Tempos de escravidão e ditadura militar unidos pela magia da ficção em uma fazenda em Minas Gerais. Miriam Leitão, que obviamente dispensa apresentações como jornalista de Economia, deixa fluir a imaginação e publica sua primeira obra de ficção para adultos: Tempos extremos, pela Intrínseca. Ficção sim, mas costurada por dilemas históricos. “Ele [o livro] trata da escravidão e da ditadura com toda a sua complexidade e sua dor. São momentos diferentes, mas no livro vai se criando um paralelismo“, disse em seu blog no último dia 8 de maio. “O jornalismo também me ajudou muito a escrever esse livro. Fiz reportagens sobre a arqueologia da escravidão, no Valongo e no Cemitério dos Pretos Novos, por exemplo. Fui também a uma exposição na Casa de Rui Barbosa, Registros privados da escravidão, que mostrava o dia a dia daquela época. Além disso, produzi reportagens especiais sobre a ditadura, como a que tratava do desaparecimento de Rubens Paiva. Quis mostrar os sentimentos de um torturado, de um escravo. São temas pesados que são tratados de forma leve, com técnicas de ficção”, explicou. Mas as surpresas preparadas por ela não param por aí. Além de (agora) romancista, Miriam reafirma seu talento no trato com crianças e lança também seu segundo infantil, A menina de nome enfeitado, pela Rocco. Nele, tia Nininha e sua sobrinha Nathália têm a missão de seduzir os pequenos ao encantador mundo da leitura. São Paulo receberá o lançamento do romance e do infantil, respectivamente, nos dias 22 e 25/5, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073). O de Tempos extremos será numa 5ª.feira, às 19 horas. A menina de nome enfeitado chega ao público num delicioso programa de domingo, às 15h, para a criançada não perder o abraço da vovó Miriam. Leia mais + Diretora da CBN faz nova incursão na literatura infantil + O Ato e o Fato, de Cony, ganha releitura + José Marques Melo lança Teoria e Metodologia da Comunicação
Imprensa falha ao se comunicar com anunciantes na web
Pesquisa que o Midialinks – plataforma especializada em conectar o departamento comercial dos veículos às agências de publicidade e anunciantes – fez com três mil sites de emissoras de tevê, rádio, jornais, revistas e portais em todo o Brasil revelou que 73% deles não oferecem mídia kit para download com informações essenciais para que as agências usem em seu planejamento de mídia e que quase 80% das empresas jornalísticas sequer deixam um arquivo com a tabela de preços de seus formatos de anúncios.
“Curiosamente, descobrimos que os sites especializados em levar informação aos seus leitores não estão fazendo o dever de casa ao se comunicarem com os anunciantes”, diz Fábio Walker, sócio fundador do Midialinks. “Percebemos que eles não dão informações importantes, como contato, audiência, perfil de público, entre outras, que poderiam ajudar a gerar interesse das agências”. Segundo ele, os resultados evidenciaram também outra falha dos veículos, que em 98% dos casos não apresentam sua equipe comercial nem alguma forma de os anunciantes entrarem em contato com elas.
De acordo com o estudo, 65% das empresas jornalísticas também não divulgam o telefone de seu departamento comercial, preferindo deixar apenas o telefone geral da redação. “Todos esses números demonstram que os veículos que vivem da receita publicitária ainda não assimilaram como os canais digitais podem catalisar a relação e a comunicação com o mercado anunciante”, finaliza Walker. Veja os principais dados da pesquisa.
Revista Negócios da Comunicação promove o evento gratuito A arte de editar
A revista Negócios da Comunicação promove dia 20/5 (3a.feira), das 9h às 12h, na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, em São Paulo, o encontro A arte de editar. Com entrada gratuita, o evento contará com a participação como palestrantes de Douglas Ritter (CBN), Fernando Mattar (Band), Roberto Gazzi e Ubiratan Brasil (Estadão), Luís Costa (revista Língua Portuguesa) e Ricardo Fotios (BOL). Interessados devem enviar e-mail para [email protected].
Feira do Livro de Ribeirão Preto começa nesta 6a. feira (16/5)
Ribeirão Preto (SP) sedia de 16 de maio a 25 de maio a 14ª Feira Nacional do Livro, que nesta edição tem programação dedicada a direitos civis. Em cada um dos dez dias serão realizados debates sobre a condição da mulher, do idoso, do negro, do índio, da pessoa com deficiência, do homossexual, do meio ambiente, da juventude e dos direitos humanos. Nesta edição do evento, realizado pela Fundação Feira do Livro, serão homenageados Ana Maria Machado, Mario Quintana, Darcy Ribeiro e Ely Vietez Lisboa. O país homenageado é a África do Sul e o patrono, o empresário José Carlos Ferreira. Cerca de 200 convidados – entre escritores nacionais, locais e internacionais, artistas e personalidades de todo o País – devem participar da feira, entre eles Jean Willys, Fernando Morais, Ruy Castro, Xico Sá, Antonio Prata, Gregório Duvivier, Laura Muller, Mário Sergio Cortella, Deonísio da Silva, Márcia Tiburi, Cacique Raoni, MV Bill e Ferréz. Serão oferecidas 600 atividades – de encontro com escritores a apresentação de dança, todas com entrada franca – em 14 locais diferentes. A expectativa da organização é reunir nos dez dias mais de 600 mil pessoas, com movimentação financeira de R$ 21,9 milhões. Veja a programação completa em www.feiradolivroribeirao.com.br.
G1 lança canal de vídeos com dicas sobre carros e motos
A editoria de Carros do G1, sob o comando de Luciana Oliveira, abriu nesta 5ª.feira (15/5) um novo canal de vídeos com dicas sobre carros e motos. O Guia Prático, como foi batizado, trará semanalmente vídeos com opiniões de especialistas em mecânica para esclarecer as dúvidas mais comuns dos motoristas, como freios ABS, calibragem dos pneus, condução, tecnologia e segurança, além do que é certo e errado fazer em situações de risco, como chuva, neblina e alagamentos. Os vídeos são produzidos em parceria com a produtora Vocs.
Fernando Calmon comanda projeto de nova revista sobre automóveis premium
Está previsto para julho o lançamento da Top Carros, publicação da Editora Todas as Culturas – que já edita as revistas Top Magazine e Top Destinos – que deverá se posicionar como uma nova opção no mercado de revistas com foco em veículos premium. A coordenação do projeto é de Fernando Calmon, que contará com textos produzidos por um experiente time, formado por Bob Sharp, Josias Silveira, Luís Perez, Eugênio Brito e Claudio Luis de Souza. Com tiragem de 20 mil exemplares, aproximadamente 160 páginas, e distribuição por mailing dirigido e bancas, no início a revista não terá periodicidade fixa, mas a previsão é de que uma segunda edição seja veiculada ainda neste ano, entre os meses de novembro e dezembro. “Nossa ideia é produzir uma revista de muita qualidade, mas que irá crescer à medida que o próprio mercado crescer”, explica Calmon. “No ano que vem, em que já teremos o lançamento da fábrica da BMW, pretendemos produzir mais três ou quatro edições, e projetamos que o título deverá estar consolidado já em 2016, com o início das operações das fábricas de Mercedes-Benz, Audi e Land Rover. É um segmento que, diferentemente da área automotiva como um todo, continua em franco crescimento no Brasil”.
Condenação do chargista Duke gera manifestações em MG
Continua gerando manifestações de repúdio o processo que envolve o chargista Duke, de O Tempo. A ABI divulgou carta em solidariedade a ele e de rejeição ao cerceamento da liberdade de expressão contra a charge brasileira. Duke foi considerado culpado, em segunda instância, pela 11ª Câmara Cível do TJMG, após a publicação de uma charge relacionada ao jogo Cruzeiro e Ipatinga, válido pelas semifinais do Campeonato Mineiro de 2010. A Sempre Editora, proprietária do jornal, e Duke foram condenados a pagar indenização de R$ 15 mil ao árbitro da partida, que se sentiu ofendido com a ilustração (veja ao lado). Em nota, a empresa disse que solicitará um embargo declaratório e, caso ele seja negado, entrará com um recurso no STJ, em Brasília. Leia mais + Abraji condena prisão de repórter no Rio de Janeiro + Comissão aponta torturas a menos de 1km do Planalto na ditadura + Laerte publica charge semanal na página de Opinião da Folha
Jornalistas e parlamentares divergem sobre regras de cobertura das eleições
Jornalistas e deputados discordaram sobre a necessidade de regulação do trabalho da mídia durante as eleições na 9ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, em 13/5, na Câmara dos Deputados. Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, questionou os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) sobre a legislação que obriga as emissoras de rádio e tevê a convidarem para participar de debates eleitorais todos os candidatos a um determinado cargo no Executivo. Ele argumentou que alguns candidatos não têm interesse para o eleitor e que o melhor critério para decidir isso seria o jornalístico. Os parlamentares até concordaram que as regras poderiam ser revistas, mas defenderam a participação de todos. Sobre o marco civil da internet, os deputados se mostraram contrários à medida, e Vaccarezza afirmou que é normal no processo legislativo serem aprovados dispositivos que poderão passar por reformas futuramente. Ele defendeu a autorregulação jornalística para proteger, por exemplo, o direito à privacidade do indivíduo. O jornalista norte-americano Robert Boorstin, consultor de estratégia política e mídias digitais, elogiou a aprovação do marco no Brasil, mas se disse contrário a limitações na liberdade de expressão na rede e a qualquer norma que oriente a mídia na divulgação das eleições. Diego Escosteguy, de Época, declarou-se preocupado com a manipulação dos eleitores pelos candidatos na campanha deste ano. Para ele, as pessoas que começaram a usar a internet há pouco tempo ainda não sabem em quem confiar na rede, e criticou os blogs financiados pelo governo: “A imprensa profissional tenta manter um nível de qualidade e conservar o debate dentro desses parâmetros… O que a gente vê é que existe uma arena enorme na internet de pessoas e grupos políticos que não se fiam por essas regras”. Leia mais + Paulo Celso Pereira é o novo coordenador de Política do Globo no DF + Diana Fernandes deixa a sucursal de O Globo em Brasília + Grupo Estado tem mudanças em São Paulo, Brasília e Rio
Projeto Mural, da Folha de S.Paulo, recebe inscrições até 31/5
O Mural, projeto da Folha de S.Paulo com mais de três anos de atividade e que traz notícias dos bairros mais afastados de São Paulo publicadas por correspondentes locais, está com inscrições abertas para seu novo processo seletivo.
Para participar, os candidatos a blogueiros devem ter 18 anos ou mais e morar em bairros periféricos da capital ou de cidades da Grande São Paulo. Os interessados deverão enviar até 31/5 currículo com endereço completo e dois textos para [email protected].
As redações deverão ser compostas por um texto sobre os motivos para participar do projeto e uma reportagem sobre o bairro do candidato. Nos dois casos, os textos deverão conter até 2.500 toques, com espaços.
O adeus a Mylton Severiano da Silva, o Myltainho
Vítima de infarto na noite da 9/5, faleceu em Florianópolis Mylton Severiano da Silva, o Myltainho, que ultimamente atuava como editor de textos do Almanaque Brasil de Cultura Popular (revista de bordo da TAM). Sentiu dores no estômago à tarde, foi ao médico, voltou para casa e morreu do coração. Seu corpo foi transferido para São Paulo, onde foi enterrado no Cemitério Getshêmani. Myltainho nasceu em Marília, interior de São Paulo, em 10 de setembro de 1940.
Aos nove anos de idade publicou no jornal Terra Livre o primeiro texto, sobre as condições em que vivia um casal de camponeses na Fazenda Bonfim. Abandonou o curso de Direito no segundo ano e iniciou a carreira na Folha de S.Paulo, na década de 1960. Trabalhou em publicações como O Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde, Quatro Rodas, Realidade, TV Globo, TV Cultura, TV Tupi, TV Abril, A Nação, O Jornal, Panorama (Londrina/PR), Brasil Extra, Extra-Realidade Brasileira (participou da criação desses três últimos) e Caros Amigos, onde foi colunista e editor-executivo até 2009, dentre outros.
Indicado ao Jabuti na categoria Reportagem pelo livro Se liga – o livro das drogas (Record, 1997), também escreveu outras obras, como a biografia João XXIII: Um século de boa vida, em parceria com Jorginho Guinle; Paixão de João Antônio, Nascidos para perder – História do jornal da família que tentou tomar o poder pelo poder das palavras (sobre o Estadão e a família Mesquita), Realidade, a revista que virou lenda, e colaborou na edição e produção de Honoráveis bandidos e O príncipe da privataria, de seu amigo Palmério Dória.
Fora do jornalismo, formou-se acordeonista em Marília e ia lançar seu disco este mês. Deixou mulher e três filhos. Sobre ele, o amigo Ricardo Kotscho publicou uma homenagem em seu Balaio do Kotscho, que reproduzimos com a devida autorização: Miúdo e franzino, meu amigo Myltainho era um valente e inconformado guerreiro na luta contra as injustiças sociais, a hipocrisia, as maracutaias, o autoritarismo, a intolerância, a violência, o mau-caratismo, todas essas desgraças das quais ainda não conseguimos nos livrar.
Para combater tudo o que achava errado, usava como arma apenas as palavras, dono que era do melhor texto da imprensa brasileira, um incansável artesão forjado nas redações para transformar pedra bruta em finos diamantes. Repórter, redator, editor, escritor, criador de publicações, Mylton Severiano da Silva se foi na noite de 6ª.feira, aos 73 anos, em Florianópolis. À tarde, tinha ido ao médico, sentindo fortes dores no estômago. Receitaram-lhe um remédio e o mandaram de volta para casa.
Pouco tempo depois, morreu de infarto. Acabou sendo vítima de uma das muitas mazelas que não se cansava de denunciar: a negligência e a incúria nos serviços de saúde. Devo a esse brasileiro de fé e compromisso com seu povo meu primeiro emprego na grande imprensa, nos anos 60 do século passado. Se sou jornalista até hoje ele é o culpado. Myltainho já era uma das estrelas da lendária revista Realidade.
Naquela manhã de 2ª.feira, como só ele estava na redação, entreguei-lhe o bilhete do meu primo Klaus, recomendando-me para um emprego na melhor publicação brasileira de todos os tempos. Era muita pretensão minha… Por cima dos óculos de aro fino, olhou-me bem e abriu um sorriso, incrédulo, dizendo mais ou menos assim: “Meu filho, você é muito novo, está começando agora. Aqui só tem craque, é a seleção brasileira do jornalismo… Tem que ralar primeiro em jornal, depois você volta…”. Vendo minha cara de decepção, logo encontrou um jeito de ajudar e me encaminhou para o Estadão, ali perto, onde um amigo dele, Aloísio de Toledo Cesar, era o chefe da Reportagem da manhã.
Comecei no mesmo dia, trabalhei mais de dez anos no jornal e estou ralando até hoje, mas a Realidade acabou bem antes que eu pudesse criar coragem de pedir novamente uma vaga naquele time. Myltainho era assim: sempre solidário, disposto a ajudar os outros, mesmo que fosse um jovem desconhecido. Mais tarde, nos cruzamos em outras redações da vida, ficamos amigos, cúmplices e confidentes, rimos muito juntos nas vitórias e choramos as derrotas da nossa geração, na gangorra do último meio século.
Humilde, sem nunca perder a altivez, só faltava ele pedir desculpas quando mexia num texto, invariavelmente para torná-lo melhor. Foi tão rica sua trajetória como jornalista, iniciada aos nove anos, no Terra Livre, publicação de Marília, no interior paulista, onde nasceu, com reportagem sobre as condições de trabalho numa fazenda da região, que não cabe contar essa história no espaço de um blog.
Estou muito triste para continuar escrevendo sobre uma das figuras mais admiráveis que tive a ventura de conhecer neste ofício de contar histórias dos outros. Para quem quiser saber mais sobre a vida e a obra de Mylton Severiano da Silva, recomendo a belíssima homenagem prestada a ele no comovente texto de Luana Shabib publicado pelo site da revista Brasileiros, onde também trabalho: http://migre.me/jaJCN. Vai com Deus e descansa em paz, meu velho e bom amigo.






