A Globo demitiu dois de seus jornalistas mais experientes: Alberto Gaspar, em São Paulo, com 39 anos de casa; e Ari Peixoto, no Rio, na emissora há 34 anos. Ambos confirmaram as informações para o site Notícias da TV, que afirma que o motivo para o desligamento deles seria um novo corte de gastos no grupo. Os dois estavam em home office em decorrência da pandemia e recentemente haviam voltado a trabalhar presencialmente.

“Fui ‘desligado’”, disse Peixoto ao Notícias da TV. “Cheguei para trabalhar e fui chamado à sala do diretor, que em minutos me informou da minha demissão”. O site também entrou em contato com Gaspar. Ambos enviaram textos de despedida aos colegas.

Gaspar escreveu que sai com o sentimento de missão cumprida: “Pretendo continuar fazendo o que gosto, e há várias maneiras para isso. Só não topo qualquer negócio, no mau sentido da expressão. Isso, quem me conhece, já sabe. Tudo pode mudar. A ética da profissão que me deu tanto, na vida, não”.

No mesmo tom, Peixoto declarou que deixa a emissora “pela porta da frente”: “Me despeço da Globo saindo pela mesma porta por onde entrei há 34 anos, a da frente. Saio com a sensação de ter atingido o objetivo a que me propus desde o primeiro dia aqui, o de trabalhar, crescer profissionalmente”.

Formado pela USP, Gaspar entrou na Globo ainda como estagiário em 1982. Foi promovido a repórter do Bom Dia São Paulo, responsável por reportagens de serviço. Posteriormente, cobriu a campanha pelas Diretas Já e a morte de Tancredo Neves.

Depois de passagens por afiliadas pelo interior de São Paulo e Minas Gerais, retornou à capital paulista como repórter do Globo Rural. Em 1995, voltou ao jornalismo diário. Cobriu o acidente do avião Fokker 100 da TAM, em 1996, e a queda do avião que matou o candidato à Presidência da República do PSB, Eduardo Campos, em 2014. Também foi correspondente da Globo em Buenos Aires e Jerusalém.

Peixoto iniciou sua trajetória no grupo na Editoria Rio em 1987. Fez reportagens dos mais variados assuntos, como as disputas de traficantes nos morros cariocas e diversas coberturas de Carnaval.

Foi correspondente no Oriente Médio, cobrindo a Primavera Árabe, em 2011. Assim como Gaspar, também foi correspondente em Buenos Aires e em Jerusalém. Ele, inclusive, substituiu a Gaspar em ambas as cidades.

O Notícias da TV destaca que a Globo está desligando profissionais com os salários mais altos. Na semana passada, demitiu Fernando Saraiva, que foi correspondente em Londres e tinha 22 anos de casa; o repórter especial Roberto Paiva, na Globo desde os anos 2000; e o produtor especial Robinson Cerântula, há 28 anos na empresa.

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