Jaguar

    Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, nasceu em 29 de fevereiro de 1932, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro (RJ), filho de pais paulistanos. Por isso, diz que não é carioca da gema e, sim, talvez, "carioca da clara".
     
    Em 1952, trabalhando paralelamente no Banco do Brasil (onde foi funcionário até 1974, durante um curto período como subordinado do jornalista Sérgio Porto [1923-1968]), conseguiu publicar um desenho na coluna de humor Penúltima Hora de Leon Eliachar (1922-1987), no jornal Última Hora (RJ). Colocou alguns cartuns no jornal O Semanário e começou a publicar charges na página de humor da revista Manchete (RJ). Por sugestão de Borjalo (1925-2004), adotou então o pseudônimo que o tornou famoso internacionalmente.
     
    Ganhou destaque quando foi trabalhar na revista Senhor (RJ), em 1959, onde conheceu Ivan Lessa (1935-2012) e Paulo Francis (1930-1997). Publicou também, na época, cartuns nas revistas Semana (RJ) e Civilização Brasileira (RJ), no semanário Pif-Paf (SP) e nos jornais Tribuna da Imprensa (RJ), Jornal do Brasil (RJ) e Última Hora, onde trabalhou por oito anos.
     
    Ativista cultural, participou da criação do bloco carnavalesco Banda de Ipanema, em 1964, que ressuscitou o carnaval de rua no Rio de Janeiro e, na ocasião, congregava expressivo número de jornalistas, escritores, atores, músicos e artistas plásticos. Era um cartunista já nacionalmente conhecido quando lançou a primeira antologia de seus trabalhos, Átila, Você é Bárbaro (Civilização Brasileira, 1968). Participou da Marcha dos 100 Mil, contra o regime militar, em junho de 1968, "mas não saí na foto", diverte-se.
     
    Em 1969, fundou, com Tarso de Castro (1941-1991) e Sérgio Cabral, o semanário O Pasquim (RJ), de grande importância no período de resistência à ditadura militar. Lançou, no tabloide, um de seus personagens mais conhecidos, o ratinho Sig, que foi mascote e mestre de cerimônias do Pasquim até o fechamento da publicação, em 1991. Foi preso uma vez e enfrentou vários processos no período.
     
    Fechado O Pasquim, foi trabalhar como editor no jornal A Notícia (RJ) e, depois, como chargista e colunista de O Dia (RJ). Em 1999, juntamente com Ziraldo e outros remanescentes de O Pasquim, criou a revista de humor político Bundas (RJ), uma alternativa política à revista Caras (SP), então recém-lançada com sucesso em bancas brasileiras. Lançou o livro Confesso que Bebi: Memórias de um amnésico alcoólico (Record, 2001), que além de servir como guia gastronômico a diversos bares e restaurantes do Rio de Janeiro, continha histórias do autor vividas com diversos amigos tão cariocas como ele.
     
    Figura-símbolo da cidade, recebeu a Medalha Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1998, mas protocolou a sua devolução em 2006, quando a mesma distinção foi concedida a Roberto Jefferson, ex-deputado federal pivô do Mensalão e cassado por corrupção. Protestou diante da Academia Brasileira de Letras (ABL) contra a indicação do economista Roberto Campos (1917-2001), ligado à ditadura militar, para a vaga do escritor e dramaturgo Dias Gomes (1922-1999), de perfil completamente oposto. Jogou ovos (cozidos) contra o desafeto, "mas não acertei nenhum", resigna-se.
     
    Recebeu, em 2004, o Prêmio Carioca Nota 10, do movimento O Melhor do Rio São os Cariocas. Em 2008, voltou a ser notícia quando ganhou, ao lado de mais vinte jornalistas, uma ação junto à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e foi beneficiado com um ressarcimento considerado "polpudo". Foi criticado abertamente por Millôr Fernandes (1923-2012), amigo e ex-colega de O Pasquim, que perguntava se a luta pela liberdade fora um ideal ou um investimento, mas optou por não se indispor publicamente com o companheiro.
     
    Publicou, por 30 anos, charges, crônicas e uma coluna semanal – O Boteco do Jaguar – no jornal carioca O Dia. Está, no entanto, proibido de beber desde que foi diagnosticado, em julho de 2012, como portador de um carcinoma hépato celular. Depois de operado, publicou em sua coluna que calculava ter tomado toda "uma piscina olímpica" de cerveja desde 1950, "sem falar nos vinhos, destilados e coquetéis".
     
    Pensava ter chegado a hora de escrever uma autobiografia, mas Ruy Castro lhe avisou que já tem estruturado na cabeça um livro sobre a vida do cartunista. "Minha autobiografia escrita por ele vai ficar muito melhor", conformou-se.
     
     
    Atualizado em setembro de 2016
     
    Fontes: