Hildázio Santana, ex-coordenador de Esportes da TV Bahia, denunciou nessa quinta-feira (28/10) ter sido vítima de racismo na emissora. Ele alega que foi demitido após ter se tornado suspeito do furto de uma máquina de café na redação, o que não ocorreu. Segundo ele, tratava-se apenas de uma brincadeira com os colegas.

“Retirei uma cafeteira pequena de uma sala e coloquei em outra. A cafeteira não saiu da TV Bahia, continua lá até hoje”, publicou em suas redes sociais. “No dia seguinte, fui chamado pelo diretor de Jornalismo porque as imagens mostravam eu saindo com o equipamento de uma sala para outra. Não coloquei dentro de sacola, nem de mochila, nem embaixo da camisa. Saí com ela nas mãos e por onde passei existiam câmeras mostrando tudo. Há quase dez câmeras de uma sala para outra”.

Hildázio alegou que estava brincando com colegas. A ideia era colocar a cafeteira no mesmo lugar, mas como teve muitas reuniões não conseguiu devolvê-la no mesmo dia, o que teria levantado suspeitas sobre sua conduta.

Segundo ele, o diretor de Jornalismo Eurico Meira tentou demiti-lo por justa causa no dia seguinte: “O Eurico me colocou dentro de uma sala. Tentou me desligar por justa causa, me coagiu, me julgou, e no final me puniu com um desligamento da empresa. (…) Meu Deus! Será que em quase 20 anos de TV Bahia e no cargo de liderança que exercia, coordenador geral de Esportes, sete promoções dentro da emissora, eu iria subtrair ou furtar um equipamento de café?”.

Ao UOL Esporte, contou que, desde o começo, a conversa tinha tom de ameaça: “Contaram sobre a cafeteira e me deram duas opções: ou era demitido por justa causa ou pedia demissão. Falaram para o assunto não vazar e questionei: ‘Vazar o quê?’. Naquela noite, ele queria me demitir por justa causa, mas pela manhã, mudaram para desligamento”.

“Nunca pensei que em quase 20 anos na TV Bahia, eu iria viver um ato tão cruel por uma pessoa que estava ali para me apoiar”, disse o jornalista. “Uma pessoa que deveria ser exemplo no orientar, falar e no cuidar. O racismo é silencioso e desumano. (…) Chega! Precisamos dar um basta. E por isso eu compreendi que precisava falar, me defender, me posicionar”.

Em nota, a Rede Bahia afirmou que a demissão de Hildázio foi uma “decisão gerencial, embasada em questões profissionais, sem qualquer viés persecutório e/ou discriminatório”. A emissora reiterou que sempre trata seus colaboradores “com respeito, igualdade e seriedade”, e que eventuais desdobramentos do caso serão tratados nas esferas e instâncias competentes.

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