A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) divulgou uma pesquisa sobre os impactos da Covid-19 nos profissionais de imprensa na América Latina. Os dados apontam que, até 19 de agosto, 171 jornalistas morreram de coronavírus na região, nove deles no Brasil.
A pesquisa usou informações de 13 países. Peru, com 82 profissionais de imprensa mortos, e Equador, com 40, são as regiões com maior número de vítimas de coronavírus da região. Brasil, com nove, está em 4º lugar, atrás do México, com 13 mortos.
As vítimas da doença no Brasil citadas no levantamento foram: Rodrigo Rodrigues, apresentador Sport TV (Rio de Janeiro – 28 de julho); José Raimundo Alves, repórter cinematográfico freelance (Salvador − 5 de agosto); Mário Marques Nunes Jr (Bob Jr.), repórter cinematográfico da TV Meio Norte (Terezina – 24 de julho); Letícia Neworal Fave, assessora de imprensa da Universidade do Futebol (Jundiaí/SP − 19 de junho); Lauro Freitas Filho, editor do Jornal Monitor Mercantil (Rio de Janeiro – 28 de maio); Alexandre Rangel, assessor de imprensa da Câmara Municipal de Fortaleza (Fortaleza − 15 de maio); Marcos Dublê, repórter cinematográfico da TV Metrópole (Fortaleza − 7 de maio); Luiz Marcello de Menezes Bittencourt, da Rádio USP (São Paulo − 30 de abril); e Roberto Fernandes, da TV/Rádio Mirante (São Luís – 22 de abril). A pesquisa não levou em conta três radialistas: Márcio Garçone , da TV Band Rio e CNT (Rio de Janeiro – 5 de maio); Robson Thiago, operador de câmera do SBT Rio (Rio de Janeiro − 21 de abril); e José Augusto Nascimento Silva, editor de vídeo do SBT Rio (Rio de Janeiro – 13 de abril).
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu com outras entidades nota conjunta de repúdio à atitude de Bolsonaro: “Abraji, Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB e Repórteres sem Fronteiras se solidarizam com o repórter e condenam mais um episódio violento protagonizado por Jair Bolsonaro, cuja reação, ao ouvir uma pergunta incisiva, foi não apenas incompatível com sua posição no mais alto cargo da República, mas até mesmo com as regras de convivência em uma sociedade democrática. Um presidente ameaçar ou agredir fisicamente um jornalista é próprio de ditaduras, não de democracias”.
“Essa ameaça de agressão física se soma a um histórico de forte hostilidade de Bolsonaro contra jornalistas e marca um novo patamar de brutalidade”, continua a nota. “Desde o início de seu mandato, em janeiro de 2018, Jair Bolsonaro vem demonstrando carecer de preparo emocional para prestar contas à sociedade por meio da imprensa, uma responsabilidade de todo mandatário nas democracias saudáveis. Jornalistas têm sido vítimas de agressões verbais constantes ao cumprir sua obrigação profissional de questionar o presidente sobre ações do governo federal e indícios de corrupção ao longo de sua carreira política”.
Também em nota, a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas do DFse solidarizaram com o repórter ameaçado e reiteraram pedido de impeachment já assinado pelas: “O Sindicato informa que estudará medidas judiciais cabíveis contra o presidente da República por este crime. O trabalho da imprensa é fundamental numa democracia e não deve sofrer intimidações, quanto mais ameaça de interrupção por violência física”.
O caso repercutiu muito nas redes sociais, chegando aos trending topics do Twitter. Diversas contas questionaram o presidente, escrevendo a pergunta: “Presidente Jair Bolsonaro, por que a primeira-dama recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”. Segundo levantamento do pesquisador Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo, foram mais de 1 milhão de postagens com a pergunta em menos de 24 horas, incluindo mensagens de jornalistas, artistas e celebridades com muitos seguidores, o que impulsionou ainda mais a viralização do ocorrido.
Paulo Vieira Lima foi meu sócio, parceiro, amigo, confidente. Foi também assessor de imprensa da Faesp e da IR Comunicação, chefe de Reportagem da CBN, coordenador da Comissão de Assessores de Imprensa do Sindicato dos Jornalistas de SP, coautor de vários livros-guias editados pelo mesmo Sindicato dos Jornalistas, diretor da Faculdade de Jornalismo e Arquitetura da Universidade de Guarulhos, apresentador de programas na Rádio Mega Brasil Online, colunista do Brasil Econômico. Foi bom filho, bom marido, bom pai e excelente avô.
Tinha, pois, um currículo humano e profissional que não deixa dúvidas sobre seu caráter, sua capacidade e seu carisma.
Mas talvez os traços mais marcantes de sua passagem por aqui foram o senso de humanidade e o bom humor. Este, impagável.
O primeiro contato que tive com Paulinho, como todos o chamávamos, foi por volta de 1982, na campanha pela sucessão de Lu Fernandes no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Eu integrava a chapa de oposição, liderada por Gabriel Romeiro, e coordenava a campanha junto aos assessores de imprensa. Não sabia que Paulo, então assessor de imprensa da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), mais do que simpatizante, já militava no Sindicato… na situação. Encontrei-o convalescendo de uma cirurgia, salvo engano, de vesícula, e mesmo sabendo que eu representava a oposição tratou- me com uma fidalguia que jamais eu esqueceria vida afora.
Desde então, a vida sempre nos manteve próximos, exceção a esses últimos meses, quando a pandemia provocou um pandemônio na vida de todos.
Fomos parceiros na Comissão dos Assessores do Sindicato por décadas, de diretoria comercial do próprio Sindicato em projetos como o jornal Unidade e os livros-guias Fontes de Informação, Guia Brasileiro de Assessoria de Imprensa & Comunicação Empresarial, Colunistas Brasileiros e Cursos para Jornalistas no Exterior (todos pela Puente, dirigida por nós dois, mais Cecília Queiroz).
Montamos juntos o Fontes Online, primeiro projeto online que buscava levar para a imprensa um substituto digital do conhecido “seboso”, a agenda em papel que circulava nas redações, quando ele, no comando, montou um time de estagiários inesquecível, integrado, entre outros, por Fernando Soares, há vários anos nosso editor no J&Cia.
Organizamos cursos, integramos júris, participamos de encontros de assessores Brasil afora, fomos coautores do Manual de Assessoria de Imprensa da Fenaj, elaboramos dissídios coletivos dos assessores, enfrentamos juntos ataques covardes contra nossa atuação no Sindicato (e vencemos).
Certa vez, lá pelos idos de 1992, eu, ele e Zelão Rodrigues decidimos montar uma loja de licores no Multishop, na Vila Mariana, em São Paulo, para aproveitar as vendas de final de ano. A namorada de um outro amigo jornalista fabricava os licores e nós os revendíamos na loja, que tinha como vendedores parentes nossos que estavam no desvio. Ao final, conseguimos um “lucro” de uns mil dólares cada um e mais umas 10 garrafas de licores, da sobra do estoque. Nunca mais repetimos aquela aventura.
Em outra passagem, eu estava fazendo a edição semanal do então FaxMOAGEM (atual Jornalistas&Cia), quando, por volta das 11 horas da manhã, ele chega e conta sobre a morte de um colega jornalista, Fernando Coelho. Aquilo mudou o fechamento e transformou- se na maior barriga de nossa história, pois, de fato, havia falecido um jornalista chamado Fernando Coelho, mas era homônimo daquele que involuntariamente matamos. Corrigimos a informação, mas o estrago estava feito e depois entrou para o folclore de nossa história.
As blagues, então, eram muitas. Como esquecer o dia que ele convidou a saudosa Regina Meira, então secretária da ABI, cuja sede ficava, à época, no mesmo prédio do Sindicato dos Jornalistas, ali na Rego Freitas, para comer um churrasco na hora do almoço. Depois de 15 minutos caminhando a pé pelo Centro da cidade, sob um sol inclemente, ele para em frente a um carrinho que serve churrasco grego e diz para ela: “Pode pedir, que eu pago”. Ou o dia em que ele sobe até a sede da ABI, no primeiro andar, e fala para a mesma Regina Meira: “Corre lá embaixo que o Nabor está chegando e quer falar com você”. O Nabor era um diretor do Sindicato e da ABI e ela, ingênua, correu lá e quando se deu conta viu que estava entrando pelo corredor térreo do prédio um caixão de defunto. Era o corpo do Nabor, que tinha morrido e seria velado no Sindicato.
Em outra passagem, esta na CBN, onde era chefe de Reportagem, haviam convidado para os estúdios um dos herdeiros do trono do Brasil, da família Orleans e Bragança. O ator Cacá Rosset, ao ficar sabendo da visita, não teve dúvidas, vestiu-se de Ubu-Rei e foi para os estúdios para ter um tête-à-tête de rei para rei. Foi um fuá, ao vivo.
Em outra, acompanhando José Paulo Laniy, foram até o apartamento do dramaturgo Plínio Marcos para combinar um trabalho de assessoria de imprensa. E aproveitariam para almoçar. Ao chegarem, Plínio abre a porta e, ao ver Paulinho, foi logo falando: “Pô, você trouxe esse cara com esse barrigão… ele vai comer toda a minha galinha”.
Sempre que saíamos às terças-feiras, logo após as reuniões da Comissão de Assessoria de Imprensa do Sindicato, para comer pizza, a dele, invariavelmente era uma de cogumelos, de que ninguém gostava. Quando as pizzas chegavam, na hora de escolher os primeiros pedaços ele, de sacanagem, pedia um de outro sabor e, rindo, dizia: “A minha já está garantida”.
Tempos atrás, coisa de cinco ou seis anos, deixou todos preocupados quando teve de fazer a cirurgia dos quadris, para a implantação de próteses, o mesmo mal que acometeu o Rei Pelé. Foram cerca de dois anos de tratamento e afastamento, mas, guerreiro, voltou e retomou suas atividades, entre elas a colaboração com a Mega Brasil, o curso de Direito e o trabalho com os filhos, no escritório de advocacia que montaram, dizendo, embevecido, que fora contratado como estagiário de Paulinho e Tati.
Ia formar-se em Direito este ano. Não deu tempo.
Paulinho já está fazendo falta.
Eduardo Ribeiro
Eduardo Ribeiro, diretor deste Portal dos Jornalistas, presta homenagem ao amigo Paulo Vieira Lima, falecido em 5 de agosto.
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O senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPMI das Fake News, apresentou em 19/8 um projeto de lei propondo que empresas de internet, como Google e Facebook, paguem veículos de notícias pelo conteúdo veiculado em suas plataformas.
Segundo o senador, “gigantes da tecnologia têm-se utilizado de notícias produzidas por veículos de comunicação, sem que estes sejam remunerados para isso”. A ideia é inserir na lei de direitos autorais um artigo prevendo esse tipo de pagamento, de modo que os autores do conteúdo jornalístico possam solicitar remuneração à empresa de internet que compartilhou o material. O projeto prevê também que os veículos possam solicitar a “indisponibilização” de seu conteúdo nas plataformas dessas empresas.
Coronel declarou que “o reconhecimento e a valorização do jornalismo profissional são instrumentos valiosos no combate à desinformação. O jornalismo feito com seriedade deve valer-se da checagem de informações na luta contra a disseminação de mentiras e falsas notícias. Mas esse é um processo custoso, que demanda o investimento de recursos financeiros e a capacitação de recursos humanos”.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), em parceria com o programa De Olho na Rede, oferece o ciclo de cursos Estratégias em Comunicação Digital para Jornalistas, com quatro módulos, e um total de 20 horas. Profissionais sindicalizados têm desconto na inscrição, que vai até 14 de setembro.
O primeiro módulo será em 15, 17, 22 e 24 de setembro, das 20h às 22h, com o tema Comunicação digital para campanhas. O segundo, Planejamento de digital, ocorre em 6, 8 e 13 de outubro, das 20h às 21h. Já os terceiro e quarto módulos − respectivamente, Estratégias de utilização das redes sociais da internet e Assessoria de imprensa e presença digital −, serão em janeiro e fevereiro de 2021. É possível adquirir os quatro módulos por meio de um pacote especial, com 20% de desconto, ou comprá-los separadamente.
Paulo Itabaiana (esq.) e Wagner Constantino Martins (Crédito: Antonio Chahestian/Record TV)
A Record TV reestruturou sua área comercial. Wagner Constantino Martins assumiu a nova Diretoria-Geral de Comercialização em São Paulo. Ele era diretor comercial, cargo que será mantido, agora subordinado à Comercialização, e para o qual foi contratado Paulo Itabaiana.
Formado em Administração de Empresas, com MBA em Marketing pela FIA/USP, Martins já passou pela diretoria de Negócios na emissora. Itabaiana tem graduação e MBA em Marketing, por Mackenzie e ESPM. Ele foi diretor comercial da plataforma de mídia Teads, e trabalhou em empresas como Facebook, Globosat, Grupo RBS e Grupo Estado.
O evento Caminhada Luiz Gama, que exalta a importância e a história daquele que é considerado por muitos como o maior abolicionista do Brasil e patrono da abolição da escravidão no País, será virtual este ano. Desde 1931, uma caminhada desde o busto dele em frente à Academia Paulista de Letras, no Largo do Arouche, no centro da capital paulista, até seu túmulo no cemitério da Consolação é realizada em 21 de junho ou em 24 de agosto, respectivamente, dias do nascimento e morte de Luiz Gama.
Neste ano, a caminhada será virtual, em 24/8, em formato de vídeo produzido pelo produtor cultural Max Mu e pela gestora de projetos Marília Santos, no qual serão exibidos pontos históricos da cidade relacionados com a vida e a memória de Luiz Gama. Personalidades como João Acaiabe, Oswaldo Faustino, Naruna Costa, Max Mu, Ailton Graça, Eduardo Silva, Dinho Nascimento e Cyda Baú recitaram trechos de um texto escrito por Raul Pompeia sobre a morte de Gama, que serão exibidos com o vídeo da caminhada.
Haverá ainda uma série de debates sobre o legado de Luiz Gama em diversos setores até segunda-feira, dia da caminhada. Hoje (20/8), às 19h, nas redes sociais do evento, irá ao ar o debate Luiz Gama para Advogados; na sexta (21/8), às 19h, Luiz Gama para Escritores; no sábado (22/8), às 19h, Luiz Gama para Jornalistas; e no domingo (23/8), será exibido às 11h e às 19h o vídeo 190 anos de Luiz Gama e a liberdade de ser o que se é. Os debates serão exibidos também nos canais de YouTube de Jornal Empoderado e Jornalistas Livres.
Luiz Gama (1830-1882) foi jornalista, poeta, advogado e ativista, ícone da luta contra o racismo e o regime escravocrata. Foi um dos precursores do que é hoje o jornalismo investigativo, tendo sido responsável por denunciar a jornais diversas violações de leis e direitos cometidas por juízes e advogados contra negros e escravos.
O grupo ABC/Omnicom, que controla a CDN Comunicação, anunciou que Fábio Santos é o novo CEO da empresa. Ele sucede a Juliano Nóbrega, que deixará a agência. Manuk Masseredjian, que atuou como CEO até 2019, vai atuar como consultor da empresa e trabalhar ao lado de Fábio e Juliano na condução conjunta da transição.
Fábio é formado em Jornalismo pela ECA-USP, tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV e especialização em Ciência Política na FFLCH-USP. Lançou e dirigiu o jornal Destak, foi editor da revista Primeira Leitura e editor executivo da revista República. Atuou como repórter de política de O Globo e passou pela Folha de S.Paulo. Foi vice-presidente da CDN até 2016, quando assumiu o cargo de secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo. Atualmente, é sócio-diretor da agência NCC1701.
Silvio Navarro, que teve passagens por Veja e Jovem Pan, chega à Revista Oeste para ser o novo editor executivo da publicação digital. Ele começou nessa quarta-feira (19/8).
Ainda por lá, Arthur Piva foi contratado para a equipe de repórteres, após colaborações esporádicas relacionadas a conteúdos de dados. Cristyan Costa foi promovido de repórter e a editor assistente.
Revista digital sobre política e economia, Oeste traz matérias gratuitas todos os dias, mas assinantes têm acesso a artigos exclusivos dos colunistas Ana Paula Henkel, Guilherme Fiuza, Bruno Garschagen, Frank Furedi, Augusto Nunes e J. R. Guzzo. Confira!
O ministro das Comunicações Fábio Faria anunciou na semana passada a escolha do novo diretor-presidente da EBC, José Emílio Ambrósio, que deve ser nomeado nos próximos dias. Ele substituirá o general Luiz Carlos Pereira Gomes, no cargo desde agosto de 2019. Até maio, Ambrósio ocupava o cargo de diretor da Band, responsável pela área de Esporte e Operações. Antes, atuou por 11 anos, entre 1999 e 2011, como superintendente de Jornalismo e Esporte da Rede TV. Também passou 14 anos na Rede Globo, onde começou como editor e chegou a diretor de Operações de Jornalismo e Esporte. Indicado pelo secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, Ambrósio terá a missão “tornar o conglomerado de emissoras de TV, rádios e agência de notícias mais eficiente”.
Nomeado há dois meses, Faria comprometeu-se com o presidente Bolsonaro, que defende a privatização da EBC, a melhorar a gestão e a “enxugar” a empresa. Com a saída dada como certa, o general Pereira Gomes apresentou um novo plano de carreiras para a EBC no início de julho. Porém, em 11/8, os funcionários fizeram uma paralisação de 24h alegando que a proposta não levou em consideração os dez anos de negociação. A mobilização também foi motivada pelo projeto de privatização e por medidas de censura contra profissionais da empresa.