Mark Zuckerberg, criador do Facebook, anunciou nesta terça-feira (7/1) que removerá vídeos com informações falsas, manipulados e deepfakes da rede social. Os critérios para a remoção serão: se o vídeo foi alterado para denegrir a imagem de alguém ou transmitir informações falsas, sem a percepção de outras pessoas, ou se foi utilizada Inteligência Artificial para sobrepor vídeos sobre outros, alterando o conteúdo oferecido.
Qualquer vídeo que for considerado falso pela checagem, terá
seu alcance reduzido no feed de notícias e não poderá receber propaganda. Além
disso, se algum usuário tentar compartilhar o conteúdo rotulado como falso, ele
receberá um aviso indicando que o que está compartilhando não é verdadeiro. A empresa
garante que vídeos editados para melhorar a clareza das informações, bem como
paródias e sátiras não serão removidos.
Sérgio Spagnuolo (Volt Data Lab)anunciou em 6/1 o lançamento do projeto Núcleo Jornalismo, de jornalismo de dados. Com o lema Jornalismo, Dados e Transparência, o objetivo é criar um veículo independente com investigações baseadas em dados públicos, dando transparência e clareza aos acontecimentos no País. A iniciativa é da agência de dados Volt Data Lab.
O site do Núcleo afirma que o foco é “informar o público
para conscientizar e gerar ação acerca de temas relevantes para a vida cívica
brasileira, pautando o debate público, sempre de olho no potencial para
orientar mudanças”. As principais áreas de atuação serão: Transparência de
recursos públicos; Transparência de políticas públicas; Mídia,
tecnologia e segurança da informação; Meio-ambiente e cidades
inteligentes; e Políticas de direitos humanos.
Em sua conta no Twitter, Sérgio afirmou que busca
financiamento para o projeto: “Em menos de um mês, em
dezembro, falamos com consultores e possíveis apoiadores e parceiros, criamos
uma landing page, uma marca, um
projeto inteiro (tem muita coisa escrita já). Estamos atrás de financiamento
agora, só assim nossa missão de transparência vai vingar mesmo”. O site
do projeto já está no ar.
O presidente Jair Bolsonaro atacou novamente a imprensa. Na segunda-feira (6/1), durante coletiva na entrada do Palácio da Alvorada, afirmou que os jornalistas são “raça em extinção”.
“Quem não lê jornal não está informado. E quem lê está
desinformado. Vocês são uma espécie em extinção. Eu acho que vou botar os
jornalistas do Brasil vinculados ao Ibama. Vocês são uma raça em extinção”,
disse o presidente.
Ele também afirmou que a confiança na imprensa está cada
vez menor, e que a leitura de jornais “envenena” as pessoas: “Cada vez mais
gente não confia em vocês. E eu quero que vocês sejam, realmente, uma força no
Brasil. É importante a informação, e não a desinformação ou as fake news.
Eu cancelei todos os jornais no Planalto, todos, todos, não recebo mais nem
jornal, nem revista. Quem quiser, que vá comprar. Porque envenena a gente ler
jornal, a gente fica envenenado”.
Em nota, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
considerou a fala de Bolsonaro como “estapafúrdia”, e reiterou que enquanto a informação
“for uma necessidade vital nas sociedades modernas, e ela será sempre, o
jornalismo vai continuar a existir. E, com certeza, sobreviverá por mais tempo
do que políticos inimigos da democracia, que, estes sim, tendem a ser engolidos
pela história”.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Farol Jornalismo lançaram o especial O Jornalismo no Brasil em 2020, com previsões e apostas sobre a profissão neste ano. As entidades reuniram dez artigos que abordam temas como segurança de jornalistas, colaboração e empreendedorismo.
Segundo o especial, o jornalismo está inserido em um
ambiente de imprevisibilidade e instabilidade em 2020, por causa de conflitos
frequentes com o presidente Jair Bolsonaro, que em 2019 atacou diretamente a
imprensa em mais de 100 ocasiões, segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj).
Os artigos destacam assuntos relevantes como a questão da
segurança dos jornalistas, incluindo a impunidade
em casos de violência, o combate a informações falsas e parcerias
entre os veículos midiáticos, “para que o jornalismo continue atuando
para preservar o interesse público e para fortalecer as coberturas locais”,
como analisa José Antonio Lima, editor do Comprova. Além disso, as
eleições municipais de 2020 devem ser observadas atentamente, segundo os
autores dos artigos.
Felipe Oliveira, encapuzado, no programa Fantástico (Globo)
O repórter Felipe Oliveira foi absolvido da acusação de práticas terroristas pela 14ª Vara Federal de Curitiba. Ele tornou-se réu em fevereiro de 2018, após o Ministério Público Federal tê-lo denunciado por manter contato com integrantes de grupos brasileiros simpatizantes do Estado Islâmico, a fim de obter informações para pautas jornalísticas.
O juiz Ricardo Rachid de Oliveira, que assina a sentença,
afirmou que “não há como sustentar que a conduta do réu comporte promoção,
constituição, interação ou prestação de auxílio a organização terrorista, a
partir dos elementos de prova colhidos nos autos”.
O SBT informou em comunicado à imprensa que a repórter Márcia Dantas passou a fazer parte do grupo de apresentadores do telejornal Primeiro Impacto, ao lado de Dudu Camargo e Marcão do Povo. Até então, ela substituía os titulares em eventuais ocasiões.
Márcia comanda os últimos 90 minutos do programa, das 9h às
10h30. Primeiro Impacto vai ao ar de segunda a sexta, às 4 horas.
O jornalista de cultura e música Pedro Rocha morreu em 3/1, aos 27 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ele estava em seu apartamento em São Paulo.
Formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), trabalhou
no portal Papel Pop e nos cadernos Divirta-se
e Caderno 2 do Estadão. Ultimamente,
comandava o site Exitoína da
Editora Caras.
O relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado em 17/12, aponta que a América Latina pode ser tão perigosa quanto o Oriente Médio para jornalistas. O estudo contabiliza mortes, detenções, sequestros e desaparecimentos de jornalistas ao redor do globo. Na América Latina, 14 jornalistas foram mortos em coberturas ou por serem jornalistas. Só no México, foram dez.
O estudo mostra também uma queda de cobertura jornalística em regiões de guerra, especialmente no Oriente Médio. Os profissionais sofrem ataques, sequestros, prisões arbitrárias e, em casos extremos, morte. Além disso, as leis de proteção ao jornalista são muito restritivas na região.
Curiosamente, a pesquisa aponta também o menor número de jornalistas mortos no mundo desde 2003, quando o estudo passou a ser realizado: 49 mortes. Essa baixa tem a ver com uma redução de mortes de jornalistas em zonas de guerra. Porém, segundo analisa Christophe Deloire, secretário-geral da RSF, “mais e mais jornalistas estão sendo assassinados por causa de seu trabalho em países democráticos, o que cria um desafio para a manutenção da democracia nos lugares em que esses profissionais vivem e trabalham”.
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) se também se posicionou sobre a situação. Para Younes Mjahed, presidente da FIJ, “que haja menos mortes de jornalistas deve ser um motivo de alívio para todos os que estão unidos na luta para garantir a segurança dos/as jornalistas, uma causa que tem motivado a FIJ durante décadas. Porém, não é tão satisfatório ver como nossos informes revelam constantemente que haja mais mortes de jornalistas em países em situações de paz por reportar sobre corrupção, crimes organizados e abuso de poder que em zonas de guerra. O fracasso dos governos para deter a impunidade destes crimes deve ser abordado através da Convenção da ONU para a proteção de jornalistas que estamos promovendo”.
Vanessa Adachi deixou o Valor Econômico em 10/12, após 17 anos de jornal. E o fez, conforme revelou em seu Linkedin, pela vontade de experimentar coisas novas. Nessas quase duas décadas, foi repórter de investimentos e de negócios, repórter especial, editora de Finanças e Mercados e editora executiva. A este J&Cia, disse que há alguns meses manifestou à direção do jornal a vontade de sair e buscar novas experiências: “Havia outros planos sendo discutidos, mas conseguimos construir uma saída muito positiva, com portas abertas. Sou grata à direção do Valor e da Editora Globo por todas as oportunidades, pelo entendimento e pelo desfecho dessa história”. Ela acrescentou que deixa o Valor já com saudades, “mas satisfeita com a escolha e animada com o futuro”.
O idealismo não sai de moda. É a mola propulsora do empreendedorismo, capaz de promover grandes transformações. Hoje me lembrei dos meus anos de mocidade e dos meus contemporâneos que se dedicaram a promover a melhoria de vida dos moradores do Norte de Minas. Realizamos projetos arrojados para a nossa época. Destaco a fundação do Diário de Montes Claros e da revista Encontro, tema de hoje neste espaço.
A
revista Encontro surgiu das minhas conversas com Waldir Senna Batista, Enock
Sacramento e Lúcio Marcos Bemquerer. Juntaram-se ao grupo Haroldo Lívio –
bancário, advogado, jornalista, escritor, contista e historiador –
e Konstantin Christoff, médico cirurgião, artista cuja personalidade,
vida e obra marcaram de maneira feliz e definitiva o cenário cultural de Montes
Claros. Todos muito jovens, menos de 30 anos, Konstantin, um pouco acima dos 40
anos. Sentíamos a necessidade de ter uma revista que representasse o
pensamento e as aspirações do Norte de Minas. Que contasse as nossas histórias
e promovesse o progresso da região, que falasse das nossas aspirações,
conquistas, que desse foco nas realizações e no progresso da região norte
mineira.
Ideias
na cabeça, tínhamos a barreira do capital para começar, formar a equipe de
jornalistas e colaboradores, as dificuldades de logística para a impressão,
a distribuição, como conquistar os leitores… e muitos outros senões que
aparecem quando se quer empreender, pôr uma empresa na rua. Mas a juventude tem
de bom a força do experimentar, de não ter medo de ousar, acertar ou errar.
E o projeto saiu da iniciativa para as bancas de jornais.
O
nome Encontro foi ideia do Konstantin. A despeito de suas funções no
hospital e no consultório, ele encontrou tempo para participar da iniciativa.
Fizemos inúmeras reuniões para definir o projeto, a missão, os temas, as
colunas e todo o projeto gráfico e editorial. Depois de meses de planejamento,
a iniciativa virou realidade.
O
primeiro número circulou em junho de 1960. As reportagens, entrevistas,
crônicas, contos, política e os artigos eram escritos pelos fundadores. A seção
humorística era de responsabilidade de Haroldo Lívio, sob o pseudônimo de
Parsifal de Almeida, rico de humor e de gostosas gargalhadas. Algumas
reportagens foram escritas por Humberto Santos. As caricaturas e ilustrações de
anúncios eram saídas da pena de Konstantin Christoff. Ele editava as cartas dos
leitores. Mas Konstantin não sabia datilografar. O que ele fez? Comprou um
livro, Método de Datilografia. O autor
recomendava uma lição por dia num período de 60 dias. Konstantin tinha
pressa de aprender. Um dia e uma noite inteiros ele treinou em uma máquina de
escrever, copiando as lições. Ao parar o treino, tinha os punhos inchados,
mas se tornou datilógrafo.
Os
anunciantes prestigiaram e viabilizaram o começo da revista. Bastava levar
aos industriais e comerciantes a prova de um anúncio bolado pelo médico e era
aprovado incontinenti.
O
processo de impressão e distribuição merece ser contado. Todo o material ia,
por correio, para Belo Horizonte. Lá os pacotes com nossos textos eram recebidos
por Lúcio Bemquerer, que se encarregava de contratar a gráfica pra fazer a
impressão. Lúcio morava na capital e estudava Economia na UFMG. Ele se dividia
entre o curso e as tarefas de editor. Revistas prontas, voltavam pra Montes
Claros para a distribuição entre os anunciantes e os leitores. Nas minhas
contas, eram 5.000 exemplares impressos. Quem ajudava na distribuição era o
Ducho, dono da Agência Thais, um dos primeiros distribuidores de jornais e
revistas do Norte de Minas.
No
primeiro ano, a periodicidade da revista se manteve. A receptividade era muito
boa. Mas os custos aumentavam, tinha inflação e o faturamento deixou a
desejar. A revista precisava de continuar com o apoio do comércio, das
associações e da sociedade pra bancar pelo menos a impressão. Mas os
custos cresciam, o comércio enfrentava dificuldades, cancelaram anúncios e a
revista Encontro parou de circular em setembro de 1962.
Ainda
existem exemplares da revista, mas estão nas mãos de poucos. Não me lembro a
data, mas o Lucio Bemquerer se encarregou de mandar fazer a encadernação
de toda a coleção e entregou um exemplar pra cada um dos principais
colaboradores. A encadernação em poder deste escriba está quase inteira.
Faltam algumas páginas arrancadas e outras rabiscadas pelos filhos e netos que
sempre frequentaram o meu espaço de trabalho. Foi um feito ter conseguido
publicar a revista Encontro nessa época áurea do nosso jornalismo no Norte de
Minas.
Folheando a coleção da revista, encontrei textos marcantes e campanhas que ajudaram a promover o progresso do Norte de Minas. Entre elas, a destinação correta de 3% da renda tributária em favor da população, a campanha pela criação da Unimontes e da inclusão da nossa região na área da Sudene.
Virgínia Queiroz
A contribuição é de Virgínia Queiroz, da Infinity, que trabalhou por 25 anos na TV Globo-SP e teve uma rápida passagem pela Band. Em homenagem ao pai, Décio Gonçalves de Queiroz, falecido em maio de 2018, ela separou algumas histórias que ele publicou na coluna Canto de Página do Jornal de Notícias, de Montes Claros, no Norte de Minas, e enviou a este J&Cia. Vale lembrar que ele próprio dirigiu por décadas o Diário de Montes Claros, além de ter sido revisor no Estadão, nos anos 1950. A história que reproduzimos é da edição de 26 e 27/2/2017.