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quinta-feira, abril 18, 2024

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Memórias da Redação ?  Sonhos de um sedutor

 Em resposta aos nossos pedidos, volta a colaborar com este espaço Mônica Paula ([email protected]), ex-Estadão, atual coordenadora de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS). Sonhos de um sedutor             Eu me aproprio do título de um conhecido filme de Woody Allen para contar uma nova história envolvendo Dal Marcondes, publisher da Envolverde (www.envolverde.com.br), com autorização do próprio, que me refrescou a memória (nestes tempos de censura às biografias, é bom esclarecer isso!) e o saudoso Ademir Fernandes, então editor de Reportagens Especiais da Agência Estado.             Nos idos de 1992, 1993, Dal era o editor do NewsPaper, boletim que fazia “a edição da edição” dos jornais do dia e que chegava aos clientes por fax até 8h da manhã, enquanto Ademir era o multimídia que pautava, redigia e editava um calhamaço de matérias para o pacote noticioso vendido pela AE.             Em meio a tanto trabalho, Ademir, sujeito muitíssimo bem-humorado e que era um gozador de primeira, se juntou ao Dal para fazer uma brincadeira com um colega de redação cujo nome não convém dizer aqui. O tal rapaz era do tipo franzino, cabelo ralinho, sem grandes atrativos, mas com uma autoestima enorme, que o fazia sentir-se um galã de novela global. Era um profissional com suas qualidades, mas daquele tipo difícil de conviver porque qualquer coisa era motivo para uma rusga. Um modelo muitíssimo acabado de “garoto-enxaqueca”.             Existia na redação naquele tempo o sistema Atex, importado pelo Estadão de uma empresa do México, se não me engano. Na verdade, eram terminais de computador ligados a duas centrais de processamento que ficavam no famoso 4º andar. O 6º, onde ficavam Estadão e JT, e o 7º, a Agência Estado, eram coalhados de monitores que mais pareciam robôs, com um braço gigante que os fazia subir ou descer para que se ajustassem à visão do usuário, com telas enormes e fundo preto ou branco, com conteúdo contrastante – estamos falando dos tempos pré-PC e Windows.             Ademir tinha na equipe uma morena bonitona, que se vestia muito bem e chamava a atenção por onde passava. Por isso a ideia, logo executada: passar-se por ela e mandar mensagens românticas pelo sistema para a figura em questão. O que não se esperava é que a brincadeira fosse levada muitíssimo a sério pelo rapaz, que recebia os escritos e achava que o fato da moça não falar com ele diretamente significava que ela não queria expor “o relacionamento” na redação. Enquanto isso, Ademir e Dal, que virou cúmplice da história toda, se divertiam um bocado.             No entanto, ao perceberem que aquilo estava passando dos limites, o que em nenhum momento era a intenção, Dal chamou Ademir de lado e combinou de contar para o magrelinho que tudo não passava de uma troça bem-humorada dos dois veteranos. E assim foi feito, mas o tiro saiu pela culatra: “Não, Dal, não é possível! Ela me ama!!! Sempre diz isso nas mensagens. Vocês é que estão com inveja e agora ficam me falando isso”.               Para encurtar a história, o coleguinha entrou em uma paranoia tal com o episódio, mesmo com a confirmação da moça, que também curtiu a brincadeira, de que não tinha nada a ver, que começou a surtar. Entrou em rota de colisão com o chefe e a equipe, implicando com tudo e com todos. Tornou-se uma pessoa realmente non grata e ali não deu mais certo. Por isso, saiu da empresa e foi para outras paragens. Soubemos que, no final, tudo ficou bem. 

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