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quarta-feira, abril 17, 2024

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?Reportagem não é o que eu faço, é o que eu sou?, diz Eliane Brum

Eliane Brum, uma das jornalistas mais premiadas de todos os tempos, lança o livro A menina quebrada (Arquipélago), uma seleção de suas colunas publicadas no site da revista Época desde 2009. São 64 textos sobre os mais variados temas, de política a orientação sexual, passando pela história de uma menininha assustada ao descobrir que as pessoas também se quebram, texto que dá nome à obra. Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, ela comentou sobre a necessidade de publicar os textos também em livro, a importância da internet para o jornalismo, a exposição que sofre ao firmar opiniões e sua bem-sucedida carreira:   Portal dos Jornalistas – Como surgiu a ideia de transformar em livro o material já publicado na internet? Eliane Brum – É uma ideia que eu tinha, da qual depois havia até esquecido um pouco, e o Tito Montenegro (que é o editor da Arquipélago) fez essa proposta de transformar as colunas em livro. Para mim, livro é um percurso, ele conta uma história. Não importa se em papel ou digital, tanto que A menina quebrada foi lançado quase que simultaneamente em papel e em e-book (diferença de uma semana). Acredito que mesmo as pessoas que me leem quase toda 2ª.feira vão se surpreender ao ler as colunas como um livro, como um percurso. Eu mesma, ao longo da edição, percebi que havia um diálogo que estava sendo construído ali. Algumas dúvidas formuladas em algumas colunas iniciais eram respondidas em outras, lá na frente. Algumas inquietações tomavam outro rumo depois. É toda uma conversa que se estabelece, que foi surpreendente mesmo para mim, que escrevi. A lógica da edição foi manter o ritmo original das colunas para contar essa história mais ampla, manter a mistura que caracteriza minha coluna de 2a.feira, da qual o leitor nunca sabe o que esperar – mistura que se dá tanto pela variedade dos temas como pela diferença de estilos, já que cada uma pede estilo e palavras próprias. E assim construir um pequeno retrato dessa nossa época, mas um retrato em movimento. Portal dos Jornalistas – E como foi feita a seleção desse material? Eliane Brum – Bem complicada… Para mim é sempre muito difícil fazer essas escolhas. Tanto que a ideia inicial era fazer 40 colunas. Aí eu falei pro Tito que 50 era um número muito mais bacana, muito mais redondo [risos]! E no fim viraram 64. Chegou no limite, porque o livro tem mais de 400 páginas. Nós tiramos as entrevistas – eu tenho essa ideia de fazer essas entrevistas mais longas, de resgatar um pouco o que já não tem mais espaço no impresso, onde o entrevistado tem tempo de expor sua ideia, o contexto, a complexidade… e venho fazendo isso na coluna – porque só uma delas tem 50 páginas. Aí não daria. Então, cortamos as entrevistas, o que foi triste. Fui escolhendo o que eu achava que contava mais do momento e respeitando o jeito da minha coluna. Chegamos a pensar em temática, em dividir em alguns grandes temas de que trato com mais frequência, mas mudamos de ideia porque achamos que precisávamos respeitar essa característica da coluna, da qual as pessoas sempre me falam, que é “ah, eu nunca sei o que vou encontrar na 2a.feira, sobre o que tu vais escrever, porque é tão variado!“. E eu gosto disso, gosto dessa ideia. De repente, falar sobre parte de um filme pra pensar em alguma coisa, falar de Belo Monte, falar de política… Minha coluna é misturada, acho que a vida é mistura. Portal dos Jornalistas – Como recebeu o convite para trabalhar na internet? Eliane Brum – Nós que trabalhávamos na Época fomos estimulados a produzir alguma coisa pra internet. Todo mundo devia fazer algo pro site. Eu, a princípio, tive resistência a isso, achava que já estava de bom tamanho fazer as reportagens na revista impressa. Mas comecei a pensar que, se era importante fazer alguma coisa na internet, fosse alguma coisa nova pra mim, um desafio. Acho que é importante isso. Porque escrevo para desacomodar o leitor, não escrevo para apaziguar. Escrevo para que se sinta incomodado e instigado a ver o mundo por outros ângulos. Mas para fazer isso preciso primeiro desacomodar, me perturbar, sair do meu lugar. E achei que uma coluna de opinião representaria isso, apresentar uma outra narrativa. Então propus uma coluna de opinião e fui descobrindo como era uma repórter fazer uma coluna de opinião. Portal dos Jornalistas – E isso dentro desse meio novo, em que há mais interatividade com o leitor. Como funcionou essa questão pra você? Eliane Brum – O leitor ganhou uma importância muito grande na internet, ele também passa a ser um escritor. Cada texto que eu faço, o leitor continua escrevendo esse texto, na medida de seus comentários, contribuições e discordâncias. É um diálogo que se faz como se fosse um debate mesmo. O texto é muito mais vivo na internet, porque é um debate permanente. Tenho coluna de dois anos atrás que de repente aparece de novo como mais lida do site porque alguém começou um debate na rede e esse debate acrescenta coisas. Isso eu acho fascinante! Eu encontrei na internet uma possibilidade com a qual não sonhava… Foi maravilhoso, porque a internet realizou grandes sonhos que eu nem sabia que podia sonhar! O primeiro foi de escrever no tamanho que os textos têm, descobrir o tamanho que o texto tem, que é uma das nossas tarefas. Eu sofri, como quase todo mundo, o limite do papel, a briga por páginas… Porque eu achava, como quase todo mundo, que havia sempre menos páginas do que as minhas reportagens precisavam. Eu sonhava que inventassem uma revista em que as páginas se desdobrassem e cada uma virasse dez. Mas a internet é muito melhor que isso. Ela nos dá a possibilidade de escrever em tamanho ilimitado. Claro que tu não vais fazer isso, precisa descobrir qual é o tamanho que as coisas têm. Mesmo as colunas sendo longas – e elas são –, eu corto sempre. E as manhãs das 2as.feiras servem pra isso, eu corto as sobras. Discordo de quem diz que a internet é só para textos instantâneos, rápidos e curtos. Também é pra isso, mas serve igualmente para resgatar os textos em profundidade. Podemos trabalhar a complexidade, o contraditório, as grandes reportagens e entrevistas, os ensaios. Sempre ouvi que o leitor não gostava de texto longo. Passei a vida ouvindo isso. E sempre perguntava se havia pesquisa pra isso. A internet mostra que não. Para o leitor, não interessa se o texto é grande ou pequeno, ele lê se o texto ecoa nele, se diz algo importante, dialoga e respeita sua inteligência. Vemos pela audiência, pelo tempo de permanência no site, que ele lê textos longos. Portal dos Jornalistas – Ao escrever sua coluna de opinião, você acaba expondo também um pouco da sua intimidade. Você lida bem com isso? Eliane Brum – Às vezes é difícil, porque eu sou muito na minha, sou reservada. Hoje, quando tenho alguma exposição pública, faço uma palestra, participo de um debate, depois preciso ficar em casa. Preciso ficar meio que escondida dentro de casa para me recompor, porque não é fácil. Há um movimento interno de me expor, de ir para fora. E falar de mim é um pouco isso também. Mas é um exercício interessante, porque como repórter eu passei a vida inteira pedindo isso para as pessoas. Como posso pedir aos outros aquilo que não posso dar? Estabeleci para mim nas reportagens, ao longo dos anos, quais são os meus limites éticos. E antes de bater na porta de alguém, faço um questionamento interno: “Se alguém batesse na minha porta, se alguém me fizesse essa pergunta, eu poderia abrir essa porta? Eu poderia responder essa pergunta?”. Se a resposta é “não”, eu não saio de casa. O meu limite é esse: não peço ao outro aquilo que não posso dar. Então, minha exposição também é parte desse princípio. Eu me exponho quando acho que essa exposição é importante para contar algo. Quando acho que não é, não precisa. Portal dos Jornalistas – De volta ao início de sua carreira: como e quando se descobriu repórter? Eliane Brum – Eu me descobri repórter fazendo reportagem. Até o final da faculdade de Jornalismo, minha convicção era a de que eu não servia pra ser jornalista, eu não servia pra ser repórter, porque era muito tímida, não conseguia me imaginar falando com as pessoas, as procurando. E também não conseguia enxergar as pessoas nos jornais daquela época, não conseguia me encontrar nas matérias, não conseguia me ver naquelas matérias. Portal dos Jornalistas – Por quê? Eliane Brum – Achava que era muito árido e que eu não ia servir para fazer aquele tipo de texto. Havia espaços, mas, em geral, os textos dos jornais eram mais duros. E achava que não servia pra isso. Mas como eu já havia cursado boa parte da faculdade, meu plano era terminar, concluir também o curso de História e me direcionar para esta. No final da faculdade, conheci o professor Marques Leonan, que mudou a minha vida, porque era apaixonado por reportagens. Ele falava com uma paixão tão grande! Me apresentou às grandes reportagens e aquele jornalismo me fascinou. E foi para ele que fiz minhas primeiras matérias. Houve dois episódios marcantes: um, que foi minha primeira matéria, quando fazíamos a disciplina de estágio (naquela época era obrigatório o estágio dentro da faculdade, não podia fazer fora), eu escrevi sobre todas as filas pelas quais passamos desde que nascemos até morrer. Hoje não acho o tema inusitado, mas naquela época era. E para minha surpresa ele adorou, falou que aquilo era bom. Essa declaração foi muito importante. Depois houve um concurso de jornalismo das universidades do Sul do País, o SET Universitário, e uma amiga minha inscreveu essa reportagem. Lembro que a comissão julgadora era formada por jornalistas e publicitários, que nos chamavam para discutir o trabalho. Quando entrei, os jurados jornalistas disseram “o que tu fazes não é jornalismo“, e os publicitários: “É sim!”. Não sei se porque havia mais publicitários do que jornalistas (e eles eram mais convincentes), eu ganhei. O prêmio era um estágio no Zero Hora, onde fiquei por 11 anos. Foi lá que descobri que a reportagem não é o que eu faço, é o que eu sou. É assim que vivo. Antes disso, houve outra matéria que fiz pro Leonan também, com a qual descobri que era capaz, sim, de superar minha timidez. Foi sobre prostitutas, em que eu e um colega de faculdade conhecemos algumas delas e marcamos uma entrevista. Quando cheguei ao prédio em Porto Alegre – quase todo de bordéis –, bati na porta e me atendeu uma prostitua nua. Quando entrei, havia um cafetão nu também, na cama! Olhei ao redor e pensei “onde eu sento?“, e só tinha a cama! Sentei e fiquei fazendo a entrevista com os dois nus na cama – e eu com meu bloquinho. E descobri que com meu bloquinho e minha caneta podia entrar em qualquer lugar. Isso para mim foi transformador [risos]! Portal dos Jorntalistas – Em um trecho do seu livro você comenta que a vida não se deixa compartimentar. Como enxerga essa segmentação no jornalismo praticado hoje? Eliane Brum – Sou muito curiosa e minha curiosidade não se compartimenta. Eu não conseguiria ser uma jornalista especializada em uma coisa só. São pessoas diferentes. Comecei a ter as primeiras pistas de que estava na profissão certa – e isso já virou piada lá em casa – porque é assim: quando entrevisto um arqueólogo, volto para casa dizendo que quero ser arqueóloga. Até freira eu já tive vontade de ser. Eu me apaixono pela profissão das pessoas que são apaixonadas pelo que fazem. Uma vez, fiz uma reportagem superpesada em Goiás Velho e voltei querendo morar em Goiás Velho, pensei em comprar uma casa lá. Vou para a Amazônia e volto querendo morar na Amazônia. Quero morar em todos os lugares a que vou! [risos] Eu queria ter muitas vidas e ser jornalista é um jeito de ter muitas vidas. Acho que a internet mudou essa coisa compartimentada. Acho que o que estamos vendo agora é a quebra disso, estamos tendo que repensar nossos padrões. Há hoje um diálogo que não é compartimentado em uma área ou outra. As coisas se interrelacionam, conversam entre si. Acho que a internet está mudando isso também no jornalismo, é um outro jeito de estar no mundo. Tento nas minhas colunas fazer com que as coisas conversem. E elas me dão muito trabalho justamente porque não falam sobre uma coisa só. Se eu vou falar sobre os guarani-kaiowá, por exemplo, terei que entender como eles compreendem a palavra. Se eles escrevem uma carta que é uma declaração de morte, preciso entender como eles compreendem a palavra, senão não vou entender aquilo. Preciso estudar. Cada tema que me move tenho que estudar muito, porque preciso dar ao leitor algo consistente. Portal dos Jornalistas – Em algum momento de sua carreira você se viu frustrada por ter que escolher uma temática específica ou por não ter espaço para publicar seus textos? Eliane Brum – O espaço é sempre algo duramente a ser conquistado. E muito tempo se leva para isso. Trabalhei 11 anos em jornal diário, fazia duas, três pautas por dia. Cheguei a fazer cinco pautas por dia. E no começo da minha vida de jornalista, justamente por eu contar a história de um jeito que saía um pouco desse lide, da pirâmide invertida, houve uma certa resistência pela forma como eu fazia a reportagem. Aos poucos fui conquistando esse espaço. Naturalmente fui para Geral e Polícia (houve uma época que no Zero Hora essas duas editorias eram juntas). E fiquei sempre nessa área porque dava mais possibilidade. Aos poucos fui fazendo minha escolha, que foi pela extraordinária vida comum. Vejo o trabalho do jornalista como o de um historiador do cotidiano. Documentamos a história em movimento. E essa responsabilidade é enorme, porque influenciamos o que está acontecendo agora e a compreensão histórica desse momento. Se fazemos mal o nosso trabalho, estamos cometendo algo meio criminoso. Sempre fiz o meu trabalho com essa consciência. E fiz uma opção. A pauta não é uma coisa dada. O que é notícia é sempre uma disputa no campo da política. Tem um enorme efeito quando tu deixas de fora a maioria dos homens e mulheres que constroem o País. É devastador construir a história e não ser contado por ela, não se tornar narrativa histórica. Então, minha escolha é por esse mundo das margens, essa vida dos cantos, dos rodapés. Antigamente era dos que não tinham voz. Hoje, com a internet, não podemos mais dizer que damos voz a quem não tem voz. Cada vez mais as narrativas se ampliam, as pessoas têm já canais para colocar sua voz, e isso também é uma mudança para o jornalismo. Eu sou uma repórter de desacontecimentos. É um envolvimento pelas margens, pelo que fica nos cantos dos acontecimentos. Portal dos Jornalistas – Qual foi a reportagem mais desgastante, física ou emocionalmente, de sua carreira? Eliane Brum – Sempre tenho uma entrega muito profunda às minhas reportagens. É sempre uma entrega tão grande que, quando volto delas, já não sei mais quem sou. Ser repórter é isso: despir-se de si para alcançar o mundo do outro, para ser preenchido pela voz que é do outro. Quando volto desse processo, eu também já sou outra, e tenho que me redescobrir. Então, todas as reportagens me custam muito e me dão muito. A minha primeira grande reportagem foi muito difícil, que foi quando eu refiz, em 1993, a marcha da Coluna Prestes. Depois ela virou o livro Coluna Prestes – o avesso da lenda (Artes e Ofícios). As minhas reportagens sobre a morte. Passei dois anos trabalhando a questão da morte não-violenta, a morte da maioria por doença ou por velhice, que é silenciada e difícil de falar. E especialmente quando acompanhei os últimos 115 dias de vida da Ailce, que tinha um câncer incurável. Acompanhar o morrer dela me obrigou também a fazer esse profundo confronto, não com a morte, mas com a vida. E a partir dessa reportagem fiz uma grande mudança na minha vida. Houve também a reportagem que fiz para o livro dos Médicos sem Fronteiras sobre doença de Chagas na Bolívia, que levei mais de um ano para dar um sentido para o que vivi lá. Nessa reportagem tive que me confrontar com a impotência, porque ser jornalista é isso, temos um confronto constante com a impotência. Contar uma história é muito e é pouco ao mesmo tempo, mas é o possível. Portal dos Jornalistas – Em outro momento do livro, você fala sobre dor e delicadeza, que as coisas ao seu redor doem em você. Como é essa dor? Eliane Brum – O mundo me dói. Desde que eu me lembro de mim, o mundo me dói. E o jeito que encontrei de viver foi pela palavra escrita, pela reportagem. Transformar essa dor em algo ativo. A reportagem é essa palavra que age. Acredito profundamente no poder da narrativa como instrumento de transformação da própria vida. Escrever me salvou. O que eu busco é o que há de delicadeza nessa brutalidade. Portal dos Jornalistas – Como enxerga o  papel do jornalista hoje? Eliane Brum – Acho que vivemos um momento muito especial do jornalismo, que é toda essa mudança que vem a partir da internet. A reportagem continua fundamental, está mais viva, porque sempre vai ser importante contar a história deste momento, a história cotidiana, e a internet amplia isso. Hoje, para fazer uma reportagem, temos outro desafio. Hoje, por exemplo, quando tu vais cobrir esses protestos, além de observar as pessoas na rua, o que fazem no momento, tem que ver que essas pessoas publicaram suas próprias narrativas no twitter, por exemplo. Tu podes procurar essas pessoas, ver quem elas são, ampliar a história que elas já contaram. Hoje, cada um está fazendo sua própria narrativa dessa história, o que torna nosso trabalho mais fascinante ainda. Eu sou muito otimista em relação a isso. Acho que há uma crise por conta do novo, por não sabermos como é que vai ser financiado, há uma crise do impresso, mas não é uma crise da reportagem. A reportagem continua tão ou mais viva quanto sempre, porque é um momento extraordinário da história. Estamos vivendo um momento realmente extraordinário, que é a mudança de um mundo inteiro junto com a chegada da internet, mudança nas relações. O mundo que conhecíamos com os padrões de pensamento que tínhamos, não existe mais. Estamos tendo que descobrir que mundo está sendo construído, porque contamos e fazemos parte dessa história. Então, nosso trabalho é ainda mais importante. Precisamos estar abertos para as mudanças de padrões e pensamentos, temos que encontrar novos caminhos nos quais nunca pensamos, construir nossas pontes em um momento marcado pela horizontalidade das narrativas e relações. Portal dos Jornalistas – Como você toca os seus projetos hoje? Eliane Brum – Faço muita coisa ao mesmo tempo e gosto disso. Estou sempre escrevendo um livro. Viajo bastante, faço algumas palestras. Quando deixei de ter emprego, fui descobrir qual era o meu horário mesmo. Acordo sozinha às 5h e é quando eu gosto de escrever. Sempre há alguma coisa pra escrever, leio bastante, não tenho uma rotina fixa. Portal dos Jornalistas – E quem os fomenta? Eliane Brum – As coisas têm partido de mim. Tenho feito algumas reportagens com o meu próprio dinheiro. Faço alguns trabalhos e junto dinheiro para fazer uma reportagem. Ainda estou procurando um modelo, também estou nessa questão – como vários outros jornalistas – de como financiar as reportagens que eu faço. Isso está em construção. Estamos vivendo em um mundo que não tem respostas. As que havia já não servem mais, temos que aceitar isso. E isso não é ruim. Precisamos aguentar esse não-saber, porque é daí que vem o novo. Precisamos quebrar formas de pensamento, e isso não é fácil, mas é muito legal. Então, estou procurando meu caminho. Só faço o que quero, e fazer só o que se quer tem um custo. Aprendi a viver com pouco dinheiro, minha vida é relativamente barata. Escolho as histórias que quero contar. Faço uma ou duas reportagens por ano, outras estão sendo feitas há mais de um ano. Paralelamente, vou experimentando outras coisas. Hoje tenho várias vozes:  a reportagem é uma, a coluna é outra, e vou me movendo por isso. Minha angústia é que tenho tantos sonhos, tantos projetos que vai me faltar vida para fazer tudo isso. Então, fico sempre fazendo contas! Estou com 47 anos e fico me perguntando por quanto tempo ainda vou aguentar bem ir pra África, pra Amazônia… É essa a minha angústia, de que não vou conseguir. É triste, mas faz parte [risos].   SERVIÇO A menina quebrada, de Eliane Brum Editora: Arquipélago Número de páginas: 432 Preço: R$ 39,90 (impresso) / R$ 19,90 (e-book) Informações para imprensa com Danielly Almeida/ÓGUI (11-3123-9758) 

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