O coronavírus, que já matou no Brasil cerca de cem jornalistas e mais de 200 mil pessoas, fez mais uma vítima na última semana. Faleceu em 26/1, aos 59 anos, Jair da Motta, após 34 dias intubado e sedado.
Natural de Bento Gonçalves, foi editor do jornal Pioneiro, em Caxias do Sul, onde morava ultimamente. Formado pela Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), era apaixonado por música. Recentemente, dedicava-se a compartilhar resenhas sobre o tema em um perfil de Instagram, no qual os seguidores podem conferir opiniões dele sobre discos, shows e lançamentos de artistas que marcaram a história.
Entidades e colegas de profissão lamentaram a morte de Jair e escreveram relatos nas redes sociais. Ela deixa esposa e filho.
No mesmo dia, o Correio do Povo despediu-se do revisor Plinio Nunes, de 66 anos, que enfrentava um câncer no intestino e estava internado há uma semana na Santa Casa de Misericórdia.
Plinio Nunes
Com passagens por Zero Hora e Diário Gaúcho, era conhecido pelos amigos pelo bom humor e por sua paixão pela Língua Portuguesa. O bageense também tinha outra marca registrada: a paixão pelo Guarany F.C. Em sua página no Facebook, o clube registrou pesar pela morte do torcedor: “Plínio era alvirrubro fanático e sempre falava do Guarany por onde passava. Desejamos que a família tenha forças para superar esta perda”.
Entidades e colegas de profissão também lamentaram o falecimento de Plínio. A Associação Riograndense de Imprensa e o Sindicato dos Jornalistas do RS publicaram notas lamentando a perda. “Plínio partiu, mas está na história no jornalismo gaúcho”, afirmou a publicação do sindicato.
Coautor do livro Anedotário do Rádio Gaúcho − 90 Anos de História e fundador do Microfone, o Jornal do Rádio, ele ainda compartilhava piadas, causos e sua admiração pela obra do cantor Belchior, no blog Vida Curiosa. Plínio deixa esposa, quatro filhos e cinco netos.
Gabi Coelho, que trabalha para o núcleo de checagem de fatos do jornal O Estado de São Paulo em Belo Horizonte, já está tomando medidas jurídicas contra os ataques virtuais que sofreu a partir de 22 de janeiro. O caso está sendo acompanhado por um advogado e os agressores deverão ser processados por injúria e racismo.
Os ataques começaram depois que a repórter realizou uma checagem de afirmações em redes sociais. Nela, Gabi mostra que são “enganosos os posts no Twitter que lançam dúvidas sobre a Coronavac por conta de seus dados de imunogenicidade – a capacidade que uma vacina tem para induzir o sistema imunológico a produzir anticorpos”. As postagens tiravam de contexto uma declaração de Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa.
Ela abordou o usuário responsável pelos posts via direct e, na sequência, ele postou a conversa dos dois em sua conta, insinuando que Gabi não havia checado a entrevista coletiva do Ministério. Em seguida, ele a bloqueou de sua rede social e ela ficou impedida de acompanhar os posts do gerente sobre a credibilidade de seu trabalho. Com auxílio de profissionais e organismos de defesa dos direitos nas redes, Gabi documentou as agressões, que servirão de provas no processo. Em posts dos seguidores de “Fiuza Pistola”, a repórter foi chamada de “burra”, “safada”, “praga terrorista”, “jornazista” e “besta quadrada”. Um dos agressores afirmou: “Só pela capivara dela você já vê que é lixo”.
Gabi fechou suas redes sociais por três dias, depois de receber dezenas de mensagens ofensivas no Twitter: “Fechei minhas redes depois que percebi que até minha foto eles vazaram. Para minha própria segurança, fechei as contas com receio de mais exposição. É uma forma de constrangimento à liberdade de imprensa”.
Ela contou que já recebeu outros ataques em redes sociais, mas uma onda como essa não acontecia desde 2018, quando ela trabalhava como jornalista de direitos humanos. Gabi ressaltou o caráter racista e misógino das postagens dos seus agressores.
A PRTech Knewin concluiu recentemente a aquisição da Newsmonitor, plataforma brasileira de monitoramento de notícias e gestão da informação, que monitora mais de 50 mil sites e lida com um volume médio de 3 milhões de notícias por mês. A negociação contempla a incorporação dos 150 clientes da NewsMonitor, que inclui agências de comunicação, publicidade e propaganda, empresas privadas e órgãos governamentais. A equipe de profissionais da NewsMonitor também será incorporada à estrutura da Knewin.
O movimento representa um passo estratégico para a empresa no mercado. A PRTech, que conta com uma carteira de 1.000 clientes e um portfólio completo de soluções de business intelligence e data analytics, pretende ganhar mais espaço nos segmentos de comunicação, marketing e governo com a Newsmonitor, fundada em 2013.
Nova edição da pesquisa, patrocinada pelo Facebook, revela aumento de 10,6% na base de veículos jornalísticos – com forte presença digital − e o fechamento de jornais, que sinaliza a piora da crise do meio impresso
Cerca de 34 milhões de brasileiros não têm acesso a qualquer informação jornalística sobre o lugar onde vivem. Eles fazem parte da população de 3.280 municípios que são considerados desertos de notícias. Seis em cada dez municípios no Brasil estão nessa situação. O dado é parte dos resultados obtidos na quarta edição do Atlas da Notícia, iniciativa anual do Projor patrocinada desde 2018 pelo Facebook Journalism Project (FJP) e o maior e mais completo levantamento sobre a presença do jornalismo local no País.
Realizada em parceria institucional com Abraji e Intercom, a quarta edição contou com a colaboração de 219 voluntários de 74 organizações, como escolas de jornalismo. O relatório detalhado da pesquisa foi divulgado nesta quarta-feira (3/2) no Observatório da Imprensa.
A nova edição inclui um pacote de dados na linguagem R, que visa a facilitar o acesso aos dados por parte de pesquisadores, jornalistas e programadores. O front de pesquisa, análise e mapeamento do Atlas está a cargo da agência Volt Data Lab, liderada por Sérgio Spagnuolo. A coordenação da equipe de pesquisadores e da redação dos resultados da pesquisa é de responsabilidade de Sérgio Lüdtke.
O Atlas da Notícia mapeou 13.092 veículos jornalísticos em atividade em 2020. O levantamento também apontou o fechamento de 272 veículos e incorporou à base 1.170 novos veículos nativos digitais, a maior parte na Região Nordeste. O registro desses novos meios digitais levou à redução do número de desertos em cerca de 5,9% em relação à terceira edição da pesquisa.
A morte do britânico Tom Moore, que se tornou uma celebridade da pandemia ao arrecadar mais de £ 33 milhões para o sistema público de saúde por meio de um desafio de caminhada no jardim, faz refletir sobre acertos e erros em estratégias de comunicação.
O centenário veterano de guerra entrou para o Guinness e foi condecorado pela Rainha, sonho dos súditos. Virou símbolo, associando sua imagem à valorização dos profissionais de saúde e inspirando a população a aguentar firme os solavancos da Covid.
Mas acabou sendo vítima da doença, que pode ter sido contraída após uma viagem a Barbados com a família no Natal, um presente da British Airways.
O tratamento da notícia por parte da imprensa e de boa parte da sociedade, elegante e sem recriminações, referenda o conceito de relações públicas cunhado por Al Golin, fundador da agência Golin e reconhecido como uma das maiores personalidades da história da atividade. Trata-se do Banco de Confiança, em que depósitos são feitos ao longo do tempo para serem resgatados nas crises.
A morte de Moore foi tratada como fatalidade, em que pese o fato de que sua idade tornasse pouco indicado encarar uma viagem internacional para hospedar-se em um resort. E de ela ter acontecido em um momento em que viajar não estava legalmente proibido, mas a recomendação oficial era de que só se viajasse em caso de absoluta necessidade, já que o pais ingressara na segunda onda da pandemia.
Mas pouco se falou sobre isso. O capital de imagem do simpático Capitão fez com que sua contribuição positiva dominasse a narrativa, deixando de lado um possível jogo de culpas em torno da decisão da família de viajar ou da companhia aérea de oferecer o presente.
Também a British Airways saiu praticamente ilesa do que poderia ser um grande transtorno. Além de tomar emprestado um pouco do crédito do veterano, ela própria tem créditos em seu banco de confiança, pois é tida como patrimônio nacional pelos britânicos
Até houve quem criticasse o presente nas redes e classificasse a iniciativa como golpe de RP. Mas a companhia livrou-se de uma condenação por parte de autoridades de saúde ou da imprensa, que adotou a elegância britânica e optou por destacar a contribuição positiva do veterano.
De qualquer forma, a história serve para lembrar aos profissionais de RP sobre a necessidade de avaliação criteriosa dos riscos antes de embarcar em uma oportunidade de visibilidade para a marca ou para o cliente. Um desfecho negativo como o que acabou acontecendo com o veterano tem o potencial de transformar a oportunidade em crise.
Mas ainda que a imagem de todos tenha sido preservada, há um legado negativo: o do exemplo. Quando insatisfeitos pressionam pelo fim do isolamento, saber que Tom Moore viajou para os trópicos enquanto boa parte do país ficava em casa sob o frio, passando o Natal com no máximo seis familiares, transmite uma mensagem oposta à que as autoridades de saúde tentam passar.
QAnon encontra novas redes e infiltra-se no mundo da ioga
É um exemplo que vem em má hora, pois conspiracionistas continuam à solta nas redes sociais, inclusive os adeptos do QAnon. Eles até reduziram a presença no Twitter em 60% desde os tumultos em Washington, como aponta estudo de uma consultoria britânica que usa inteligência artificial para monitorar as redes.
Mas encontraram novos refúgios, como a Clapper, uma novidade que está sendo comparada a um TikTok sem moderação. E invadiram o mundo da ioga, com influenciadores da prática disseminando teses antivacina e contra o isolamento social entre os praticantes.
Para o pesquisador Marc-André Argentino, da Universidade canadense de Concórdia, o QAnon não está extinto após a posse de Joe Biden. E a invasão do Capitólio mostrou como a desinformação online tem consequências offline.
Publicar ou ou não publicar?
O QAnon e outros grupos radicais fazem esquentar o debate que desafia as redações desde os tempos da prensa de tipos móveis de Gutemberg: tudo deve ser publicado?
Para o jornalista e professor da Universidade de Melbourne Denis Muller, não. Ele acha que alguns fatos não devem ser noticiados pelo risco de estimularem extremismo político, terrorismo ou a cultura do cancelamento.
Referindo-se a Donald Trump, Muller questiona até se a imprensa é obrigada a publicar inverdades, mesmo que ditas por um presidente. E faz reflexões sobre a qualidade jornalística de tudo o que viraliza nas redes e sobre o que é censura.
Nem todos os males atuais podem ser colocados na conta da pandemia. Mas algumas questões ganham mais relevância durante a crise que muitos comparam a uma guerra, pois as consequências sociais da viagem que se patrocina ou da notícia que se publica são mais graves na crise do que em tempos de paz.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) enviou em 29/1 ofício à direção do Grêmio Porto Alegrense pedindo explicações sobre ameaças contra jornalistas feitas pelo técnico da equipe Renato Portaluppi. Em entrevista coletiva, o treinador ameaçou incitar torcedores do clube a irem contra jornalistas esportivos, por discordar da cobertura feita pelos profissionais.
Para Marcelo Träsel, presidente da Abraji, “trata-se de uma lamentável tática de intimidação da imprensa, que expõe jornalistas a injúrias, difamação, divulgação indevida de dados pessoais (doxing), ameaças e, nos casos mais extremos, pode redundar em agressões físicas e tentativas de homicídio. Tais consequências perturbam o trabalho e causam aflição psicológica aos profissionais da imprensa, muitas vezes resultando em quadros de ansiedade e depressão”.
Em nota, a Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos repudiou a fala de Renato e criticou o sistema de entrevistas coletivas adotado pelo Grêmio. Em resposta à Abraji, o clube declarou que não vai comentar o caso.
A Band News FM terá mais um grande nome da comunicação de Minas Gerais em sua equipe. Após cinco anos como apresentadora do programa Globo Esporte, ela pediu demissão da emissora para optar por um caminho que tivesse mais a ver com sua essência. Começou a se dedicar ao jornalismo independente, produzindo conteúdos para o seu canal no Youtube.
Em 25/1, fez um post em seu perfil no LinkedIn contando que começaria a ser colunista da Band News Belo Horizonte: “A minha voz vem para trazer positividade, reflexão e impulsionar a carreira e a vida pessoal dos ouvintes”. Ela também afirma que vai dividir com os ouvintes um pouco da sua história, sempre proporcionando um “empurrãozinho encorajador”.
A coluna Impulsiona, que começou a ser veiculada em 1°/2, vai ao ar às segundas e quintas, às 10h45, com reprises no mesmo dia, às 15h10, e nos fins de semana.
O comentarista esportivo Jorge Nicola anunciou em 1°/2 sua saída da ESPN. O motivo para a decisão seria a cláusula de exclusividade que a emissora incluiu no contrato. Em seu canal no YouTube, ele disse que a proposta da ESPN incluía também a migração de seu blog do Yahoo para o site da ESPN.
Vale lembrar que outros profissionais, como Mauro Cezar Pereira e Benjamin Back, também deixaram a emissora por não concordarem com a exclusividade proposta pela ESPN.
* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora regional de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
O IGN, site de conteúdo jornalístico de jogos – com 3,2 milhões de visitantes únicos, de acordo com o Google Analytics –, tem nova apresentadora. Mary Nery estará à frente do Daily Fix, principal programa diário do site, e será a editora responsável por toda a grade de programas.
Formada em cinema, Nery teve passagens por MTV e Som Livre. Foi apresentadora, nos últimos cinco anos, da francesa Ubisoft no YouTube, um dos principais canais de marca gamer. Ela esteve à frente de sete programas fixos, em que apresentava conteúdo de vários gêneros, como notícias, lives, entrevistas com influenciadores, reacts, unboxing e cobertura de eventos nacionais e internacionais. Seu estilo divertido deve dar aos programas de vídeo do IGN um novo formato, mais leve e bem humorado.
Juliana Dal Piva estreou coluna no UOL em 1° de fevereiro. Com 15 anos de experiência na cobertura do Judiciário e de Política, ela escreverá sobre processos no judiciário, investigações criminais e a política brasileira como um todo. Seu primeiro texto trouxe informações exclusivas sobre uma investigação do homicídio do policial militar da reserva Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, pivô do escândalo das “rachadinhas”.
Formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, fez mestrado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV no Rio de Janeiro. Juliana trabalhou em Terra, Isto É, O Dia, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Época, O Globo e Extra. É uma das fundadoras da Agência Lupa. Recebeu oito prêmios de jornalismo, entre eles o Relatoría para la Libertad de Expresión, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).