A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, cassou em 14/10 a decisão que impedia a publicação pelo Portal AZ, do Piauí, de quaisquer informações sobre um caso de erro médico cometido pelo cirurgião plástico Alexandre Andrade e sobre o Grupo de Repressão ao Crime Organizado do Piauí (Greco). Segundo a magistrada, a liminar do juiz Valdemir Ferreira dos Santos, da Central de Inquéritos de Teresina, desrespeitou decisões anteriores do Supremo e pôs em risco a garantia constitucional da liberdade de informar e de ser informado.
A decisão, porém, não muda em princípio a situação de Arimateia Azevedo, criador e diretor da publicação, que segue detido em regime de prisão domiciliar desde 12 de junho. O jornalista é acusado de extorsão contra o mesmo médico citado nas reportagens. O motivo seria um possível acerto feito com o cirurgião para que Arimateia não publicasse notícias sobre o caso de erro médico que quase resultou na morte de uma paciente.
“Apesar de não interferir diretamente na esfera da extorsão, a decisão da ministra Cármen Lúcia desqualifica o trabalho da Greco e escancara os excessos do juiz, que, ao impor censura ao Portal AZ, mostrou desrespeito a decisões do próprio Supremo, feriu um direito constitucional e tentou proteger a polícia de qualquer crítica à sua atuação”, argumenta o advogado de defesa de Arimatéia, Palha Dias. “Por enquanto, a prisão, sem provas, por acusação de crime de extorsão, ainda não foi levada ao STF porque sua análise judicial deve, primeiro, se esgotar nas instâncias inferiores. E nossa expectativa é de que seja solucionada nestas”.
Após um primeiro turno que registrou número recorde de eleitores e indicações, foram definidos os jornalistas e publicações finalistas do Prêmio+Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças.
A partir de agora, 100 jornalistas e 62 publicações disputam a preferência do público que definirá os Top 50 +Admirados Jornalistas e as publicações vencedoras nas categorias Agência de Notícias, Áudio, Jornal, Revista, Sites e Blogs, e Vídeo.
No segundo turno, que tem início nesta quarta-feira (28/10) e se encerra em 9/11, os eleitores poderão escolher do 1º ao 5º colocado em cada uma das sete categorias. Cada posição equivale a uma pontuação (1º: 100 pontos / 2º: 80 / 3º: 65 / 4º: 55 / 5º: 50) e a soma total dos pontos definirá o resultado final, que será anunciado em duas etapas.
No dia 11 de novembro, serão conhecidos os Top 50 Jornalistas e os três primeiros colocados em cada categoria de veículos; e em 30 de novembro haverá a cerimônia online que revelará os Top 10 Jornalistas e o vencedor de cada categoria.
A eleição dos +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças é uma realização deste Jornalistas&Cia e do Portal dos Jornalistas, e conta com patrocínios de BTG Pactual, Captalys, Gerdau, Samsung e Telefonica | Vivo, apoios de Grupo Pão de Açúcar e Imagem Corporativa, e apoio institucional do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores).
Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA) anunciou os vencedores do LATAM Digital Media Awards 2020, premiação que reconhece o trabalho de empresas de comunicação na América Latina. Veículos brasileiros venceram em cinco categorias.
O jornal O Globo recebeu o prêmio na categoria Melhor uso de vídeo online, com a reportagem Entrevista na janela. Com a matéria No Epicentro, a Agência Lupa foi premiada como Melhor visualização de dados. Já O POVO+ de O Povo venceu a categoria Melhor Estratégia de Conteúdo Pago.
O Radar Aos Fatos, da Aos Fatos, recebeu o prêmio como Melhor Projeto de Jornalismo Digital, e O Globo empatou em primeiro lugar com o jornal argentino La Nacion na categoria Melhor envolvimento do público, com a iniciativa Cobertura do coronavirus sem paywall.
Em um relatório publicado em julho pela International News Media Association sobre os efeitos do trabalho em casa sobre a imprensa, a jornalista e pesquisadora americana Mary Meehan aponta uma necessidade que talvez ainda não esteja no radar de todas as organizações: processos de RH para lidar com situações advindas dessa nova realidade.
Ela cita o exemplo de um jornalista espanhol que fazia uma reunião por Zoom quando uma mulher quase nua passou atrás da câmera. E pergunta: “Por ser um problema que raramente acontece numa redação, é preciso criar novas políticas para lidar com ele?”.
Mas o caso – que provocou um novelesco debate sobre se Alfonso Melros traía a mulher com a quase-pelada, também jornalista – não é nada perto do que viria a se abater sobre a The New Yorker.
Ao ser flagrado masturbando-se durante uma reunião interna via Zoom, o jornalista da revista Jeffrey Toobin virou dor de cabeça para o RH da Condé Nast, que não deve ter seguido o conselho de se preparar para desastres assim. Uma suspensão só veio quando o Vice revelou o caso, em 19/10, quase uma semana depois de Toobin ter sumido das redes sociais.
Quanto mais alto o voo, maior a queda
Advogado formado em Harvard, ele protagonizou coberturas jurídicas célebres, como a do julgamento do atleta O.J.Simpson, transformado no livro que deu origem à série. Além de afastado da New Yorker, teve que se licenciar da CNN, onde é (ou era?) analista-chefe de assuntos legais. E pode vir mais.
Segundo o Motherboard, site de tecnologia do Vice, a New York Public Radio (que tinha profissionais na tal reunião) vetou Toobin em seus programas. O Doubleday, selo da Ramdon House que publicou seu último livro, não quis se manifestar sobre o futuro do autor.
Mesmo que os publishers perdoem, ele já foi condenado pelas redes sociais. A hashtag #meToobin foi a pá de cal, associando o escândalo a assédio sexual e moral. Até O.J.Simpson tirou uma casquinha, ironizando seu ex-carrasco em um video no Twitter,assistido por mais de 2 milhões de pessoas.
“Não basta apenas mandar as pessoas para casa”
Independentemente do destino da mais nova vítima do Zoom, o episódio expõe uma das consequências do trabalho remoto, que sem aviso prévio tirou boa parte dos jornalistas das movimentadas redações para os isolar em seus casulos.
Não é seguro afirmar que Jeffrey Toobin tenha cometido o deslize por causa da pandemia. Poderia ter acontecido em outros tempos. Mas a frequência com que profissionais (não apenas jornalistas) passaram a interagir com colegas pelas telas, muitas vezes sem processos nem reflexão sobre como se posicionar, eleva os riscos a um outro patamar.
No relatório, Mary Meehan faz um alerta importante: não basta mandar as pessoas para casa. Ela descreve a necessidade de sistemas adequados. Um dos pontos destacados é a infraestrutura, já que a desiguladade nos equipamentos pode levar a situações de desvantagem.
O documento chama também a atenção para procedimentos legais, com recomendações apresentadas em seminário promovido pela America’s Newspapers. A lista inclui aspectos trabalhistas e mecanismos para assegurar a confidencialidade diante de conexões domésticas não seguras e risco por descarte inadequado de documentos.
A autora aborda ainda os efeitos sobre a saúde emocional. Ela afirma que a cultura tradicional da redação deve mudar. E que apoio psicológico e empatia serão necessários em escala maior. Vários estudos têm mensurado o impacto da pandemia sobre o estado de espírito dos profissionais de imprensa, alguns apontando que é mais alto do que na média da população.
Trabalhar em casa não foi uma opção para a maioria dos jornalistas, profissionais de comunicação e de tantas outras áreas de negócio. A probabilidade de que uma vacina milagrosa devolva todos rapidamente às suas estações de trabalho e ao cafezinho amigo não parece realista.
A nova realidade está mostrando que há um preço a pagar. Há muito dever de casa – literalmente – a ser feito para tirar dela o melhor e amenizar seus riscos, que não são poucos.
Leia em mediatalks.com.br um resumo das conclusões do relatório e dos cases principais.
Para receber a newsletter semanal MediaTalks, com resumo de novos conteúdos e dicas de leitura, assine aqui.
A Polícia encontrou na manhã desta terça-feira (27/10) o apresentador Romano dos Anjos na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Ele havia sido sequestrado na segunda-feira por três homens encapuzados, enquanto jantava com a esposa. Segundo autoridades, ele teve as pernas e os braços quebrados.
O apresentador da TV Imperial (afiliada da Rede Record em Roraima) relatou à Polícia que foi amarrado, espancado e abandonado pelos homens na noite de segunda. Conseguiu soltar-se e passou a noite numa área de pasto. Na manhã desta terça, ele começou a andar e acabou sendo encontrado por um funcionário da empresa Roraima Energia. Romano contou que foi agredido com um pedaço de pau.
Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram o sequestro de Romano dos Anjos e pediram “providências imediatas às autoridades locais e federais para o esclarecimento do caso e uma rigorosa apuração dos fatos”. (Veja+)
Glauco Monteiro Wanderley lança o livro de ficção Segredos do Planalto, que conta a história dos personagens Jairo Bonamigo, candidato à reeleição para presidente do Brasil, e Valéria Bonamigo, filha do político.
A obra aborda temas como desinformação e fake news, homofobia, e uso político da religião. O período pré e pós eleição presidencial de 2018 serviram de inspiração para o enredo do livro, mas o foco principal é a relação de pai e filha entre os personagens principais.
Nascido no Amazonas, Glauco formou-se em Jornalismo no Rio de Janeiro. Exerceu a profissão por mais de duas décadas na Bahia, atuando nos setores de impresso, rádio, TV e internet. Para adquirir o livro, clique aqui.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nesta terça-feira (27/10) os resultados de um monitoramento iniciado este ano para detectar quantos profissionais de imprensa foram bloqueados por perfis de autoridades públicas nas redes sociais. Segundo o levantamento, já são 40.
O número total de bloqueios registrados é de 81, pois um repórter pode ser impedido de acompanhar mais de uma pessoa em cargo público. A Abraji mapeou os bloqueios e detectou que os mais afetados trabalham em veículos de São Paulo (20), seguidos por Rio de Janeiro (10), Distrito Federal (6) e Minas Gerais (1).
O PL das Fake News prevê a proibição dessa prática de bloquear pessoas por parte de agentes dos governos federal, estadual e municipal. O artigo 18 do projeto de lei diz que são de interesse público “as contas de redes sociais utilizadas por entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, e dos agentes políticos cuja competência advém da própria Constituição, especialmente detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.
Um novo relatório da ONG antifascista britânica Hope Not Hate, publicado em 22 de outubro, traz boas e más notícias. A má: o trabalho é o primeiro a quantificar o tamanho do movimento QAnon no Reino Unido. E indicou que 6% da população declararam-se adeptos e 25% concordam com as teorias por ele pregadas, sobretudo pelas redes sociais.
A boa: a entidade prova que está ao alcance das plataformas digitais impedir que teorias conspiratórias se proliferem, como o QAnon, reconhecendo a eficácia das iniciativas recentes do Facebook e do YouTube para impedir a propagação de conteúdo associado a esses movimentos. O problema é que no caso do QAnon a ação chegou tarde. Mas se as plataformas assim o desejarem, o futuro pode ser diferente, mostra a ONG.
O Centro Internacional para Jornalistas, em parceira com o Centro de Incentivo para o Jornalismo Digital e a Universidade Columbia, publicou um relatório sobre os impactos da pandemia de coronavírus em profissionais de imprensa. Cerca de 70% dos entrevistados disseram que sua saúde mental foi afetada.
Mais de 80% dos participantes tiveram alguma reação emocional negativa durante o trabalho. Além disso, quase um terço não recebeu equipamento de proteção para cobertura externa durante a primeira onda da pandemia.
Outro ponto negativo que o estudo apontou foi a desinformação. Para 46% dos profissionais ouvidos, políticos e outras autoridades são a principal fonte de fake news. Cerca de 81% dos participantes afirmaram deparar-se com notícias falsas ao menos uma vez por semana. Além disso, quase metade afirmou que suas fontes expressaram medo de retaliação por falar com profissionais de imprensa durante a pandemia.
O estudo levou em conta respostas de 1.400 jornalistas falantes de inglês em 125 países. O projeto, que tem duração de um ano, vai divulgar outros relatórios nos próximos meses com base em pesquisas em seis outras línguas. Interessados podem colaborar com a pesquisa e obter mais informações pelo e-mail pandemicproject@icfj.org. Leia o relatório na íntegra.
O Projeto Comprova lança nesta terça-feira (27/10) a Rede Comprova, programa de mentoria que reunirá profissionais de imprensa e comunicação em geral para que possam trocar experiências e ajudar uns aos outros na cobertura das eleições municipais, especialmente na checagem de fatos e conteúdos suspeitos.
Qualquer jornalista que esteja envolvido na cobertura das eleições pode solicitar uma mentoria inicial de 30 minutos para receber sugestões de ferramentas e orientações que ajudem na investigação de conteúdo duvidoso. O atendimento é online e gratuito.
O Projeto Comprova é uma iniciativa que visa a investigar conteúdos suspeitos sobre temas relevantes para a sociedade. Integram o Comprova A Gazeta (ES), Gazeta do Sul (RS), AFP, Band News, Band TV, Band.com.br, Canal Futura, Correio (BA), Correio de Carajás, Correio do Estado, Correio do Povo, Diário do Nordeste (CE), Estado de Minas, Exame, Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, NSC Comunicação, O Estado de S. Paulo, O Popular, O Povo, Poder360, Rádio Band News FM, Rádio Bandeirantes, revista piauí, SBT e UOL.