, abriu suas páginas para mostrar a influência marcante do jornalismo e dos jornalistas na atividade da comunicação corporativa no Brasil. E o fez, quase que na forma de um editorial, mostrando que essa influência − que se vê em quase todas as ações de empresas e agências sob o império do conteúdo, da ética, da transparência, da linguagem etc. − tornou a nossa escola única no mundo, diferenciada, amalgamada efetivamente com o jornalismo, cada qual, claro, cumprindo seu papel. Qual a sua avaliação e o que pensa do tema?

Malu – Entendo esse amadurecimento do papel da nossa área como o resultado de um conjunto de fatores, a começar pela preparação de quem ocupa hoje a área de comunicação. Estamos também mudando o conceito de sucesso da área. Deixamos de ser meros produtores de conteúdo de um jornal interno no passado para ocupar uma posição estratégica de conselheiros, facilitadores e conectores, ajudando na construção de relacionamentos de valor, conhecendo o que é relevante para o negócio, para a sociedade e para os públicos com os quais interagimos.

Eu me lembro que tinha apenas 12 dias de Bayer quando a empresa lançou a primeira edição do programa de trainees exclusivo para negros no Brasil, e fomos acusados de “racismo reverso” por parte da sociedade. Nosso papel foi de ouvir nossas diversas áreas, entender as acusações infundadas, influenciar a organização de que deveríamos nos posicionar de forma contundente para dentro e para fora (trazendo todos os argumentos que endossavam nossa orientação) e construir a estratégia de comunicação a várias mãos, certificando-nos de que estávamos seguros com a recomendação que estávamos fazendo. É o protagonismo e a responsabilidade compartilhados em que tanto acredito. Nesse cenário, a nossa relação com os jornalistas continua e sempre continuará sendo muito relevante. Vejo que hoje existe uma troca muito melhor, mais ampla e colaborativa nesse ecossistema. Muitos paradigmas foram quebrados ao longo dos anos. A ética de todos os profissionais envolvidos, mais do que nunca, tem sido a grande balizadora dessas relações. E a disposição para contribuir e colaborar dos dois lados. É um ambiente muito mais saudável e de muito potencial.

J&Cia – Como você e a Aberje pensam o futuro próximo desse grande ecossistema de comunicação, que envolve as áreas internas de comunicação das empresas, o setor público em toda a extensão dos Três Poderes e das esferas federal, estaduais e municipais, mais as agências, o marketing digital, a publicidade e as áreas afins internas, como compliance, RH, Jurídico?

Malu – É um ecossistema realmente muito poderoso e potente, que precisa ser pautado pela ética nas relações e por uma governança eficiente, fluida e transparente. Não podemos ser ingênuos ao falar de um ecossistema tão amplo. Existem interesses específicos de todas as partes. Às vezes convergentes e outras, divergentes. Essa é a realidade das relações. Mas o que vejo para o futuro é um ambiente de contínua colaboração, principalmente diante dos temas divergentes. Nas diferenças é preciso uma abordagem também colaborativa e de escuta para que todas as partes ataquem os desafios, e não umas às outras. A comunicação é fundamental nessas relações e no estabelecimento dessas práticas de mais abertura e troca. Além disso, a tecnologia está cada vez mais em nossas mãos, para que possamos facilitar que isso ocorra de modo mais fluido e com menos entraves.

E, claro, precisamos acompanhar tendências de mercado e buscar maneiras de trazer cada vez mais valor para a organização. E isso significa estimular a provocação, o questionamento e a construção de um ambiente produtivo e de escuta ativa, onde todas as pessoas sejam valorizadas, sem distinção de cargos, mas respeitando a diversidade de opiniões, vivências e saberes. Independentemente de hierarquias, desde o estagiário até o diretor, todos devem sentir-se acolhidos e confiantes para expressar ideias, provocar debates, questionar, discordar quando necessário e liderar. É essencial mantermos a flexibilidade e estarmos dispostos a adotar mudanças saudáveis, que contribuam para o progresso e a evolução contínua das organizações. Estou muito animada diante das possibilidades que estamos contemplando para o futuro próximo.

J&Cia – Como vê o papel das organizações e da comunicação corporativa no combate ao discurso de ódio, no fortalecimento da democracia, no arrefecimento da tão nefasta polarização política? Temos um caminho por aí?

Malu Precisamos ter esse caminho. Mais do que nunca, é preciso utilizar esse lugar de influência da comunicação corporativa para criarmos uma comunicação que seja verdadeiramente inclusiva. Ser inclusivo significa explicar o que ainda não foi plenamente entendido, trazer abordagens mais humanas e quebrar silos com respeito e com a intenção de educar. Hoje, principalmente nas redes sociais, existem fórmulas prontas para você ganhar relevância digital rapidamente, mas muitas vezes elas incluem escolher um lado da polarização e crescer a partir dele. Não é nisso que eu acredito e não é isso que nenhum comunicador responsável deveria fazer. A comunicação tem um papel de esclarecimento e de conciliação. Precisamos construir pontes em vez de atear fogo.

O papel da comunicação no combate a qualquer tipo de atitude que fere a democracia é de extrema importância. Embora não exista uma solução única, as organizações podem contribuir para a criação de um ambiente mais saudável, promovendo valores democráticos e com responsabilidade em suas práticas e comunicações. Os gestores devem liderar pelo exemplo e fortalecer uma cultura de respeito e acolhimento. A empresa deve priorizar a transparência e a ética nos negócios, respeitando as leis e normas que constituem uma sociedade civil democrática e confiável, além de promover valores fundamentais, como diversidade, equidade e inclusão, garantindo que diferentes perspectivas sejam consideradas e que a tomada de decisões seja mais representativa da sociedade.

J&Cia – Para finalizar, onde você acha que a comunicação corporativa está indo muito bem e onde ela precisa avançar e vencer desafios?

Malu – Estamos indo superbem em estabelecer um posicionamento cada vez mais arrojado e consultivo dentro das organizações. Essa evolução da nossa área tem sido muito proeminente, possibilitando que estejamos nas conversas e envolvidos nos planejamentos estratégicos que estão guiando as companhias e os mercados em novas direções. A integração das áreas e disciplinas também é um ponto de destaque, uma vez que a gente vê obstáculos e muros cada vez menores. A tal comunicação integrada, que é falada há tantas décadas de modo teórico, finalmente tem acontecido pra valer. É maravilhoso vermos isso acontecendo. A participação ativa dos colaboradores na comunicação também tem sido cada vez mais valorizada, permitindo que suas vozes contribuam para contar a história da empresa e promover sua cultura.

No que precisamos avançar, entendo que temos muita oportunidade em realmente nos estabelecermos como early adopters de novas tecnologias e tendências. Ainda há resistência para uso de novas tecnologias, embora, na realidade, elas sejam projetadas para nos ajudar naquilo que são melhores, assim como as pessoas devem focar nas ações mais humanas e estratégicas. Percebo que muitas vezes somos porta-vozes dessas novidades dentro das organizações e nos fóruns em que participamos, mas investimos muito tempo em discussões teóricas e muito pouco em adoção. Precisamos ser mais ágeis nesse sentido, com menos certezas e mais provocações, estimulando ambientes de experimentação em que liderança é muito mais uma questão de atitude do que de cargo. Também precisamos estar mais abertos a aprender, desaprender e reaprender de novo. Repensar nossa forma de trabalhar à luz da evolução das empresas e da sociedade. Sem esquecer do básico e da nossa essência, que é sermos humanos. Aliás, sempre acreditei no poder impulsionador que existe na combinação de comunicação afetiva, efetiva e cada vez mais tecnológica. É o que o futuro espera de nós – a começar já.

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Ariosto Mesquita deixa a revista DBO após 13 anos

Ariosto Mesquita deixa a revista DBO após 13 anos

Ariosto Mesquita deixou a revista DBO, especializada em bovinocultura de corte, após 13 anos de casa. Desde 2010, assinou reportagens e foi a campo para visitar fazendas, projetos e levantou pautas a cada viagem e evento. Ele finalizou suas últimas pautas como repórter da DBO nesta semana.

O fato de morar em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, região que concentra quase 33% de todo o rebanho bovino nacional, facilitou sua atuação jornalística na revista, segundo o próprio Ariosto, em conversa com este J&Cia Agro. Uma de suas últimas reportagens, sobre os 40 anos da integração lavoura-pecuária, foi capa da edição de outubro da DBO.

Ariosto esteve em 2022 entre os +Admirados Jornalistas da Imprensa do Agronegócio, em eleição promovida por este J&Cia. Ele ainda não tem novos rumos profissionais, mas deve anunciar novidades mais à frente. Continua como consultor de comunicação para a Latina Seeds, cargo que ocupa desde 2021. O contato dele é [email protected].

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Um ano de Twitter/X sob Musk: prejuízos, desinformação e uma batalha sem vencedores com a imprensa

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

O Twitter completa esta semana um ano sob a gestão de Elon Musk, que começou tachada de caótica e segue fazendo jus ao rótulo. Deixando de lado os teóricos da conspiração e figuras controvertidas como Donald Trump, Kanye West e Andrew Tate, que conseguiram reaver suas contas bloqueadas, é difícil encontrar alguém que veja algo de positivo no agora X.

Prejuízo, queda no tráfego, desinformação e uma batalha sem vencedores com a imprensa estão entre as mazelas vividas pela rede social desde que o homem mais rico do mundo aplicou US$ 44 bilhões para virar o dono da bola e ditar as regras do jogo.

Na verdade, há uma conquista apontada pela empresa de monitoramento Similarweb: o perfil de Musk e o tráfego para as suas postagens cresceu 96% entre setembro de 2022 e setembro de 2023.

Mas o tráfego da plataforma caiu 19% nos EUA (origem de um quarto dos acessos) e em outros grande mercados. O relatório sobre o primeiro ano diz que se Musk quisesse gerar tráfego para o seu perfil certamente teria uma forma mais barata de fazer isso.

O levantamento dá o tamanho do impacto sobre uma empresa que em maio de 2022 passado tinha visto seu valor de marca aumentar 85% em um ano, de acordo com a consultoria Brand Finance. E registrado lucro sete vezes maior no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2021.

Em março passado, o bilionário disse que o fluxo de caixa seria positivo no segundo trimestre. Em julho, admitiu que as coisas não iam bem, culpando as campanhas contra desinformação e discurso de ódio na plataforma pela fuga de anunciantes.

A Insider Intelligence projetou que o faturamento do Twitter em 2023 deve ser inferior a US$ 3 bilhões, um terço a menos do que em 2022.

Desinformação no alvo da UE

Dinheiro poderia não ser problema para o homem mais rico do mundo. Mas a reputação do Twitter/X despencou, e os questionamentos por desinformação e conteúdo nocivo podem acabar gerando mais perdas.

Segundo a União Europeia, o Twitter/X é a plataforma com maior proporção de fake news e posts incitando a violência relacionados ao conflito Hamas-Israel. Por isso, tornou-se a primeira rede formalmente investigada sob a nova lei de serviços digitais do bloco, que prevê multa de 6% da receita e até bloqueio.

O rebranding atrapalhado é um capítulo à parte. Difícil imaginar uma empresa que mude seu nome e logomarca sem conferir se poderia usá-la nas redes sociais, a começar pela própria.

Foi o que Musk fez, e teve que se apropriar do perfil de um usuário que desde 2016 detinha a conta X. Já começaram a aparecer processos arguindo o direito de uso do X pela empresa.

A batalha com o jornalismo

Elon Musk é aclamado como empreendedor intuitivo e arrojado. Mas adota um estilo temerário, esmerando-se em queimar pontes. No caso do Twitter, fez isso com um setor poderoso: a imprensa, cada vez mais implacável ao reportar os tropeços da plataforma.

Mais do que falar mal do jornalismo e colaborar para a falta de confiança de uma parcela do público, Musk aparenta ser vingativo. Insatisfeito com uma reportagem do New York Times sobre o apartheid na África do Sul, seu país natal, postou o link de um site pelo qual se pode quebrar paywall, recomendando o cancelamento de assinaturas.

Em agosto, sites de tecnologia relataram um delay nos links para conteúdos de grandes empresas jornalísticas. Em outubro, Musk foi além e removeu as manchetes, uma forma de dificultar a saída da plataforma ou simplesmente de provocar.

O relatório da Similarweb destacou a “rivalidade contínua de Musk com a mídia”, capaz de causar “uma deterioração ainda maior no uso do X como fonte de notícias” e reduzir a importância da rede social como geradora de tráfego para os veículos.

Segundo a empresa, há três anos o New York Times obtinha de 3% a 4% ou mais de seu tráfego total de referências no Twitter.com, mas agora a taxa não passa de 1%.

A promessa de tornar o X um super-app inspirado no WeChat não aconteceu. Tentativas de aumentar receita com taxas e selo de verificação pago não prosperaram. É difícil prever o que será da rede social daqui a um ano.


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Centro Knight e Instituto Tornavoz lançam curso para prevenção de processos judiciais

Centro Knight e Instituto Tornavoz lançam curso para prevenção de processos judiciais

Estão abertas as inscrições para o curso Como blindar suas reportagens contra processos judiciais, do Centro Knight, em parceria com o Instituto Tornavoz. A oportunidade, online e gratuita, orientará profissionais sobre como conduzir atividades jornalísticas de acordo com normas legais e precedentes judiciais.

O curso será ministrado pelas advogadas Taís Gasparian e Mônica Galvão, cofundadoras do Tornavoz. Especialistas em liberdade de expressão, auxiliarão os participantes a compreender os princípios legais básicos para evitar que reportagens sofram com processos judiciais.

“Atualmente, percebemos que processos judiciais são movidos com o objetivo de cercear a livre manifestação do pensamento. Neste curso, queremos dar uma resposta a esse tipo de ataque”, disse Taís Gasparian. “Aprender algumas ferramentas e entender os mecanismos do direito pode ser o suporte necessário para que um comunicador não fique tão vulnerável. No curso, vou compartilhar a experiência que pude acumular ao longo de mais de 30 anos de atuação nessa área”.

O material será organizado em quatro módulos, que permeiam temas diferentes por meio de vídeos, entrevistas, apresentações, leituras e fóruns de discussão. Com início previsto para 20/11 e término em 17/12, a formação concederá certificados de conclusão. Inscrições na plataforma do Knight.

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Instituto Serrapilheira e Oi Futuro promovem debate sobre podcasts e a relação entre sons e pessoas

Instituto Serrapilheira e Oi Futuro promovem debate sobre podcasts e a relação entre sons e pessoas

O Instituto Serrapilheira e o OI Futuro realizam na quinta-feira (26/10), às 19h, o debate Como ouvir o mundo e transformá-lo em podcast, aberto ao público, que discutirá a produção de podcasts e a relação entre os sons e as pessoas. O evento será no Rio de Janeiro, no Lab Oi Futuro (Rua Dois de Dezembro, 107 – Flamengo).

O debate terá a presença de Fernando Cespedes, criador do podcast Ser sonoro, e de Stela Nesrine, criadora do podcast Calunguinha, o cantador de histórias, que falarão sobre o uso do áudio em seus trabalhos e em podcasts em geral, e como isso pode mudar a percepção de quem está ouvindo. A mediação será feita de Natália Silva, da Rádio Novelo, e de Sarah Azoubel e Bia Guimarães, criadoras do podcast 37 Graus.

A sessão aberta ao público faz parte de um treinamento promovido pelo Serrapilheira para ajudar produtores de podcast. O instituto selecionou nove projetos que receberão treinamento e um aporte de R$ 50 mil para a produção de uma temporada. Entre 25 e 27 de outubro, os selecionados discutirão temas como o papel da ciência nos podcasts, financiamento e sustentabilidade de projetos, como encontrar e contar boas histórias de ciências, entre outros assuntos.

Ex-Record revela que foi demitida após denunciar assédio sexual

Ex-Record revela que foi demitida após denunciar assédio sexual

A ex-apresentadora da Record News Rhiza Castro revelou que foi demitida da emissora dois dias depois de denunciar que sofreu assédio. Ela deixou a empresa no inicio deste ano, mas só ontem explicou o real motivo da saída.

Pelas redes sociais, Rhiza informou que abriu um processo trabalhista contra a Record e outro contra o assediador.

No vídeo publicado em seu perfil fechado do Instagram, ela conta que denunciou no RH da emissora e enviou provas do crime: “Denunciei no RH da Record. Fui lá pessoalmente, conversei com o diretor do RH, e ele me pediu que mandasse um e-mail com algumas provas. Fiz isso, e dois dias depois veio a minha demissão. A justificativa foi ‘corte de gastos’, e nunca mais falaram absolutamente nada”.

No desabafo, ela não citou o nome do autor, mas afirmou que era um diretor da empresa e que os episódios de assédio sexual duraram por quase um ano: “Sofri retaliações porque obviamente não cedi […] Talvez eu tenha sido a única mulher com coragem, porque sei de várias outras que sofreram na mão dessa pessoa, assim como eu. É muito triste porque acabamos nos sentindo invalidadas, como profissional e mulher”.

Em entrevista ao colunista da Splash Lucas Pasin, Rhiza disse ter feito um boletim de ocorrência e ter mensagens do diretor para ela que comprovam sua versão: “Foram meses recebendo muitas mensagens. Tenho todas elas, e isso me ajudou a provar o assédio. [O diretor] fazia convites para jantar, tirava fotos minhas e me mandava elogiando, e falava coisas do tipo: ‘Assim meu coração não aguenta’. Até presentes ele já me deu. Foram muitas diretas e indiretas”.

Thiago Anastácio, advogado da jornalista, informou em comunicado que a Justiça do Trabalho afirmou, por sentença, que a jornalista sofreu, de fato, assédio sexual. Cabe recurso da decisão.

Apesar de procurada a Record, não se manifestou sobre o assunto.

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Terra lança programa em homenagem ao 33 anos da MTV Brasil

O portal Terra estreou na semana passada Fala VJ, programa em homenagem aos 33 anos do início da MTV Brasil, que entrevista 37 ex-VJs, como eram conhecidos os apresentadores do canal, que fizeram sucesso nos anos 1990 e 2000. Com apresentação de Cazé Pecini, o episódio de estreia recebeu Astrid Fontenelle e Zeca Camargo.

A primeira temporada do programa, que vai ao ar semanalmente, receberá VJs como Fernanda Lima, Marina Person, Zeca Camargo, Astrid Fontenelle, João Gordo, Sabrina Parlatore, Soninha Francine, Luiz Thunderbird, Edgar Piccoli, entre outros, que contarão histórias inéditas e bastidores de programas. Fala VJ é fruto de uma parceria entre o Terra e Zico Goes, idealizador do projeto e ex-diretor de programação e conteúdo da MTV Brasil.

Confira a lista dos participantes de cada episódio:

Astrid Fontenelle e Zeca Camargo

Sarah Oliveira e Didi Wagner

Marina Person e Chris Couto

Edgard Piccoli e Fábio Massari

Hermes e Renato

Carla Lamarca e André Vasco

Cuca Lazzarotto e Cazé

Fernanda Lima e Max Fivelinha

Mari Moon e Titi Müller

Daniel Benevides, Dani e Rodrigo Leão

China e Gaía Passarelli

Luísa Micheletti e Felipe Solari

Didi Effe e Chuck

João Gordo e Sabrina Parlatore

Penélope Nova e Léo Madeira

Jairo Bouer e Tathi Mancini

Luiz Thunderbird e Soninha


Repórter é roubada ao vivo no Bom Dia São Paulo

Repórter é roubada ao vivo no Bom Dia São Paulo

A repórter Beatriz Backes foi roubada enquanto fazia uma transmissão ao vivo para o Bom Dia SP, na Globo. Em 20/10, a profissional informava sobre a lentidão de uma linha na Estação da Luz, quando foi interrompida pelo ladrão.

Beatriz estava em frente à estação, dando informações sobre a lentidão da linha 1-Azul do Metrô, ocasionada por uma falha no sistema. No entanto, alguém passou e puxou o telefone da profissional, que parou de transmitir.

Inicialmente, os apresentadores Rodrigo Bocardi e Sabina Simonato suspeitaram que fosse um acidente e o aparelho tivesse apenas caído. Durante o restante do jornal, o ocorrido não foi explicado ou citado novamente.

No entanto, nas redes sociais o público questionou o verdadeiro motivo da interrupção. Segundo o site Notícias da TV, a assessoria da Globo confirmou ter sido um roubo: “Ela estava na porta da estação da Luz do Metrô quando um homem passou correndo e levou o aparelho. Apesar do susto, a produtora está bem”.

Em comunicado oficial, a Secretaria de Segurança Pública revelou estar investigado o episódio: “A Secretaria da Segurança Pública lamenta que a profissional tenha sido impedida de prosseguir com seu trabalho de levar informação ao público por conta da subtração de seu celular. Assim que soube do caso, a Polícia Civil colocou equipes da CERCO e do 3°DP em campo para localizar o autor do roubo”.

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O adeus a Carlos Amorim

O adeus a Carlos Amorim

Morreu em 21/10 Carlos Amorim, aos 71 anos, em São Paulo. Ele estava internado no hospital oncológico AC Camargo, e a causa da morte não foi divulgada. Deixa mulher e quatro filhos.

Nascido no Rio de Janeiro, Amorim iniciou a carreira no jornal A Notícia, na capital fluminense. Trabalhou posteriormente em jornais cariocas. Foi para o Grupo Globo e trabalhou por cinco anos no jornal O Globo, na década de 1980.

Migrou para o telejornalismo na TV Globo, e trabalhou nos principais telejornais da casa. Foi chefe de redação do Globo Repórter, e editor de Jornal da Globo, Jornal Hoje e Jornal Nacional. Foi também diretor do Fantástico de 1991 até 1992 e diretor de Eventos da Central Globo de Jornalismo.

Amorim trabalhou também em SBT, Record, Bandeirantes e na extinta TV Manchete. Criou a BandNews e o programa Domingo Espetacular, da TV Record. Venceu o Prêmio Jabuti duas vezes, uma em 2004, com o livro-reportagem Comando Vermelho A história do crime organizado, e outra em 2011, com a obra Assalto ao poder: o crime organizado.

Amorim também venceu os prêmios Vladimir Herzog e Simon Bolivar. Nos últimos anos, dedicava-se a projetos independentes na internet.

Conheça os vencedores do Prêmio ESET de Jornalismo 2023

Conheça os vencedores do Prêmio ESET de Jornalismo 2023

A ESET divulgou os trabalhos vencedores do Prêmio ESET de Jornalismo em Segurança da Informação 2023. A iniciativa valoriza e reconhece o trabalho de profissionais de comunicação que conscientizam e informam sobre segurança cibernética.

Este ano, o grande vencedor do concurso é Tomás Balmaceda, da Argentina, pelo trabalho intitulado O dilema diário: e se eu esquecer minha senha?, publicado na Revista VIVA. Além de ganhar uma viagem a Barcelona, para participar da próxima edição do evento de tecnologia Mobile World Congress, ele poderá visitar os escritórios centrais da ESET localizados em Bratislava, Eslováquia.

Os finalistas das demais categorias, no entanto, também serão premiados pelos seus trabalhos. No Brasil, Rone Fabio Carvalho Junior venceu categoria de Imprensa Gráfica, com seu artigo Crimes cibernéticos, publicado no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP). Na categoria Imprensa Digital venceu Gabriel Daros Lourenço, com seu artigo O Golpe do Porco Apaixonado, publicado no UOL Tilt.  Na categoria Imprensa Multimídia, a vencedora brasileira é Larissa Franke Roso, da GZH, com Como começar a vida online em apps e sites.

Venceram também Adriana Marisela Juárez Miranda, do México no El Heraldo, com Roubaram meu iPhone 13 Pro Max… esse foi apenas o início de um verdadeiro pesadelo; Ernesto Alonso Cabral Mejía, do Peru no La Encerrona, com o relatório intitulado Vazamento massivo de senhas, e-mails e outros dados em Miraflores; Airam Fernández, do Chile no Diario Financiero, com Outros mundos possíveis: os riscos que vêm com o aumento da IA; Ezequiel Clerici, da Argentina no Rosario3, com Ataque de hackers à empresa de Rosario La Segunda: a mecânica de um crime milionário sem armas nem rostos; Malka Mekler, da Costa Rica, pelo artigo A evolução do Malware: Combatendo o cibercrime com a ajuda da Inteligência Artificial, no Connecta B2B; e Javier Mendez, da Colômbia, na Revista Enter, com Ransomware: uma guerra que está sendo perdida.

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