Relatório da organização Ekō aponta que diversas empresas multinacionais têm anúncios de suas marcas em vídeos que espalham informações falsas sobre desmatamento, meio ambiente e incêndios na Amazônia. A informação é de Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo.

Segundo o relatório, empresas como Unilever, Mitsubishi, Panasonic, Unicef, Pão de Açúcar e Quinto Andar estão financiando, com seus anúncios, canais que espalham mentiras e desinformação sobre o meio ambiente, na maioria das vezes sem sequer saber disso.

A Ekō realizou o levantamento entre maio e junho deste ano. O relatório detectou ao todo 50 vídeos, sendo 31 deles monetizados, contendo desinformação, dados tirados de contexto, e teorias da conspiração relacionados à Amazônia e às mudanças climáticas. Esses vídeos tiveram um total de 4 milhões de visualizações e veicularam publicidade de 120 anunciantes diferentes.

Um exemplo citado pelo relatório é o vídeo Bolsonaro Reage a Queimadas na Amazônia, do canal VLOG Silvano Silva, que tem cerca de 275 mil inscritos. No vídeo, o youtuber Silvano Silva faz diversas afirmações falsas, como que as ONGs atuando na preservação da Amazônia são comandadas por “índios” que querem enriquecer e manter outras tribos na pobreza, que invasões a terras indígenas e assassinatos são falsos, e que a NASA teria dito que não havia nada atípico. O vídeo com as fake news tem anúncios de Panasonic e Localiza.

Outro exemplo são vídeos do canal do jornalista Alexandre Garcia no YouTube, que tem mais de 2,5 milhões de inscritos. Em um deles, intitulado As verdades sobre as fake news da Amazônia, Garcia diz que é impossível queimar a floresta tropical antes de outubro, e que incêndios reportados fora desse período são falsos, o que é mentira, pois boa parte dos incêndios é precedida por desmatamento. O vídeo tinha anúncio do Pão de Açúcar, que, após a reportagem da Folha, pediu a “paralisação da veiculação da campanha nos veículos digitais e a imediata revisão dos critérios que definem a compra e distribuição de mídia da marca”.

Em outro vídeo, o apresentador Sikêra Jr, em seu canal no YouTube, disse que houve diminuição nos índices de desmatamento pois a imprensa havia sido subornada a não cobrir mais o assunto, mais uma afirmação falsa. O canal, com mais de 5,4 milhões de inscritos, tem anúncios de empresas como a Unilever, Eucerin e Mitsubishi.

A Ekō criticou as diretrizes do YouTube sobre desinformação climática e remoção de conteúdo desinformativo sobre o assunto. A organização pediu que o Google, dono do YouTube, revise e amplie sua definição de desinformação climática, que atualmente é muito restrita.

Leia a reportagem da Folha na íntegra.

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